quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Estava bastante cansado ontem à noite, mesmo assim me diverti muito com o filme "O artista", de Michel Hazanavicius. Tinha cá meus medos de que fosse chatinho ou "de arte", que é pior ainda. Mas não, é um filme muito bacana sobre o perído de transição entre o cinema mudo e o cinema falado. Os dois astros são Jean Dujardin e Bérénice Bejo. Para variar, caí de amores por ela. O filme é um encanto do começo ao fim.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Entre irmãos

Fiquei bem impressionado com Tobey Maguire no filme "Entre irmãos", de Jim Sheridan. Ele é um oficial das forças armadas que precisa se afastar da famlía (a esposa é Natalie Portman) para uma missão no Afeganistão. O helicóptero em que está cai e ele é dado como morto. Mas não morre, é capturado e submetido a uma experiência traumática. No período em que fica desaparecido, o irmão Jake Gyllenhaal se aproxima da sua esposa e das duas filhas pequenas. O oficial retorna à família que por vários meses o tinha como morto. As coisas não são mais como antes. O personagem de Maguire retorna transtornado. Ele está bem magro e angustiado. Portman é essa atriz bonita que conhecemos (embora aqui não seja muito mais que isso). São três bons atores e mais o Sam Shepard, que faz o pai dos dois irmãos. O filme é uma boa experiência, especialmente na cena climax quando o capitão tem uma reação explosiva na porta de casa. Nessa cena, os três atores estão muito bem. E Maguire está ótimo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Luzes da cidade

Bia, minha filhinha de dez anos, assistiu comigo a um dos filmes que mais gosto da filmografia de Charles Chaplin: "Luzes da cidade". É aquele filme em que um vagabundo (Carlitos) é confundido com um homem rico por uma moça cega que vende flores. Não demora e ele cai de amores por ela. Ao mesmo tempo, o vagabundo salva da morte um homem realmente rico que acaba de ser abandonado pela mulher. Nas noites de bebedeira, o rico homem tem no vagabundo um grande amigo e anda com ele para todos os lados. Quando passa o efeito da bebida, o ricaço não quer saber do vagabundo, não o reconhece. Há muita situações divertidas como aquela em que Carlitos tenta conseguir dinheiro lutando boxe. Depois que o filme terminou, minha filha pediu para assistir tudo de novo. Achei bem curioso esse interesse. Não é a primeira vez que ela vê os filmes de Chaplin e sempre gosta. Ela viu "O circo", "O grande ditador" e agora "Luzes da cidade". Isso mostra como certos autores são grandes. Mesmo com tanto tempo de feitos, são filmes que continuam com algo a dizer. E para todas as faixas de público.

O homem do futuro

Não é nada demais o filme "O homem do futuro", de Claudio Torres. Mas tem uma coisa que faz toda a diferença em relação a outras produções do gênero: Alinne Moraes. É uma pena que ela tenha feito poucos filmes. Alinne é muito talentosa e ajuda bastante ela ter essa beleza grande. Em "Fica comigo está noite", filme bacana do João Falcão, ela já mostrou que tem força na tela grande. Eu me senti recompensado em cada centavo que paguei no DVD de "O homem do futuro" exclusivamente por causa dela. Pena que não possa dizer o mesmo do filme como um todo... Há uma ou outra coisa mais simpática no longa, a canção em torno da qual tudo gira é um clássico dos anos 80, "Tempo perdido", da Legião Urbana, e é bem utilizada e tem tudo a ver com o tema etc. Mas aquela confusão com as viagens no tempo não empolga como deveria. Aliás, esse é um tema batido depois de "De volta para o futuro". Mesmo assim o cinema comercial americano fez coisas muito melhores. E não estou falando de nada que custe rios de dinheiro, não se trata de efeitos especiais e sim de criatividade. Penso nos recentes "Contra o tempo" e "Agentes do tempo", que vi também por agora. O tratamento é muito superior, anos luz. Nenhum assunto deve ser considerado esgotado, sempre é possível tirar algo de um enredo aparentemente óbvio. Ruim é partir do óbvio para não chegar a lugar nenhum. Mas louvo que o cinema comercial brasileiro lute para fazer público. Espero que a gente chegue a algum lugar.


P.S.: E não há como não registrar que Wagner Moura continua sendo um ator importante no cinema nacional, que tem engolido os filmes que faz. Em alguns casos como aqui, e em "Vips", os filmes giram em torno dele, simplesmente.
O ano começando, vinha na preguiça épica lendo dois livros: "O jogador", de Dostoièvski, e "Uma vida de repórter. Do golpe ao planalto", de Ricardo Kotscho. Terminei de ler "O jogador", na verdade, uma releitura. Demorei bastante desta vez, ainda mais considerando que é um livro curto (165 páginas). Estou pelo meio do livro de Kotscho e espero ser bem mais breve com este. O ano começou e espero voltar ao pique de leitura do ano passado. Mudanças na minha vida bagunçaram as leituras, me tiraram tempo e mudaram a minha rotina. Hora de reorganizar as coisas. Este ano, aliás, promete sob diversos aspectos. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Wando

Meus irmãos são metidos a intelectuais. Ô raça miserável! – a dos intelectuais e, pior, a dos metidos a tal. Então sempre lembro de uma reunião em família, isso tem muito tempo, eu era garotão, não sei se tinha chegado aos 18 anos. No meio da reunião, pediram para ligar o som. Eu botei para tocar uma música de Wando que adorava e era sucesso à época. Chama-se “Deus te proteja”. Mal a música começou, a turma toda chiou. Foi uma tremenda falta de tudo eu querer executar tal trilha sonora entre tão poderosas personas. Lembro disso sem mágoa, porém sempre achei que foi um momento revelador. Meu interesse por Wando permaneceu intacto, mas descobri a existência das patrulhas e passei a observar a existência dos “mestres do bom gosto”, gente de todo tipo. Sempre tive opinião e personalidade, graças ao bom Deus. Continuei gostando de Wando e sinto muito pela sua morte, ainda mais do jeito como aconteceu, principalmente porque o cara era jovem. Se não fosse a vida desregrada, poderia ter muitos anos ainda de trilha sonora incrível dedicada às dores e delícias de amor. Gosto muito de Wando. Os cabeções nunca me dobraram. Sou quem sou. Abaixo a letra dessa música deliciosa, que com som, como deve ser, fica bem melhor.


"Deus te proteja
pela onda de alegria
que me invade todo dia
quando encontro com você

Deus te proteja
pelo beijo de pecado,
tão gostoso e tão levado,
tão molhado de prazer

E toda vez
que você cruza meu caminho,
eu esqueço que sozinho
eu nasci e vou morrer

No teu olhar
eu vejo um mundo tão bonito,
tenho fé e acredito
e deixo o amor acontecer

Vem me seduzir,
me confundir, me agradar,
você é louca
eu sou mais louco que você

Vem brincar com fogo,
me queimar e se queimar,
queimando juntos
a gente pode se acender

Eu não vou deixar de amar
por medo de sofrer,
se você quer me dar,
eu quero receber

Vinho proibido
de uma safra especial,
que me embriaga,
me alucina e não faz mal

Deus te proteja
pela falta de respeito,
do meu corpo no teu leito,
quando a gente faz amor

Deus te proteja
por meu jeito atrevido,
que provoca teu gemido,
mas de gosto que de dor

O teu vestido
esconde a parte mais formosa,
peço a Deus fêmea gostosa,
que o amor guardou pra mim

Repete e fala
essas loucuras sem sentido,
bem baixinho em meu ouvido,
me dá mais que eu quero sim

Vem me seduzir,
me confundir, me agradar,
você é louca
eu sou mais louco que você..."

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Breaking Bad

Boa pra c... a terceira temporada de Breaking Bad. A série é uma das melhores coisas da TV em exibição (tá, eu já falei isso de Dexter, já falei de Damages, já falei da melhor fase de Lost e 24h - mas foi sempre de coração). Breaking Bad é o drama do professor de química que descobre que tem câncer, chuta o balde e entra pro crime, começa a produzir e vender cristais de metanfetamina. É surpreendente, bem produzido e entrega interpretações incríveis de seu pequeno elenco. É uma série econômica, há diversos episódios em que pouco ou nada acontece. Mas ainda assim a tensão é constante. E as cenas mais fortes são realmente um soco.Não é fácil conciliar uma vida aparentente banal com a adrenalina de um mundo de crimes. A séria permite viver os dois lados. Nos últimos episódios dessa terceira temporada, eu ficava parado, embasbacado quando terminava e enquanto o letreiro subia - isso quando não gritava, excitado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cozido

Enquanto Salvador vivia este momento intranquilo, mantive no sábado o compromisso com a família. Fui eu mesmo à cozinha e preparei um cozido com mocotó entre as carnes.

Como na festa de natal não pude tomar bebida alcóolica, combinei este mocotó em minha casa para poder tomar todas e ter essa desculpa para juntar a família de novo.

Até que fui comportado. Só lá pelas tantas, tomei umas duas doses de conhaque depois de ficar umas horas na cerveja.

Botei pra tocar as marchinhas de Carnaval só para ouvir piadas de cinco em cinco minutos. No fim, acho que as pessoas gostam de marchinhas. São eternas, tem ritmo, não apelam para as partes do corpo nas rimas, nem abusam de duplo sentido como se fosse uma obrigação poética.

Depois, o grande Bezerra da Silva e sua cantilena que evoca a malandragem, a bandidagem, as drogas. Não sei o que seria de Bezerra da Silva se tivesse feito suas músicas hoje, seria fortemente atacado pelos imbecis do politicamente correto.

A pedidos, Raul Seixas dominou uma parte da festa. Um dos meus irmão adora. Todos nós da família temos uma relação afetiva com o cancioneiro de Raul.

Teve mais coisas na trilha da noite, sambas, canções mais atuais de Carnaval e a boa banda "Movidos a álcool", que mistura brega com rock and roll.

Acho que 30% das conversas foram sobre a greve da polícia na cidade da Bahia.

Meu irmão, que chegou a pouco da Europa, me trouxe uma garrafa de vinho do Porto.

O cozido estava delicioso. Só faltou o molho de pimenta.

Com tantos afazeres, quando lembrei da pimenta, o horário já estava adiantado. E a preguiça não me deixou me mover. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012


O que primeiro me chamou a atenção, me dizendo que se tratava de um bom filme, foi a fotografia.

"Precisamos falar sobre Kevin", da diretora escocesa Lynne Ramsay, começa com aquela imagem incrível da guerra de tomates, a tela é tomada pelos corpos labuzados em vermelho sangue.

É uma festa tradicional, mas sabemos que em cinema as imagens se comunicam com o que o filme está dizendo.

A câmera vai fechando o enquadramento até chegar à protagonista, Eva, em êxtase no meio de tudo aquilo.

São os primeiros minutos do filme e estou totalmente conquistado. Se tudo fosse ruim a partir dali, poderia dizer que aquela abertura compensa o restante. Mas nem é o caso.

A abertura é apenas uma cena impressionante num conjunto forte.

O filme é econômico em termos de palavras. Não há necessidade delas. Fala-se muito pouco no filme e o que nos é mostrado é suficiente para a história que se está a contar.

É aquele tipo de filme que solicita o espectador, que se completa com a sua adesão. Não mastiga, não facilita a nossa vida, o que é ótimo. Porque no fim das contas, não há como não entender o enredo, mesmo com as idas e vindas na cronologia dos fatos.

O filme trata da relação entre um garoto e sua mãe, numa família aparentemente comum. Há ainda o pai e a filha caçula.

A mãe é interpretada por Tilda Swinton, que é a grande responsável por boa parte do impacto que o filme provoca; o pai é defendido por John C. Reilly, e o garoto de 16 anos é feito pelo desconhecido (e aqui ótimo) Ezra Miller.

É o tipo de filme que é melhor se não temos muita informação prévia sobre ele. Basta dizer que toca numa dessas situações, nos Estados Unidos, em que um jovem provoca uma tragédia numa escola.

O filme mostra o que há depois disso e, ao mesmo tempo, acompanha a vida do garoto desde o nascimento.

A mãe é o personagem através do qual somos conduzidos à trama.

Fiquei encantado com a qualidade do trabalho, em um filme que não é fácil, e não tem nada de doce das relações familiares que costumam ser retratadas no cinema.