terça-feira, 24 de agosto de 2010

A origem

Não me surpreende que não gostei de "A origem", novo trabalho do Christopher Nolan. Eu não sei o que acontece comigo. Nada que esse diretor fez na vida me entusiasma (pois é, nem mesmo os dois Batmans), mas fala-se tanto dele desde "Amnésia", que sou sempre empurrado a ver por que tanto barulho dessa vez. E é sempre muito barulho por nada. Esse "A Origem" tem elenco conhecido, alguns nomes de que gosto muito (Ellen Page, Leonardo Di Caprio, Michael Caine), outros que não gosto tanto, mas são bem talentosos sem dúvida (Ken Watanabe, Marion Cotillard, Cillian Murphy).

O filme é daqueles que parece ser alguma coisa muito complicada e que exige muito do espectador. O diretor até consegue ser bastante confuso (e por isso tome-lhe blá blá blá). O problema não é entender o que se passa. Isso não é confuso. Confuso é entender o que realmente importa, qual é a médula óssea do filme, tantas são as coisas desimportantes pelo caminho. As pessoas tem destacado os efeitos visuais e a trama em labirinto, com sonho dentro do sonho etc. No fim das contas é uma tentativa de jogo de ilusão, de 'nada é o que parece'. No fim, o que está em primeiro plano é o drama do personagem de Di Caprio e como ele resolve o fato de não ter esquecido a mulher, de sentir culpa pela sua morte. Mas essa espinha dorsal não é tão forte, não sustenta o interesse pelo filme.

Para compensar uma historinha chinfrim, Nolan resolve a coisa introduzindo grandes doses de ação, perseguição, tiroteio, muito efeito especial, ruas que se dobram, pessoas flutuando, câmara lenta, tudo isso para tornar possível o ambiente dos sonhos, onde supostamente tudo é possível. Tirando o que está ali para distrair o besta do espectador - e que não é central à trama -, não fica nada que valha a pena. É o tipo de obra que se espremer não sai muita coisa. Há algo de interessante na idéia de usar o sonho como matéria para filmes, ainda mais o sonho dentro do sonho. E não há mal em fazer filme de ação ou aventura com esse tema.

O problema é que Nolan não diz nada com seu filme, embora faça parecer que está revolucionando o mundo.

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