segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fringe

Ok, me rendi a "Fringe", a série do J.J. Abrams, o criador de "Alias" (muito legal) e "Lost" (zzzzzz...). Comecei gostando muito de "Fringe", depois fiquei na fase desconfiado. Agora, depois de uma dúzia de episódios (a maioria intrigante e crescendo a cada novo episódio), estou totalmente seduzido. E Dexter, hein? Comecei a ver a quarta temporada e, putz, esse primeiro capítulo é compatível com o alto nível que essa série alcançou. Sem decepções, o que é bastante coisa. Muito bom ver que o tempo passa e Dexter continua top, um dos melhores seriados exibidos na TV hoje em dia.

Lolita - a de Kubrick

Não resisti. Faltando ainda um pedaço (pouco mais de 60 páginas) de Lolita, corri à locadora esse fim de semana e fui ver a versão cinematográfica de Kubrick. Não recomendo fazer isso. A gente está tão imerso na obra escrita que não é possível se distanciar suficientemente para ver o filme sem contaminação. Todo tempo o livro vinha à tona para uma comparação automática, inevitável e incômoda. Não há como dizer que o filme é ruim. Não é. Mas é uma outra coisa. Por mais que Kubrick tenha seguido o fio de Nabokov (e o próprio autor russo escreveu o roteiro), ainda assim é nítido que o livro é bem diferente do filme. O livro é mais complexo, mais perturbador. O filme tem qualidades, claro, e o quarteto central do elenco é um dos pontos bons. Porém, um elenco que conta com alguns ótimos atores, também pode ser uma faca de dois gumes. Peter Sellers, por exemplo, faz o antagonista, é um ator cheio de recursos, mas não sei dizer se fez bem ao filme. No livro, seu personagem tem uma passagem discreta, pequeníssima. No filme, ele se agiganta. É uma deformação e tanto do original. Entendo que as elucubrações do personagem Humbert Humbert, sua mente pervertida, não pode ser tão bem aproveitada na tela. O cinema é imagem em movimento, é ação. Perde-se com isso o melhor do livro de Nabokov que é a expressão de uma personalidade refinada e doentia em toda sua complexidade. O ator James Mason, que faz o Humbert, se esforça, mas o caminho escolhido por ele leva o drama do professor de literatura em outra direção. Outro ponto: no filme, a questão sexual evapora e dá lugar a um drama de amor e obsessão. Sem o conhecimento prévio do romance de Nabokov o filme fica menos interessante. Não digo que o talento do cineasta não se veja no longa, vê-se. E as cenas mais intimistas são algumas das melhores. De toda sorte, não me fará mal (nem à obra de Kubrick, que é um dos meus diretores favoritos) que eu volte a este filme depois. Revisitá-lo, sem ter cada frase do livro ainda ecoando na cabeça, permitirá olhar para o filme e conseguir enxergá-lo. Assim espero.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pacote de maldades

Filhos, melhor não tê-los. Vinícius estava muito certo nisso (e também quando fala que o uísque é o melhor amigo do homem). Filhos são um problema eterno. Eu fui criado debaixo de muita porrada. E cresci um rapaz bom, respeitador, zeloso, tímido e com esse encanto natural. Todas as coisas pérfidas e escrotas da minha natureza, aprendi a manter guardadas no lugar certo e reservar às ocasiões apropriadas. Enfim, me tornei uma pessoa saudável e integrada. Por isso, não entendo bem essa política certinha de não poder - sob as circunstâncias certas - descer o braço num filho endiabrado. A minha pequena flor trouxe da escola outro dia um lista de queixas da professora sobre o seu comportamento. Dizia a professora que a pequena está impossível, não obedece, não pára quieta, conversa mais que o devido (e nas horas erradas), influencia mal os colegas. O problema de maior gravidade, entretanto, foi uma troca de cartas com um pequeno infante. Cartas de amor, subtendido pelos desenhos de coração e frases como "eu te amo". Meu primeiro impulso foi dar uma boa sova. Daquelas do tempo do meu pai. Mas aí tem esses tempos modernos que não acomodam as soluções mais eficazes para enquadrar menores infratores. Por isso, resolvi inaugurar um pacote de maldades e apreciar o seu efeito. Entre os tantos itens, está um que fala mais forte aos bons tempos que não voltam mais. São páginas diárias em que minha flor deve escrever dezenas de vezes a mesma frase: "Eu prometo que vou me comportar na escola". Meu pacote também inclui, claro, suspensão por tempo indeterminado de TV e internet. No primeiro dia depois do pacote, a professora disse que a menina parecia um anjinho na sala de aula. Mas calma. Ainda é cedo para se animar com o efeito do remédio. Se o pacote de maldades não funcionar, tudo bem. Posso me entregar, sem culpa e sanguinariamente, à tarefa de descer o sarrafo na criatura verticalmente prejudicada. E assim seremos todos felizes para sempre.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Francês

Comecei bem devagar uma paquera com o idioma francês. Estimulado, claro, pelo entusiasmo de Eloá. E também pela leitura de "Lolita". Sim, Lolita. O autor é russo, escreveu sua obra em inglês, mas o que não faltam são expressões em francês em seu livro.

Recolhimento

Estava avistando coisas sobre Vladimir Nabokov. E cheguei até a notícia de que seu filho vai lançar uma obra sua inédita. Chama-se "O original de Laura", um livro que Nabokov não terminou e deixou indicação expressa de que deveria ser destruído. Claro, estava preocupado com seu nome. Essa conversa me conduz a uma notícia que vi mais cedo. Gerald Thomas fala em parar com as peças e diz algo interessante a esse respeito. Ele recorda que muito artista não sabe a hora de sair de cena, que depois que você chega num pico, vira um repetidor de si mesmo. "Acho meus últimos trabalhos péssimos", diz. Thomas é um cara bastante prolífico. (Acompanho com interesse seus pronunciamentos, textos e polêmicas - não suas peças. Vi um único esptáculo dele aqui em Salvador em eras priscas, com o Ney Latorraca na frente do elenco. Me lembro de ter gostado da cenografia, assinada por Daniela Thomas, a parceira de filmes de Walter Sales). Essa inquietação do Gerald Thomas é sempre bem-vinda. É mais negócio ficar com as melhores obras de determinado autor do que testemunhar sua decadência, seu caminho em direção ao deserto da criatividade.

E Nabokov estava certo. Se a obra é ruim, melhor mesmo nunca ver a luz do dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Rubem

Talvez o melhor escritor do mundo para o meu paladar de garoto: Rubem Fonseca. Ele está com novo livro na praça, "O Seminarista". Que fazer? Apenas correr desembestado à livraria, ora.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Assado

Então voltei a um assado este fim de semana. Cupim (meu preferido) e costelas, que são boa companhia em qualquer estação do ano. Nos dois casos, temperei apenas com sal, alho e azeite. A costela ficou mais salgada que o cupim. Deixei quatro horas no forno pra descobrir que não precisava tanto. O fato é que Eloá elogiou, o que me valeu o esforço (ok, valeu o meu dia inteiro). Acompanhei com macarrão e molho de tomate tradicional feito em casa. Tudo muito simples e gostoso. Quem sabe na próxima semana eu desencanto o molho béarnaise que tanto quero fazer?

Cuide de você

A "culpa" certamente não é apenas de minha nova cunhada. O fato é que ver a exposição "Cuide de você", da francesa Sophie Calle, neste domingo, rendeu uma noite de discussões bem interessantes. Fomos em casalzinhos, eu e Eloá, de um lado, meu irmão e sua quase esposa, a suíça mais simpática de que tenho notícia - desde a minha adorável professora Liv. (Poucos nomes é ótimo negócio para uma conversa discreta.) Teríamos ido ver a exposição de Sophie de qualquer maneira. Mas duvido muito que tivéssemos levado o assunto a tal ponto e em tal extensão. Minha nova cunhada é artista plástica e se deliciou em provocar todos sobre a exposição e, mais ainda, sobre arte propriamente. Alguém pode imaginar que foi um papo chato e teórico sobre coisa nenhuma. (Sob certo aspecto pode até ter sido teórico, mas nem um pouco chato.) Foi uma conversa agradável e entrecortada por casos curiosos sobre os dois - meu irmão e ela - como se conheceram, por exemplo, em Paris, exatamente durante uma exposição de arte. Essas conversas de bar, após um programa cultural, nós sabemos como funcionam. Há casos leves e piadas salpicadas no meio de todo o papo. O que desmonta a possibilidade de uma sala de aula fora de lugar. Ninguém se levou tão a sério a ponto de querer falar verdades sobre as coisas. E a cerveja ajudou a digerir palavrões inevitáveis como "arte contemporânea", "Aristóteles" etc e abriu caminho para citar à vontade uma Marilyn Monroe, uma Maria de Medeiros...

A nota é que eu gostei bastante da exposição que, diga-se de passagem, não foi aprovada por todos. Mas até com isso eu me diverti.