tag:blogger.com,1999:blog-28066423484636923272024-02-08T00:26:18.322-03:00As casas espiam os homensAdmilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.comBlogger485125tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-5516831679554738462012-08-21T11:30:00.000-03:002012-08-21T11:30:36.709-03:00Mudança<br />
<br />
A partir de hoje, passo a um novo blog com novo endereço: <a href="https://ascasasespiamoshomens.wordpress.com/">ascasasespiamoshomens.wordpress.com</a><br />
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Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-28847814809269947052012-08-15T09:35:00.000-03:002012-08-15T09:35:17.598-03:00RetornoVolto ao blog como se nada tivesse acontecido. Como se não houvesse tirado férias dele como tirei férias no trabalho. Não nego que pensei em abandonar o barco, aproveitar a ausência e sair fora de vez. Mas volto. Gosto do exercício que esta página me proporciona.<br /><br />Para variar, nessas férias (que acabou há mais de uma semana, diga-se) vi em cinema e em DVD o monte de filmes que costumo ver quando tenho tempo. Não vou lembrar de cabeça todos agora, mas espero ter ânimo para falar aqui sobre todos aqueles que eu for lembrando ao longo dos próximos dias.<br /><br />Livros, eu lembro, li dois nesse intervalo: "As boas mulheres da China" e "Em algum lugar do paraíso", de Veríssimo. Ambos foram presentes de amigas. Nesse período também terminei de ler "Mitologia africana" e comecei "A chave do tamanho", mais um clássico de Monteiro Lobato, autor que adoro e de quem estou conseguindo fazer a minha filha gostar também. Espero poder falar um pouco mais sobre cada um desses livros mais adiante.<br /><br />Descobri nessas férias que estou doente. Pelo menos, o meu fígado está. Não é nada do outro mundo, e eu não deixo de trabalhar, viver, etc. Estou com a taxa de triglicerídeos alta, a médica passou um tratamento com remédios, mudou toda a minha alimentação, recomendou ficar longe do álcool e de comidas pesadas. E, até para minha surpresa, estou seguindo tão fielmente quanto posso àquilo que a médica ordenou.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-66317710455482951662012-07-03T11:31:00.002-03:002012-07-03T11:36:08.625-03:00FilmesDois filmes interessantes: "Confiar", de David Schwimmer, é mais mediano do que bom, na verdade. Porém, tem várias coisas que mexeram comigo. O tema é a pedofilia via internet, que evolui para o abuso sexual real. A vítima é uma menina de 14 anos, os pais (Clive Owen e Catherine Keener) enlouquecem, o caso bagunça a família toda. Eu, pai de uma garotinha, sou público-alvo desse tipo de filme, um filme, diga-se, que vai bem conduzido e foge da fórmula da justiça feita ainda que pelas próprias mãos. Não é assim. O filme mostra a fragilidade em que todos nós nos encontramos, a impossibilidade de evitar que os filhos se metam em fria etc. E o start para o drama é a confiança. A menina conhece um rapaz pela internet e se deixa seduzir apesar de o cara mostrar que a está enganando (ele diz que tem 16 anos, depois 20, depois 25... até encontrar com ela e a garota constatar que é um adulto acima dos 35 anos). Nesse ponto, pesa o fato de as amigas serem "descoladas" e tratarem o assunto sexo de forma banal. Os pais nem desconfiam dos termos que a garota usa longe deles e de sua curiosidade imensa sobre a primeira relação sexual.<br />
<br />
O segundo filme também aborda a questão sexual. Chama-se "Uma relação perigosa", de David Cronenberg, que conta a história do encontro e desentendimento dos dois grandes nomes da Psicanálise: Freud e Jung, vividos por Viggo Mortesen e Michael Fassbender, respectivamente. No meio dos dois, está a personagem de Keira Knightley, a senhora Spielrein. É um drama bem interessante com imensos diálogos e discussões sobre neuroses, comportamentos e distúrbios, tudo obviamente remetendo à vida dos próprios personagens em questão. Em certo ponto me incomodou um pouco ter tanto texto, o que caberia bem a uma peça de teatro. Nada, no entanto, que estrague a sensação de que são levantadas questões interessantes e há uma boa contextualização da briga entre os dois doutores, grandes nomes mesmo à época. Me incomodou um tantinho os trejeitos da Keira Knightley no início quando sua personagem está em surto. Ela chega à unidade de saúde se debatendo nas mãos de dois enfermeiros. Aos poucos vai sendo tratada e é curada, vindo a tornar-se mais tarde ela própria uma grande profissional da área.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-70273852048436671622012-06-29T10:16:00.002-03:002012-06-29T10:18:12.398-03:00Sono"Não durmo nem espero dormir./Nem na morte espero dormir."<br />
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Cito esses versos de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa com frequência, um poeta que adoro, e um poema ("Insonia"), dos que mais me deslumbram na obra do escritor português. O poema que já conhecia e amava se tornou o tema de um espetáculo de balé encenado pelo Balé TCA, uma apresentação vigorosa, de não sei quantos anos atrás, e que até hoje me vêm à memória quando penso no poema. Cito muito esses versos porque tenho frequentemente problemas com sono, agitação durante a noite e cansaço durante o dia. Não é um troço saudável. Gosto da noite, de sair, de fazer atividades, de ver TV, de ficar com a patroa na sem vergonhice etc. Mas detesto não conseguir dormir. E sinto que isso me desequilibra. Nos dias que dumo bem, acordo melhor. Nos dias que durmo mal - muitos, muitos - acordo chateado, pilhado. <br />
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E o poema na íntegra:<br />
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"Insônia<br />
<br />
Não durmo, nem espero dormir.<br />
Nem na morte espero dormir.<br />
Espera-me uma insônia da largura dos astros,<br />
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.<br />
<br />
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,<br />
Não posso escrever quando acordo de noite,<br />
Não posso pensar quando acordo de noite —<br />
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!<br />
<br />
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!<br />
<br />
Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,<br />
E o meu sentimento é um pensamento vazio.<br />
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam<br />
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;<br />
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam<br />
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;<br />
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,<br />
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.<br />
<br />
Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.<br />
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.<br />
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.<br />
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,<br />
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.<br />
<br />
Estou escrevendo versos realmente simpáticos —<br />
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,<br />
Versos a teimar em dizer isso,<br />
Versos, versos, versos, versos, versos...<br />
Tantos versos...<br />
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!<br />
<br />
Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.<br />
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,<br />
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,<br />
Salvo o necessário para sentir consciência,<br />
Salvo — sei lá salvo o quê...<br />
<br />
Não durmo. Não durmo. Não durmo.<br />
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!<br />
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!<br />
<br />
Ó madrugada, tardas tanto... Vem...<br />
Vem, inutilmente,<br />
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...<br />
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,<br />
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,<br />
Segundo a velha literatura das sensações.<br />
<br />
Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.<br />
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.<br />
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.<br />
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.<br />
Vem, madrugada, chega!<br />
<br />
Que horas são? Não sei.<br />
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,<br />
Não tenho energia para nada, para mais nada...<br />
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.<br />
Sim, escritos no dia seguinte.<br />
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.<br />
<br />
Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.<br />
Paz em toda a Natureza.<br />
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.<br />
Exatamente.<br />
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.<br />
Costuma dizer-se isto.<br />
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,<br />
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.<br />
Exatamente. Mas não durmo."Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-67741293211484229102012-06-25T11:41:00.003-03:002012-06-25T12:11:48.242-03:00São JoãoFinal de semanda vendo filmes, claro. Entre um licor e outro, entre uma saída e outra. Saí bastante, desde quinta-feira, todos os dias pra tomar uma e curtir a companhia deliciosa da patroa. Foi um São João muito bom, divetido, nada cansativo, até dancei forró e fui tomar um café no Santo Antônio Além do Carmo. Um lugar charmoso, com aquela vista linda do mar, entramos pelo Cafelier, um café instalado num dos casarões do Centro Antigo, com trilha sonora de bossa nova.<br />
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Dos filmes que vi, o melhor foi "Shame", de Steve McQueen. É o filme em que o Michal Fassbender é um viciado em sexo e tem essa irmã problemática, a bonitinha e sensualíssima Carey Mulligan. A cena dela cantando "New York, New York" é triste e bem interessante. O filme é ritmo lento, tem esse personagem quieto, complicado, triste do Fassbender. Às vezes um ator se destaca e quando vê está aparecendo em tudo quanto é filme. É este o caso aqui, mas o cara é muito bom mesmo. Confesso que gostei do filme, gostei mais ainda da Carey.<br />
<br />
A versão de David Fincher para "Os homens que não amavam as mulheres" é melhor que o original sueco. Gostei de ambos, mais o de Fincher é mais autoral, tem mais estilo, é um produto melhor. O meu problema é que não fico totalmente satisfeito com nenhum filme adaptado de livro. Sempre acho que a versão cinematográfica atropela tudo e sai comendo passagens importantes, detalhes que fazem toda a diferença. É um problema, na maioria das vezes, sem solução porque o filme sempre será um espaço curto para uma história que teve todo tempo necessário no papel. Dito isso, é preciso dizer que o filme de Fincher é bem digno.<br />
<br />
Vi o terror "O despertar" que no trailer parecia ser bem melhor (E olha que em geral não gosto dos trailers atuais, que são videoclipes iguais uns aos outros com seu cortes acelerados). O filme é bem mais ou menos. A coisa boa é a beleza magnética da Rebecca Hall (uma das estrelas de "Vicky, Cristina, Barcelona", de Woody Allen), ela tem ótima presença em cena. Na cena de toalha então, excelente.<br />
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Já o filme "Sherlock Holmes", do Guy Ritchie, fui ver não sei porque cargas d'água. Desde o início, a idéia de um sherlock "moderno", físico, e distante do personagem que conhecemos dos livros, me pareceu bizarra e totalmente nada a ver. Foi exatamente o que achei nos primeiros minutos do filme, apesar do Robert Downey Jr., que é um cara de quem gosto. Desliguei ainda no começo e fui procurar melhor coisa para fazer. Como diz o Inácio Araújo, já tinha perdido o meu dinheiro. Não precisava perder também o meu tempo.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-86111305001384403972012-06-19T17:36:00.003-03:002012-06-19T17:49:18.716-03:00Melancolia e promessas de amor*Outro dia, conectei o celular no Youtube e caí numa versão de “Essa
noite não”, sucesso de Lobão de 1989. De bobeira, fui seguindo a trilha
de canções dessa época, um caminho de nostalgia sem volta, uma espécie
de ticket gratuito de viagem no tempo.<br />
<br />
O que foi a música dos anos 80? Para mim, um garoto nascido em 1975,
foi bastante coisa. Quando tinha entre 5 e 17 anos, descobri o ouro e
entrei numa febre de coisas como Legião Urbana, Ultraje a Rigor,
Engenheiros do Havaí, Titãs, Cazuza e Raul Seixas.<br />
<br />
O rock nacional era a trilha sonora da minha vida tanto quanto as canções das novelas da época e dos filmes de Hollywood.<br />
<br />
A minha turma colecionava os discos das bandas (em vinil, claro),
decorava as letras do encarte, guardava os recortes das revistas e íamos
atrás dos discos mais antigos que gravávamos em fitas cassetes.<br />
<br />
Nós queríamos aproveitar a onda, montar uma banda e fazer muito sucesso (e com isso conquistar todas as menininhas, óbvio).<br />
<br />
Desde novo, eu também ouvia os medalhões da MPB porque era o que meus
irmãos ouviam o tempo todo em casa. Era o período em que estávamos numa
transição, saindo da Ditadura Militar, período de redemocratização do
país.<br />
<br />
Com tanta informação circulando – e foi nesse período que começou meu gosto pelos livros – a TV também fazia a minha cabeça.<br />
<br />
A TV, o rádio (e as revistas em quadrinho) foram componentes
importantes da minha formação. Ver as coisas na TV, ouvir o som (nas
alturas) na vitrola de casa e sair correndo para compartilhar impressões
com os amigos era uma rotina irresistível.<br />
<br />
Voltar àquele período, ainda que seja pela via momentânea das
canções, deve servir para alguma coisa – nem que seja para matar o tempo
de uma forma divertida.<br /><br />
_____________<br />
<em> * “Melancolia e promessas de amor” é um verso da canção “Anos 80”, de Raul Seixas, do disco “Abre-te Sésamo”.</em>Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-32803104861188567712012-06-18T10:20:00.000-03:002012-06-18T10:25:38.159-03:00Prometheus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6_wrDiTZLWXAZpWFSwDiAHEUQvOwlWTqLext1rlAhyBX14q2o0K8HNRWgpIeZrtK52HLNjq8UvptrHWA5kSlhhFnuipt43CoL_ppF0HKh6yh_A7IHJg2mMASOtKV4grtFOPtDXbpOkMY/s1600/prometheus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6_wrDiTZLWXAZpWFSwDiAHEUQvOwlWTqLext1rlAhyBX14q2o0K8HNRWgpIeZrtK52HLNjq8UvptrHWA5kSlhhFnuipt43CoL_ppF0HKh6yh_A7IHJg2mMASOtKV4grtFOPtDXbpOkMY/s1600/prometheus.jpg" /></a></div>
Fui ver "Prometheus" neste fim de semana, a prequel de "Alien - O oitavo passageiro", dirigido por Ridley Scott. Gostei muito do filme, provavelmente um dos dois ou três entre os melhores filmes que vi este ano (nos últimos cinco anos?). "Prometeus" é muito bom. Especialmente se a gente vai ao cinema atrás de entretenimento de bom nível. Gosto muito de como as coisas são apresentadas, os cortes, a montagem e roteiro que vão revelando as coisas aos poucos. O bom suspense é feito de uma estrutura em que o espectador só fica sabendo das coisas na hora certa. Até lá vamos recebendo pedaços de informação para ir montando o quebra-cabeças. Está aí um dos prazeres: ir reunindo as informações e montando o quadro. O filme é grandioso, claustrofóbico e épico em diferentes momentos. Há as cenas em ambientes mínimos (dentro de uma cápsula de cirurgia) e em ambientes macros: na superfície da lua alienígena, cenas que na verdade foram filmadas num pedaço deslumbrante da Islândia. O elenco é estelar e está muito bem, com destaque ao quarteto central (Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron e Guy Pearce). Desse grupo, não é difícil destacar o robô do Michael Fassbender, incrivelmente verossímil e cativante. Não é um personagem fácil, em boa parte do filme ele é um ser misterioso apesar do tom de voz educado e simpático. No final das contas, é um dos antagonistas e responsável por uma experiência traumática para a heroína da trama. Por falar nisso, ela também merece destaque: o papel aqui recaiu sobre a atriz Noomi Rapace, que está muito bem em cena. Como em Alien, sem informação prévia, não dá para saber quem vai ou não sobreviver a uma experiência aterrorizante que não promete muitas esperanças aos humanos. O filme fala sobre origem da espécie, busca de respostas sobre quem somos e para onde vamos, questiona religião, põe em xeque a ciência. Nada disso é tão interessante quanto a sensação passada ao espectador de vulnerabilidade total diante do desconhecido. Essa que é a matéria prima de todas as histórias de suspense e terror. O filme combina questões metafísicas com cenas de ação muito bem feitas. É um trabalho pelo qual vale a pena sair de casa e sentar na frente da tela do cinema.<br />
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Ridley Scott é um cara que admiro. Os seus dois Aliens (O oitavo passageiro e O resgate) são excelentes, estão entre os melhores filmes de ficção e suspense da história do cinema. Sua filmografia é bem irregular, tem de tudo um pouco. Eu adoro Blade Runner, sobre o qual já fiz trabalho na faculdade, um filme que sempre me fascinou. Outros destaques, eu citaria “Thelma & Louise”, “Gladiador”, “O gângster” e “Um bom ano”. Mas é uma escolha absolutamente pessoal. O critério é o meu próprio gosto. Em outros filmes seus, não morro assim de amores, mas ele é um diretor que sempre tem algo interessante a dizer.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-26554851313250558232012-06-09T10:13:00.001-03:002012-06-09T10:49:32.059-03:00Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwG1HmYG6BqkkdE38QTX_Qjp7vO_fwQPSfuxhoKWw6A-BvMg9R1zTLgaPgCmS2r2sTDvaxM7RcxLNHKI2Qszd0uOsE3dvgBaRiP9whWw6cMeZ9Ktdb3dExweAlrKn_sOchFm57EDlZ7vE/s1600/eureceberia1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwG1HmYG6BqkkdE38QTX_Qjp7vO_fwQPSfuxhoKWw6A-BvMg9R1zTLgaPgCmS2r2sTDvaxM7RcxLNHKI2Qszd0uOsE3dvgBaRiP9whWw6cMeZ9Ktdb3dExweAlrKn_sOchFm57EDlZ7vE/s1600/eureceberia1.jpg" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Bitstream Charter', serif;"></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Bitstream Charter', serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;">Gostei bastante de "Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios", filme de Beto Brant e Renato Ciasca. No começo, confesso que estranhei as cenas sem explicação que vão se sucedendo, sem uma narrativa propriamente. Também encasquetei com a mulher pelada na praia aparentemente posando para um ensaio fotográfico. Gosto de nudez, tudo certo, mas uma nudez gratuita não ajuda um filme. Ainda acho aquela abertura dispensável. Mas isso é de menos. O filme tem uma coerência e sua narrativa estranha, fugindo da linearidade do começo, meio e fim, acaba-se acostumando com ela. A mistura de narrativa com imagens do ambiente - florestas, rios e outras paisagens do norte - é um atrativo e enriquece o filme. Os diretores não deixam de criticar o desmatamento da floresta e a exploração das riquezas naturais, há cenas de personagens discursando contra essa exploração. Sem o cenário, seria apenas uma (boa) história de triângulo amoroso. O ambiente faz toda a diferença e dá força incomum ao drama. Camila Pitanga está bem, sem vergonha, mostra talento, se entrega bastante ao personagem. É uma figura bela, com os lábios grandes e bonitos bem adequados ao título. Seu personagem é forte e multifacetado. E a atriz segura a onda bem nos vários momentos do filme. O restante do elenco também está bem em cena: Zecarlos Machado é o marido da personagem de Camila; Gustavo Machado é o outro vértice do triângulo. Como se deve imaginar, não espere final feliz neste filme. O que não é ruim.</span><br /><br /><span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;">*</span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Bitstream Charter', serif;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;">Me aborreceu um pouco o filme "A dama de ferro", de Phyllida Lloyd. Gosto das cenas que contam como uma mulher conseguiu ascender ao principal posto político de uma Inglaterra dominada por homens. Não gosto tanto das cenas da velhinha tentando conviver com seus fantasmas e suas lembranças da mulher que foi. E são essas passagens que guiam o filme. No final, é um filme de atriz, feito sob medida para Meryl Streep brilhar em cena. Ela, como sempre, não decepciona. Mas está longe de ser um filme imperdível.</span></span></span><br />
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<div style="line-height: 24px;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Bitstream Charter', serif;"><br /></span></div>Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-18459486341116936852012-06-06T11:30:00.002-03:002012-06-06T11:30:44.213-03:00AplausoSou um admirador de Ruy Castro desde que li "O anjo pornográfico", a sua estupenda biografia de Nelson Rodrigues. Ontem, em sua coluna no rádio (tão imperdível quanto sua coluna na Folha de São Paulo), ele fez um comentário com o qual concordo plenamente. Criticou a mania miserável que as pessoas tem hoje em dia de ir a espetaculos, seja músical, seja teatral, seja qual for, e ao final aplaudir de pé efusivamente. Tornou-se uma rotina. O espetaculo pode ter sido - e geralmente é - uma porcaria de marca maior, mas o auditório levanta e aplaude como se tivesse acabado de ver uma magnífica e exclusiva apresentação da maior grandeza. Eu sempre me incomodei com isso. E sou daqueles que fica sentado em minha cadeira, às vezes sem aplaudir se o espetáculo não merece, ou então aplaudindo na medida do entusiasmo que a apresentação me causou. E só. Aplaudir de pé deveria ser uma reverência guardada aos espectáculos realmente arrebatadores. Banalizar esse ritual é um sintoma da banalização geral que temos visto em relação às coisas. Não é esnobismo, é ter o mínimo critério com as coisas. Se a gente aplaude de pé qualquer espetáculo meia boca, o que fazer diante de uma apresentação realmente grandiosa?Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-2899447247076197022012-06-05T11:03:00.002-03:002012-06-05T11:03:40.732-03:00Mitologias africanasUfa, finalmente terminei a leitura de "Os meios de comunicação como extensões do homem". Já posso seguir adiante e começar a ler os livros, presentes de aniversário que ganhei em maio. Na verdade, já comecei a ler o livro "Mitologias africanas", dado pelo amigo Fábio, que se amarra em mitologias de todo tipo. Estou nas primeiras páginas (50 e alguma coisa), são relatos bem curtos, não há complexidade alguma, até minha filha poderá ler sem grande dificuldade. Parece ter sido um esforço de simplificar bastante a rica mitologia africana, numa linguagem que se aproxime de outros tantos casos extraordiánarios. Em princípio, não gosto desse expediente para atrair o leitor. E sempre que vejo esses trabalhos feitos para serem mais facilmente assimilados, rejeito. Lembro sempre que aprender, estudar, conhecer é muito prazeroso, mas requer esforço e empenho. Na verdade, o prazer está também no esforço. E quanto mais conhecemos mais nos sentimos bem com obras que nos exigem um pouco mais. É o que se chama de respeitar a inteligência do leitor, tratá-lo como adulto. Esse livro "Mitologias africanas", vê-se logo, trata o seu leitor como criança. Se o leitor não tem dez anos, fica se sentindo um imbecil em diversas passagens. Prefiro os livros infantis que, sendo absolutamente interessantes para as crianças, também não fazem feio com os adultos.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-29713432788913111342012-06-04T10:57:00.000-03:002012-06-04T10:57:17.442-03:00Cinema Paradiso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3CwXrZ9t3zRIta5WWKgi2zODP0A6x7-QF9p3-eqKz2Cf10xYm9_8GdA5JpvTfJT30TpA3tZtFNikKTpWobn-0kzMSZNEo_CSkv4XzTwnk8pNJp1ode-7uJ27dH0yjxFVGslD6iNqubU/s1600/cinema-paradiso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3CwXrZ9t3zRIta5WWKgi2zODP0A6x7-QF9p3-eqKz2Cf10xYm9_8GdA5JpvTfJT30TpA3tZtFNikKTpWobn-0kzMSZNEo_CSkv4XzTwnk8pNJp1ode-7uJ27dH0yjxFVGslD6iNqubU/s1600/cinema-paradiso.jpg" /></a></div>
Filmes devem ser revistos. Gosto muito de rever bons trabalhos, às vezes faço isso imediatamente depois que o letreiro sobe. Antigamente, quando se podia entrar no cinema a qualquer hora, via o mesmo filme pelo menos duas vezes (os que eu gostava, claro). Em DVD também tenho feito isso. Rever é uma oportunidade de redescobrir um filme que não era tido como tão bom. Ou o contrário: perceber que aquele trabalho considerado genial é bem meia boca.<br /><br />Toda essa introdução sobre rever filmes é para introduzir que vi ontem com a pequena o filme “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore. Na minha memória esse era um dos filmes mais ternos, mais deliciosos sobre o próprio cinema de que tinha lembrança. Na revisão, apesar do entusiasmo bem menor, continua sendo um filme cheio de bons momentos – a maioria se passa quando o personagem do menino está em cena.<br /><br />Peguei uma cópia em DVD e não reparei que era uma versão com acréscimo de 50 minutos inéditos (50 minutos!). Putz, como se deve imaginar, tornou-se um filme bem diferente. A trama ficou equilibrada entre a relação do protagonista com o Cinema Paradiso e sua história de amor inconclusa. Na versão que conhecia, tudo que aparecia em tela vinha para reforçar a relação do personagem com o cinema. Mesmo o amor interrompido que ele vive na juventude. Nessa versão, os minutos a mais de cenas inéditas não tornaram o filme mais forte ou melhor. Não é ruim ver desdobramentos para a história do garoto que amava a cabine de projeção do cinema de sua cidade e de lá saiu para tornar-se um famoso diretor de filmes. Mas também não fazem do filme uma obra melhor.<br /><br />Não me incomodo com filme de mais de duas horas de duração, se assim fosse não passaria horas (dias) vendo as minhas séries favoritas. O problema não é a ter duas ou três horas, é que esse conjunto seja necessário para contar a história daquele jeito. Filme não é série. Em princípio, prefiro sempre obras mais curtas.<br /><br />No final das contas, continuo gostando da história contada ali em Cinema Paradiso. Gosto do tom de fábula e ao mesmo tempo de causo contado pelos mais velhos. É daquelas histórias de cidades pequenas, com seus personagens, suas histórias, suas lendas que tanto agradam ao paladar médio. Não me desagradou ver as horas adicionais como uma curiosidade. Porém, prefiro o corte que foi aos cinemas, um corte, diga-se de passagem, que mesmo na época já achava um pouco mais extenso que o necessário.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-54096102239348813562012-05-30T12:26:00.002-03:002012-05-30T12:26:13.926-03:00LivrosJá tive momentos na vida de procurar livros para ler, de estar sem opção. No máximo tenho um único à minha espera enquanto termino o que estou a ler. Eu, que detesto a experiência de ler dois livros ao mesmo tempo, procuro sempre ler um de cada vez. Pois neste exato momento, enquanto não terminar "Os meios de comunicação como expressões do homem", nada menos que três livros me aguardam. Mês de aniversário, as pessoas sabem que é fácil acertar no presente para mim quando escolhem livros. Ainda não apurei, mas deve ser mesmo o presente que eu mais gosto de ganhar.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-83921938123643760122012-05-30T11:58:00.000-03:002012-05-30T12:02:24.168-03:00Tributo à LegiãoAcho o Wagner Moura um ator talentoso. Já gostava dele aqui em
Salvador, gosto ainda mais agora depois que a experiência mostra os
benefícios em sua carreira. Nunca empolguei com o Wagner cantor. E
fiquei curioso para vê-lo no papel do band leader desse tributo que a
MTV faz à Legião Urbana, uma banda que fez minha cabeça desde os onze ou
doze anos de idade. Vi o show com atenção e novamente não empolguei com
a performance, apesar de que o repertório da banda remexe coisas lá no
fundo da alma. Muita gente deve ter gostado, a emissora faz bem em
ousar, para o mercado certamente é um bom negócio - vai virar CD, DVD e
não sei mais quantas repetições na televisão. Da minha parte, poderia
passar perfeitamente bem sem esse tributo. Vale mais ouvir - mais uma
vez - as versões originais nos discos da banda.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-61915023309946499772012-05-28T11:33:00.002-03:002012-05-28T11:40:35.737-03:00Pequena<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_yr37CwmBw-V6I61BRzSMf8PSma1blmEyainQD1uLH4uV57c0zWpkIIf_p7ik7d8oFbOZLonhU-Dq2ZQvXc5l-L8BMYJ9yNsUc2HwkiQTAdZMpXsL6yDefXIcDJQ90aoLfWqMV_cisYI/s1600/windowcap-blogSpan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_yr37CwmBw-V6I61BRzSMf8PSma1blmEyainQD1uLH4uV57c0zWpkIIf_p7ik7d8oFbOZLonhU-Dq2ZQvXc5l-L8BMYJ9yNsUc2HwkiQTAdZMpXsL6yDefXIcDJQ90aoLfWqMV_cisYI/s320/windowcap-blogSpan.jpg" width="320" /></a></div>
Delícia a fase que a minha filha está agora: a dos dez anos. Ela é inteligente, ensina muito ao pai - principalmente a mexer no celular novo que acabamos de conhecer, que ela trata como velho conhecido! Esse fim de semana vimos juntos dois bons filmes. Bem diferentes de tempo e espaço, um é o clássico de Alfred Hitchcock, "Janela Indiscreta", de 1954. O outro é o brasileiro "O Palhaço", de Selton Mello, do ano passado. Vi os dois com atraso. Os dois filmes, ela os assistiu por iniciativa própria. Sentou ao meu lado e ficou por puro interesse nas histórias. Há filmes que eu pego especialmente para ver com ela, mas não foi esse o caso desta vez. Fico muito satisfeito quando ela vê filmes ao meu lado que não são os desenhos e animações da sua idade ou os filmes de efeitos e pancadaria que tanto gostam a maioria dos seus amiguinhos. Gosto porque sei que esses filmes mais elaborados, quando tem algo a dizer para ela, que conquiste seu interesse, está ajudando a formar sua bagagem cultural. É educativo ver um Hitchcock, um Chaplin, aos dez anos. Vou sentir saudade dessas sessões de filmes com ela, um dos programas que a gente mais gosta de fazer juntos.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-53993767437687829252012-05-19T12:09:00.003-03:002012-05-19T12:23:16.229-03:00CazuzaSaudade do c..., saudade de Cazuza... a trilha sonora do meu final de infância e da minha adolescência. Cazuza lembra meus primeiros beijos, primeiras festas, primeiros porres, primeiros foras. Lembra também - muito - meu amigo Sérgio. Foi Sérgio quem me influenciou para gostar de Cazuza e Legião Urbana. Até hoje gosto de ambos, mas Cazuza sempre bateu mais forte em meu coração. Hoje caí, não sei porquê, em uma página com os discos e as canções de Cazuza. Lá fiquei, besta, perdido no labirinto, entrando e saindo por suas canções, seus desabafos, seus berros, seu sarcasmo, sua fragilidade e sua poesia. Ouço Cazuza e tenho vontade de chorar. É um negócio bom, mas mistura muita informação na minha cabeça. Cazuza continua muito vivo e atuante, ao menos dentro de mim.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-16064656277014260692012-05-16T16:57:00.003-03:002012-05-16T16:57:57.735-03:00Hora livreEstou com essa agora de às vezes empacar numa leitura, não ata nem
desata. Antropologicamente, ter comprado um carro me tirou o tempo
precioso que tinha livre no ônibus, onde ia lendo por pelo menos meia
hora por dia o livro da vez. Imagine você o que é meia hora por dia, um
assombro, ainda mais se a gente somar a uma hora aqui outra ali antes de
dormir e nos consultórios. Essa meia hora diária me fez bater recordes
de leitura sem sentir dor, sem parecer que fazia algo extraordinário.
Agora só me resta a hora daqui e dali do consultório e do tempo livre
antes do sono. O problema é que não tenho tido tempo. Estou há mil dias
com esse “Os meios de comunicação como extensões do homem”, de Marshall
McLuhan, e não passei da página 180, acho. Mas o livro é muito bom. Ele
agora está numa reflexão sobre o relógio, diz que o relógio muda
completamente as relações, passamos a ter tempo livre (“terei a semana
livre”) ou não (“estou com agenda cheia”). É uma discussão para dizer,
entre outras coisas, que uma nova tecnologia muda radicalmente a vida
das pessoas e faz com que todas as outras tecnologias se conformem à
nova realidade. Antes de falar do relógio, McLuhan faz seu escrutínio do
dinheiro, que também é outra mudança e tanto na vida humana. O livro
levanta ótimas questões e faz pensar em muita coisa. Quando tenho a hora
livre, me divirto muito.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-91825374093780868202012-05-15T11:44:00.001-03:002012-05-15T11:57:20.878-03:00Paraísos Artificiais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4ZZjoDvYcBxnDPg0GO44mxV8lKWI3o0UpdqDWWfOLKh_2lTAQ017HJD0KPnVzT8qraMVU-LFB2_7xT90dNWhq8UVaIKJDV7ul_rSvZSD3p8LPDHlSdncFpyyzjoSydyDqmqRdNQjWBfM/s1600/paraisos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4ZZjoDvYcBxnDPg0GO44mxV8lKWI3o0UpdqDWWfOLKh_2lTAQ017HJD0KPnVzT8qraMVU-LFB2_7xT90dNWhq8UVaIKJDV7ul_rSvZSD3p8LPDHlSdncFpyyzjoSydyDqmqRdNQjWBfM/s1600/paraisos.jpg" /></a></div>
Não esperava exatamente um filme incrível. Confesso que fui assistir ao brasileiro "Paraísos Artificiais", de Marcos Prado, atraído pela promessa de nudez da linda Nathalia Dill. Não há decepções nesse quesito e a atriz segura bem a onda de seu personagem. Ela é uma DJ que tem envolvimento com drogas e sofre as consequências da relação com pílulas, gotas e amizades descontroladas. O mocinho da história, se é que se pode falar assim, é o ator Luca Bianchi, que faz o personagem Nando. Os dois se envolvem amorosamente, as festas de música eletrônica, o uso de drogas e o sexo (a dois e a três) são pano de fundo. Parte da história se passa em Amsterdã. O filme trata de uma série de questões que estão no entorno do uso das drogas pela juventude. A família e amigos de Nando aparecem, ele perdeu o pai e se culpa por isso. O irmão mais jovem é o garoto que herda as amizades do irmão quando ele vai preso (o filme começa com o Nando saindo da cadeia). A mãe sofre por um e outro. Mas quem segura essa moçada quando quer sair, agitar, tomar todas? Não é um filme complicado, mas acontece em dois tempos, presente e passado, sem que essa opção traga qualquer dificuldade para se entender o que vai na tela. No final da projeção não há muito sobre o que pensar, não dá pra dizer que ficamos com questões na cabeça, que traga qualquer aprofundamento ou abordagem diferenciada sobre qualquer dos pontos apresentados. Também não é um filme ruim. E acima de tudo, como consolo de luxo, sempre temos a lembrança das lindas imagens da Nathalia Dill pelada. Presença em cena ela tem, magnetismo também, e não é nenhum vazio de talento. O que mais precisa uma estrela?Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-14075567196292497982012-05-14T13:17:00.003-03:002012-05-14T13:20:06.715-03:00Estamos juntosAssisti "Estamos juntos", filme de Toni Venturi, com Leandra Leal e Cauã Reymond. Fui com toda vontade de gostar do filme, até porque acho a Leandra Leal uma atriz muito boa, que está na profissão desde
menina. Uma pena, não gostei nada do filme que me pareceu meio perdido. Outro brasileiro que não me empolgou foi "2 Coelhos", de Afonso Poyart. Apesar da beleza da Alessandra Negrini, a produção não me conquistou com seus flashbacks, reviravoltas, e tom de filme moderninho. Fiquei bem entediado na verdade. Gosto do Fernando Alves Pinto. O filme Terra Estrangeira de Walter Salles com ele (creio que é sua estréia na telona), é um dos filmes que mais gosto. Preciso até rever para saber se ainda hoje mantenho essa opinião. Quando vi a primeira de umas três vezes, fiquei siderado. O Fernando não está ruim em "2 Coelhos", a questão é que o filme como um todo não me convenceu.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-19293693056540180172012-05-14T09:40:00.002-03:002012-05-14T09:40:47.589-03:00Tudo pelo poderVi “Tudo pelo poder” às escuras, ou seja, sem saber nada sobre ele, e terminei o filme de George Clooney pensando muito em Shakespeare. Daí vou ler o que se escreveu sobre o longa e descubro que já no título original “Ides of March” há referência à obra de Shakespeare, ao conhecido episódio do assassinato de Júlio César por Brutos. Não fui tão certeiro, mas assim que o filme terminou pensei na frase clichê “na veia”, no caso, “Shakespeare na veia”. Achei o filme bom pra c…, de longe o melhor que vi no ano inteiro até aqui. Exagero? Provavelmente, mas dá a dimensão do que o filme provocou em mim. Achei que seria mais um desses filmes chatinhos sobre bastidores do poder na América. Olha, o filme não tem nada de chato e traz um Ryan Gosling de atuação hipnótica. Ele é um ator incrível. O elenco é de muitas estrelas, todos grandes atores, e muito bem em seus papéis: George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood. Na trama, a campanha para as prévias do partido democrata. O centro da atenção é o personagem de Gosling. É um filme acelerado, com boas cenas envolvendo a relação imprensa x poder e mais ainda o papel central dos assessores na trajetória do candidato. No filme, política é coisa suja, ponto. Quem vence, não faz isso sem sujar as mãos. Parece um quadro redutor de um ambiente tão complexo. É mesmo redutor, mas dá sinais bem evidentes de como as coisas se passam longe dos olhos do público. Seja nos states, seja aqui mesmo em nossa república.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-75960834585962416622012-04-16T10:11:00.003-03:002012-04-16T10:43:08.860-03:00A pele que habito<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYMkDboPamiIxFPbGPC3GtCFhNrSx-Qe8zaXNfxrjq9COfqRlqpFp3TtCWv8ndh-PrC0HlOLTbEQTIMBoW6TnLkJnieudMrkcqYL_SDEvsCqyrTwiFR4gVrKvxnNRDUyNzXqd0f0QyOLQ/s1600/la-piel-que-habito-poza-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYMkDboPamiIxFPbGPC3GtCFhNrSx-Qe8zaXNfxrjq9COfqRlqpFp3TtCWv8ndh-PrC0HlOLTbEQTIMBoW6TnLkJnieudMrkcqYL_SDEvsCqyrTwiFR4gVrKvxnNRDUyNzXqd0f0QyOLQ/s1600/la-piel-que-habito-poza-1.jpg" /></a></div>
<span style="font-size: small;">Falei para Eloá que não sabia se recomendaria "A
pele que habito" pra ela. Geralmente, quero que ela veja tudo que eu vejo e
gosto. É que eu tinha acabado de ver o filme e estava em uma pequena crise.
Gostei - putz, é pouco, fiquei enlouquecido -, mas sei que é um filme estranho
e, talvez, difícil para almas sensíveis. De qualquer forma, é uma experiência e
tanto. O filme apresenta uma situação - mulher vive enclausurada e se submete a
um transplante de pele por um médico esquisito (soturno, pra dizer o mínimo).
Por que ela se submete? Quem é ela? Putz, o filme nos apresenta essa linda
mulher, depois somos supreendidos por uma cena extremamente violenta para em
seguida ela e o médico caírem nos braços um do outro. É nesse ponto - e até aí
tudo é muito sem explicação, meio embaralhado - é aqui que a trama volta seis
anos e começa de fato o filme. A partir desse flashback começamos a ter as explicações sobre os
acontecimentos do tempo presente. Almodóvar dá um nó na cabeça do espectador,
meio que obriga a rever o início do seu filme, porque tudo ali é muito diferente
do que imaginamos. É um trabalho muito lindo em sua realização. Mas não se
engane, não é uma história de amor, como também não é uma história com final feliz. É
um suspense intrincado, intenso, sem concessões, com algo a dizer. E, o melhor de tudo, como é
bom!</span></div>Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-71639611648528793942012-04-04T10:32:00.002-03:002012-04-04T10:32:38.206-03:00ChicoChico Anísio era maravilhoso. Ainda hoje veria com todo prazer seus programas, seus personagens. Chico pertenceu a uma geração de humoristas que fizeram a minha infância numa época em que não existia nem essa maneira grosseira de fazer humor nem o chatíssimo politicamente correto. Os caras eram de outra escola, tinham um refinamento e uma bagagem cultural que fazem falta ao humor.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-8506454257376627712012-04-04T09:46:00.000-03:002012-04-04T09:52:14.381-03:00TelevisãoNa internet, vi o primeiro episódio de "Louco por elas", série com o Du Moscovis, e achei muito simpático. Seria surpresa não ser bom com gente como João Falcão, Adriana Falcão e Guel Arraes envolvidos.<br />
<br />
*<br />
<br />
Novela, eu sempre quero ver as primeiras semanas. É um período em que o material está mais bem trabalhado e ainda não houve interferências e mudanças de rumo impostas pela audiência. Mas mesmo nessas primeiras semanas, minha implicância com o autor de "Avenida Brasil", João Emanuel Carneiro, não desaparece, ao contrário. O que, de fao é muito legal, nessa nova novela? A vilã de Adriana Esteves comprova o talento indiscutível da atriz, mas sua personagem não está um tom acima? Murilo Benício já foi uma grande promessa da televisão. Até hoje não saiu da promessa. Faz exatamente os mesmos tipos de sempre, com os mesmos cacoetes. E não é que seja o mesmo e esse mesmo seja legal (tipo um Pedro Cardoso). Benício é a mesma chatice de sempre. Débora Falabella é a vingadora a la Kill Bill da vez (só eu pensei nisso quando vi aquele close dela na moto?). Débora é boa atriz, mas ainda não apareceu com força na trama. Até agora só franziu a sobrancelha e fez cara de choro (diferente da garotinha que faz seu personagem criança e que é mesmo um achado, apesar do texto extremamente clichê). E o que dizer de personagens que são salvos de viver na miséria de um lixão, vão morar bem (até em outro país), ter tudo, mas retornam à miséria para fazer visita e matar saudades. Hein? É possível? Sem falar que o lixão é tipicamente um lixão para inglês ver, né. Pelo visto (e por ter lá uma potência como a Vera Holtz), vê-se que será uma locação importante na trama, onde os personagens estarão voltando sempre para que ali coisas aconteçam. Personagens bem de vida, alguns com carrão, viagem para o exterior, e mansão com empregados, todos frequentando lixão? E o núcleo cômico feito por Alexandre Borges e suas diferentes mulheres que não sabem uma da outra? Quem não já viu esse filme, digo, essa novela? Em pelo menos todas as anteriores. Quem é legal em papéis menores? Nathalia Dill é linda e até agora isso tem sido suficiente. Débora Bloch continua bela, mas é atriz para muito mais. Ísis Valverde é talentosa, tomara que seu personagem não caia na pura caricatura. Marcello Novaes, um ator carente de cloreto de sódio, tem um único papel, servir de escada para Adriana Esteves. Fabíula Nascimento, essa ótima atriz, tomara que não fique reduzida na trama a uma sombra andando atrás da Heloísa Perissé.<br />
<br />Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-3499330517592593212012-03-26T14:51:00.003-03:002012-03-26T14:52:25.592-03:00McLuhan<div>
<span style="font-size: small;">Comecei a ler o livro de Marshall McLuhan, "Os
meios de comunicação como extensões do homem". Li um ou outro capítulo na
faculdade de comunicação, mas minha lembrança mais forte ligada ao autor é a sua
participação no filme de Woody Allen. Ele tem uma aparição relâmpago em "Noivo
neurótico, noiva nervosa" apenas para desmentir uma pessoa na fila do cinema. O
cara está discutindo com o personagem de Allen e cita Mcluhan, dizendo saber
muito bem o que está falando. O próprio Mcluhan aparece para confrontá-lo. É
hilário.</span></div>Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-21431806987993682302012-03-21T08:40:00.003-03:002012-03-21T08:40:38.562-03:00Ainda sobre 'Minha Razão de Viver'Estou entrando pela metade do livro "Doidas e Santas" de Martha Medeiros e não falei que terminei "Minha razão de viver", do Samuel Wainer. Terminei. É um livro muito instrutivo, bem escrito, revelador. Conta a trajetória do jornalista, desde a criação da revista "Diretrizes", que reuniu grandes nomes da literatura brasileira nos anos 30. Em seguida, concentra-se em narrar os eventos que levaram o autor a fundar o jornal Última Hora, uma publicação importante na história da imprensa (e na história do país). O livro mostra em detalhes a relação bem próxima que Samuel Wainer estabeleceu com os poderosos que passaram pela presidência do país, entre eles os emblemáticos Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. E conta como tornou-se, o próprio Wainer, um homem de poder, estando ou não de braços dados com o mandante da hora. Os fatos narrados vão até o declínio e venda de Última Hora que, fundado no Rio de Janeiro, tornou-se um jornal influente, com edições em diversas regiões do país. O período coberto é amplo, desde antes da ditadura de Vargas, com o Estado Novo, até a fase de endurecimento da ditadura militar com o AI 5 e as perseguições aos direitos civis. O depoimento deixa clara a relação entre imprensa, poder e dinheiro que se estabeleceu em todo esse período de consolidação de diversos grupos que ainda hoje tem muita influência no país. Uma leitura realmente esclarecedora.<br />Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2806642348463692327.post-59058711973649200412012-03-20T11:02:00.001-03:002012-03-20T11:02:20.484-03:00Doidas e santas"Até hoje, pergunta-se: para que serve a arte, para que serve a poesia?
Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo "Veja bem..." e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio da calçada de uma agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum assombro, sem nenhum encantamento."<br />
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O trecho é do livro "Doidas e santas" de Martha Medeiros. Comecei a ler ontem à noite, gostei muito. Há algum tempo quando ouvi falar nesse livro, me senti atraído, mas fiquei preocupado: e se for mulherzinha demais? e se ainda assim eu gostar? Por via das dúvidas fiquei bem longe. Vai saber. Mas ele veio atrás de mim. E a boa notícia é que não é mulherzinha (ufa!), é bem rock and roll, na verdade. No espírito.Admilson Santoshttp://www.blogger.com/profile/06077215609835489436noreply@blogger.com1