terça-feira, 28 de julho de 2009

Se eu fosse você 2

Não gostei de "Se eu fosse você 2". Tinha simpatizado bastante com o primeiro que só fui ver em DVD, bem depois de ter feito sucesso nos cinemas. É aquela coisa, o segundo repete a mesma piada que sustentou o primeiro filme, que já não era nenhuma novidade. Essa continuação tem méritos, Daniel Filho é um cara que tem noção do que faz e quase sempre se mostra um diretor inteligente, que se comunica, chega nas pessoas. Parece pouco, mas não é. A primeira meia hora de filme é a que tem menos ritmo e é bem menos interessante que o resto. É também onde as peças estão se encaixando para que o filme aconteça. O casal central, interpretado por Tony Ramos e Glória Pires, se separa, a filha adolescente está grávida. Vem tempestade por aí. Com a troca de corpo, o filme de fato começa e os problemas se multiplicam (as piadas também). Achei que havia muitos atores de alto calibre em papéis pequenos, o que dá uma impressão de inchaço desnecessário. A dupla Tony Ramos e Glória Pires é boa, sem eles, o filme desaparece. Quem faz a filha do casal é a menina Isabelle Drummond (que cresceu desde a Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo). Ela mostra o que já se sabia: é ótima atuando e promete muito. No geral, o filme traz uma cena ou outra mais engraçada, um diálogo ou outro mais espirituoso. Mas não é bom. É uma obra menor, mesmo considerando apenas a filmogradia do próprio Daniel Filho.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Western

Minhas férias se aproximam e, em parte, sei o que vou fazer. Um bom pedaço delas será dedicado a ver filmes (pra variar). Não sei bem que seleção farei, mas esse é o período de garimpar coisas que não tenho acesso normalmente. O anjinho e o diabinho que sopram nos meus ouvidos parecem falar a mesma coisa: western. Não sei, mas não seria mal debruçar sobre Leone, Ford, Peckinpah, Howard, Wyler, Eastwood...

My girl

Se é certa a frase atribuída a Andy Warhol de que "ser pop é gostar das coisas", creio que me encaixo no perfil. Procuro ver as coisas e gostar delas (se for o caso), sem que para isso precisem estar na moda, ter um nome conhecido por trás ou trazer idéias incendiárias. Gosto das coisas simples. E fiquei embevecido com o filme "My girl" ou "Meu primeiro amor", que vi ontem (com atraso de 18 anos). O diretor é Howard Zieff que faleceu no início deste ano, em fevereiro. No filme, uma menina esperta, Vada, feita por uma atriz mirim graciosa (Anna Chlumsky), está no centro de uma história que fala de lidar com mudanças: e a nova namorada para o pai viúvo é apenas uma delas. O pai de Vada tem um emprego incomum, é dono de uma funerária. A proximidade com mortos não é exatamente confortável para ela. Vada acha que pode morrer, aparece com variados sintomas que não tem causa real. De férias, um dos passatempos da menina é brincar com o pequenino amigo Thomas (Macaulay Culkin). Ela tem um professor de redação, por quem é caída de amores e com quem sonha se casar. As coisas vão se complicar bastante para a pequena Vada. A perspectiva do filme é o da criança, o que contribui muito com a suavidade com que a história vai sendo passada. Mesmo com um desenlace triste, é um filme cheio de ternura. As crianças Chlumsky e Culkin estão muito bem em cena, mas ajuda bastante ter no elenco adulto uma atriz como a Jamie Lee Curtis e o "caça-fantasma" Dan Aykroyd. Um ótimo programa.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

2001

Me falam sobre o lançamento em blue-ray do clássico de Kubrick, "2001 - Uma odisséia no espaço". É o filme que nunca vi crítico algum recusar a condição de obra elevada, divisor de águas, etc. Do filme todo, eu não gosto muito. O que mais gosto é da seqüência toda com o robô mal, o Hal 9000. Apenas. Nisso concordo com a opinião de Woody Allen sobre o filme: "Na primeira vez que vi, não gostei. Parecia um comercial da Nasa..."

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ah, entendi

Não entendia bem porque fazer um filme com a Kate Beckinsale coberta dos pés à cabeça, com figurino de esquimó. O filme, ainda não lançado, se chama "Whiteout" e a história se passa na gelada Antartida onde a atriz interpreta uma policial que investiga uma série de assassinatos. Depois que vi o trailer, percebi que não seria desperdiçada uma produção cara para esconder a atriz mais bonita do cinema em roupões, o que só irritaria a platéia. No trailer, na primeira cena de Beckinsale que vemos, ela aparece nua, tomando um bom banho de chuveiro. Ufa, respirei aliviado...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mosca

Um mosca chata me ronda, me empurra para que volte a "Os sertões" de Euclides da Cunha. Comecei a ler o livro em Alagoinhas, li os capítulos "A terra" e "O homem", não sei porque cargas d'água não li até o fim. Dizem que perdi o melhor, o capítulo de nome "A luta", que justamente conta a guerra de Canudos. Lembro que achei a leitura difícil, com uma narrativa poética, cheia de analogias. E, no entanto, lembro também que me deliciei com a leitura, fiquei boquiaberto com o estilo elegante de Euclides. Vou atender à mosca. Espero que logo.

*

Uma notícia triste, desoladora: Carol Castro casou. A única coisa boa em saber de seu casamento foi descobrir no vídeo e nas fotos que ela tem preferência pelos gordinhos. O mundo não está perdido.

Notas

Fiz pela primeira vez sanduiche de pepino. Gostei muito do resultado. É bem simples na verdade, o pepino é um dos ingredientes numa receita que pede ainda tomate, pimentão, cebola, azeitona (tudo cortado bem pequeno), creme de leite, maionese, um fio de azeite, uma pitada de sal e pão fatia, que pode ser com ou sem casca (prefiro sem). Entre os experimentos, no sábado, voltei ao doce de leite pela segunda semana seguinte. Estou apurando uma receita e apesar de ter ficado bem gostoso dessa vez, ainda brigo com o ponto exato de tirar do fogo. Uma das coisas que me deu satisfação foi um assado que fiz no sábado. Preparei uma peça de cupim temperada apenas com sal grosso e alho. Deixei pegando gosto por uma hora e meia aproximadamente. Depois, deixei outras três horas no forno, fogo alto, com a peça enrolada em papel alumínio. Nos minutos finais abri o papel para a carne gratinar. Putz, ficou uma delícia. Mandei ver com uma salada verde generosa (esse assado ficou muito bem mais tarde na companhia de cervejas hiper geladas). No domingo, acordei com vontade de comer um bom feijão. Temperei apenas com cebola, alho e cebolinha pra finalizar (ok e tomate batido para dar uma cor). Minha mãe diz que o maior gosto ao feijão é transmitido pelas próprias carnes. Não precisa temperar tanto. É a pura verdade. A mistura de carne de porco, carne de boi, lingüiça e charque, tudo cozido junto com o feijão, é deliciosa. Durante a semana estou bem contido. No fim de semana, é a hora da desforra.

Chefão, parte 2


Revi "O Poderoso Chefão - Parte 2", de Coppola, que continua a saga iniciada no primeiro filme. A trama é partida em duas para acomodar as origens da família. Na minha escala pessoal, gosto mais do primeiro filme, seguido do terceiro (aquele final me arrasa) e só então vem este "Parte 2". Claro que é um grande filme também (e não falo apenas de suas longas três horas e pouco de duração). O que me irrita um pouco é a história picotada em que as peças do quebra-cabeça vão sendo embaralhadas para depois formar um painel em que tudo se encaixa e faz sentido. A história sobre os Corleone no presente mostra Michael (Al Pacino) à vontade no papel de chefe, temido e bajulado por todos. Porém as coisas não serão fáceis.

Embora os negócios da família properem, com a aquisição de hotéis e cassinos, não faltam adversários para criar problemas para essa expansão. Ainda no início do filme, Michael sofre um atentado dentro da própria casa, o que lança suspeita sobre pessoas próximas. Esse fato inicia uma cadeia de eventos, seguidos de golpes e assasssinatos, que vão fazer rearrumar a relação com aliados, família e com os adversários. Há situações políticas apresentadas. Numa delas, os personagens estão em Cuba durante o histórico conflito que levou à queda do governo e à tomada de poder pelos revolucionários de Fidel Castro. Mais adiante, vemos que o Congresso está investigando as atividades ilegais da família Corleone. Apesar desse contexto político conturbado, o forte da trama ainda repousa sobre as relações de família.

Uma das cenas mais impactantes envolve Michael e Kay (Al Pacino e Diane Keaton), quando ela pede a separação e quer levar os filhos do casal consigo. Outro conflito importante envolve Freedo, irmão mais novo e frágil, a situação que o envolve irá se resolver de forma trágica. Tudo que ocorre no filme está de alguma forma interligado e reunir todas as pontas numa conclusão eficiente e forte é um dos pontos altos da direção de Coppola. Diferente das cenas no presente, nos fatos sobre o jovem Corleone, no passado, a história é contada de maneira linear e simples (na verdade, é um outro filme que corre em paralelo). No papel entregue a Robert De Niro, vemos a moldagem de um homem, que deixa de ser um imigrante mal pago para a respeitável condição de padrinho, conhecido tanto pelos crimes que comete quanto pelos favores que distribui.

O fato de as histórias caminharem juntas não faz mal ao filme, embora inusual. Gosto mais da metade final do filme. E, posso estar falando uma heresia mas, diferente dos outros dois, nesse aqui eu cortaria uma boa meia hora. Sem dor.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Hirsuta

..."pôs-se de pé de um salto e arqueou as sobrancelhas, que habitualmente não despertavam a atenção, mas que nesse momento se manifestaram negras, hirsutas, gigantescas, sobre os olhos".

A descrição acima é trecho do livro que estou lendo, "O processo", de Kafka. As sobrancelhas descritas pertecem a um juiz de instrução que dialoga com o protagonista durante o que parece ser uma assembléia. Alguém já disse que as histórias de Kafka parecem descrições de sonho. Melhor seria falar em pesadelo, devido à condição, neste caso desconfortável, de quem é acusado sem nem sequer saber o porquê. O que me capturou e me fez trazer o livro até o blog, foi a palavra "hirsuta". Pensei na leitura de jornais e revistas. Mino Carta é um crítico do jornalismo feito para facilitar demais a vida do leitor. O que significa banir as palavras incomuns. Ele vai de encontro a essa tese, diz que "o idioma português tem mais que meia dúzia de palavras. E elas devem ser usadas". Significa não tratar o leitor como mentecapto.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, penso eu. "Hirsuta" é uma palavra bela, garbosa, mas seria uma pedrinha na leitura, considerando o leitor médio. Eu vi essa palavra pela primeira vez no filme "O homem que copiava", do Jorge Furtado. Ela está no centro de uma cena importante em que mocinho e mocinha estão se conhecendo. E mais importante, é o seu significado que está em jogo nessa cena. A mocinha (personagem de Leandra Leal) lê um poema para o cara (Lázaro Ramos), onde a palavra aparece. Ele não entende e pergunta o significado. Ela não sabe, pesquisa e lhe diz o que leu no dicionário. É uma cena bela, que coloca o obstáculo do entendimento em questão. Não dá para ler o jornal com o dicionário do lado. Por isso, faz sentido o jornalismo mastigar a coisa para quem não tem, em tese, tempo a perder. Sei que vão me chamar de contraditório. O fato é que concordo com isso, sem deixar de concordar com Mino. Siginifica que elevar um pouco mais o nível nos textos de jornal diário não é má idéia. Acho que se temos como objetivo a clareza do que estamos falando, nada se perde com um bom vocabulário. Caso contrário, seria difícil transpor os bons autores que usam bem mais que meia dúzia de palavras. E, no entanto, se fazem entender tão bem.

*

Sonhei várias coisas esquisitas essa noite. Sonhei com uma colega da época de faculdade que não vejo há um milhão de anos (não, não é a do post abaixo). Sonhei indo à estréia do filme "Julie & Julia" que quero ver e, entretanto, no meio do caminho, acontecia uma confusão que me deixava nervoso. Por fim, sonhei mais adiante, e de novo, com situação sangrenta. Acho que minha amiga Marlla é que está certa: estou vendo muito o seriado "Dexter"...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Encontro

Fiquei feliz hoje. Reecontrei uma colega, com quem fiz faculdade. Ela me contou seus planos de se tornar jornalista especializada em gastronomia. Disse de sua estada em Barcelona onde fez curso na área e sua disposição de também fazer uma pós-graduação. Já conheci pessoas que gostam de cozinha, de críticas de gastronomia e do prazer de comer. Mas alguém disposto a aliar o jornalismo com a culinária, de maneira profissional e dedicada, não se vê todos os dias por aqui. E ela é do tipo que fala do assunto com uma felicidade só. Foi um bom encontro.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Nova palavra

Aprendi uma nova palavra: prequela. Prequela é um neologismo dos anos 70, formado por pre (antes) e sequel (um trabalho realizado após outro, sequência). É aquele filme que conta uma história passada antes dos acontecimentos de um outro. O exemplo mais conhecido: os filmes da série guerra nas estrelas, do George Lucas ("Ameaça Fantasma", "Guerra dos Clones" e "A Vingança do Sith"), foram lançados muitos anos depois dos primeiros filmes ("Uma Nova Esperaça", "O Império Contra-ataca" e "O Retorno de Jedi") e, entretanto, narravam fatos que aconteceram antes. É o que Tarantino pretende fazer com seu "Bastardos Inglórios", que ainda não estreou no Brasil. Ele quer fazer uma seqüência com fatos anteriores... uma prequela.

Carnes

E então, o que fazer no fim de semana? Um assado com molho béarnaise como eu queria ou o acém cozido no vinho? Essa segunda sugestão vem da revista "Menu", publicação que relembra a opinião de muitos especialistas, a de que "não existe carne de segunda, e sim boi de segunda, ou cozinheiro de segunda". Li uma matéria especial nessa revista sobre carnes, que ensina ótimas opções na grelha, no forno, ou na panela. Uma opção interessante, curiosa pelo menos, é a picanha feita na panela. Não é comum no Brasil, mas parece ser uma prática corriqueira na Hungria, como atesta depoimento do chef húngaro István Wessel. Ele diz que em sua pátria a picanha é feita como um cozido e servido com raiz. Eu fiquei interessado também em um assado de bisteca ou "prime rib", como chamam os norte-americanos. Mas vamos com calma. Uma coisa de cada vez.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Filé

Estou em fase carnívora. Fiz o filé à parmegiana no sábado, que fez sucesso com Eloá e Beatriz. Gostei muito do prato, é gostoso e rende bastante. Nós três não fomos suficientes para dar conta do recado, sobrou bastante mesmo depois de um almoço farto. Usei contra-filé (que preparei à milanesa e depois fritei), queijo mussarela, queijo parmesão ralado, molho de tomate e pronto. Depois é só montar em assadeira e levar ao forno médio por uns 25 minutos. Na seqüência, ainda na fase carne, quero fazer um assado com molho béarnaise (que, entre outras coisas, leva vinho, gemas, estragão e pimenta-branca).

Dexter, Godfhater etc

Estou gostando bem mais de "Dexter" na segunda temporada. Vi no fim de semana uns seis episódios de vez. FBI caçando o herói, mais novidades sobre o passado dele, um triângulo amoroso que botou de ponta cabeça o namoro caretinha. É uma temporada bem mais movimentada e interessante que a primeira...

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Revi, para acompanhar Eloá, o melhor filme de todos os tempos: "O Poderoso Chefão" ou "The Godfhater". Um filme como não existe mais, um Coppola que me ganhou para sempre como seu admirador. E o Al Pacino, que hoje só faz porcaria, está incrível como o jovem herói que vai se metamorfoseando em chefe da máfia, incorporando o modus operandi, o estilo, tudo aquilo de que parecia querer se distanciar no início. Falo de Al Pacino, mas o elenco é campeão. De Diane Keaton ao grande Marlon Brando. Tudo é lindo nesse filme clássico, cheio de referência às tradições italianas e com uma tensão onipresente. Sofro feito um cachorro velho com esse filme. Posso ver mil vezes, vou sofrer mil vezes.

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Quero muito ver "À deriva", novo filme do Heitor Dhalia. O trailer promete. E óbvio, quero muito ver "Caro Francis", documentário sobre esse jornalista que descobri tarde e cujos textos adoro ler. Que o diga "O afeto que se encerra", seu livro de memórias de leitura deliciosa.

O processo

Retorno a Kafka e ao seu "O processo", que comecei a ler ano passado e interrompi a leitura no meio, não lembro agora sob que circustância. Voltei ao início. Nesse livro, Kafka mostra que é mesmo grande: ele passa grande parte do livro tratando de um processo sobre o qual pouco ou nada sabemos (nem nós nem o pobre do Josef K., principal personagem da trama). Ainda assim o livro é intrigante. Alguém diria que seu grande poder é de enrolar o leitor, o que não deixa de ser verdade. Mas é prazeroso ser levado pela lábia dele, que tem uma escrita fácil de acompanhar e envolvente desde o princípio.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Não sou dono da verdade

Curioso isso. Fato: tem gente insuportável no mundo. Eu não quero ser o dono da verdade. Mas é curioso quando observamos que muito mais gente também acha aquela pessoa (justamente aquela) insuportável. É uma feliz constatação saber que não se está sozinho no mundo e o universo se confunde com você. Não sou o dono da verdade. Sócio, talvez.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A filha pequenina voltou da casa da prima toda carinhosa no domingo. Estranhei. Mais tarde, estava no sofá vendo algo na TV. Ela me abraçou, beijou, deitou a cabeça no meu colo, agarrou o meu braço e não soltou mais. Fiquei sem jeito, não é todo dia que isso acontece, mas gostei. Ela é o tipo de menina que tem seus momentos e, nessas horas, quanto mais damos corda, mais dengosa ela fica. Percebi que, às vezes, é bom ter uma dengosinha por perto. Ela cresce, tem sete anos, percebe que cresce, e quer muito estar pareada com meninas mais velhas. Mas sei bem que ela tem suas recaídas como a pequenina do papai. Enquanto ainda existirem essas recaídas, nem tudo está perdido.

Uma noite no museu

Vi com prazer a comédia "Uma noite no museu" com minha filha pequena. No centro da trama está a preocupação de um pai em querer que o filho orgulhe-se dele. Não é nada novo, é verdade, mas o filme conduz a coisa de maneira divertida. O que vale para os pequenos são os efeitos especiais que fazem um mundo de personagens da história ganharem vida. Minha filha adorou essas cenas. Gostei mais pelo entusiasmo dela. Sem falar que o filme não deixa de ser um estímulo à visita aos museus, uma prática cada dia mais em desuso.

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Terminei a primeira temporada de "Dexter". Não é mau. A série é toda coerente, mas admito que gostei mais dos episódios finais. A idéia do seriado é original e interessante. A entrada em cena do personagem do assassino do caminhão de gelo, e seu envolvi- mento amoroso com a irmã do mocinho, deu um up na série (até mesmo porque cresceu enormemente as cenas da Jennifer Carpenter com pouca roupa). Vamos ver como será a segunda temporada.

Bife enrolado

No feriado, inventei de fazer bife enrolado com recheio de cenoura e bacon. É preciso dizer que poucas vezes fiz bife na vida. E quando ocorreu, eu já os trazia cortadinhos do açougue. Desta vez, me desafiei a fazer o passo a passo completo, desde o início. Escolhi o corte de coxão mole, depois de ler o suplemento do Estadão que diz ser uma boa opção para bife rolê: “O coxão mole não é tão versátil, mas é muito saboroso”. E descobri que é mesmo. Os bifes ficaram ótimos, acompanhados de salada e arroz temperado. Acho que ajudou tê-los cortado bem finos, para isso a faca precisa estar muito amolada. Temperei com alho, pimenta, sal (pouco), cebolinha e noz moscadas. Deixei uma hora e meia pegando o gosto. O resto é diversão, colocar a cenoura cortada em tirinhas, o bacon idem, e fechar os rolos com palito. Na hora de ir ao fogo usei azeite de oliva para refogar um pouquito de bacon, meia xícara de cebola, outra de tomate e uma colher de pimentão picado. Cobri a panela e tive o cuidado de virar de vez em quando. Fica pronto rapidinho, acho que em menos de meia hora estava pronto.

Gran Torino


"Gran Torino" é um grande filme de Clint Eastwood. Devo confessar que vinha sem tanto entusiasmo depois de seus dois filmes de guerra - "Cartas de Iwo Jima" e "A Conquista da Honra" - que foram tão incensados e pelos quais não morri de amores. Claro que conta o fato de que pouquíssimos filmes de guerra me empolgaram alguma vez na vida. "Gran Torino" é bom desde as primiras cenas, começa justamente com o velório da sua mulher. E ali já temos informação importante sobre a relação da família com o personagem de Eastwood. Ele é Walt Kowalski, um ex-combatente da Coréia, um cara duro, da "velha escola", trabalhou boa parte de sua vida na Ford e tem dificuldade de conviver num bairro que foi invadido por orientais. Porém, ele acaba se aproximando de uma dessas famílias, após a tentativa de roubo de seu automóvel, o Gran Torino do título. É um filme que trabalha a tolerância, mas não é daqueles em que o personagem sofre uma grande transformação para ganhar sua redenção final. O personagem de Clint é turrão, boca suja, ele só quer tomar a sua cerveja e cuidar de sua vida em paz. Ele vive sozinho, os filhos o evitam o quanto podem. Achei a história tão bem amarrada, desde o início até aquele final surpreendente, um dos melhores desenlaces que lembro de ter visto em filme. E a canção final, interpretada pela voz do próprio Eastwood, é um bônus a mais. Faz tempo que não via um filme tão bom.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Claudinha


Fiquei indeciso até o último minuto. Enfim sai de casa para o show de Claudia Leitte ontem, no Farol da Barra. Minha indecisão tem razões. Não gosto de muita gente junta, não dessa forma. Brinquei meus mais de 20 carnavais, eu sei, sou um entusiasmado dessa festa. Mas sei onde piso, os lugares onde vou e o quanto de multidão quero encarar. Em geral, gosto de show para ver no conforto, sentadinho. Neste sentido, sou mais de ver um Paulinho da Viola... Mas consigo me meter numa festa de rua também. Sei me adaptar. Claudinha (muitos a chamam assim) fez um show grande, bem produzido. Me interessou bastante a abertura com aqueles soldados em estilo romano. E do meio do turbilhão foi bonito ver a cantora flutuar do meio do palco, aterrisando mais à frente para começar o show. Foi um início de impacto.

Cláudia não é um projeto comercial para enganar trouxa. Não é um artifício. Sei que isso é complicado. Tem muita gente que gosta de bater firme na música de sucesso feita na Bahia. Mas seus shows não fazem sucesso à toa. Para as pessoas atentas, daquele palco, um século de história os contempla. (A paródia a essa frase de Napoleão, creio que vem à calhar - ele teria dito aos soldados na invasão do Egito: "Do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam". É a mesma frase que o baiano Castro Alves usa de epígrafe em seu lindo poema "O século"). Naquele palco, naquele repertório, até no remelexo de cintura de Claudia Leitte tem uma tradição baiana, tem uma história. A Bahia aprendeu a fazer muito dinheiro com talento, molejo, cultura, tradição e, óbvio, com o aceno ao componente sexual.

Há artistas que sabem compor tudo isso bem, que usa bem esse repertório cultural e sabe prestar as devidas reverências ao patrimônio que esse pedaço de terra acumula. É bom ver que o show dá mostras de muita gente de alto nível profissional envolvido. Do figurino à luz, das coreografias aos arranjos (que, para regozijo de gente como eu, traz pitadas de samba-de-roda aos montes). Foi um show bom, em local amplo e belo, acessível a todos que quiseram ver. Retornei para casa feliz. Com a imagem na cabeça de Claudinha sambando feito uma desvairada. Linda como sempre.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Traídos pelo desejo

Vejo todos os filmes que me são indicados. Minha preferência é por filme bom, independente de ser drama, romance, comédia, guerra, épico, animação, artes marciais, sci-fi, noir, western... gosto de filme. Não me incomodo nem um pouco de ver filme de entretenimento, blockbuster. Alguns estão na relação dos meus melhores filmes, mil vezes mais que alguns outros chatanças da linha de filme de arte ou filme "cabeça".

Não significa que não gosto de filme estranho, fora do convencional, que rasga o manual do filme feito só para vender. Há um milhão de filmes assim que me fizeram viajar no bom (óti- mo) sentido. Sem pensar muito, citaria "Camisa-de-força", "Con- fissões de uma mente perigosa", "Irreversível", "Dançando no Escuro", "Dogville", "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", "Quero ser John Malkovich", "Oldboy".

Estou com essa conversa sobre filme estranho para falar na verdade de um filme do qual me lembra agora por email um amigo meu. Ele assistiu pela primeira vez "Traídos pelo desejo", relaciona como filme estranho (que nem acho que é), e diz que adorou. É um filme que causou bastante discussão à época, vi em vídeo há uns duzentos anos.

Ele me diz "cara, chegou em minha mão por acaso e adorei. Muito doido, mas legal pacas. Achei meio escrotinho e nojento (a parte da "óóó", da descoberta). Pode ser que vc goste". Eu gosto muito na verdade. "Traídos pelo desejo" é ótimo filme do Neil Jordan, que é um cara que respeito muito. Não tanto por um "Café da manhã em plutão" da vida, que é bem feitinho e tal, mas um tédio eterno. Gosto mais por coisas como "Valente", "Lance de Sorte", "Fim de caso" e "Entrevista com o vampiro". "Traídos..." é corajoso, honesto e, antes de tudo, uma história bem contada, com ritmo, suspense, humor. Bateu a vontade de rever.