terça-feira, 17 de novembro de 2009

Recolhimento

Estava avistando coisas sobre Vladimir Nabokov. E cheguei até a notícia de que seu filho vai lançar uma obra sua inédita. Chama-se "O original de Laura", um livro que Nabokov não terminou e deixou indicação expressa de que deveria ser destruído. Claro, estava preocupado com seu nome. Essa conversa me conduz a uma notícia que vi mais cedo. Gerald Thomas fala em parar com as peças e diz algo interessante a esse respeito. Ele recorda que muito artista não sabe a hora de sair de cena, que depois que você chega num pico, vira um repetidor de si mesmo. "Acho meus últimos trabalhos péssimos", diz. Thomas é um cara bastante prolífico. (Acompanho com interesse seus pronunciamentos, textos e polêmicas - não suas peças. Vi um único esptáculo dele aqui em Salvador em eras priscas, com o Ney Latorraca na frente do elenco. Me lembro de ter gostado da cenografia, assinada por Daniela Thomas, a parceira de filmes de Walter Sales). Essa inquietação do Gerald Thomas é sempre bem-vinda. É mais negócio ficar com as melhores obras de determinado autor do que testemunhar sua decadência, seu caminho em direção ao deserto da criatividade.

E Nabokov estava certo. Se a obra é ruim, melhor mesmo nunca ver a luz do dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário