sábado, 29 de janeiro de 2011

Moça...

Sabe aquela música "Moça", do grande cantor e compositor Wando? Então, é o que eu lembro quando penso na Tammy Di Calafiori. Não vou dizer que dedico essa música a ela, porque tenho uma esposa que ia ficar p... da vida com isso. Mas deixo a letra para algum romântico pensar nela e embalar os sonhos. Depois do filme do Jabor, depois daquela Marilyn, tenho certeza que os românticos do mundo multiplicaram por dez.

"Moça, me espere amanhã
levo o meu coração
pronto pra te entregar
Moça, moça eu te prometo
eu me viro do avesso
só pra te abraçar

Moça, sei que já não és pura
teu passado é tão forte
pode até machucar

Moça, dobre as mangas do tempo
jogue o teu sentimento
todo em minhas mãos

Eu quero me enrolar nos teus cabelos
abraçar teu corpo inteiro
morrer de amor
de amor me perder"

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fé em Deus...

Muito bom o livro do sociólogo Roberto da Mata sobre o trânsito, "Fé em Deus e pé na tábua". Encomendado pelo Governo do Espírito Santo, o livro toma como base pesquisa feita naquele Estado. O objetivo é entender como funciona esse caos urbano, o comportanmento de pedestres e motoristas, e encontrar soluções. Me pareceu um trabalho bem abrangente de como o brasileiro se comporta compartilhando o espaço público com estranhos. O livro se detém, não no sistema, mas nas pessoas e não se incomoda em apontar o dedo: o que motiva as pessoas no trânsito, como reagem, por que são tão mal educadas, desrespeitosas, donas de si, por que ignoram solenemente as leis e a sinalização. É bem interessante, porque faz cada um de nós pensar o quanto cada qual contribui com o "caos". Estou no meio do caminho, mas gostando bastante até aqui.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As invasões bárbaras

Com muita satisfação, revi o filme "As invasões bárbaras", de Denys Arcand, para acompanhar Eloá. Fiquei pensando sobre o sistema de saúde canadense, um país de primeiro mundo como se sabe. Quem já viu o filme deve lembrar que o personagem central, um professor, passa por um tratamento de câncer e é tratado no sistema público. O filho é rico, tenta levá-lo para se tratar nos Estados Unidos, em vão. O velho (nem tão velho assim) é ateu, comunista e "lutou pelo sistema de saúde público". Mesmo que isso lhe custasse a vida, não ia correr para um atendimento particular no país que critica justamente por favorecer apenas quem pode pagar. É importante dizer que para o professor vale mais a pena ficar em seu país rodeado dos amigos e da esposa (e das ex-amantes). Diante disso, o filho bem aquinhoado faz o que pode para dar conforto ao pai durante o tratamento. Isso inclui subornar o sindicato dos profissionais de saúde e a direção do hospital para dar condições melhores de estadia ao paciente (engraçado que a reação da diretora do hospital é exclamar que a oferta de dinheiro é um absurdo - "O senhor pensa o quê? Que estamos no terceiro mundo!" - mas aceita a grana). Li alguma coisa sobre esse sistema. No Canadá, o serviço é público para todos e parece funcionar sem problemas. Os poucos planos de saúde com fins lucrativos só podem dar cobertura ao que não é oferecido pelo sistema nacional, como cirúrgias cosméticas e apartamentos melhores em hospitais. Li o depoimento de uma brasileira que vive naquele país e diz que o atendimento tem sido satisfatório. Um médico fala que o sistema de saúde canadense é uma conquista que nenhum político ousa propor a abolição ou uma mudança para qualquer outra forma. Seria uma medida extremamente anti-popular. As pessoas apóiam firmemente o sistema e querem mantê-lo. Tudo muito diferente de nosso modelo, e até do americano, onde prevalecem os planos de saúde com fins lucrativos. Obama briga para mudar as coisas lá no norte. Até outro dia, os EUA tinham 45 milhões de pessoas sem plano de saúde. Lá, como aqui, é para se preocupar mesmo. Aqui então...
Importante dizer que o filme não trata dessa questão. Trata desse homem mais velho, da relação com seus amigos, com seus dois filhos, com as mulheres que amou. Difícil descrever o que se passa. Não há um plot exatamente, pelo menos não fácil de descrever em poucas palavras. A história acompanha os dias finais de tratamento do câncer e tudo que advém em torno disso. O filho tem crenças, o pai tem outras, há um passado complicado entre pai e filho que será trabalhado ao longo do filme. Começa bem difícil essa relação, aos poucos vai amainando. Se quisermos, é uma história de amor pai-filho. Se quisermos, é uma ode às pessoas que se importam conosco, aquelas que estão sempre lá quando a gente precisa. O filme tem seu forte no humor e em bons diálogos. Alguns dos melhores é entre a enfermeira religiosa e o velho ateu e desbocado. Bom filme, tanto quanto "O declínio do império americano", mais antigo, que conta com os mesmos personagens mais jovens.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O turista

Muito simpático o Espaço Unibanco Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. Todo o entorno está maltratado, como virou regra em Salvador. Mas o cinema é bacana, tem um café e uma livraria arrumados e portas de vidro que deixam ver a paisagem belíssima da Baía de Todos os Santos. Fomos eu e a patroa ver "O Turista", filme com a Angelina Jolie e o Johnny Depp. Como esperava uma bomba (era Eloá quem queria ver), no fim não achei tão ruim. As cenas gravadas em Veneza são bem bonitas, a Angelina tem aquele rosto belo que já garante 50% da satisfação com qualquer filme e ver o Johnny Depp atuando não é mau negócio (mesmo ele tão longe das atuações grandes que já fez na tela). Em termo de enredo, o filme não convence com seus jogos de identidade, nem como história de amor. O suspense segura o interesse no início, mas não mantém a tensão necessária até o final. Fico agradecido de as cenas de perseguição estarem livres de efeitos digitais incríveis e coreografias espeaculares. Não é um filme que chega a aborrecer. Mas também não é nada demais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Estás, e estou do nosso antigo estado!

Torço para Albino Rubim ser bom secretário de Cultura. Como as coisas vem indo, talvez não seja suficiente ser bom. Há coisas demais por fazer. Torço para ele estar no tamanho certo de enfrentar a encrenca. Não entendo bem esse negócio de professor/ pesquisador/ intelectual como gestor público. Mas pode funcionar, exemplos não faltam de gente de uma formação diferente da de administrdor, sair-se bem em função tal. Conheci Albino da Faculdade de Comunicação, todos que passaram pela Facom nos últimos 20 anos sabem quem ele é. Sempre foi um dos grandes professores, uma estrela, do qual ninguém (ou poucos) questionava a competência. Tanto que acumulava funções disso e daquilo, coordenava não sei quantos projetos, foi diretor pelo menos duas vezes, que eu lembre. Não é uma unanimidade, mas sabe-se que não é um zero à esquerda. É vinculado ao PT há muito tempo, soube até que é filiado, coisa que não sabia até semana passada. A Bahia passa por uma fase terrível, escrota, não merece isso. Salvador, então, tornou-se um problema sério (e o interior do Estado não vive nenhum paraíso). Torço para, embalado nos ares do Mundial de Futebol, a Bahia comece a se encontrar no tempo e no espaço. Torço para parar de ter vergonha de andar nas ruas, de viver por aqui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Boas companhias

Boas companhias é isso aí. Faz diferença, te jogam pra cima. Tem que pensar nisso sobre quando se é jovem, sobre os filhos adolescentes. Numa noite encontro Hederverton, falo que estou há tempo sem escrever. Ele reage. Como assim? Volta a escrever, cara etc, etc. O papo me faz voltar no tempo, é a ênfase e a maneira de, sei lá, 15 anos atrás. E acordo no outro dia pensando em voltar a escrever. Ainda bem que ele não pediu para eu experimentar cocaína...

Planos...

Ah, São Paulo... vem vindo. Despiroquei com esse troço de viajar. Agora só penso nisso (e na Tammy Di Calafiori, always). Enquanto me distraio com a série "How I Met Your Mother", que acompanho a quarta temporada, e surfo na terceira de "In Treatment" (e aguardo "Damages", "True Blood", "The Office"...), vou começando a me alfabetizar em francês. Os primeiros passos, cumprimentos, boa noite, bom dia, estou muito bem, e você? Tenho uma professora gostosona e comprometida com meu aprendizado. Chama-se "minha esposa". Vou devagar, porque já tive pressa com o inglês e fiquei no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra. Preciso das duas línguas. Vou aprender as duas. Planos, planos, planos... Comecei 2011 como sempre, lista de promessas que tento levar a sério. Quero ler mais livros, ver mais filmes, tratar bem minhas finanças, cuidar de mim mesmo. Algumas coisas já estão caminhando bem: diminui 60% do café e tenho dormido melhor por isso (não dá pra cortar total, eu amo demais pra ter coragem de assinar o divórcio). Mudei a alimentação geral, tenho mantido a boquinha mais fechada e isso tem mostrado significado na balança. Não tenho neuras com peso e tal. Mas penso no futuro, quero viver muito. Tal qual meus pais, meus avós. Tenho nas duas bandas da família gente que vive/viveu muito. Quero estar inteiro para aproveitar o adiante. De nada vale viver muito aos pedaços, caindo o reboco, precisando do neto para ir da sala pra cozinha. Quero estar vivo para ver o sol nascer, quero pegar onda com 70 anos (brincadeira, nada tenho a ver com pegar onda). Mas quero estar bem, me sentindo bem. E quando for a hora, fechar os olhos e bye, bye, Brasil. Vamos ver.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Angústia

Terminei ontem "Angústia", livro de Graciliano Ramos. Na verdade, vinha enrolando as últimas páginas. Li com bastante interesse os mais de dois terços da narrativa de quase trezentas páginas. O final, achei arrastado. Não que o ritmo fosse diferente no começo e maçante depois. Era mais ou menos o mesmo ritmo. Mas o final ficou cada vez menos dedicado à narração de fatos e mais entregue à angústia, sofrimento e autopunição do narrador, Luís da Silva. É ele o personagem principal, o narrador que conta em detalhes uma situação amorosa em que se envolve e que não termina bem. Nas histórias de Graciliano, as coisas acontecem mais dentro dos personagens do que fora. E todos são personagens desgraçados (pelo menos em "São Bernardo", "Vidas Secas" e "Angústia"). Muita da ação é intensa, recorrente e psicológica. Havia lido que "Angúsia" é um livro excessivo, bem diferente da escrita enxuta e concisa que caraceriza o autor em outras obras. Concordo com essa avaliação. É um livro abundante, e até redundante, em muitos trechos. O que salva é que, como o autor é de altíssimo nível, nas passagens onde o livro é bom, ele é realmente muito bom, e compensa qualquer excesso antes ou depois. E é possível encontrar muitos trechos realmente grandiosos. Eu mesmo me amarrei em toda a primeira parte em que ele descreve a atração e o romance com Marina. E seu ódio e ressentimento logo em seguida não é de se desprezar, rende igualmente ótimos momentos.

Ela faz cinema

Recebi um tapa ontem quando o bumbum da Marjorie Estiano apareceu no episódio "Ela faz cinema", inspirado em Chico Buarque. Reclamei que eu não tinha feito nada. Eloá disse: "mas pensou que eu sei". Eu já tinha levado bronca quando observei uma cena que ela estava sem sutiã. É fogo. Mas meu histórico com a Marjorie Estiano me coloca mesmo no banco dos réus. Desde que a vi cantando "Miss Celie's Blues" em seu DVD fiquei bestinha. Gosto dela até hoje. Ok, voltando à série e para ser sincero, não foi o apelo sensual/sexual que marcou o episódio baseado nas canções "Ela faz cinema" e "Construção", de Chico. Gostei do que vi, acompanhei com interesse. Além do casal central (Marjorie/ Malvino Salvador), gostei muito de ver a outra história, do árabe Rafic, interpretado pelo ótimo ator Cacá Rosset. E gosto de como as duas histórias são independentes e se misturam. Achei desnecessária a narração em off, talvez justificável para um produto destinado a um público de TV, que é diversificado demais. Ainda assim, acho que o trabalho ganharia mais sem a narração. Não sei se foi minha alta expectativa, mas fiquei pensando que a história não se diferencia de outras que também tivesse trilha de Chico. Essa, claro, nasceu especificamente inspirada nas canções, mas ainda assim. E isso é mesmo complicado, a transição livro-filme é mais comum e até mais natural (todo filme é roteiro antes). E ainda assim, há toda a transformação óbvia de sair de um campo (literário) e migrar para outro (áudio-visual), a transição sempre gera uma outra coisa bem diferente. De canção para filme então, é ainda mais distante, é mesmo outro universo. Mas, sei lá, imaginei que iria ter uma identificação maior com as canções. Talvez esteja viajando e me fizesse melhor deixar passar um tempo para pensar mais sobre o que vi. O que acho mais importante é que gostei bastante, apesar de uma ressalva ou outra. Achei curioso que a direção é de um novato, o cineasta e publicitário Tadeu Jungle (com roteiro dele e de Estela Renner).

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Rio

Foi um barato a viagem pro Rio. Ficamos em Copacabana, andamos por várias ruas ali do bairro. E visitamos também Ipanema, Lapa, Cosme Velho, Urca e Leme. Eloá queria mais passeios até a praia. Ela chegou antes de mim pra fazer um curso, foi na praia duas vezes com amigos, numa das vezes chegou a jogar vôlei. Comigo, fomos uma vez. Em geral, não gosto de praia. Gosto da vista do mar, do clima, de estar por perto e tal. Mas prefiro ficar de uma distância razoável, sem sujar os pés de areia, um boteco no calçadão, um chope inocente... Estou ficando velho. Já conhecia o Rio. Estive lá há dez anos e, na primeira vista, fiquei boquiaberto. Dessa segunda vez, fiquei menos tempo, mas aproveitei mais. Descobri que gosto de viajar e quero me dedicar mais a isso. Fiquei bem impressionado com a Lapa, um dos lugares que mais queria conhecer na cidade. Por tudo que representa, de boemia e cultura, para o Rio. De cara, quando estávamos vendo onde ficar na Lapa, assistimos um cover de Cazuza dando seu show numa casa de portas abertas. A mim, me pareceu bastante parecido com o Cazuza da fase do disco "Só se for a dois" ou "Exagerado", os primeiros discos solo (o cover cantava justamente a música "Exagerado"). Ser recebido na Lapa dessa forma é bem forte pra mim. Fiquei impressionado com a animação no bairro, muitas atrações, os bares cheios mas ainda com espaço suficiente para acomodar as pessoas que iam chegando. Ficamos no "Boteco do Garrafa" onde Eloá queria abrir a noite com Absinto (mas concordou em ficar na caipirosca) e eu fui de Manhattan pra depois emendar com a cerveja Devassa, da Paris Hilton. Eram os dias anteriores ao Natal, um dia de semana, mas imagino que com uma animação atípica para uma quarta-feira. No Rio, fizemos fotos de várias coisas, inclusive de nossa passagem por cartões postais como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Quatro dias foram pouco. Queremos voltar para fazer aquilo que não deu tempo. Inclusive, gostaria de dar uma esticada em Búzios. Vamos ver.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deu pra ver alguma coisa de filme esses dias. O de Tim Burton, por exemplo, "Alice no país da maravilhas", é bem melhor do que eu imaginava. Tenho uma relação de altos e baixos com Burton. Tem coisas dele que adoro (como "Noiva Cadáver"), outras que não vejo muita graça (como "Sweeney Todd"). "Alice..." fica num meio termo. Há várias coisas ali interessantes, a melhor delas é a garota Mia Wasikowska. Gostei bastante do filme "O casamento de Rachel", do Jonathan Demme. Filmes desse tipo, sempre acho que ganhariam mais se tivessem a metade do tamanho. Nem todo filme precisa ter duas horas. Mas a porra louquice da Anne Hathaway (que está bem sem gracinha em "Alice...") vale a pena ver. Aliás gostei de todos naquela família arrasada e tentando se recuperar de uma perda. "Meu malvado favorito" é muito bacana. Filme para criança, daquele jeito que esses filme infantis agora são, sempre espertos, sempre compensam o dinheiro da entrada. O vilão que vai sendo conquistado pelas filhas adotivas é não só uma boa idéia como lembra algumas histórias antigas, saborosas. Por sua vez, "Como treinar seu dragão" é bem simpático. Na verdade, achei que ia gostar mais dele. Talvez tenha faltado um vilão na trama. E mais pegada do casal romântico. Finalmente vi "O segredo dos seus olhos", argentino. A história é bem interessante, especialmente tudo que envolve o assassino, feito por um ótimo ator. A dupla central não é tão empolgante. Mas o filme é acima da média, isso sem dúvida. Gosto especialmente da cena da perseguição ao criminoso e das cenas envolvendo o amigo alcóolatra. Mas concordo com quem diz que é um filme com muito diálogo, as pessoas não param de falar. Gosto muito do começo e de parte do desenvolvimento de "A orfã". O início leva a crer que será um terror sobrenatural. Não é. É um filme de doido. Por mais que apareça uma resposta científica no fim, achei forçada a explicação. Não dá para falar muito, tem que ver. Muito filme bom peca por terminar de forma banal, previsível. Esse é um caso. De qualquer forma, a garotinha pirada é um ótimo trabalho de atriz. Vi também "Encontro explosivo", com Tom Cruise e Cameron Diaz. Deveria ser muito divertido. Na verdade, não empolguei muito. Vale por uma cena ou outra. Mas já vimos esse tipo de filme de ação mil vezes (e muito melhor). O filme que trouxe ao Brasil Sylvester Stallone e companhia, "Os mercenários", é uma bela porcaria. Só não é pior que a terceira parte de "Efeito Borboleta". O primeiro desses filmes tinha até algum interesse, depois as seqüências foram descendo a ladeira. "À Procura da Felicidade" fez Eloá chorar um monte. É um drama com Will Smith e o filho pequeno sobre história real. Pra mim foi reprise, mas gostei de ver.