segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A arte de editar revistas

Veio parar em minhas mãos dois livros de vez. Boa notícia, porque estava naquelas fases meio chatas pra leitura. Comecei "A arte de editar revistas", de Fátima Ali. Até então, material muito interessante sobre o assunto. O outro livro, comprei pensando em minha filha: "O menino no espelho", de Fenando Sabino. Foi um daqueles livros que li ainda guri e do qual só tenho boas recordações. Mas vou ter que ler de novo para ver se está mesmo na faixa adequada para que a pequenina entenda. E se há alguma coisa imprópria. Não será nenhum sacrifício, tenho certeza. Que bom que volto aos livros depois de umas semanas de pausa. Livros é uma diversão.

Mother

Assisti a esse filme coreano "Mother". Gostei muito. Há algum tempo, li sobre o cinema oriental um texto que dizia que era daquelas bandas que vinha o sopro de renovação do cinema atual. Não deixo de concordar. As coisas que tenho visto são muito boas. "Mother" tem todas as atenções voltadas para essa mãe que faz o que pode para provar a inocência do filho, acusado de assassinato. O menino é estranho e esquentado, dorme com a mãe na mesma cama, está doido para ter a primeira relação sexual e tem surtos de esquecimento. A mãe também não é lá muito normal (quem de nós somos?). O filme tem seqüências intrigantes, não entendi nada quando vi a cena inicial com a mãe dançando. É esquisito. Mais tarde vamos entender essa cena e faz muito sentido. O filme tem seu quê de original, surpreende sem usar de artifício, se vale da própria história. Uma história, aliás, de suspense até banal, mas contada de uma maneira que faz a diferença. E a velha senhora, a mãe, é uma atriz e tanto. O elenco é muito gracioso. Gosto muito da cena com o velho naquela casa abandonada. Forte.

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La belle personne

Indicação de amigo, vi um bonito filme francês, "A Bela Junie" (ou ainda melhor no original, "La belle personne"). Fiquei com puta saudade da escola e fiquei com ciúmes (assisti com Eloá do lado). Nem tinha muito motivo pra ciúme, o único pegador da trama não se dá tão bem assim no final. No começo, quando os personagens começam a aparecer, não tive boa impressão. Achei que seria filme sobre "quem ficou com quem" por aí. Mas não é. As coisas vão se definindo, até fechar num certo triângulo. Apesar de contar uma história sem final feliz (ih, estraguei?), tudo é muito leve, a trilha é deliciosa, delicada. O diretor faz umas coisas simples que surtem um efeito grande, bacana. Como na cena que o rapaz sai cantando baixinho e a música aparece pra gente. É uma seqüência importante que vai conduzir a um momento trágico e definir o rumos dos personagens. Foi bom ver a Paris retratada, quase não parece Paris, senão por um pedaço da Torre Eiffel. No resto são salas de aula, pátio, jardins, metrô e cafés. O que achei curioso é que todos os atores em cena são bonitos, parece um catálogo de moda. Bom de ver, claro, mas a vida real é tão estonteantemente bela? Independente de qualquer coisa, o mais importante é que é um bom filme. Um bom programa.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quincas Berro D'água

Tenho o maior respeito pelo diretor baiano Sérgio Machado. Seu filme de estréia, "Cidade Baixa", me ganhou de cara. Tenho motivo para continuar com o respeito após "Quincas Berro D'água", adaptação de conhecida obra de Jorge Amado. Vi o filme com certo interesse do começo ao fim. Não foi amor, não foi nem a excitação provocada por "Cidade Baixa". "Quincas..." é bem filmado, fotografia bonita, algumas atuações muito legais (como as de Irandhir Santos, Luis Miranda e Mariana Ximenes). Paulo José é um negócio impressionante, um herói, mesmo com a limitação do mal de Parkinson é um ator extraordinário e faz um morto digno de nota e atenção. Marieta Severo que geralmente é excepcional, achei pouco aproveitada, assim como outros tantos (putz, muitos) atores em cena. Me pergunto por que usar tantos grandes atores num filme que, tudo indica, ganharia muito mais se concentrasse a atenção em meia dúzia de personagens. Isso me incomoda. Mas gosto da pegada de Sérgio Machado, seu esforço em estar a altura de Jorge, manter o espírito do livro. No fim, é um filme com mais virtudes que defeitos. Mas não arrebata.

Tropa

Não comentei aqui. Vi Tropa de Elite 2, é um grande filme de entretenimento. Confesso que não gosto da forma como o diretor usa o longa para dizer suas coisas, desfiar sua tese sobre o país, de como apresenta sua teoria sobre o que está por trás de tudo, aquele posicionamento todo sobre a corrupção e sobre os políticos. Aquele vôo sobre Brasília, especialmente, me incomoda. Mas não nego que é um filme muito interessante, um espetáculo mesmo. Padilha entende do riscado, sabe mexer com o espectador, é um artesão e tanto. Algumas cenas são bem fortes, de impacto. Bom ver esse tipo de trabalho no cinema nacional e com o tamanho que foi esse lançamento, com a qualidade dos profissionais envolvidos. Saí muito pensativo da sessão (lotada) no dia de estréia. Esse Tropa, como o anterior, é um acontecimento importante para o nosso cinema. Isso é bacana.