segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Filmes

Era para ir ao cinema ver "Tron". Mas inventei de passar na locadora antes e foi ótimo. Estavam lá dois filmes que queria ver há muito tempo. "Tudo pode dar certo", de Woody Allen, e "À prova de morte", de Quentin Tarantino. Dois filmes excelentes e bem diferentes. O de Woody Allen é, de certa forma, uma comédia romântica que gira em torno de um homem amargurado (Larry David), um gênio suicida e hipocondríaco, que não suporta as pessoas e sua mediocridade. Ele se envolve com uma garota de 21 um anos (Evan Rachel Wood) que é o seu oposto. Achei o filme delicioso, meio triste, mas com um final otimista e solar. Já "À prova de morte" é uma trama de suspense, com muita sensualidade e tensão. Recussita Kurt Russell, que faz uma espécie de sociopata sobre rodas. Ele é "Stuntman Mike" um dublê com um carro projetado para sobreviver a grandes impactos e usa essa máquina para matar lindas garotas. O filme é terror na primeira parte e ação e suspense na segunda. O final é supreendente. Tarantino é um diretor muito bom em criar espectativas na platéia para revirar tudo em seguida. É um filme muito, muito bom. Eu fiquei muito impressionado com "Bastardos Inglórios", que é outro ótimo filme do diretor, mas confesso que gosto ainda mais desse "À prova de morte". Aquela dança da Vanessa Ferlito não me sai da cabeça. Nem aquela cena brutal do choque entre os veículos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rio de Janeiro

Me preparo para voltar ao Rio de Janeiro depois de dez anos. Naquela época fui atrás de uma garota. Conheci um pouco da cidade em uma semana, suficiente pra ficar deslumbrado. E querer voltar. Demorei, a vida me jogou de um lado para outro. De lá pra cá, fiz teatro, larguei o teatro, virei e desvirei poeta, fiz jornalismo, amei, desamei, conheci mulheres, fiz amigos. Entrei no Rio pela ponte Rio-Niterói, fiquei embasbacado com a visão, um pôr-do-sol do outro mundo. Ainda tenho saudade do Rio, daqueles montes, do céu estranho, do Arpoador, da orla de Copacabana... E as canções, tão bonitas sobre a cidade, são mais bonitas quando já estivemos lá. A marchinha de carnaval é verdadeira, a beleza e os encantos da cidade são reais. A cidade partida narrada nos livros, nos jornais, não é maior nem mais forte que a cidade que inspirou Jobim, Chico, Vinícius, Antônio Maria...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mais sobre "Angústia"

Todos os personagens de Graciliano Ramos em três livros que li são desgraçados. E são livros referenciais em sua bibliografia: "São Bernardo", "Vidas Secas" e agora "Angústia". Não terminei de ler o último ainda, cheguei a um terço da obra, mas já dá pra ter uma noção clara do personagem principal. O que mais tenho gostado nesse livro é que esse protagonista, Luís da Silva, revela um traço de Graciliano que não conhecia: o conteúdo sexual.

Para começar, o seu protagonista é um desbocado. E descreve sem cerimônia as coisas que faz com as moças (e também aquelas que gostaria de fazer). Para o que eu tinha visto do autor até aqui, foi um susto. Mas um susto bom, evidentemente. Porque um artista não tem moldura, escapa delas, e isso é ótimo. Como é bom se surpreender com um velho conhecido. E o mais curioso é que dá para identificar o DNA do autor em toda a "miséria existencial", toda a... "angústia" que vive o Luís da Silva.

Ele vive sozinho lamentando o presente e remoendo o passado. Se apaixona pela vizinha e quebra a cara. Nas primeiras 50 páginas está apaixonado, não se segura, parece um animal. Nas 50 páginas seguintes, tomamos conhecimento de sua desilusão amorosa que o arrebenta e enfurece. Estou na parte em que ele quer a mulher de volta, Marina, com quem quase se casou até ela se interessar por outro. Não sei o que vai acontecer.

Tudo é narrado daquele jeito, sabemos do que se passa pela boca do Luís da Silva, da sua perspectiva e do seu humor de cão. O que significa que tudo pode ter se passado de outra forma, se a gente descontar o ângulo passional do personagem. Não parece que coisa boa espera o personagem até o fim da história. Mas para mim, leitor, o trajeto até aqui está estupendo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Angústia

Volto às boas mãos de Graciliano Ramos. Comprei o presente de natal antecipado: "Angústia". Sobre esse livro, li que era o melhor do escritor. Mostrei o presente à minha filha, ela cheirou o livro, mediu todo e se espantou com a grande quantidade de páginas. Sempre fui admirador de Graciliano Ramos. Tinha lido umas três vezes "São Bernardo", que até hoje adoro. E li "Vidas Secas" uma vez e meia (na primeira leitura, não lembro porquê, não cheguei no final). Na edição de "Vidas Secas" que li no início do ano tem um estudo sobre essa e outras obras dele. E por esse ensaio, fiquei muito curioso para ler "Angústia", tratado como filé mignon entre os livros de Graciliano. Comecei a ler. As primeiras páginas já me pegaram. Bom presente.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Onde vivem os monstros

Vi "Onde vivem os monstros" com minha filha de oito anos. No início fiquei na maior dúvida se deveria ver com ela. Apesar da baixa faixa etária recomendada, não parecia um filme para crianças. Sem falar que o diretor, Spike Jonze, faz filmes bem "diferentes", basta ver seu "Quero ser John Malkovich". Mas a pequena gostou muito. Nós dois gostamos muito. É um filme honesto, simpático, que passa longe das fábulas com final feliz e, ainda assim, se conecta com os sentimentos dos pequenos. Há uma comunicação forte ali. Pelo menos minha filha se identificou com as questões colocadas, adorou o percurso do pequeno herói. E, aqui pra nós, é fácil gostar do ator Max Records, que faz um menininho que é o charme do longa. É um conto infantil que mistura fantasia com toques de amargura, solidão, fúria. Nada disso faz do filme menos interessante. O resultado final é bom. Filme para ter em casa.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Menino no espelho

Voltei no tempo com a leitura de "O menino no espelho". É o livro de Fernando Sabido, que tomou como inspiração seus tempos de menino. Não é um livro para se ter ao pé da letra, é fantasia pura. O menino Fernando se envolve em inúmeras aventuras, algumas com o apoio dos agentes da sua sociedade secreta, dessas agremiações especiais que a gente inventa e desinventa quando é criança. No que toca à fantasia, o livro é uma ótima distração para a minha filhinha de oito anos. Mas vou esperar um pouco antes de lhe entregar para ler. Primeiro, porque achei que tem muito texto para a idade dela. Segundo, e mais importante, é que há diversas peraltices que não sei se é bom a pequena ter acesso, ainda mais diretamene da minha mão. Vai que estimula? Uma dessas coisas é a história dos meninos na escola que levam escondidos à sala de aula barata e sapo para infernizar a professora. Outra, a vez que o pequeno Fernando mete a mão na cara do valentão da escola e ganha o respeito da turma. Em outra situação, invade a casa do vizinho à noite e solta um mundo de passarinhos presos como revanche por ter levado cascudo. Não sei, não sei. Pretendo esperar um pouco mais e ler junto com ela, comentando essas passagens "mais fortes". Levo em conta que não é um livro infantil.

True Blood

Alma lavada e enxaquada com essa terceira temporada de True Blood. Me diverti muito. Os primeiros episódios me assustaram um pouco, achei essa coisa de lobisomen meio sem graça. Achei que a série estava perdendo sua verve sarcástica, auto-irônica, iconoclasta e pervertida. Não perdeu. Mas é preciso admitir que a ação continuada deu lugar a sequências mais contemplativas, de auto-conhecimento dos personagens. Uma das coisas boas era os finais que me deixavam com a respiração suspensa e em cólicas, agoniado para ver o episódio seguinte. Isso pouco aconteceu nessa terceira temporada. Exceção para aquela cena incrível - inusualmente longa - em que o rei do Mississipi, Russell Edgington (interpretado por Denis O'Hare), dispara aquele monólogo de arrepiar. Bem no estômago. Bem True Blood. Fiquei paralisado uns momentos. O autor da série, Alan Ball, fez um troço ousado e memorável. Por coisas como esse monólogo, vale a pena demais ver True Blood. Essa terceira temporada não é a melhor de todas, mas está longe de ser ruim. As tramas menores, algumas me irritaram - alô, Lafayette! - mas houve aquelas que me capturaram e me ganharam totalmente - olá, Jéssica. Essa vampirinha é cativante, linda e irresistível com seu jeito entre a sobrenatural selvagem e a moça apaixonada. Podem falar mal da série, eu vou continuar fissurado. É o tipo de programa que um personagem aqui, uma cena bem dirigida acolá, um diálogo mais inspirado adiante, pagam muito bem tudo de menos legal que venha antes ou depois. E o menos legal, em se tratando de True Blood, ainda assim é melhor que muita coisa que está rolando por aí. Meu único protesto é que a rainha Sophie-Anne, a lindinha Rachel Evan Wood, apareça tão pouco. No mais, desejo vida longa à serie. Vou aguardar ansioso o próximo ano.

***

E que bom retorno esse de "Modern Family", hein! Na segunda temporada, continua tudo igual: texto bacana e inteligente, elenco em boa forma (incluindo as crianças) e a graça de situações do dia-a-dia, banais até, mas apresentadas num recorte que faz toda a a diferença. É a minha comédia preferida no momento. Quando é preciso desligar dos problemas e se transportar, esse é o programa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Enamorado

Estou enamorado da Tammy Di Calafiori. Até a minha filha está me sacaneando por causa disso. Enamorado no sentido artístico, que fique bem entendido. Ela só aparece no filme do Jabor já chegando pro final. Mas quando apareceu, eu arrepiei todinho. E com aquela beleza toda, não precisa ser uma atriz excepcional. A câmera vai atrás dela de qualquer maneira.

A vida editada é muito melhor

O filme do Jabor fez muito sentido para mim. Eu tenho essa idéia que a suprema felicidade é um passado que não volta. A vida é um negócio gostoso demais, viver é muito bom. Mas não sabemos disso no dia a dia. No dia a dia, a vida é chata, sem graça, tacanha. Quando olhamos para trás, no entanto, a vida cresce, se agiganta, ganha significado que a gente não pensava antes e que no presente faz todo o sentido. Essa teoria quer dizer o seguinte, o passado a gente edita. Fica na memória as coisas marcantes, boas ou más, pouco importa. Esse conjunto editadinho, forte, cresce ainda mais em força e significado com o tempo. Eliminamos os tempos mortos. Eliminamos as pausas, o tempo de espera na ante-sala do dentista. Por isso, o passado é sempre melhor. A vida editada é muito melhor que a vida normal, corrida, vivida. O passado editado (às vezes reinventado) é onde mora a felicidade suprema, real, concreta. A vida não é filme, mas quando pode ser, faz toda a diferença. Resignifica até o presente, dá animo para fazer um futuro bom, azul, promissor. A felicidade é aquilo que não é possível reter na mão, é aquilo que mora apenas na memória.

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O aniversário de Eloá foi muito simpático, show de bola. Quase tudo foi comprado pronto. Mesmo assim foi bacana.

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As pessoas compram pernil suíno pensando em assado. Eu também. Mas outro dia, fiz um delicioso ensopado de pernil. Acompanhei com uma novidade, ao menos para mim, um feijão branco com bacon, e arroz com cenoura. E purê de batata doce. E salada.

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Hoje, feriado, fiz pela primeira vez uma lasanha de soja (adoro soja). E não se engane, pode ser um puta prato. O molho de soja e o molho de tomate são feitos separados e depois unidos na montagem. Show.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A suprema felicidade

"A suprema felicidade", novo filme de Arnaldo Jabor, não é regular, redondinho, nem bom em todos os momentos. Há altos e baixos, momentos bem bonitos e outros menos. O fato é que, no geral, tive muito prazer com essa obra. Assistiria mais dez vezes. Há muita coisa bacana, muitas cenas especiais, um clima de nostalgia boa que atravessa todo o filme. É um filme complexo, cheio de informação e histórias, cheio de homenagens e citações. Me senti muito bem, estive numa sala não cheia e com várias pessoas mais velhas. Talvez tenha causado um certo incômodo a esse público porque o filme é cheio de citação de sacanagem em palavras e em peitinhos descobertos. Gosto de Jabor (do cineasta, pelo menos). Não vi toda sua obra, mas gosto muito das duas adaptações que ele fez de Nelson Rodrigues, "Toda nudez será castigada" e "O casamento". Adorei ver a Tammy Di Calafiori fazendo o número musical como a Marilyn. Linda, graciosa, triste. Adorei vê-la pelada, sem vergonha (e o presente veio duplo porque mais cedo quem tirou o vestido foi a bela Maria Flor). Jabor tira a roupa de quase todas as suas atrizes, o que é um bônus em seus filmes. Outro ponto alto é o avô feito por Marcos Nanini, um personagem muito especial, que encerra o filme de maneira graciosa, elevada. Gosto também muito daquela cena operística, com o crime no bairro das prostitutas. O casal central, os pais do protagonista, é interpretado por dois atores cativantes (Dan Stulbach e Mariana Lima), que seguram bem os papéis (achei teatral, e ainda assim muito bonitinho o trecho que cita "O morro dos ventos uivantes"). É um trabalho que encanta quem gosta de cinema. A mim me encantou como se eu estivesse diante dos melhores filmes que vi e me marcaram. O que é bom no filme é uma delícia, compensa com sobra os momentos menos fortes. Um filme que quero comprar e ter na estante de casa.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A arte de editar revistas

Veio parar em minhas mãos dois livros de vez. Boa notícia, porque estava naquelas fases meio chatas pra leitura. Comecei "A arte de editar revistas", de Fátima Ali. Até então, material muito interessante sobre o assunto. O outro livro, comprei pensando em minha filha: "O menino no espelho", de Fenando Sabino. Foi um daqueles livros que li ainda guri e do qual só tenho boas recordações. Mas vou ter que ler de novo para ver se está mesmo na faixa adequada para que a pequenina entenda. E se há alguma coisa imprópria. Não será nenhum sacrifício, tenho certeza. Que bom que volto aos livros depois de umas semanas de pausa. Livros é uma diversão.

Mother

Assisti a esse filme coreano "Mother". Gostei muito. Há algum tempo, li sobre o cinema oriental um texto que dizia que era daquelas bandas que vinha o sopro de renovação do cinema atual. Não deixo de concordar. As coisas que tenho visto são muito boas. "Mother" tem todas as atenções voltadas para essa mãe que faz o que pode para provar a inocência do filho, acusado de assassinato. O menino é estranho e esquentado, dorme com a mãe na mesma cama, está doido para ter a primeira relação sexual e tem surtos de esquecimento. A mãe também não é lá muito normal (quem de nós somos?). O filme tem seqüências intrigantes, não entendi nada quando vi a cena inicial com a mãe dançando. É esquisito. Mais tarde vamos entender essa cena e faz muito sentido. O filme tem seu quê de original, surpreende sem usar de artifício, se vale da própria história. Uma história, aliás, de suspense até banal, mas contada de uma maneira que faz a diferença. E a velha senhora, a mãe, é uma atriz e tanto. O elenco é muito gracioso. Gosto muito da cena com o velho naquela casa abandonada. Forte.

*

La belle personne

Indicação de amigo, vi um bonito filme francês, "A Bela Junie" (ou ainda melhor no original, "La belle personne"). Fiquei com puta saudade da escola e fiquei com ciúmes (assisti com Eloá do lado). Nem tinha muito motivo pra ciúme, o único pegador da trama não se dá tão bem assim no final. No começo, quando os personagens começam a aparecer, não tive boa impressão. Achei que seria filme sobre "quem ficou com quem" por aí. Mas não é. As coisas vão se definindo, até fechar num certo triângulo. Apesar de contar uma história sem final feliz (ih, estraguei?), tudo é muito leve, a trilha é deliciosa, delicada. O diretor faz umas coisas simples que surtem um efeito grande, bacana. Como na cena que o rapaz sai cantando baixinho e a música aparece pra gente. É uma seqüência importante que vai conduzir a um momento trágico e definir o rumos dos personagens. Foi bom ver a Paris retratada, quase não parece Paris, senão por um pedaço da Torre Eiffel. No resto são salas de aula, pátio, jardins, metrô e cafés. O que achei curioso é que todos os atores em cena são bonitos, parece um catálogo de moda. Bom de ver, claro, mas a vida real é tão estonteantemente bela? Independente de qualquer coisa, o mais importante é que é um bom filme. Um bom programa.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quincas Berro D'água

Tenho o maior respeito pelo diretor baiano Sérgio Machado. Seu filme de estréia, "Cidade Baixa", me ganhou de cara. Tenho motivo para continuar com o respeito após "Quincas Berro D'água", adaptação de conhecida obra de Jorge Amado. Vi o filme com certo interesse do começo ao fim. Não foi amor, não foi nem a excitação provocada por "Cidade Baixa". "Quincas..." é bem filmado, fotografia bonita, algumas atuações muito legais (como as de Irandhir Santos, Luis Miranda e Mariana Ximenes). Paulo José é um negócio impressionante, um herói, mesmo com a limitação do mal de Parkinson é um ator extraordinário e faz um morto digno de nota e atenção. Marieta Severo que geralmente é excepcional, achei pouco aproveitada, assim como outros tantos (putz, muitos) atores em cena. Me pergunto por que usar tantos grandes atores num filme que, tudo indica, ganharia muito mais se concentrasse a atenção em meia dúzia de personagens. Isso me incomoda. Mas gosto da pegada de Sérgio Machado, seu esforço em estar a altura de Jorge, manter o espírito do livro. No fim, é um filme com mais virtudes que defeitos. Mas não arrebata.

Tropa

Não comentei aqui. Vi Tropa de Elite 2, é um grande filme de entretenimento. Confesso que não gosto da forma como o diretor usa o longa para dizer suas coisas, desfiar sua tese sobre o país, de como apresenta sua teoria sobre o que está por trás de tudo, aquele posicionamento todo sobre a corrupção e sobre os políticos. Aquele vôo sobre Brasília, especialmente, me incomoda. Mas não nego que é um filme muito interessante, um espetáculo mesmo. Padilha entende do riscado, sabe mexer com o espectador, é um artesão e tanto. Algumas cenas são bem fortes, de impacto. Bom ver esse tipo de trabalho no cinema nacional e com o tamanho que foi esse lançamento, com a qualidade dos profissionais envolvidos. Saí muito pensativo da sessão (lotada) no dia de estréia. Esse Tropa, como o anterior, é um acontecimento importante para o nosso cinema. Isso é bacana.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Battlestar Galactica

Durante o período que acompanhei "Lost", vez e outra ouvia comentários sobre a série de ficção científica "Battlestar Galactica". Todas as menções eram favoráveis. Fiquei curioso e fui atrás. Não é que estou gostando? Vi uns cinco episódios. O ambiente lembra bastante "Star Wars", mas é outra coisa. Li que a primeira versão da série surgiu depois do sucesso da saga de George Lucas. A versão de "Battlestar Galactica" que estou assistindo foi ao ar entre 2004 e 2009. É atual, mas traz um clima retrô bacana. E pra variar, eu fiquei louco com a lorinha Tricia Helfer que, pelo visto, faz uma personagem malvada, uma cylon chamada "Número Seis". Ainda não dá pra saber se quem é mau é de fato vilão. As coisas parecem, de propósito, deixar margem à dúvida. Má ou boa, a Tricia já me valeu o ingresso...

Cosme e Damião

"São Cosme mandou fazer/ Duas camisinha azul/ No dia da festa dele/ São Cosme quer caruru". Eita, criança, eu e outros pequeninos ficávamos na maior excitação em épocas como o dia dos santos Cosme e Damião. Era uma farra. Nunca vou esquecer dessas lembranças do caruru de sete meninos, com tantos acompanhamentos e também muita bala, doce, pirulito. Depois de grande e, principalmente, depois de me tornar pai, tenho tido vontade de reviver algumas dessas lembranças. Por isso, esse final de semana tentei reproduzir o máximo que eu pude o caruru da minha infância. Minha filha foi a minha ajudante de dia inteiro. Sim, porque levou um dia inteiro preparar tantas coisas: vatapá, feijão fradinho, milho branco, arroz, banana da terra frita e a estrela da festa: o caruru. Tinha planejado de um jeito, mas ficou de fora inhame, rapadura, pipoca e farofa de azeite. Fica para a próxima. Mesmo assim foi uma aventura valente. O final foi mais que recompensador. Eloá, que chegou em casa no final do dia, não acreditou que eu tivesse feito tanta coisa. E coisas tão gostosas. Ela, assim como eu e a pequena, se esbaldou. Falei pra ela se acostumar, aquele era o início de uma tradição. Todo ano, em setembro, faríamos o caruru de Cosme e Damião.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Milla Jovovich

Acabei só vendo ontem o filme do Paul W. S. Anderson, a quarta continuação de Resident Evil. Gosto mais do primeiro filme, naquela linha "filmes ruins que divertem". Me diverti com esse também. O filme é todo em cima da linda Milla Jovovich, o que faz muito bem, porque ela é de fato tudo o que interessa no longa. A historinha é mais do mesmo: a poderosa corporação liberou um vírus letal. O mundo está infestado de zumbis doidinhos por carne humana. Milla é a heroína que vai ajudar a salvar os poucos sobreviventes. Para isso tem que enfrentar os mortos-vivos em lutas coreografadas que copiam fartamente os balés de "Matrix" (aliás, essa parece ter sido a maior inspiração do diretor Anderson). Plasticamente, é um filme bonito, bem filmado e tal. Um exemplo é a cena da abertura com aquela moça na chuva. A abetura chama a atenção, mas é totalmente gratuita, zero conexão com o resto da trama. Pensando bem, essa abertura traduz o que é o filme. Levado a sério, esse Resident Evil (como os anteriores) não tem o que dizer. Mas quem quer levar um filme desses a sério? É tranqueira para descontrair. E depois sonhar com a Milla, com aquela roupa tão colada...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tammy

Eu falei pro meu amigo Fábio da linda Tammy di Calafiori, por quem tenho estado seduzido (para dizer o mínimo) nesses útlimos tempos. Sua resposta foi um muxoxo, disse que não dá bola pra ela. Gosta de "carne". Deus, perdoai, eles não sabem o que dizem! Mas "ok", cada qual com seu cada qual. Respeito, fazer o quê? O fato é que não podia estar mais feliz ao ler que a Tammy vive uma stripper no próximo e esperado (por mim, pelo menos) filme de Arnaldo Jabor, "A suprema felicidade". Como bom velho tarado que o Jabor é, só posso imaginar que vem coisa boa por aí. Aquela coisinha linda de stripper? É ou não é a suprema felicidade? Já gostei do filme...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mas esse final...

Depois do resto do mundo, terminei de ver Lost.

Gosto do raciocínio de que uma obra se completa com o leitor (espectador, ouvinte etc). Por isso, nenhuma obra pode ser muito explicada. Explicar muito, de certa forma, é matar a parte que cabe ao lado de cá.

Penso que está aí o problema maior de Lost na season finale. Tentou explicar demais e meteu os pés pelas mãos, sem falar que metade dos enigmas continuou no escuro. E ainda, pecado dos pecados, optou por um final que subestima a inteligência do fiel espectador.

Deixa eu formular isso melhor.

Depois de passar bom tempo plantando mistérios e de deixar o espectador tontinho (e isso era muito bom), a sexta e última temporada foi de elucidações.

No começo isso parecia boa coisa. Mas em se tratando de uma série com pé tão forte no mistério (e sci-fi, suspense, aventura, romance...), a sensação era de botar água no vinho. Cada episódio era dedicado a esclarecer algum dos seiscentos segredos da ilha. Como eram tantas as questões, claro que ficou um mundo de coisas sem resposta.

O final é totalmente frustrante no comparativo com o nível que a série atingiu. Parece que puseram na mesa todos os possíveis finais, daí escolheram o mais improvável, inverossímil e bobo.

É incrível o desnível de "The End", ainda mais tendo sido escrito pelos mesmos roteristas que mostraram competência para desenhar o enredo todo (ok, com muita enrolação e fumaça no caminho, mas também com episódios digníssimos).

Como diz minha mãe, eu vou e volto: porém, todavia, não posso me queixar de tudo. O final não apaga uma trajetória incrível. Isso mesmo. No saldo final, me diverti muito com Lost (thank you, Hurley, Sayid, Desmond, Faraday, Ben, Jin, Miles, Charlotte e Locke - meus favoritos).

Foram seis temporadas de altos e baixos, mas mesmo os piores momentos valeram a pena.

Concordo com o clichê de que é um marco na televisão. Mais um. Seria perfeito se Lost fosse uma série mais curta, concentrando nos episódios que tinham algo a dizer. Mas, por pior que pareça, a enrolação e as pistas falsas fizeram parte do prazer do jogo.

Lost me pegou pelo pé, me divertiu por seis temporadas. Se o final contrariou o bom nível do conjunto, paciência, são coisas da vida...

Na minha modesta opinião, mais que o da terceira, não existe final melhor que aquele da quinta temporada. (Quando Juliet, chorando, bateu com a pedra naquela bomba H, a tela ficou clara com a explosão e apareceu o logotipo da série. Depois disso, meu coração ainda ficou acelerado por uns bons minutos.) O final perfeito.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Distrato

Minha pequenina, de oito anos de idade, retornou de um período de cinco dias com a mãe que mora em outro Estado. Mantive a característica elegância, mas confesso que senti ciúmes.

Não por ela ter ido ver a mãe que não via já há uns bons meses. Acharia cruel ela não querer, não suspirar de saudades da mãe. Quem não tem amor à própria mãe, desconfia-se que deve ser uma bela peça. Minha pequena, ao contrário, foi ao encontro com justificado ardor filial, e lá ficou na trincheira inimiga por longos cinco dias.

O que matou esse pai velho e o último romântico da terra, foi a quebra de uma promessa. A pequena prometeu telefonar todos os dias enquanto estivesse ausente. Acreditei. No entanto, ela ligou três vezes.

E olha só: no primeiro dia, quis saber se estava executando bem a receita de arroz que ensinei. No segundo dia, perguntou se o carregador do seu celular estava em casa. No terceiro e último, avisou que já estava retornando, queria saber se eu estava em casa para recebê-la.

Nenhum telefonema com rasgos de saudade do pai, nenhuma declaração de amor eterno, nenhuma promessa de nunca mais se separar por tanto tempo.

Inevitável conclusão: ela não me ama, passou definitivamente para o lado negro da força.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Meus votos

A campanha eleitoral avança para os instantes finais. Acompanho tudo, me informo diariamente, mas confesso que já estou ficando de saco cheio. Tomara que chegue logo o dia. E vamos virar a página, seguir a vida.

Já defini quase todos os meus votos. Meu candidadto à deputado estadual é Joseildo Ramos, ex-prefeito de Alagoinhas, trabalhei com ele. É um cara muitíssimo competente. Fez um trabalho espetacular em dois mandatos em Alagoinhas. Saiu com aprovação imensa.

O deputado federal é, por enquanto, Emiliano José. Foi meu professor de jornalismo na faculdade. Venho acompanhando sua trajetória política desde que saiu candidato a vereador, foi também deputado estadual, depois federal (ocupou o mandato final de Pelegrino). Escreve muito sobre o período da ditadura militar. Escreve muito bem, é bom professor, debatedor. Tem sido um parlamentar aguerrido. É íntegro e tem aquela ternura dos homens sérios.

O senador é Edivaldo Brito. Depois que vi ele falar em alguns encontros fui investigar sua vida. É incrível. Foi lavador de carros, família paupérrima, para virar doutor. Tem uma trajetória bonita, mas mais do que isso, até onde compreendo, ele alia capacidade com integridade.

Não estou decidido pelo governador. Se a eleição fosse hoje, votaria talvez em Wagner (contrariado pela falta de opção).

A candidata a presidente é Marina Silva. A cada dia, ela me ganha mais um pouco. O engraçado é que a primeira pessoa a se empolgar com Marina foi a minha filha de oito anos. Até panfleto com lápis de cor ela tem feito para convencer os colegas na escola. Convencer a nada, vocês sabem, criança não vota mas adora dar palpite.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O último mestre no ar

Com tanto filme bobo que abusa de efeitos especiais e cenas de luta, é um alívio ver um trabalho delicado como "O ultimo mestre do ar". Claro, que há uma diferença importante aqui. Quem dirige o filme é um autor de verdade, um cara que tem uma trajetória cuja preocupação maior é fazer cinema antes de fazer dinheiro. E, coitado, esse autor, M. Night Shyamalan, é um conhecido saco de pancadas da crítica. E também não é o diretor amado pelo grande público. Eu sempre gostei muito de Shyamalan, desde sua estréia e sucesso com "O Sexto Sentido", quando ele sacudiu o mundo. Ele nunca mais fez tanto sucesso como ali. Mas eu continuo fiel e gostando do seu cinema. Seus filmes são sempre perturbadores. Este "O ultimo mestre do ar" traz um mundo em que as nações são identificadas com os quatro elementos - ar, água, terra e fogo. E apresenta um garoto, o avatar (nada tem a ver com o filme do James Cameron), que traria equilíbrio a um mundo em guerra. Para aprender a dominar os elementos que ainda não domina, o garoto sai em busca de conhecimento por meio de meditação, aprendizagem, entrega. É um filme obscuro, mas terno. O herói é uma criança e seus ajudantes são dois jovens. É um filme infanto-juvenil, com boa dose de fantasia e mistério. Há suas complicações. Um príncipe foi banido de sua nação e só será aceito de volta se capturar o avatar. De outro lado, há um grupo numeroso e bem armado que também está no encalço do pequeno. É uma delícia acompanhar a trajetória do garoto (e o jovem ator foi uma excelente escolha de elenco). O filme começa e parece que entramos em um sonho. Toda a mitologia apresentada por Shyamalan é na verdade simples embora rica em referências. Eu, que nunca me empolguei com exemplares como "Senhor dos anéis", "Harry Potter" e "As Crônicas de Nárnia" da vida, fiquei extremamente satisfeito com este outro tipo de mitologia. O longa de Shyamalan é a primeira parte de uma seqüência de três ou quatro filmes. Vou aguardar ansioso os próximos capítulos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Chico Xavier

Gosto do Daniel Filho, mesmo entendendo que não se trata de um cara arrebatador ou de um artesão genial. Gosto dele principalmente em trabalhos como "Primo Basílio" e "Muito gelo e dois dedos de água". E não desgosto dos dois "Se eu fosse você". Mas meu interesse pelo seu cinema é sempre limitado, gosto de umas coisas tanto quanto desgoto de outras, sem que ele me satisfaça plenamente. Esse "Chico Xavier" não é muito diferente de outros filmes dele. Eu sei que fazer biografia é um negócio complicado, são tantos fatos, e se tratando de personagem tão recente, é tanta informação que é difícil chegar à essência. É sempre uma tarefa de risco. Uma das coisas que mais me incomodou foi o elenco que desfila na tela. Caramba, são tantos rostos conhecidos que durante a trama passamos a nos peguntar qual será o próximo global a aparecer. Não faria nada mal optar por rosto desconhecidos focando mais na história que está sendo contada. Esse é um tema - vida depois da morte - que atrai a atenção das pessoas. E o material nas mãos do Daniel é bem interessante. Tudo se passa ao longo de uma entrevista de Chico Xavier à TV. O filme dura o tempo da entrevista. Claro que esse tempo é manipulado o suficiente para abrir espaço para a narrativa da vida do biografado. É um esquema que a mim, me lembrou o recente "Quem quer ser um milionário". Enquanto o programa de TV passa no presente, vários flashbacks cortam a narrativa para contar quem é aquele personagem, quais são suas motivações e angústias. Paralelo a isso temos a história dos personagens de Tony Ramos e Cristiane Torloni, que perderam um filho, e que terão a ajuda do médium. Dessa trama, Daniel retira o climax de seu filme. É um dos tantos testemunhos de que há de fato muitos mistérios entre o céu e a terra. O curioso, pelo menos pra mim, é que o filme embora expresse a existência do desconhecido, de espíritos, de vida depois da morte etc. tudo isso me pareceu muito frio e distante. Saber que o diretor é tão ateu quanto o personagem de Tony Ramos talvez explique alguma coisa.

Heights

Não sei exatamente o que não gosto em "Por conta do destino" ("Heights", no original), direção de Chris Terrio. A menina Elizabeth Banks está tão bonita em cena que diria que foi o que me impulsionou até o final. Não é um filme bom, embora traga um discussão interessante sobre as escolhas que fazemos e as rasteiras que a vida nos dá. Elizabeth é fotógrafa, está prestes a se casar com o personagem do James Marsden. Acontece que embora seguindo com o planejado (chega a recusar um bom emprego que prejudicaria o casório), ela não parece tão empolgada com o casamento. Seu noivo tão pouco parece morrer de amores por ela. Mas ele é ambíguo. Depois descobrimos o motivo. Ele esconde coisas. Um jornalista começa a escrever um livro que pode trazer esse passado à tona. A mãe da personagem de Elizabeth é vivido por Genn Close, na trama ela é atriz conhecida e está montando Shakespeare. Ela passa uma fase terrível no casamento. Em sua companhia de teatro, conhece um jovem ator. Todos esses personagens (e mais alguns) vão se cruzar e a vida de todos será modificada. No fim, todos os personagens estarão diante de um recomeço. Já vimos essa estrutura antes, eu sei. O tipo de filme que parece bem mais interessante no trailer.

Rec, Tony Scott...

O terror "Rec", produção espanhola, é mais um filme de zumbi. Não traz nada de novo ao gênero além da câmara tremida e a sensação de aqui e agora (moda depois da geração internet e de sucessos como "Bruxa de Blair" e "Cloverfield"). Não chega a ser um filme ruim, mas não acho que mereceu a badalação toda ao seu redor (e menos ainda um remake americano feito às pressas com a gatinha - e talentosa - Jennifer Carpenter).

*

Já não acho que Tony Scott é esse cara terrível que achava antes. Mas também não cheguei a opinião (que já li por aí) de que ele é o irmão mais talentoso dos Scott. Esse "Sequestro do metrô 123" já começa irritando pelos maneirismo do letreiro modernoso da abertura. Depois disso começa o embate entre esses dois talentos que são John Travolta e Denzel Washington. É bom vê-los em cena, ok. Embora a gente saiba que ambos já fizeram coisa muito melhor. Você vê o filme e pensa que foi feito para ganhar uns trocados na bilheteria aproveitando o chamariz dos nomes dos atores. E é isso mesmo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Karatê kid

Em geral, assisti sem me chatear essa refilmagem de "Karatê kid", estrelada pelo "Will Smith mirin" (expressão do crítico Sérgio Alpendre). É filme pipoca feito para o público infanto-juvenil. E em se tratando desse público, há coisas tão boas hoje que é covardia comparar com a oferta de animações, algumas obras-primas, surgidas nos últimos tempos. Mas o filme funciona para divertir esse nicho e não aborrece (muito) os mais velhos que viram a versão original. O melhor do filme é o pequeno Jaden Smith, simpático e convincente o todo inteiro. Como o filme é todinho em cima dele, menos mal. Jackie Chan, o mestre da vez, não está ruim. A história é aquela coisa que a gente sabe, o original não era grande coisa, e tudo se repete neste remake. A China mostrada no filme é a das paisagens mais óbvias possíveis, uma agência de turismo não teria feito melhor. Não significa que é ruim ver a história passada nesse grande e belo cenário. Achei a coisa meio boba, mas há algumas cenas boas de ver. Concordo com quem diz que o filme é mais longo do que o necessário. Também achei a mocinha meio sem sal, lembro que suspirava de amores pela Elisabeth Shue, que fez o original (e depois se revelou boa atriz). Importante registrar que vi o filme num cinema lotado e a platéia participou, elétrica, de tudo. E saiu falando maravilhas.

*

Teminei a leitura das 500 e tantas páginas de "O berro impresso das manchetes". O livro que reúne as crônicas esportivas de Nelson Rodrigues, escritas para a Manchete nos anos 50. É aquela coisa, um prazer ler o jeito único de falar sobre futebol de Nelson. Lá está boa parte do vocabulário e das expressões que continuam hoje a serem repetidos pelos comentaristas de esporte da imprensa nacional. Não sei se fico feliz por descobrir a escola desse povo ou triste por ver que não apareceu ninguém assim depois de Nelson. Uma curiosidade interessante: numa das crônicas o autor fala pela primeira vez sobre Pelé usando expressões como "rei" e "realeza", e no posfácio somos informados de que Nelson foi o primeiro a usar essa desiginação que ficaria. Na época Pelé tinha 17 anos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Vamos lá

Daí fui pro aniversário no sábado. Pego desprevenido. Me ligou o irmão à tarde, tem coisa aí à noite e tal, vamos lá. Fui. Levei a filha. O aniversário era em recital de poesia. Achei que não faria mal levar a criança para ouvir uns versos. Fiz muitíssimo bem porque sem que eu soubesse, era um recital em que a maioria dos poetas tinha média de 12 anos. Ou coisa que o valha. A minha pequena curtiu muito. Depois foi o cantar o violão de músicas que me fez viajar no tempo. E lembrar muito do meu amigo Sérgio. Pronto. Agora virou uma constante. Toda vez que ouço canção e lembro de Sérgio, encho os olhos de água. Saudade dele. E saudade de mim. Tem muita coisa pra fazer ainda, sou um garoto. Pegar essa saudade e transformar em ação. Vamos lá.

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E teve Lost no fim de semana. Fiquei baqueado (mais uma vez) com um final de temporada. Lost dá um nó na cabeça e continua viciando. Só aquela coisa da ilha sumir assim daquele jeito nessa quarta temporada que achei meio bocó. Comentei com a amiga Juliana. Mas vamos ver. Descobri que o melhor de Lost não é desvendar os mistérios, mas vê-los brotar, quanto mais melhor. Quando a série explica as coisas perde um pouco o encanto. O medo vai embora. E Lost é muito melhor quando mete medo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre filmes

Leio vários blogs de cinema e quase nunca comento. Uma vez na vida perco a timidez e mando um comentário que acho que pode colaborar com uma certa discussão. Foi assim que meti o nariz num papo num blog que falava de filmes bons e ruins e a hegemonia dos filmes comerciais nos circuitos. Ao contrário de muita gente, sou plenamente favorável aos filmes comerciais. E gosto de alguns filmes mais tirados. Sobretudo gosto de bons filmes, que para mim são aqueles que me fazem a cabeça, divertem, emocionam, pouco importa se é de um diretor cultuado ou de um ex-publicitário desconhecido. Sendo assim depositei o comentário abaixo sobre um post do crítico Andre Barcinski, intitulado "Karate Kid, ou por que filmes são tão ruins?". Basicamente ele fala que a indústria empurra porcaria nossa goela abaixo. A gente aceita. A indústria enche as burras de dinheiro. E como a fórmula dá certo, o cinema nunca melhora de nível. Discordei. Não vi "Karatê Kid ainda, mas a discussão dispensa ter visto ou não esse filme específico. Comentei o seguinte:

"Acho a indústria muito importante, de lá vem filmes bons e ruins, mas mantém viva a cultura de ver filmes na sala escura. Nosso cinema começa a mostrar força para se manter vivo justamente quando consegue dialogar com o público. O problema é que o filme ruim (tá, vamos chamar assim), ajuda a movimentar o mundo do cinema. O filme bom (hummm???? nem os críticos se entendem, quando não se trata dos clássicos óbvios), o fato é que o filme bom (cult? de arte? alternativo?) pode ter seu público. Não vejo mal em conviver todo tipo de cinema, ter espaço para o "karatê kid" e "a erva do rato". O melhor dos mundos é exatamente ter opção. E, bem ou mal, temos tido. Sempre se fala muito contra a hegemonia dos filmes comerciais (e é bom que se fale), mas não teria futuro o cinema de arte sem a força da grana que circula em torno dos filmes ruins, mais ou menos e companhia. Sem falar que tem filme ruim que é muito bom. Mas isso é outra discussão."

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A origem

Não me surpreende que não gostei de "A origem", novo trabalho do Christopher Nolan. Eu não sei o que acontece comigo. Nada que esse diretor fez na vida me entusiasma (pois é, nem mesmo os dois Batmans), mas fala-se tanto dele desde "Amnésia", que sou sempre empurrado a ver por que tanto barulho dessa vez. E é sempre muito barulho por nada. Esse "A Origem" tem elenco conhecido, alguns nomes de que gosto muito (Ellen Page, Leonardo Di Caprio, Michael Caine), outros que não gosto tanto, mas são bem talentosos sem dúvida (Ken Watanabe, Marion Cotillard, Cillian Murphy).

O filme é daqueles que parece ser alguma coisa muito complicada e que exige muito do espectador. O diretor até consegue ser bastante confuso (e por isso tome-lhe blá blá blá). O problema não é entender o que se passa. Isso não é confuso. Confuso é entender o que realmente importa, qual é a médula óssea do filme, tantas são as coisas desimportantes pelo caminho. As pessoas tem destacado os efeitos visuais e a trama em labirinto, com sonho dentro do sonho etc. No fim das contas é uma tentativa de jogo de ilusão, de 'nada é o que parece'. No fim, o que está em primeiro plano é o drama do personagem de Di Caprio e como ele resolve o fato de não ter esquecido a mulher, de sentir culpa pela sua morte. Mas essa espinha dorsal não é tão forte, não sustenta o interesse pelo filme.

Para compensar uma historinha chinfrim, Nolan resolve a coisa introduzindo grandes doses de ação, perseguição, tiroteio, muito efeito especial, ruas que se dobram, pessoas flutuando, câmara lenta, tudo isso para tornar possível o ambiente dos sonhos, onde supostamente tudo é possível. Tirando o que está ali para distrair o besta do espectador - e que não é central à trama -, não fica nada que valha a pena. É o tipo de obra que se espremer não sai muita coisa. Há algo de interessante na idéia de usar o sonho como matéria para filmes, ainda mais o sonho dentro do sonho. E não há mal em fazer filme de ação ou aventura com esse tema.

O problema é que Nolan não diz nada com seu filme, embora faça parecer que está revolucionando o mundo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Salt

Nunca dei muita bola para a Angelina Jolie. Gosto dela em alguns filmes, em "O procurado", "O colecionador de ossos" e "Sr. e Sra Smith". Ela fez algumas coisas bem ruins também, que nem vale citar. Mas nesse "Salt", acho ela bem adequada e muito bem em cena. O filme é divertido e redondinho, sem penduricalho, direto. Fui ver sem esperar que fosse tão bacana. E discordo de todos que dizem que ela não está sensual ou feminina. Ela está tão sensual quanto sempre foi. Eu, que nunca dei bola, fiquei amarrado. Mesmo ela vestida de homem, ficou interessante. E o filme não pára. No melhor sentido. O final deixa o caminho aberto para continuações. Se for do mesmo nível, está tudo certo.

sábado, 14 de agosto de 2010

O Bem Amado

Estou pouco me lixando para esse papo de cinema popular e cinema de autor. Se o filme é bom, tem qualidades, captura o espectador, voilá, cumpriu o dever. Mas, poxa, sacanagem, fiquei frustrado com "O Bem Amado", novo longa do Guel Arraes. Achei que, no mínimo, ia me divertir muito. Principalmente porque o diretor vem vindo num crescente no cinema: "O Auto da Compadecida", superado por "Lisbela e o Prisioneiro", superado por "Romance"...

"O Bem Amado" tem algumas coisas das que mais irritam no cinema de Guel. Uma delas, e que já era forte em "Lisbela", é o uso (abuso) da trilha sonora. A música é utilizada em demasia, e não é trilha de fundo, composição de ambiente etc, é música alta, com o compositor cantando em confronto com o que se vê na tela, na verdade um desfilar demasiado de clipes musicais.

Putz, e a montagem é doida, com cortes em profusão, não pára. Uma cena após outra sem pausa, sem silêncios, sem momentos de descanso ou reflexão. É movimento o tempo inteiro, ação o tempo inteiro. Se ainda assim, tudo conspirasse a favor da história, mas ao contrário, parece que esse mosaico doido apenas enfraquece o que tem de melhor o filme de Guel (e que não é de autoria do diretor e sua equipe): o texto delicioso de Dias Gomes. O texto salva a alma de Guel do inferno, é onde estão os motivos mais fortes para o filme ter a força que ainda tem.

Claro, Nanini construiu um personagem magnífico; Zé Wilker, caramba, o Zé Wilker está incrível como o Zeca Diabo, não pensei que ele ainda fosse capaz de mostrar um trabalho tão bom depois de tanta tralha e tanto isopor nas últimas décadas. O Zé Wilker está vivo como ator. Podia manter essa disposição, essa alma de artista, nos papéis seguintes.

Se temos alguns personagens excelentes, temos muitos personagens que não enchem os olhos. O romance entre os personagens de Maria Flor e Caio Blat me parece apenas uma historinha incluída à força para atrair o público jovem num elenco majoritariamente de coroas. (Parênteses: eu fui um desses bobos que mordeu a isca, e não arrependo: a primeira aparição da Maria Flor tirando a roupa para tomar banho de calcinha valeu o dinheiro da entrada). Mas é um romance que nada tem a ver com a trama principal. Poderia sair sem prejuízo nenhum à história que está sendo contada. Sem falar que o romance em si é falso, numa cena a Maria Flor mergulha na água, Caio é um desconhecido. Na outra cena, ela está brigando com pai para casar com o cara. Hein? Como assim?

Outro desacerto foi fazer um elo forçado (pelo menos soou totalmente artificial) entre a história em Sucupira e os acontecimentos em torno da ditadura militar e a redemocratização do país. Eu ri em vários momentos do filme, o texto de Dias Gomes e a canastrice do personagem de Nanini são um bom casamento, um acerto. Eu achei excepcional o sinistro e iletrado Zeca Diabo do Wilker. Mas esperava muito, muito mais de um filme de Guel Arraes.

Vai ficar me devendo, bicho.

Obs.: devo dizer que Eloá se divertiu de monte, adorou o filme, riu o tempo inteiro. Saiu da sessão com a alma lava e enxaguada.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Brigada Ligeira

Comecei a ler "Brigada ligeira e outros escritos", do crítico literário Antonio Candido. E uso um dos presentes de Dia dos Pais que ganhei da filha: um marcador de página feito por ela em sala de aula. Um luxo. Concilio com o final da leitura de Nelson Rodrigues (eu sei, estou atrasado, é que as férias bagunçaram a minha vida).

*

Estou seguindo firme nas águas na terceira temporada de Lost. Concordo com quem disse que as duas primeiras temporadas são melhores. Mas a série continua intrigando. Não tenho tido condições de dividir meu tempo livre com outras séries. É só Lost.

Liberdade, liberdade

Estou acompanhando os lances da campanha eleitoral. Não sei o que vou fazer em termo de voto: o quadro é triste, monocórdio, pobre. Mas quero estar tranquilo para, após o pleito, acompanhar com atenção quem quer que seja o eleito. Os eleitos. Já devo ter falado isso, mas falo de novo. Até aqui, o que sei é que, seja lá em quem vote, não será com entusiasmo. O que é uma pena.

*

Daí um amigo me incita a me filiar ao seu partido. Com um amigo desses... Gosto mais do estilo "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós" que a prisão a um partido político. Por isso nunca me filiei. Já fui muito simpático à idéia de filiação, é verdade. Por um tempo (era um outro tempo mesmo, do "Fora, Collor" etc), pensei bastante no PT. Isso porque gostava dos caras que conheci ligados ao partido na escola. E porque fiquei amigo e quase-namorado de uma moça (linda) do partido.

Depois fiquei muito simpático à idéia de aderir ao PV. Entrevistei um dos quadros uma vez, fiquei muito impressionado. A ótima impressão veio de bonde. Mas uma decpção sobre rumos, definições, coligações e etc veio em seguida, com o tempo. A última vez que pensei (já não tão empolgado) em ingressar num partido político foi com o PPS, por causa do Ciro Gomes (de quem ainda gosto) e por causa da amizade com o grande Alfredinho, o presidente do partido em Alagoinhas, cidade onde vivi um período.

Felizmente, nunca cedi à tentação da carterinha. Claro, teria sido uma experiência. Mas gosto de não estar comprometido a entender a idiossincrasia dos partidos, que é uma lógica muito escrota às vezes.

Gosto da liberdade de poder discordar, falar mal, se for o caso. E também de gostar de quem eu quiser. (Isso me lembra Renato Russo. Foi ele quem gritou uma vez num show, "eu amo quem eu quiser". As patrulhas caíam em cima por causa da opção sexual do roqueiro que declarou que gostava de meninos e meninas. Ele reagiu. Tava certo ele.)

Estar em um partido é assinar embaixo das coisas mais espantosas que podem ser feitas para que seja possível governar ou minimamente disputar o poder. Tem gente que gosta de jogar esse jogo. Tem gente que não. Prefiro ter a minha voz e opinião livres. E dormir tranquilo. Se antes, quando era inocente, puro e besta, não me meti na asneira de me filiar a um partido, não será agora que o farei.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre filmes "B". E "Lost"...

São tantas coisas para fazer... uma delas é conhecer meu sobrinho, recém-nascido. Outra é ver "O Bem Amado", a versão do Guel para o clássico de Dias Gomes. Em eras passadas, numa dessas repetições da TV vi bom pedaço da novela. São imagens que não me saem da cabeça de um Paulo Gracindo iluminado. E de um Lima Duarte aterrorizante como o Zeca Diabo. Mas no fim de semana passado não fui ver as novidades da versão de Guel, um cara de que gosto muito, falem o que quiserem dele. Acabei pegando o desvio dos filmes "B" roliudianos, com mais uma continuação de Predador. O que me fez cair em "Os predadores" foi o interesse vivo que tenho por esses filmes, a participação do Robert Rodriguez no projeto - na verdade achei que ele dirigia, quando em vez disso ele assina a produção. Por fim, tinha a escolha nada óbvia do Adrien Brody de anti-herói e Alice Braga na ponta do elenco. A curiosidade matou o gato e me fez ir direto conferir o filme. Eloá começou dizendo "Ai, meu deus", talvez não achasse que fosse uma produção tão "B". Depois curtiu. Eu gostei do programa. Não empolga como o original, mas não desagrada também. A mim, pelo menos, que sabia onde estava me metendo, foi o tipo certo de programa que eu queria naquela tarde. Agora preciso arrumar tempo para ver meu sobrinho que nasceu. Sábado vou lá. Sem desvios...

*

Juliana me venceu. Resolvi dar uma chance a Lost e... estou viciado. Há uns dois anos, vi três ou quatro episódios apenas e tive a sensação de que era uma daquelas série que é enrolação pura. Não deixa de ser, mas é um troço bom, bem feito. Estou no meio da segunda temporada, as férias me permitiram ver coisa de quase 30 episódios. Entrei totalmente no universo e na sintonia da série. Fiquei vidrado. Tudo de mal que falei de Lost todo esse tempo, retiro o que disse. A série é boa. Cléo Pires tinha razão...

*

E depois de um longo inverno, Hederverton deu as caras. Bem-vindo de volta, garoto.

sábado, 10 de julho de 2010

João Falcão

Acabo de eleger mais um diretor brasileiro entre aqueles que me interessam, seja lá o que quer que façam. João Falcão é um cara para se prestar muita atenção. Eu sou daqueles que piraram com o filme “A Máquina”, sua estréia no cinema. Seu segundo longa chama “Fica comigo esta noite”, não supera a beleza, inventividade e surpresa que me causaram aquele primeiro filme, mas, poxa, ainda assim é delicioso. E tem uma vantagem que eu admiro, é conciso. Com 75 minutos diz tudo o que tem a dizer, não aborrece ninguém, e vai me deixar pensando na Aline Moraes o resto do dia (do mês?). Ela, que é atriz de TV, mostra com essa experiência que tem potencial para ser uma grande estrela de cinema. Tem mais: se fosse só a Aline que estivesse bem, ainda estava valendo. Mas o elenco inteiro é muito bacana. Vladimir Brichta faz bem o mocinho, par de Aline, e o cara que morre sem antes se despedir da esposa. Ele vai tentar a todo custo ter uma última noite de despedida, por isso terá que fazer contato com o mundo dos vivos. Só poderá conseguir o tento com a ajuda de outro morto, interpretado pelo ótimo Gustavo Falcão (protagonista de “A Máquina”). O filme tem uma referência clara aos quadrinhos, tem ritmo, uma fotografia muito bacana colorida e, embora tenha origem numa peça de teatro, se sai muito bem na transição para filme. Lembrando que nesse como no filme anterior de João Falcão, a “pegada” de teatro é óbvia – e algo que ele ressalta como parte da estética, da sua maneira de fazer as coisas. Tem gente que acha fake. Eu gosto muito. João, bem-vindo ao grupo dos meus diretores favoritos.

Alguns filmes

Vi alguns filminhos esses dias de férias. Alguns bons, outros meia boca. Mas felizmente nenhum terrível a ponto de sentir que rasguei dinheiro.

Um dos que mais gostei foi "O aprendiz", de Bryan Singer. Embora trate do nazismo, fala muito mais sobre natureza humana do que de qualquer outra coisa. Especialmente sobre o que somos capazes de fazer. Aquele menino, Todd Bowden (interpretado pelo ator Brad Renfro), faz uma dupla arrepiante com ex-militar nazista Kurt Dussander, feito pelo veterano (e ótimo) Ian McKellen. Os dois se desafiando, num jogo de nervos, rendem ótimas cenas. Mas o filme vai além do conflito casual que se arma (e ganha força) entre um estudante e um velho com passado criminoso. Aquela cena em que o sobrevivente do holocausto reconhece o personagem de McKellen no hospital é assombrosa.

Vi um pouco depois "O Leitor", filme que foi bastante comentado à época por causa da indicação de Kate Winslet ao Oscar. O filme também traz para dias atuais a reflexão sobre crimes cometidos pela SS Nazista. Kate é ótima, mas sempre sou meio frio com essas caracterizações que colocam os personagens envelhecidos com maquiagem em nossa frente. Por mais que os movimentos e a expressão da jovem Kate permitam passar os sentimentos de uma velha, não consigo comprar a coisa e entrar na fantasia. Penso o tempo todo que é uma atriz interpretando. Isso é péssimo. E provavelmente é um defeito meu. Outro inconveniente é que o Ralph Fiennes é um ator que não me desce a goela. O filme mostra um caso entre a personagem de Kate com um garoto. Fiennes faz esse garoto na idade adulta. É um personagem importante. Ok, mas tem muitos méritos a história da ex-agente da SS que gosta de ouvir que leiam livros para ela. Acho o filme irregular, a metade aponta para uma coisa. A partir da metade se torna um outro filme. Por fim, temos o reencontro dos ex-amantes e aquele desfecho previsível. Meu professor de crítica de cinema da faculdade diria que é um filme que não sabe o que quer, não se decide. De qualquer forma, não diria que é uma grande obra.

As coisas melhoram bastante com o cinismo dos irmãos Joel e Ethan Coen. Vi deles "Queime depois de ler". Com as primeiras cenas, comecei achando que ia me irritar. Mas reconheço que é uma comédia esperta, com um ótimo elenco que é bem aproveitado em cena. A história é uma grande brincadeira com os filmes de espionagem, não tem como não admirar o engenho dos diretores. O filme funciona e faz rir, com humor negro, inteligência. É um trabalho inferior a um "Onde os fracos não tem vez", da mesma dupla de diretores, mas ainda assim de bom nível.

Sou fã do Benicio del Toro e só por causa dele fui ver a versão de "O Lobisomem" de Joe Johnston. Não é bom. Não por causa de Benicio del Toro, que continua o bom ator de sempre. Mas o filme não diz a que veio. Começa e termina sem que tenhamos um grande motivo para ter passado duas horas na frente da tela. Dizer que os efeitos especiais são convincentes é não dizer nada. Efeitos hoje em dia podem ser (e tem sido bastante) uma maquiagem para esconder um projeto sem sal nem açúcar.

Outro filme: "P2 - Sem Saída". Confesso que fui ver por causa da Rachel Nichols com aquele vestido justo colado. Ainda mais que vi num trailer uma cena com o vestido encharcado, colado ao corpo. Mas é um filme fraquinho demais para um suspense do gênero. Pense em todos os clichês das histórias de suspense apresentados sem nenhuma criatividade. Para piorar, o filme aumenta violentamente de volume na hora dos sustos. Um filme sem substância, movido a sustos. Passo.

Já a animação "Tá chovendo hamburguer" é outra história. Criativo, com um enredo bem amarrado e original, o filme é bacana do começo ao fim. Não é uma obra-prima como tem acontecido com algumas animações nos últimos anos, mas é bem divertido.

Outro que gostei bastante foi "Amor sem escalas". Vendido como comédia romântica, quem assistiu esperando um exemplar desse gênero quebrou a cara. Felizmente, o que temos ali é muito melhor. Eu, pelo menos, me amarrei. O filme trata do tema atualíssimo de uma América em crise que precisa demitir milhares de pessoas. Mas como fazer isso, tarefa das mais ingratas? Para essa função há especialistas em demitir pessoas, profissionais que viajam de norte a sul apenas para fazer aquilo que o chefe não quer ter o desprazer, desligar seu funcionário. Daí somos apresentados a personagens complicados que tentam se encaixar do seu jeito no mundo. E sofrem com suas escolhas. Seja a garota nova que é a sensação na empresa especializada em demitir. Seja o veterano (George Clooney) que acumula milhas, não tem casa, e se sente melhor viajando que com endereço fixo. Sua filosofia é que cada pessoa deve carregar o mínimo de coisas consigo, apenas o que cabe na mochila. Com isso vive afastado da família e de relacionamentos sérios. Gostei do clima desesperançado e ao mesmo tempo leve do filme. Fala de coisas difíceis e trata o espectador como adulto. Não quer agradá-lo. Por isso, não espere final feliz.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Julie e Julia

Curti muito o filme da Nora Ephron sobre a vida de Julia Child, a lendária culinarista americana, autora de Mastering the Art of French Cooking. O filme conta duas histórias paralelas. De um lado, está o relato da vida de Júlia Child (papel de Meryl Streep) em Paris nos anos 50. Na outra ponta, conta o desafio que se propôs a jovem americana Julie Powell (Amy Adams) que, na época atual, resolveu refazer todas as receitas do livro de Child em um ano e contar a aventura em um blog. Enquanto vemos Julia sair da condição de mera acompanhante do marido diplomata para tornar-se um cozinheira famosa, assistimos, ao mesmo tempo, o esforço de Julie no presente para fazer as receitas, dar atenção ao casamento e manter um emprego chatinho de telefonista num órgão público. Confesso que fiquei bem identificado com a frustração da personagem quando errava uma receita. É possível ficar muito bravo quando as coisas dão errado na cozinha. E o que é pior: é muito fácil errar na cozinha. É um trabalho que exige muita paciência. Não há como negar que, no filme, a parte da história que se detém na vida de Julia Child é mais viva e interessante. Meryl Streep tem tudo a ver com isso, sua construção da personagem é incrível. Mas não desgosto da Amy Adams, acho ela muito boa atriz. Soube que as duas trabalharam juntas em "Dúvida". Já anotei no caderninho para ir atrás. Enfim, o filme mostra as pessoas comendo bastante. Para mim não há programa melhor que passar duas horas vendo uma história sobre comida, com preparo e degustação de pratos, que envolve ainda a alimentação de um blog (de culinária!) e a publicação de livros. É um filme muito simpático que quero ter em casa.

Lobato

Engraçado. Fiz um acordo com a minha filha. Fomos comprar um livro outro dia. Disse que ela podia escolher o que ela quisesse (entre as opções que eu ia oferecer, é claro). O problema é que ela saiu da minha lista e escolheu um livro suspeito. Dei uma passada de olho, é um livro de uma série onde cada volume fala sobre um tema diferente. O escolhido por ela falava sobre separação (eu e a mãe dela somos divorciados). Todos os temas são trabalhados para a leitura de crianças, a linguagem e o tratamento são adequados à faixa etária. Tudo bem, deixei. Não se pode controlar tudo sobre os filhos. Mas eu queria mais. Não uma escritora de livros infantis desconhecida. Queria que minha filha tivesse amigos entre os clássicos desse universo infantil. Foi então que propus novo acordo. Ela poderia levar o livro escolhido por ela. E por meu lado, a presenteei com o melhor autor infantil de que se tem notícia. O livro é "Emília no país da gramática", de Monteiro Lobato. Ela adorou a idéia. Claro, ia levar o livro que queria e ainda outro. Ainda mais que esse outro era com a turma do Sítio do Pica Pau Amarelo, que ela conhece bem e adora. Tudo muito bem. Enquanto ela começou a devorar sua historinha de separação que é contada do ponto de vista de duas crianças da família, comecei a ler o livro de Lobato. E estou pirando com a viagem do grupinho ao país da gramática, conduzida pelo rinoceronte Quindim. O livro que minha filha escolheu, li os dois primeiros capítulos, não é ruim. É fininho, traz linguagem que ela se identifica rápido, e é bom que ela leia essas coisas. Mas o de Lobato é um encanto, um negócio extraordinário. Acho que essa diferença fará bem para ela. Creio que um bom leitor é talhado entre o extraordinário e o ordinário. É desse equilíbrio que é feito o gosto.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

The good wife

Ainda não me convenci de que "The Good Wife" é boa coisa. O piloto não apaixona de cara. Tem méritos, claro. O maior deles é tratar de um drama de tribunal da perspectiva feminina. Achei soturno, sem humor, um pouco quadrado demais. Sou um cara do politicamente incorreto. Sou mais o escracho de um "Boston Legal" que a correção e o bom mocismo de uma esposa que levanta a cabeça e continua a vida depois de perdoar em público a traição do marido. Espero que seja só um começo, o caso apresentado no piloto foi interessante, e tudo resolvido no mesmo capítulo, com agilidade e eficiência, sem deixar buracos. Isso foi legal. Espero que o ambiente de trabalho da boa esposa piore, que o outro candidato à sua vaga na firma de advocacia mostre as garras e as coisas fiquem um pouco mais difíceis - e emocionantes - para a protagonista. É uma série que tem sido bastante elogiada e até onde sei tem feito boa audiência. Vou dar uma chance. Vamos ver o que vem por aí.

Jean Charles

"Jean Charles" é um filme muito simpático. Principalmente porque nada promete e o que entrega não aborrece ninguém. Gosto mais ainda da metade final quando as coisas vão se complicando até chegar ao desfecho que todo mundo conhece (o brasileiro é confundido com um terrorista no metrô de Londres e assassinado pela polícia inglesa). Não dá pra morrer de amores com algumas interpretações, depois entendi que o diretor Henrique Goldman misturou atores e não atores. Mas mesmo atores profissionais como a bonitinha Vanessa Giácomo não pareceram nada menos que corretos (o que já é grande coisa). Selton Melo faz um trabalho bom, o seu Jean Charles cativa. O meu personagem preferido é o Alex, interpretado pelo baiano Luiz Miranda. O diretor diz que fez um filme de ficção com elementos reais, misturou ficção e realidade para contar a história com a contundência que achou devida. Eu acho que ele teve mais acertos que erros. É um filme honesto, um trabalho que vale a pena ver.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Partida

“A Partida” é provavelmente o melhor filme que vejo em 2010. Se soubesse que era tão bom, não teria esperado tanto. O longa japonês, direção de Yojiro Takita, é uma ótima surpresa. Um filme tocante, que vai crescendo até aquele final belíssimo. Eu estou ficando um banana, porque foram várias as vezes em que fiquei tocado, querendo chegar às lágrimas. "A Partida" é envolvente, lírico, engraçado, tem história para contar. Aquele cuidado, aquele ritual envolvendo a preparação de mortos, achei aquilo muito lindo. De fato, é o aspecto que aparece mais, é a cena mais repetida e que, imagina-se, demandou muito preparo. Sei que há outras coisas que o diretor Takira quis abordar ao falar da morte. Aquela história toda envolvendo o pai do protagonista é o tronco que explica as motivações do atrapalhado, sensível e bom coração Daigo Kobayashi (feito pelo ator Masahiro Motoki). Mas eu viajei mesmo foi no assessório. Adorei a música, adorei os personagens secundários (lembro agora, por exemplo, daquele funcionário que fica responsável por continuar a casa de banhos, mas há muitos outros que aparecem e somem), adorei as cenas em que as pessoas aparecem comendo, cenas que estão entre o cômico e o gracioso. Gosto bastante do ator que faz o chefe da empresa que prepara corpos. Acaba meio que sendo um pai para o perdido Daigo. Pelo menos foi o que enxerguei ali. Chorei com a cena do Daigo encontrando o pai de verdade, um pai que o abandonou ainda criança. A cena da secretária que conta que também abandonou um filho é a chave para entender o que houve com o pai do protagonista. A vergonha é tamanha, que quanto mais o tempo passa mais é difícil voltar àqueles que eles abandonaram.

Gostei muito da transformação do protagonista, o respeito que passa a ter pelo ofício de preparar o cadáver e ajudar na "passagem para o outro mundo". Um filme que tem pouco diálogo, boas imagens, e um protagonista que nada tem de herói – ou talvez tenha, de um outro jeito. De qualquer forma, um filme e um personagem que crescem aos olhos do espectador. Parece que a lição é que podemos aprender muito com a morte. É um clichê, mas mesmo clichês bem trabalhados podem oferecer um frescor e uma visão diferenciada. E o principal, há tantas coisas que se pode trazer do filme, o enredo central está amparado em ótimas circunstâncias e situações que enriquecem a experiência do que se está vendo. É um filme que parece simples, é simples, mas tem muitas camadas. Antes mesmo de terminar, eu ficava pensando que queria ver "A Partida" outras vezes. Isso só acontece quando a obra captura mesmo a gente. Me capturou.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Filmes, férias etc

Apesar do 3D (saco...), aguardo ansioso por esse "O último mestre no ar", novo filme do M. Night Shyamalan. Diferente de muita gente por aí, sou fã do diretor mesmo em filmes que não foram bem acolhidos como "Fim dos tempos" ou "A dama na água". Acho preciosidades obras como "A vila", "Corpo fechado" e "O sexto sentido". Me amarro nas esquisitices do diretor.

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Caramba, há muito tempo não curto tanto uma novela como estou agora com "Passione". É, na minha modesta opinião, um dos melhores trabalhos do Silvio de Abreu (que é um cara muito inventivo e cheio de referências de cinema). A novela é inflada em núcleos, historias grandes e pequenas, personagens, mas tudo é bem aproveitado, anda com ritmo, e se conecta com o conjunto. Personagens mais imporantes rivalizam em interesse com personagens menores, e todos contribuem para o andamento da história. Prazerzão seguir essa novela todas as noites.

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Outra coisa bacana é conferir a tosquice deliciosa de "Ana Raio e Zé Trovão". Não pensei que ia gostar de rever algo de Jayme Monjardim com tal prazer sádico. Estou curtindo.

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Estou saindo de férias. Alguns filmes que quero ver entre os 500 que estou em atraso: "Ao sul da fronteira", "O escritor fantasma", "Viajo porque preciso, volto porque te amo", "Sonhos roubados", "As melhores coisas do mundo", "Onde vivem os monstros", "Um homem sério", "Amor sem escalas", "A partida", "Meu caro Francis", "O homem que engarrafava nuvens", "Tudo pode dar certo", "Julie & Julia", "Educação"... Bom, chega, né? Não vou listar os 500...

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Nessas férias espero escrever muito nesse blog. Inclusive coisas pessoais como Hederverton gosta.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sono

Não entendo esse negócio de sono. Sei que sou um bom menino nesse quesito, porque deito e levanto cedo, me esforço para conseguir as oito horas mínimas de repouso, evito cafeína depois das 18h. Mas não adianta. Esse negócio de sono é uma m... mesmo. Preciso descobri o que se passa, porque embora me empenhe bravamente continuo a acordar no meio da noite, passo o dia meio zumbi, não consigo aquele sono dos justos - o que é uma sacanagem. Meus pais acordam às quatro horas da manhã. Dormem como bebês, no meio da tarde, no meio da novela, e tem muita disposição para a idade deles. Eu tenho acumulado queixas nesse departamento. Nas férias, fica tudo bem. Quando o sono não ajuda, levanto e vou pra internet ou pra TV. Em dias normais não dá. Tenho que ficar lá bonitinho para não piorar as coisas. Meu recurso é contar carneirinho. E imaginar a Mariana Ximenes pelada...

domingo, 20 de junho de 2010

Toy Story

Me diverti muito com "Toy Story 3". Fui ao cinema na estréia com Eloá e a pequenina. Voltei a ser criança. As cenas mais legais não são aquelas que mostram estripulias em efeitos digitais - nem mesmo a abertura pomposa e espetacular. As cenas que mais me capturaram foram as mais simples, intimistas, sentimentais. O final me arremessou direto aos, sei lá, seis ou sete anos. Não faltou vontade de chorar.

sábado, 19 de junho de 2010

Nota 6

Ok, me rendo. Vi os dois últimos episódios de “Fringe” e admito. Foram muito bons - o último episódio, então, dá aflição para a gente ver logo o que vai acontecer na terceira temporada. O conflito entre os dois universos está claro e estabelecido. Tomamos pé do conflito, sabemos mais ou menos porque as coisas aconteceram da forma como aconteceram. Muito legal isso. Mas volto à minha queixa: por que a série não continua nesse caminho? O episódio final foi eletrizante, subiu cem vezes o nível. Porque tantos duzentos episódios isolados com casos isolados que começam e morrem ali, sem conexão com o drama principal. Pelo menos foi assim que se desenrolou a história na primeira e na segunda temporada. Poxa, os caras tem uma boa história na mão, “Fringe” tem material para ser muito melhor do que é. Às vezes é difícil acompanhar. Se tivesse que dar nota, daria um 9,0 para o episódio final dessa segunda temporada. E nota 6,0 para a série em geral.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Voto

As pessoas estão falando bastante nos jogos do mundial de futebol. Mas também muito se fala nas eleições que se aproximam. Depois de 11 de julho, fim da copa, a eleição vai ganhar o primeiro plano do noticiário e dos comentários de bar. Que coisa engraçada, a minha filha pequena, oito anos, me disse ontem que vai votar em Marina Silva. É claro que com essa idade ela não vota em ninguém, mas em toda eleição tem a sua preferência e a manifesta. Marina Silva é aquela candidata que tem a simpatia de uma parte de artistas e intelectuais (Gilberto Gil, Fernando Meireles já manifestaram apoio. Diferente de Rita Lee que disse que ela tem cara de quem está com fome.). Uma amiga me perguntou em quem eu pretendo votar. Ainda não tenho resposta para essa pergunta, mas a despeito da divisão ideológica que possa promover em casa, espero mesmo que não seja na Marina. Quando fui questionado, pensei na eleição em geral. Nem me detive num candidato. Acho que é porque a angústia é a mesma, quer essa amiga tenha se referido ao pleito estadual, quer tenha questionado sobre a disputa nacional. Eu nunca estive com tanta vontade de votar nulo. Por princípio, não vou anular o meu voto (nunca o fiz). O que torna a minha decisão ainda mais difícil. As opções são tristemente (aborrecidamente?) semelhantes. A pobreza, a falta de opções diferenciadas, é um sintoma ruim para o eleitor. Tenho a sensação de que, qualquer que seja a minha escolha, estarei me sabotando.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Somewhere

Vem aí mais um filme da Sofia Coppola, "Somewhere". A filha do diretor de "O Poderoso Chefão" é uma das minhas autoras favoritas. Gosto muito dos seus filmes, todos bem intimistas, centrados em um ou dois personagens, um negócio pequenino, confessional, um clima entre o doce e o amargo (mas sempre interessante). Sei que tem gente que torce o nariz, especialmente pela sua última obra, "Maria Antonieta". Eu gosto de tudo em Sofia Coppola. Até sua participação tão criticada no filme do pai, a terceira parte do chefão, acho ótima. Não que precise, mas ela tem e terá em mim um defensor enquanto fizer coisas como as que vem fazendo. Vou contar os dias para a estréia de "Somewhere".

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fringe

Não sei, não sei. As pessoas têm falado maravilhas de "Fringe", a série de J.J.Abrams. Estou chegando ao final dessa segunda temporada, mas não me convenci de que a série é algo especial. Gostei do começo e do final da primeira temporada. Também gostei de como eles mantiveram o ritmo e a intensidade no início da season two. O problema é esse. Até chegar ao que realmente interessa, "Fringe" é aquela série que enrola demais. Cada dia é um caso, não necessariamente ligado com a trama principal. Não gosto de série assim. Não gosto de ser enrolado, e é essa sensação que tenho. As pessoas parecem adorar o doido do doutor Bishop. Não estou nesse time. Tenho simpatia por uma ou outra coisa dele, nada demais. Me ligo de verdade quando a história avança. Aquela coisa dos universos paralelos me interessa muito. A agente Olivia é outro atrativo, é bela, meio macho, é sexy, boa de ver em cena. Não digo que morro de amores em cada episódio. Alguns são bem chatinhos. Vamos ver se minha opinião muda depois de ver os três ou quatro episódios que faltam. Acho difícil, mas...

Los abrazos rotos

Minhas férias se aproximam, vou poder ver os bons filmes que perdi nos últimos tempos. Uma das minhas dores era não ter visto, logo que saiu, "Abraços partidos" ("Los abrazos rotos"), último Pedro Almodòvar. Estava com muita saudade do cinema de Almodòvar. De todos os seus filmes que vi (e vi muitos), só não me empolguei com "Má educação". Gosto demais desse universo do cineasta espanhol, incluindo os da época jurássica como "Maus hábitos" e "Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón". O primeiro filme que lembro ter visto dele - e que me atingiu como um raio - foi "A Flor do Meu Segredo". (Até hoje digo que esse é o meu filme preferido dele, mas preciso rever isso.)

Abraços partidos é um drama. Mistura tanta coisa, é uma história dentro da história, envolve passado e presente, idas e vindas. Um filme dentro do filme. Histórias que se cruzam. É um negócio complicado de contar, mas visto na tela, corre simples, flui, dá para entender tudo. É o dedo do autor que permite isso, claro. Há um certo jogo de espelhos interessante, e uma história de amor que costura tudo. O filme começa com esse cineasta e escritor que ficou cego e assumiu a identidade de um pseudônimo, criado por ele para assinar seus trabalhos. A história avança, sabemos mais, que ele se apaixonou por uma atriz casada com um cara rico que morre de ciúmes da mulher. Essa atriz é a Penélope Cruz (linda como sempre). Veremos que o marido é obcecado pela esposa a ponto de preferir ela morta a ter que ficar sem ela. E justamente a personagem de Penelópe apaixona-se e começa um caso com o cineasta. O início desse triângulo anuncia um tragédia que virá.

Há cenas belas, criativas, fortes nesse filme. Há uma coleção de ótimas cenas. A da leitura de lábios é uma das minhas favoritas, especialmente quando a personagem de Penélope Cruz dubla a si mesma diante de uma imagem que está sendo mostrada em vídeo. É a referência da referência, o filme do filme do filme. Me lembra uma caixa dentro de outra, de outra e por aí vai. O cineasta abraçando a imagem de si mesmo dando o último beijo na amada é lírica. O final do filme é outro grande achado. Almodóvar mostra um bom pedaço do filme dentro do filme, com um diálogo engraçado e lascivo (e que retoma bastante o próprio Almodòvar). Eu sei que nem todo mundo gostou desse "Abraços Partidos". Eu adorei. Pra mim, foi diversão do começo ao fim.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Berro impresso

Errada dez vezes a minha amiga Marlla. Como não sou conhecido pela paixão pelo futebol, ela achou que eu não me importaria com um livro de crônica esportiva escrito por Nelson Rodrigues. O livro chama-se "O Berro Impresso das Manchetes", com crônicas escritas entre 1955 e 1959 para a Manchete Esportiva. Imagina se esses grandes escritores são menos geniais em qualquer coisa que escrevam. Nelson sempre esteve nessa categoria. Gosto dele sempre e agora também direi por aí que gosto dele igualmente na crônica de esporte. E por que não gostaria? (é outra coisa, mas do mesmo jeito estou me divertindo com os textinhos sobre a copa da África do Sul escritas diariamente pelo Veríssimo no Estadão). Nelson é incrível. Comecei a ler as primeiras páginas e o prazer foi imediato. Algumas frases dele:

Em 1911 ninguém bebia nem um copo d'água sem paixão.

Se entra um gol adversário, ele (o torcedor rubro-negro) se crispa, ele arqueja, ele vidra os olhos, ele agoniza, ele sangra como um César apunhalado.

O tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho.

Em 1920 nenhum sanduíche poderia aparecer, num reservado de imprensa, sem perigo de vida. Era acometido por todos os lados, sumariamente.

*

Como não gostar de Nelson Rodrigues? Sua crônica sobre o juíz que foge vergonhosamente depois de uma tapa estalado no rosto é uma pequena jóia. É um pequeno tratado sobre a covardia de todos nós. E sobre a hipocrisia de todos nós. Esse "O Berro..." é um livro grande, volumoso. Vem muita coisa boa por aí.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Life Unexpected

Tenho uma filha pequena. Sou separado da mãe dela. E vivemos assim muitas situações que envolvem decisão sobre isto ou aquilo para a pequenina. Muitas vezes dá confusão. Muitas vezes dá entendimento. Corta. Sei que nada tem a ver, mas lembrei disso assistindo ao piloto de "Life Unexpected". É um drama familiar adocicado sobre uma garota de 15 anos que decide se emancipar depois de passar por várias famílias adotivas. Encontra os pais que vivem distantes, cada qual em sua vida, e esse encontro é o início da série. No final do piloto, já estão todos em volta de uma mesa comemorando o décimo sexto aniversário da menina. Contada assim, a historia parece bem boboba. Mas a verdade é que é interessante, nada demais, mas também não aborrece. A trilha, os diálogos, o ritmo, tudo funciona para parecer moderninho, descolado, jovem. E é. A menina chama-se Lux (feita pela atriz Britt Robertson). É uma lindeza e funciona muito bem em cena. Concordo com quem disse que é bastante inverossímel uma criança passar o que ela passou e ser tão engraçadinha e compreensiva. Mas não me incomoda tanto isso. Provavelmente, não vou seguir vendo a série. Depois do alto nível que acostumei com "Modern Family", nenhuma série família meia boca me satisfaz. Mas a menininha Lux vale mesmo a pena. Por ela posso, no futuro, jogar o olho num ou noutro episódio sorteado.

Mariana

Gosto muito do Silvio de Abreu, mas não estou assistindo sua novela. Pego um pedaço aqui, outro acolá. Imagino que seja boa, do que vi não há muito o que reclamar. O novelão com vilões, golpes e grandes mistérios em família está de volta depois do rame-rame do Manoel Carlos. É aquele mais do mesmo que vale porque é caprichado e não trata o telespectador como anta (viu, João Emanuel Carneiro?). Mais de tudo o que vi, a melhor coisa da novela do Silvio é a Mariana Ximenes de malvadinha, com pouca roupa e beeem desinibida.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

24

Estava conversando com minha amiguinha Juliana hoje. Estou desolado com o fim de 24 horas. Essa oitava temporada que terminei de ver recentemente foi uma das melhores, começou bem e terminou melhor ainda (embora tenha embolado um pouco no meio do caminho). A série me dá muita saudade do meu amigo Sérgio, que era viciado. E foi quem me tornou viciado também. Estou triste. E com o som do barulhinho daquele relógio ainda vivo dentro da minha cabeça.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Furacão Elis

Difícil falar sobre um livro cuja personagem central tem tanta conexão com a sua vida. Talvez não seja difícil. Eu é que sou bocó mesmo. Me desmancho quando penso em Elis Regina. Não saberia dizer quando comecei a gostar dela, acho que nasci gostando. O livro "Furacão Elis", de Regina Echeverria, me trouxe de volta a figura de Elis. Muita coisa do passado pulou no meu rosto. Falando do livro propriamente: ele é rico em depoimentos, alguns bem especiais, mas, no geral, achei que a autora usou demasiado esse recurso de abrir aspas. Ficou como um documentário de TV. A autora pega da palavra apenas para introduzir a fala seguinte. É uma mediadora. Talvez não seja um defeito em si, mas me incomodou não ter a leitura indo embora sem que eu pense nela, na estrutura. Queria que a autora tomasse as informações para si e falasse como alguém que chegou àquele ponto por força da pesquisa. Ela entrega a responsabilidade pelo que diz à fonte. Tipo, é fulano que está dizendo. Senti falta de um mergulho maior, de uma contextualização maior, de saber mais sobre personagens que cruzaram a vida de Elis. Um monte de gente aparece e some. Sobre sua família, por exemplo, fala-se muito pouco e a impressão que passa é extremamente unilateral (da perspectiva de Elis). Foi um perfil mais ou menos tridimensional de Elis, rodeada de perfis rasos de todos os outros personagens. Fiquei mal acostumado lendo excelentes biografias. Talvez esteja querendo algo que a Echeverria não se propôs a tal. Mas louvo seu trabalho, ela ralou bastante e conversou com as pessoas certas. Ia lendo e pensando em Elis. Não tenho dúvida, amo essa mulher. Como é incrível. Falar que ela era uma pessoa difícil, como falam algumas amigas minhas, não consigo compartilhar com isso. Difícil todos nós somos. Elis tinha seu tanto de complicação, mas era normal dentro dos limites da loucura de todos nós. O que me pareceu foi até o contrário: que ela era muito sensível, muito emotiva, muito carente. E amava demais. Esse livro é muito doido. Não quero ficar aqui a criticar o trabalho suado dos outros, mas poxa... Sem que a heroína ou qualquer outra droga tenha sido mencionada antes no livro, de repente, a Elis Regina acorda morta, vítima de overdose. Há uma explicação pela metade, trazendo razões do relacionamento amoroso (ela havia brigado com o então namorado, o advogado Samuel MacDowell). Putz, nenhum sinal indica que chegaríamos nisso. O livro não apresenta um único ponto que antecipe ou prepare o cenário que veremos no final. Nesse momento, fui meio que surpreendido. Parece que o livro fica na superfície. Não estou criticando. Funciona como reportagem. Como um documento para entender melhor como foram as coisas, eu ficaria com muito ainda a desejar. A autora tinha uma ligação com Elis, eram amigas e tal. Não tenho dúvida de que foi feito com coração e boa fé. Mas senti falta de mais.

Estou escrevendo este post, ouvindo Elis e tomando um licor. Então, releve qualquer sentimentalismo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Arroz cremoso

Homem, cozinheiro, precisando pensar rápido. É que no sábado, meu aniversário, acordei bem tarde. E Eloá estava chegando do francês para almoçar e sair de novo. O que fazer, que fosse rápido e prático? Pois foi aí que tive a idéia de testar uma receitinha simples, mas que parecia apetitosa. É um arroz cremoso com peito de peru. Muito fácil de fazer, leva uns 30 minutos, e é bem gostoso. A receita pede, além do peito de peru e do arroz, queijo, uva passa, creme de leite e salsa picada. Por minha conta adicionei caldo de bacon e pimenta do reino. Depois do arroz pronto, basta acrescentar o resto: queijo e peito de peru vão em cubos pequenos. Fica muito bom e com um ótimo gostinho de queijo. Dá pra servir sem outro acompanhamento. Eloá adorou e repetiu.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Elis

Já nas últimas páginas de "Elas gostam de apanhar", uma amiga me traz "Furacão Elis", livro sobre a vida dessa cantora que me deu (e dá) tanta saisfação nessa vida miserável. A amiga diz que não gostou do que leu, descobriu que Elis é insuportável como pessoa. Engraçado. Uma outra amiga me falou de uma entrevista de Elis com o mesmo comentário. Que ela parecia arrogante e que se achava. Eu vi a entrevista e me deliciei. Meu comentário foi que Elis pode ser o que quiser, até antipática (que não acho que tenha sido, não do jeito que falam). Porque sendo boa ou má pessoa, sendo agradável ou não, ela não deixou de ser a potência que ela foi como cantora, intérprete e diva da música popular. Bota alguma das suas canções mais fodonas e aumenta o som: é uma experiência! Elis é maravilhosa. Mesmo que no trato pessoal não seja nenhuma santa. E isso importa? Para quem deu de presente interpretações altíssimas de "Arrastão", "Deus lhe pague", "Travessia", "Atrás da porta", "Corsário", "Águas de março", "As Curvas Da Estrada De Santos"? Para mim, o que importa é a enormidade que ela deixou. Adoro Elis. Um caso de amor mesmo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Iron man 2

Me diverti muito ontem com o novo "Iron Man". Para mim, cumpriu direitinho o papel de entretenimento. Pelo cinema lotado, deu pra ver que muita gente está curtindo e recomendando. Eu que gostei do primeiro filme - e que nunca deixei de gostar de Robert Downey Jr - fiquei meio preocupado com tantos atores novos na linha de frente do elenco. Mas parabéns ao diretor Jon Favreau, tudo se resolve bem e o filme flui. Minha musa, Scarlett Johansson, mal cabe nas roupas, de tão formosa. Tem gente que diz que ela foi mal aproveitada e que não tem função no filme. Acho bobagem. Tem que pensar nela como um bônus. Se ela não é essencial à trama, mal não faz. Seu charme, gostosura e talento só acrescentam no interesse que o filme provoca. Quem perde num filme em que cada entrada dela é em um modelito mais colado que o outro? O filme tem diálogos ótimos e as cenas de ação são acompanhadas por uma trilha bem legal que, depois descobri, é o rock do AC/DC. Muito bom. Gosto bastante do Sam Rockwell (de "Frost/Nixon"), que faz o antagonista. Já o vilão do Mickey Rourke lembra muito seu "O lutador", apesar do sotaque. Mas não faz mal. Um bom ator como ele faz a diferença com pouco. Sua atuação é tão acima da média, que ajuda a jogar o nível do filme para cima (adoro ele pronunciando, cínico, seu "You lost, Stark... lost, Stark..."). Tava com saudade de um filminho de ação bem feito.