sexta-feira, 3 de julho de 2009

Claudinha


Fiquei indeciso até o último minuto. Enfim sai de casa para o show de Claudia Leitte ontem, no Farol da Barra. Minha indecisão tem razões. Não gosto de muita gente junta, não dessa forma. Brinquei meus mais de 20 carnavais, eu sei, sou um entusiasmado dessa festa. Mas sei onde piso, os lugares onde vou e o quanto de multidão quero encarar. Em geral, gosto de show para ver no conforto, sentadinho. Neste sentido, sou mais de ver um Paulinho da Viola... Mas consigo me meter numa festa de rua também. Sei me adaptar. Claudinha (muitos a chamam assim) fez um show grande, bem produzido. Me interessou bastante a abertura com aqueles soldados em estilo romano. E do meio do turbilhão foi bonito ver a cantora flutuar do meio do palco, aterrisando mais à frente para começar o show. Foi um início de impacto.

Cláudia não é um projeto comercial para enganar trouxa. Não é um artifício. Sei que isso é complicado. Tem muita gente que gosta de bater firme na música de sucesso feita na Bahia. Mas seus shows não fazem sucesso à toa. Para as pessoas atentas, daquele palco, um século de história os contempla. (A paródia a essa frase de Napoleão, creio que vem à calhar - ele teria dito aos soldados na invasão do Egito: "Do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam". É a mesma frase que o baiano Castro Alves usa de epígrafe em seu lindo poema "O século"). Naquele palco, naquele repertório, até no remelexo de cintura de Claudia Leitte tem uma tradição baiana, tem uma história. A Bahia aprendeu a fazer muito dinheiro com talento, molejo, cultura, tradição e, óbvio, com o aceno ao componente sexual.

Há artistas que sabem compor tudo isso bem, que usa bem esse repertório cultural e sabe prestar as devidas reverências ao patrimônio que esse pedaço de terra acumula. É bom ver que o show dá mostras de muita gente de alto nível profissional envolvido. Do figurino à luz, das coreografias aos arranjos (que, para regozijo de gente como eu, traz pitadas de samba-de-roda aos montes). Foi um show bom, em local amplo e belo, acessível a todos que quiseram ver. Retornei para casa feliz. Com a imagem na cabeça de Claudinha sambando feito uma desvairada. Linda como sempre.

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