quarta-feira, 30 de maio de 2012

Livros

Já tive momentos na vida de procurar livros para ler, de estar sem opção. No máximo tenho um único à minha espera enquanto termino o que estou a ler. Eu, que detesto a experiência de ler dois livros ao mesmo tempo, procuro sempre ler um de cada vez. Pois neste exato momento, enquanto não terminar "Os meios de comunicação como expressões do homem", nada menos que três livros me aguardam. Mês de aniversário, as pessoas sabem que é fácil acertar no presente para mim quando escolhem livros. Ainda não apurei, mas deve ser mesmo o presente que eu mais gosto de ganhar.

Tributo à Legião

Acho o Wagner Moura um ator talentoso. Já gostava dele aqui em Salvador, gosto ainda mais agora depois que a experiência mostra os benefícios em sua carreira. Nunca empolguei com o Wagner cantor. E fiquei curioso para vê-lo no papel do band leader desse tributo que a MTV faz à Legião Urbana, uma banda que fez minha cabeça desde os onze ou doze anos de idade. Vi o show com atenção e novamente não empolguei com a performance, apesar de que o repertório da banda remexe coisas lá no fundo da alma. Muita gente deve ter gostado, a emissora faz bem em ousar, para o mercado certamente é um bom negócio - vai virar CD, DVD e não sei mais quantas repetições na televisão. Da minha parte, poderia passar perfeitamente bem sem esse tributo. Vale mais ouvir - mais uma vez - as versões originais nos discos da banda.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pequena

Delícia a fase que a minha filha está agora: a dos dez anos. Ela é inteligente, ensina muito ao pai - principalmente a mexer no celular novo que acabamos de conhecer, que ela trata como velho conhecido! Esse fim de semana vimos juntos dois bons filmes. Bem diferentes de tempo e espaço, um é o clássico de Alfred Hitchcock, "Janela Indiscreta", de 1954. O outro é o brasileiro "O Palhaço", de Selton Mello, do ano passado. Vi os dois com atraso. Os dois filmes, ela os assistiu por iniciativa própria. Sentou ao meu lado e ficou por puro interesse nas histórias. Há filmes que eu pego especialmente para ver com ela, mas não foi esse o caso desta vez. Fico muito satisfeito quando ela vê filmes ao meu lado que não são os desenhos e animações da sua idade ou os filmes de efeitos e pancadaria que tanto gostam a maioria dos seus amiguinhos. Gosto porque sei que esses filmes mais elaborados, quando tem algo a dizer para ela, que conquiste seu interesse, está ajudando a formar sua bagagem cultural. É educativo ver um Hitchcock, um Chaplin, aos dez anos. Vou sentir saudade dessas sessões de filmes com ela, um dos programas que a gente mais gosta de fazer juntos.

sábado, 19 de maio de 2012

Cazuza

Saudade do c..., saudade de Cazuza... a trilha sonora do meu final de infância e da minha adolescência. Cazuza lembra meus primeiros beijos, primeiras festas, primeiros porres, primeiros foras. Lembra também - muito - meu amigo Sérgio. Foi Sérgio quem me influenciou para gostar de Cazuza e Legião Urbana. Até hoje gosto de ambos, mas Cazuza sempre bateu mais forte em meu coração. Hoje caí, não sei porquê, em uma página com os discos e as canções de Cazuza. Lá fiquei, besta, perdido no labirinto, entrando e saindo por suas canções, seus desabafos, seus berros, seu sarcasmo, sua fragilidade e sua poesia. Ouço Cazuza e tenho vontade de chorar. É um negócio bom, mas mistura muita informação na minha cabeça. Cazuza continua muito vivo e atuante, ao menos dentro de mim.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hora livre

Estou com essa agora de às vezes empacar numa leitura, não ata nem desata. Antropologicamente, ter comprado um carro me tirou o tempo precioso que tinha livre no ônibus, onde ia lendo por pelo menos meia hora por dia o livro da vez. Imagine você o que é meia hora por dia, um assombro, ainda mais se a gente somar a uma hora aqui outra ali antes de dormir e nos consultórios. Essa meia hora diária me fez bater recordes de leitura sem sentir dor, sem parecer que fazia algo extraordinário. Agora só me resta a hora daqui e dali do consultório e do tempo livre antes do sono. O problema é que não tenho tido tempo. Estou há mil dias com esse “Os meios de comunicação como extensões do homem”, de Marshall McLuhan, e não passei da página 180, acho. Mas o livro é muito bom. Ele agora está numa reflexão sobre o relógio, diz que o relógio muda completamente as relações, passamos a ter tempo livre (“terei a semana livre”) ou não (“estou com agenda cheia”). É uma discussão para dizer, entre outras coisas, que uma nova tecnologia muda radicalmente a vida das pessoas e faz com que todas as outras tecnologias se conformem à nova realidade. Antes de falar do relógio, McLuhan faz seu escrutínio do dinheiro, que também é outra mudança e tanto na vida humana. O livro levanta ótimas questões e faz pensar em muita coisa. Quando tenho a hora livre, me divirto muito.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Paraísos Artificiais

Não esperava exatamente um filme incrível. Confesso que fui assistir ao brasileiro "Paraísos Artificiais", de Marcos Prado, atraído pela promessa de nudez da linda Nathalia Dill. Não há decepções nesse quesito e a atriz segura bem a onda de seu personagem. Ela é uma DJ que tem envolvimento com drogas e sofre as consequências da relação com pílulas, gotas e amizades descontroladas. O mocinho da história, se é que se pode falar assim, é o ator Luca Bianchi, que faz o personagem Nando. Os dois se envolvem amorosamente, as festas de música eletrônica, o uso de drogas e o sexo (a dois e a três) são pano de fundo. Parte da história se passa em Amsterdã. O filme trata de uma série de questões que estão no entorno do uso das drogas pela juventude. A família e amigos de Nando aparecem, ele perdeu o pai e se culpa por isso. O irmão mais jovem é o garoto que herda as amizades do irmão quando ele vai preso (o filme começa com o Nando saindo da cadeia). A mãe sofre por um e outro. Mas quem segura essa moçada quando quer sair, agitar, tomar todas? Não é um filme complicado, mas acontece em dois tempos, presente e passado, sem que essa opção traga qualquer dificuldade para se entender o que vai na tela. No final da projeção não há muito sobre o que pensar, não dá pra dizer que ficamos com questões na cabeça, que traga qualquer aprofundamento ou abordagem diferenciada sobre qualquer dos pontos apresentados. Também não é um filme ruim. E acima de tudo, como consolo de luxo, sempre temos a lembrança das lindas imagens da Nathalia Dill pelada. Presença em cena ela tem, magnetismo também, e não é nenhum vazio de talento. O que mais precisa uma estrela?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Estamos juntos

Assisti "Estamos juntos", filme de Toni Venturi, com Leandra Leal e Cauã Reymond. Fui com toda vontade de gostar do filme, até porque acho a Leandra Leal uma atriz muito boa, que está na profissão desde menina. Uma pena, não gostei nada do filme que me pareceu meio perdido. Outro brasileiro que não me empolgou foi "2 Coelhos", de Afonso Poyart. Apesar da beleza da Alessandra Negrini, a produção não me conquistou com seus flashbacks, reviravoltas, e tom de filme moderninho. Fiquei bem entediado na verdade. Gosto do Fernando Alves Pinto. O filme Terra Estrangeira de Walter Salles com ele (creio que é sua estréia na telona), é um dos filmes que mais gosto. Preciso até rever para saber se ainda hoje mantenho essa opinião. Quando vi a primeira de umas três vezes, fiquei siderado. O Fernando não está ruim em "2 Coelhos", a questão é que o filme como um todo não me convenceu.

Tudo pelo poder

Vi “Tudo pelo poder” às escuras, ou seja, sem saber nada sobre ele, e terminei o filme de George Clooney pensando muito em Shakespeare. Daí vou ler o que se escreveu sobre o longa e descubro que já no título original “Ides of March” há referência à obra de Shakespeare, ao conhecido episódio do assassinato de Júlio César por Brutos. Não fui tão certeiro, mas assim que o filme terminou pensei na frase clichê “na veia”, no caso, “Shakespeare na veia”. Achei o filme bom pra c…, de longe o melhor que vi no ano inteiro até aqui. Exagero? Provavelmente, mas dá a dimensão do que o filme provocou em mim. Achei que seria mais um desses filmes chatinhos sobre bastidores do poder na América. Olha, o filme não tem nada de chato e traz um Ryan Gosling de atuação hipnótica. Ele é um ator incrível. O elenco é de muitas estrelas, todos grandes atores, e muito bem em seus papéis: George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood. Na trama, a campanha para as prévias do partido democrata. O centro da atenção é o personagem de Gosling. É um filme acelerado, com boas cenas envolvendo a relação imprensa x poder e mais ainda o papel central dos assessores na trajetória do candidato. No filme, política é coisa suja, ponto. Quem vence, não faz isso sem sujar as mãos. Parece um quadro redutor de um ambiente tão complexo. É mesmo redutor, mas dá sinais bem evidentes de como as coisas se passam longe dos olhos do público. Seja nos states, seja aqui mesmo em nossa república.