quarta-feira, 16 de maio de 2012
Hora livre
Estou com essa agora de às vezes empacar numa leitura, não ata nem
desata. Antropologicamente, ter comprado um carro me tirou o tempo
precioso que tinha livre no ônibus, onde ia lendo por pelo menos meia
hora por dia o livro da vez. Imagine você o que é meia hora por dia, um
assombro, ainda mais se a gente somar a uma hora aqui outra ali antes de
dormir e nos consultórios. Essa meia hora diária me fez bater recordes
de leitura sem sentir dor, sem parecer que fazia algo extraordinário.
Agora só me resta a hora daqui e dali do consultório e do tempo livre
antes do sono. O problema é que não tenho tido tempo. Estou há mil dias
com esse “Os meios de comunicação como extensões do homem”, de Marshall
McLuhan, e não passei da página 180, acho. Mas o livro é muito bom. Ele
agora está numa reflexão sobre o relógio, diz que o relógio muda
completamente as relações, passamos a ter tempo livre (“terei a semana
livre”) ou não (“estou com agenda cheia”). É uma discussão para dizer,
entre outras coisas, que uma nova tecnologia muda radicalmente a vida
das pessoas e faz com que todas as outras tecnologias se conformem à
nova realidade. Antes de falar do relógio, McLuhan faz seu escrutínio do
dinheiro, que também é outra mudança e tanto na vida humana. O livro
levanta ótimas questões e faz pensar em muita coisa. Quando tenho a hora
livre, me divirto muito.
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