terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sossego

Assim como minha amiguinha Flávia, eu tenho acordado no meio da madrugada sem motivo desde a última semana. Ela acha que é ansiedade. Pode ser. Tantas coisas aconteceram nesses dias. Fizemos um evento grande no sábado. Tive outro na sexta à noite. A semana foi toda corrida. E a cidade está aquele inferninho de gente, carro e pressa. Como diz o Tim Maia, quero agora um pouco de sossego. E me preparar, com a baba escorrendo no canto da boca, pra ver o "Avatar" de James Cameron. Depois do Natal, a gente conversa sobre isso.

Farra na cozinha

No domingo convoquei minha pequenina para uma diversão gastronômica. Ela podia escolher o que queria para o almoço e faríamos juntos pela diversão. Ela só precisaria vestir seu pequenino avental e ocupar a cozinha com o pai. Sua escolha me agradou também: Lazanha à bolonhesa. E para brincar, claro, teríamos geladinhos de maracujá e coco de sobremesa. Eu queria fazer tudo juntinho com ela, desde comprar os ingredientes no mercado. Ela pediu para pular essa parte. Ok, fui sozinho às compras e a deixei em casa vendo os mutantes do X-Men socando homens maus (era o segundo e ótimo filme da série, dirigido por Bryan Singer). Quando voltei, era hora de preparar as coisas. Foi muito bom vê-la trabalhar com afinco; lavar o que precisava, sujar outro tanto de coisas, opinar sobre Deus e o mundo (putz, como ela fala quando está feliz!)... Foi uma farra. E tem mais, ela também escolheu o repertório da trilha sonora: forró (teve minha aprovação total), Chico Buarque (ok, eu influenciei nessa escolha) e, por fim, Ivete Sangalo no Maracanã. Nada me desagradou nesse domingo. Poder explorar o trabalho infantil ao arrepio da lei é bom demais.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Pesadelo

"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir."

Lembro esses versos de Fernando Pessoa, porque tive hoje um desses pesadelos terríveis. Pois é, tenho pesadelos com constância desde criancinha. Há uns bons dois anos, no mínimo, já não sabia o que era isso. Hoje ele veio com tudo. É mesmo terrível e sempre igual: estou passando por algo incômodo ou assustador e fico imóvel - não posso movimentar um único músculo, apesar de todo esforço. Parece que a respiração não funciona. E, pior, Eloá não estava ao meu lado. Acordei ainda pesado de sono, mas sem coragem de voltar a dormir, porque temia voltar ao pesadelo. Eloá tinha ido cedo pro vôlei. Estava sozinho em casa com minha filha, que dormia no quarto dela. Que fazer? Levantei cheio de sono e fui para a internet, a melhor amiga de todos nós.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fringe

Ok, me rendi a "Fringe", a série do J.J. Abrams, o criador de "Alias" (muito legal) e "Lost" (zzzzzz...). Comecei gostando muito de "Fringe", depois fiquei na fase desconfiado. Agora, depois de uma dúzia de episódios (a maioria intrigante e crescendo a cada novo episódio), estou totalmente seduzido. E Dexter, hein? Comecei a ver a quarta temporada e, putz, esse primeiro capítulo é compatível com o alto nível que essa série alcançou. Sem decepções, o que é bastante coisa. Muito bom ver que o tempo passa e Dexter continua top, um dos melhores seriados exibidos na TV hoje em dia.

Lolita - a de Kubrick

Não resisti. Faltando ainda um pedaço (pouco mais de 60 páginas) de Lolita, corri à locadora esse fim de semana e fui ver a versão cinematográfica de Kubrick. Não recomendo fazer isso. A gente está tão imerso na obra escrita que não é possível se distanciar suficientemente para ver o filme sem contaminação. Todo tempo o livro vinha à tona para uma comparação automática, inevitável e incômoda. Não há como dizer que o filme é ruim. Não é. Mas é uma outra coisa. Por mais que Kubrick tenha seguido o fio de Nabokov (e o próprio autor russo escreveu o roteiro), ainda assim é nítido que o livro é bem diferente do filme. O livro é mais complexo, mais perturbador. O filme tem qualidades, claro, e o quarteto central do elenco é um dos pontos bons. Porém, um elenco que conta com alguns ótimos atores, também pode ser uma faca de dois gumes. Peter Sellers, por exemplo, faz o antagonista, é um ator cheio de recursos, mas não sei dizer se fez bem ao filme. No livro, seu personagem tem uma passagem discreta, pequeníssima. No filme, ele se agiganta. É uma deformação e tanto do original. Entendo que as elucubrações do personagem Humbert Humbert, sua mente pervertida, não pode ser tão bem aproveitada na tela. O cinema é imagem em movimento, é ação. Perde-se com isso o melhor do livro de Nabokov que é a expressão de uma personalidade refinada e doentia em toda sua complexidade. O ator James Mason, que faz o Humbert, se esforça, mas o caminho escolhido por ele leva o drama do professor de literatura em outra direção. Outro ponto: no filme, a questão sexual evapora e dá lugar a um drama de amor e obsessão. Sem o conhecimento prévio do romance de Nabokov o filme fica menos interessante. Não digo que o talento do cineasta não se veja no longa, vê-se. E as cenas mais intimistas são algumas das melhores. De toda sorte, não me fará mal (nem à obra de Kubrick, que é um dos meus diretores favoritos) que eu volte a este filme depois. Revisitá-lo, sem ter cada frase do livro ainda ecoando na cabeça, permitirá olhar para o filme e conseguir enxergá-lo. Assim espero.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pacote de maldades

Filhos, melhor não tê-los. Vinícius estava muito certo nisso (e também quando fala que o uísque é o melhor amigo do homem). Filhos são um problema eterno. Eu fui criado debaixo de muita porrada. E cresci um rapaz bom, respeitador, zeloso, tímido e com esse encanto natural. Todas as coisas pérfidas e escrotas da minha natureza, aprendi a manter guardadas no lugar certo e reservar às ocasiões apropriadas. Enfim, me tornei uma pessoa saudável e integrada. Por isso, não entendo bem essa política certinha de não poder - sob as circunstâncias certas - descer o braço num filho endiabrado. A minha pequena flor trouxe da escola outro dia um lista de queixas da professora sobre o seu comportamento. Dizia a professora que a pequena está impossível, não obedece, não pára quieta, conversa mais que o devido (e nas horas erradas), influencia mal os colegas. O problema de maior gravidade, entretanto, foi uma troca de cartas com um pequeno infante. Cartas de amor, subtendido pelos desenhos de coração e frases como "eu te amo". Meu primeiro impulso foi dar uma boa sova. Daquelas do tempo do meu pai. Mas aí tem esses tempos modernos que não acomodam as soluções mais eficazes para enquadrar menores infratores. Por isso, resolvi inaugurar um pacote de maldades e apreciar o seu efeito. Entre os tantos itens, está um que fala mais forte aos bons tempos que não voltam mais. São páginas diárias em que minha flor deve escrever dezenas de vezes a mesma frase: "Eu prometo que vou me comportar na escola". Meu pacote também inclui, claro, suspensão por tempo indeterminado de TV e internet. No primeiro dia depois do pacote, a professora disse que a menina parecia um anjinho na sala de aula. Mas calma. Ainda é cedo para se animar com o efeito do remédio. Se o pacote de maldades não funcionar, tudo bem. Posso me entregar, sem culpa e sanguinariamente, à tarefa de descer o sarrafo na criatura verticalmente prejudicada. E assim seremos todos felizes para sempre.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Francês

Comecei bem devagar uma paquera com o idioma francês. Estimulado, claro, pelo entusiasmo de Eloá. E também pela leitura de "Lolita". Sim, Lolita. O autor é russo, escreveu sua obra em inglês, mas o que não faltam são expressões em francês em seu livro.

Recolhimento

Estava avistando coisas sobre Vladimir Nabokov. E cheguei até a notícia de que seu filho vai lançar uma obra sua inédita. Chama-se "O original de Laura", um livro que Nabokov não terminou e deixou indicação expressa de que deveria ser destruído. Claro, estava preocupado com seu nome. Essa conversa me conduz a uma notícia que vi mais cedo. Gerald Thomas fala em parar com as peças e diz algo interessante a esse respeito. Ele recorda que muito artista não sabe a hora de sair de cena, que depois que você chega num pico, vira um repetidor de si mesmo. "Acho meus últimos trabalhos péssimos", diz. Thomas é um cara bastante prolífico. (Acompanho com interesse seus pronunciamentos, textos e polêmicas - não suas peças. Vi um único esptáculo dele aqui em Salvador em eras priscas, com o Ney Latorraca na frente do elenco. Me lembro de ter gostado da cenografia, assinada por Daniela Thomas, a parceira de filmes de Walter Sales). Essa inquietação do Gerald Thomas é sempre bem-vinda. É mais negócio ficar com as melhores obras de determinado autor do que testemunhar sua decadência, seu caminho em direção ao deserto da criatividade.

E Nabokov estava certo. Se a obra é ruim, melhor mesmo nunca ver a luz do dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Rubem

Talvez o melhor escritor do mundo para o meu paladar de garoto: Rubem Fonseca. Ele está com novo livro na praça, "O Seminarista". Que fazer? Apenas correr desembestado à livraria, ora.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Assado

Então voltei a um assado este fim de semana. Cupim (meu preferido) e costelas, que são boa companhia em qualquer estação do ano. Nos dois casos, temperei apenas com sal, alho e azeite. A costela ficou mais salgada que o cupim. Deixei quatro horas no forno pra descobrir que não precisava tanto. O fato é que Eloá elogiou, o que me valeu o esforço (ok, valeu o meu dia inteiro). Acompanhei com macarrão e molho de tomate tradicional feito em casa. Tudo muito simples e gostoso. Quem sabe na próxima semana eu desencanto o molho béarnaise que tanto quero fazer?

Cuide de você

A "culpa" certamente não é apenas de minha nova cunhada. O fato é que ver a exposição "Cuide de você", da francesa Sophie Calle, neste domingo, rendeu uma noite de discussões bem interessantes. Fomos em casalzinhos, eu e Eloá, de um lado, meu irmão e sua quase esposa, a suíça mais simpática de que tenho notícia - desde a minha adorável professora Liv. (Poucos nomes é ótimo negócio para uma conversa discreta.) Teríamos ido ver a exposição de Sophie de qualquer maneira. Mas duvido muito que tivéssemos levado o assunto a tal ponto e em tal extensão. Minha nova cunhada é artista plástica e se deliciou em provocar todos sobre a exposição e, mais ainda, sobre arte propriamente. Alguém pode imaginar que foi um papo chato e teórico sobre coisa nenhuma. (Sob certo aspecto pode até ter sido teórico, mas nem um pouco chato.) Foi uma conversa agradável e entrecortada por casos curiosos sobre os dois - meu irmão e ela - como se conheceram, por exemplo, em Paris, exatamente durante uma exposição de arte. Essas conversas de bar, após um programa cultural, nós sabemos como funcionam. Há casos leves e piadas salpicadas no meio de todo o papo. O que desmonta a possibilidade de uma sala de aula fora de lugar. Ninguém se levou tão a sério a ponto de querer falar verdades sobre as coisas. E a cerveja ajudou a digerir palavrões inevitáveis como "arte contemporânea", "Aristóteles" etc e abriu caminho para citar à vontade uma Marilyn Monroe, uma Maria de Medeiros...

A nota é que eu gostei bastante da exposição que, diga-se de passagem, não foi aprovada por todos. Mas até com isso eu me diverti.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Começei a ler "Lolita", de Vladimir Nabokov. Estou no comecinho, mas já gostei muito do que vi até aqui. Era um desejo antigo ler esse livro cuja história e o personagem são tão citados e influenciaram tantas outras obras.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Distrito 9

O início de "Distrito 9", do diretor estreante Neill Blomkamp, me deixou apreensivo. A princípio me incomodou aquele prólogo em forma de documentário com a câmara trêmula. Pensei que talvez não tivesse sido boa idéia ir ao cinema. Os aliens do filme são feios, nojentos e nada simpáticos. Pelo menos no começo. Aos poucos fui me acostumando àquela sujeira, a história vai tomando rumo, as coisas vão ficando claras, a narrativa se impõe. E o filme só cresce até o final. Surpresa boa. Teve gente que opinou que o filme é bom porque usa a sci-fi para tratar de um drama, recordando o apartheid. Não achei. Achei entretenimento puro. Não é um drama social. É um bom filme de ação, com idéias e um ótimo elenco de desconhecidos. Um roteiro bastante original, mesmo que abusando de referências. Foram duas horas muito bem aproveitadas. Passei a dar mais valor ao Peter Jackson que, como produtor, assumiu os riscos de um filme desses, sem estrelas no elenco, com baixo orçamento, respeitando a idéia original, sem ceder ao gosto palatável do público médio. De certa forma, é um filme asqueroso, violento, inclemente, duro. Mas nem por isso deixa de ser um ótimo programa.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tenho que lembrar de comprar umas cervejas pretas, encorpadas, para tomar no sábado, aniversário da minha mulher. Alguém dirá que vinho vai melhor para a ocasião. Não acho. Gosto de vinho. Nem conheço tanto assim, como bem me lembrou uma vez o meu amigo da onça, Franklin. Tenho me esforçado folheando um livro ou outro e lendo as matérias que me chegam à mão sobre o assunto. O fato é que gosto muito de vinho. E gosto muito de cerveja. Claro que cada ocasião específica vai determinar a opção por uma bebida ou outra. E aí ninguém precisa brigar. O ideal é ter em casa várias opções.

Bourne

Nessas duas semanas, revi, um atrás do outro, "Identidade Bourne" e "Supremacia Bourne". São os dois primeiros filmes da trilogia de ação e espionagem que tem no centro da trama um agente desmemoriado (Matt Damon), sozinho, perseguido pela mega estrutura da agência de espionagem americana. Sabemos como são os filmes, o herói sofre, parece que será pego, mas escapa daqui e dali até alcançar e derrotar os inimigos que o querem morto. Não importa o tamanho da máquina inimiga, pouco importa que seus tentáculos se espalhem pelo mundo inteiro, que tenha agentes tão bem treinados à caça do herói, dinheiro sem limite, e estrutura e tecnologia à vontade. Não importa, porque no fim o herói vai vencer. Quanto mais verossímil é essa façanha, mas o filme interessa. Acho que boa parte do prazer de ver esses filmes é testemunhar que mesmo na desproporção entre o poder de fogo de uma estrutura gigante contra um homem sozinho, sabemos que esse homem vai sobreviver às armadilhas e impor uma derrota aos seus persguidores. É algo que dá uma sensação de equilíbrio ao mundo, de justiça. Talvez o raciocínio seja que os maus, mesmo que muito poderosos, terão o que merecem. Pelo menos na ficção.

Obs.: e que bela está a Franka Potente nesses dois filmes!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Frost/Nixon

Um bom filme esse "Frost/Nixon". Estou vendo com atraso filmes que já entraram e saíram do circuito e fizeram o barulho que tinham que fazer. Pouco importa. Meu relógio é diferente mesmo. Faz tempo que não vejo um filme de embate entre duas personalidades assim. O filme tem como forte o enfrentamento de dois homens com motivos distintos. Nixon é o presidente americano que foi obrigado a renunciar ao cargo depois do escândalo do Watergate, nos anos 70. Frost, o jornalista de variedades com reputação zero em matérias políticas. Frost quer fama e credibilidade e encontra um Nixon que aceita ser entrevistado por dinheiro (e para tentar dar a volta por cima depois que saiu da presidência humilhado). Os dois tem muito a perder caso não se saiam bem e para isso vão com tudo para essa contenda que se tornou material histórico nos Estados Unidos. O ator Frank Langella, como Nixon, é impressionante pela construção bem cuidada do personagem. Frost é vivido pelo ator Michael Sheen que já havia mostrado sua capacidade de interpretar bem personagens reais com o Tony Blair do filme "A Rainha". Os dois em cena estão ótimos. Mas há muito mais cartas na manga do diretor Ron Howard, além da dupla central: há o elenco de apoio, a montagem, o trabalho de arte, o figurino, um roteiro que traz o essencial da entrevista e dá bom espaço para a preparação e os bastidores. Tudo converge para um filme de primeira linha. E é isso que vemos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Pessoa

"O meu olhar é nítido como um girassol./ Tenho o costume de andar pelas estradas/ Olhando para a direita e para a esquerda,/ E de vez em quando olhando para trás.../ E o que vejo a cada momento/ É aquilo que nunca antes eu tinha visto" (Alberto Caeiro)

"Dá-me mais vinho, porque a vida é nada." (Fernando Pessoa)

Uma saudade incrível de Fernando Pessoa. De todos eles. Sempre lembro que comecei meu interesse por Pessoa depois que meu irmão leu para mim uns poemas sorteados de Alberto Caeiro. Depois fui atrás sozinho. Depois fiz de Pessoa a minha companhia constante. É muito importante a influência que os mais velhos exercem sobre nós. Penso bastante nisso quando lembro da minha responsabilidade educativa com minha filha pequena. Eu tinha doze anos quando meu irmão me leu aqueles versos. Eu volto a ter doze anos sempre que leio e releio Pessoa. O impacto é sempre fresco como naquela primeira vez.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Kate Beckinsale é a mais sexy do mundo segundo uma publicação dessas aí (pouco importa). Concordo. Como concordaria se fosse qualquer outra das minhas admiradas. Halle Berry, por exemplo, já foi a eleita. É mesmo linda, e rende muito em bons papéis (como comprovou em "Monster's Ball"). Tenho uma história de amor com Kate há algum tempo, desde "Ilusões perigosas", filme de 1995 sobre o qual quase não vejo as pessoas comentarem. Fiquei encantado com ela desde aquele momento. E sigo encantado.
Doidinho pra ver "Bastardos Inglórios"... e sem nenhuma vontade de ver o "Anticristo" do Lars Von Trier.

Passageiros

O filme "Passageiros", coitado, é um trabalho que nada oferece em termos de cinema ao mais miserável espectador. O diretor, Rodrigo García, é filho do genial escritor Garcia Marquez. É uma informação inútil porque, a julgar por esse longa metragem, a genialidade da família ficou com o pai. "Passageiros" te leva por um caminho óbvio, tenta dar uns dois sustos e falha, não consegue estabelecer um clima de suspense e o final "surpreendente" não surpreende ninguém. Para não dizer que não vale nada, a beleza de Anne Hathaway é a única coisa que compensa seu dinheirinho gasto. O parceiro de cena (e par romântico) de Hathaway é o ator Patrick Wilson, que em geral é bom ator, mas aqui não convence ninguém (bem melhor é vê-lo em "Watchmen", por exemplo). Para efeito de comparação perversa, qualquer filme de M. Night Shyamalan é cem vezes superior. Nem precisa ser "O sexto sentido". E saiba que dizendo isso já estou entregando o ouro em relação a "Passageiros".

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Parece que sim, que voltei a Terra. Estou mudado, sem tanto prazer em escrever. Se pudesse, passava o resto da vida viajando, conhecendo lugares e pessoas novas. Até cansar. Não dá pé. Tenho uma vida real, trabalho, rotina, obrigações... Estou entediado com as coisas de cozinha. Estou sem paciência para ver séries. Voltei a ver filmes em casa. Parei de ler há mais de um mês. Comecei "Viva o povo brasileiro", mas me deu uma preguiça terrível de João Ubaldo. Estou sem ânimo para certas coisas. Estou gostando mais de ler revistas e jornais. E de não pensar em nada.

Benjamin Button

Não me empolgou tanto "O curioso caso de Benjamin Button". Não é que seja um filme que aborreça. Dá pra ver com certo interesse. Mas ficou aquém das minhas expectativas. David Ficher é bom diretor e tal e coisa, mas achei o filme sem encanto. O que para uma fábula é um pecado. Há boa carpitaria, um certo perfeccionismo, a maquiagem é excepcional, a luz é excelente, há atuações convincentes da dupla Pitt/Blanchett, bom elenco secundário. Mas é um filme que não me capturou. Achei tudo muito frio, na verdade. O longa traz no início uma pequenina história que me interessou mais que todo o filme que veio a seguir. A história do homem que constrói um relógio cujos ponteiros andam no sentido contrário para tentar fazer o tempo voltar e, quem sabe, ter de volta seu filho que morreu na guerra. Muito bonitinho. Entendo que dentro dessa historinha está a lógica do homem que nasce velho e vai rejuvenescendo até morrer bebê nos braços da mulher amada. A idéia é original, não há dúvida. Mas o mérito maior é de Fitzgerald, autor do conto que deu origem ao filme. O filme em si é dispensável.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Retornando

Voltando aos poucos ao planeta terra. Tirei férias de tudo mesmo, blog incluído. E coisas sérias e importantes aconteceram. Minha antiga vida foi soterrada. É bom ver as coisas com outros olhos. Estou retornando... de longe.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tempo ruim. Pior dia da minha vida. Um dia que começou ontem e ainda não terminou...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Minhas férias se aproximam. Espero ver bons filmes antigos. E atualizar meu repertório com os últimos lançamentos de dois, três meses para cá. Tanta coisa para fazer, espero conseguir dar conta. Estou cansado...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dollhouse

Comecei a ver outro dia e me interessei bastante pelo novo seriado da Fox, "Dollhouse". Havia lido que a série não começava bem e só depois ia melhorando. É verdade. O episódio piloto é tão confuso que o próprio criador da série, Joss Whedon, resolveu refazer tudo. Ao contrário do usual, a série começa de fato no episódio 1. O piloto virou material de curiosidade, embora traga várias cenas que foram reutilizadas depois. Vi o piloto e mais seis episódios. Lembra a série "Alias", sucesso estrelado por Jennifer Garner. Mas "Dollhouse" mistura muitas outras coisas, ficção científica, suspense, ação, investigação policial e aventura. Não é difícil desvendar suas referências em filmes recentes de ação e ficção. Mesmo assim se baseia numa idéia criativa que tem muito o que explorar.

A idéia: uma organização recruta pessoas e apaga suas memórias. Essas pessoas recebem personalidades sob medida para atender à fantasia de clientes endinheirados. Num dia podem ser o(a) namorado(a) apaixonado(a), no outro um(a) fanático(a) religioso(a), no terceiro um(a) negociador(a) de reféns e assim por diante. É como se cada uma dessas pessoas fossem uma folha em branco onde a organização "imprime" o que bem quiser. Depois é só apagar e esperar o próximo cliente. O problema - e é nesse ponto que a série inicia - é que a garota mais solicitada da "Dollhouse", Echo (interpretada pela atriz Eliza Dushku), dá sinais de que não é uma boneca como as outras.

Ao longo dos episódios, ela vai demonstrando que consegue reter informações que deveriam ter sido apagadas. Para complicar a situação, um agente do FBI está investigando a organização e procurando pistas justamente de Echo. A série vai num crescente e melhora bastante a partir do sexto episódio. Cada episódio conta uma história diferente em que os "ativos" (assim são chamados os sem memória) estão em missão. Soube que a série ganhou o direito a uma nova temporada depois de muita especulação sobre seu fim. Provavelmente, a melhorada nos episódios contribuiu. O fato é que "Dollhouse" é muito interessante e pode vir a ser tão boa quanto as melhores séries em exibição. Potencial ela já mostrou que tem.

P.S.: há um motivo a mais de interesse em "Dollhouse". Para a segunda temporada, foi confirmada a presença de Summer Glau, a Cameron de "The Sarah Connor Chronicles", que era uma das coisas mais legais daquela série.

Sobre o livro. De novo

Eu não deveria ter opinado sobre um livro no meio do caminho. Vou dar a impressão de que mudo de opinião toda hora. O fato é que não gostei tanto de "A arte de fazer um jornal diário", de Ricardo Noblat. Depois de ler inteiro, a sensação é que o autor pegou ali uma dúzia de conceitos sobre a "arte" com que trabalha há algumas décadas, reuniu essas idéias e deu o livro por encerrado. O livro é isso mesmo: idéias soltas, arrumadas numa prosa bem escritinha. Pelo meio, entre os parágrafos, de vez em quando o autor salpica lições a estudantes: "leia tudo que lhe chegue às mãos", "consulte o dicionário", "leia em voz alta o próprio texto", "reescreva sempre que necessário" etc.

Tem sua utilidade para jornalistas em formação, mas nada acrescenta à imensa literatura que já existe sobre o assunto. Por tanto, não entendo o motivo de sua existência. Por que dizer de novo o que já foi dito melhor e com mais profundidade? Não sei. É uma pergunta para Noblat. Alguém pode dizer que o jornalista trouxe sua contribuição pessoal sobre o tema. É uma meia verdade. Isso só ocorre quando Noblat conta casos que viveu. Nesse ponto, há muita coisa que se aproveita e o texto bem humorado conta pontos a seu favor. O livro cresce em interesse sempre que ele traz um desses casos (o relato sobre a entrevista com Gilberto Freyre é um exemplo). Mas não dá para se animar, porque são poucos.

Talento para contar, Noblat demonstra que tem. Poderia ter explorado muito mais seu viéis de contador de história em vez do viéis do teórico da comunicação. O último capítulo é bem interessante e valia um livro inteiro: a reforma gráfica e editorial por que passou o Correio Braziliense a partir de 1994. Mas não é aqui que a obra se salva. Noblat achou por bem que um único capítulo era suficiente para tratar do assunto que poderia ser o diferencial do livro. Uma pena. Pelo talento e pelo tempo de carreira, Noblat poderia ter ido mais longe. Ficou devendo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Arte de fazer jornal

Sou um vira-folha mesmo. Já a partir do segundo capítulo começo a gostar do livro de Ricardo Noblat, "A arte de fazer um jornal diário". O começo me assustou um pouco com aqueles números sobre queda na leitura dos jornais e o argumnto de sua caminhada inexorável para o desaparecimento. Uma conversa que não traz novidade para quem acompanha o assunto. Mas aos poucos o livro vai deixando claro para quem se destina e isso é fundamental para entendê-lo. Ele se destina aos profissionais que estão chegando ao mercado e a estudantes. Isso fica claro com o tom da prosa de Noblat e com a sua série de dicas de como trabalhar texto e outros pontos do bebabá do jornalista. Neste contexto, vale a pena trazer de volta essa discussão da importância do jornal e seu lugar no mundo. Totalmente pertinente. Sua fala sobre ética também é muito bem-vinda. Na verdade, me senti no meio de uma conversa com um profissional que tem tempo de profissão e boas histórias para contar. Dessa forma, o livro está sendo não só útil, como saboroso.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Festinha

Aí fui convidado para o aniversário da minha cunhada ontem. Uma festa surpresa com familiares e tal. Em geral, resisto sair da minha rotina durante a semana. É do trabalho para casa e só. Mas atendi ao convite do meu irmão. E foi bem divertido. Tomei uns dois ou três copos de cerveja gelada, joguei conversa fora, belisquei um pedaço de bolo. Tinha criança na festa e Marisa Monte no aparelho de som para agradar uns e desagradar outros. A aniversariante gosta, razão que justifica plenamente a presença da cantora. Antes das 21h, já estava em casa na santa paz. Aprendo que não é nada demais sair um pouco do piloto automático.

Jornal

Depois de Machado de Assis, emendei a leitura de livro sobre jornalismo. Estou com "A arte de fazer um jornal diário", de Ricardo Noblat, publicado em 2002. A leitura é facinha como minha amiga Najara alertou. No primeiro capítulo, Noblat chove no molhado dizendo que o jornal perde leitores e vai deixar de existir. Ele próprio diz que esse diagnóstico já fora feito antes e o jornal continua de pé, continua importante. A diferença na fala de Noblat em relação a outros mensageiros do fim do mundo é que o problema não está nos novos tempos, a culpa é da incompetência dos donos de jornal e dos jornalistas, cujo trabalho não é direcionado para o leitor (cidadão), mas para seus pares (outros jornalistas). Não sei não, mas não fiquei convencido. Não quero emitir um opinião fechada sobre o livro, olhando apenas o primeiro capítulo. Vamos ver o que mais diz o jornalista sobre o assunto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Chope

Reencontrei um grande amigo esses dias. Está mudado. Não bebia, bebeu uma duzia de chopes comigo. Foi uma confusão a conversa. Muita coisa acumulada e até a gente se atualizar foi um atropelando o outro. No fim, nos entendemos bem. Falamos pelos cotovelos sobre nossas vidas de casado, filhos, coisas que a gente gosta em cinema e música. E para variar, sobre o passado, casos antigos. Ele é desenhista, o melhor que já conheci na vida. Prometemos nos rever breve. Despedimos e fomos para casa com a tonturinha boa do chope na cabeça. Eu ainda emendei a noite. Ele é bom moço. Foi direto para casa.
Tô com saudade de ver um filminho bom no dvd. Tenho visto toneladas de séries, o que não é ruim, porque tenho visto coisas ótimas. Mas sinto falta do ritmo diferente dos filmes. E principalmente de retomar o objetivo de ver filmes importantes que ainda não assisti. Fiz uma listinha de western. Quero ter tempo para procurar os filmes nas férias, porque sei bem que não se acha fácil determinados títulos. Mas não reclamo das séries, que têm me feito muito feliz. A segunda temporada de "The Office", por exemplo, está hilária. Me dizem que a primeira temporada era cópia descarada dos episódios originais ingleses, o que explica porque nem sempre as coisas funcionavam. Agora é outra história, nota-se logo. Não deixei de ver "True Blood", que está na reta final da session two e vai muito bem. E estou me preparando para ver "Dollhouse" e "Roma".

Dom Casmurro

Então terminei de ler Dom Casmurro. Acho que vou ler cem vezes e cem vezes eu vou ficar compadecido com Capitu naquela hora fatal que Bentinho diz que o menino não é seu filho. Toda a seqüência desde a tragédia na praia até o desenlace propriamente dito é forte, emocionante. Até o último minuto, parece que Bentinho vai voltar atrás e perdoar. Ele não perdoa. Nem pestaneja. Não falo com isso que acho que Capitu é culpada nem que é inocente. Falo que independente de culpa, ela ganha as minhas simpatias desde a primeira leitura. É um personagem magnético. Tudo no romance respira na direção de apontar a culpa de Capitu. Mas é fácil aceitar o argumento de que Bentinho não é narrador confiável. E como é cruel e frio no fim, putz. Aquela situação do filho, que o adora, e ele frio, querendo distância, é de cortar o coração. É um sujeito magoado, ferido de morte pela crença de que fora traído. Claro que Dom Casmurro só é o romance que é porque as coisas não terminaram bem. Um final feliz condenaria o livro ao esquecimento. Felicidade a gente esquece. Um acontecimento ruim corta a carne. Fica na memória. Mais uma vez valeu a pena ter lido. É um livro soberbo. E me cativou mais que a leitura de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", que também não é um livro ordinário. Longe disso.

*

Agora quero rever a microssérie "Capitu", de Luis Fernando Carvalho, que acaba de sair em DVD.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Gripe

"O medo, com sua capa, nos dissimula e nos berça." (Carlos Drummond de Andrade)

A minha filha ficou doente. Gripe. Chegou a ter febre por dois dias. A médica disse que a febre que vai e volta é normal. No terceiro dia, não teve febre, mas manteve a manha, o dengo. Estamos acompanhando e, pelo visto, o quadro tende à normalidade; os sintomas vão cessando. Curar gripe é mais fácil que curar o medo. Drummond dizia que "fomos educados para o medo". É pior quando se tem filho. Não queremos que nada aconteça com eles. Podemos nós, os pais, dar uma palavra mais alta. Ou aplicar um peteleco, quando passam do limite. Mas não queremos vírus nenhum se metendo a besta.

Vampiro bom, vampiro mau

Não vi e não gostei de "Crepúsculo", o filme sobre vampiros que andam à luz do dia e se relacionam, pelo que se diz, à maneira adolescente. Pelo menos, há um grande público juvenil interessado em filme e livro que trazem essas histórias. E essa faixa etária é preciosa para a indústria, sozinha ela faz a fortuna dos estúdios. Sei que cedo ou tarde vou acabar diante de uma tela com esses new vampiros. O motivo é que Eloá já disse de seu interesse. Sem querer fazer julgamento antecipado, já sei que vou assistir e odiar. Ok, "odiar" talvez seja uma palavra forte. Fico curioso sempre que vejo algo sobre vampiros. Mas fico entediado com best-seller e mais ainda com filmes feitos a partir de best-seller. (Ainda me recupero da primeira adaptação de Dan Brown e seu "Código Da Vinci". Um livro ruim, com um ou outro momento mais interessante, se transformou num filme ruim. Apenas isso.) Para não perder esse post sobre um filme que não vi, posso falar sobre o que vi. Vamos permanecer no teritório dos sugadores de sangue. Há, como se sabe, um sopro bom, renovador, nas séries americanas. São obras que fazem valer a pena perder horas do dia diante da telinha. Neste blog, e no anterior, insistentemente venho falando do assunto. A cada hora, descubro um novo vício. E, de fato, há coisas muito especiais, de alto nível, sendo feitas.

Minha mais recente febre atende ao nome de "True Blood". A série de vampiros sensuais e integrados (quase) ao convívio social é uma das melhores coisas já feitas sobre o tema. Tudo bem que é trash em diversos momentos, abusa de cenas de sexo, de rituais macabros, de violência e de muito sangue. Mas tudo é muito bem contextualizado, muito bem amarrado, e a série sabe trabalhar os diversos núcleos e personagens que vão surgindo. Há um casal protagonista, mas a trama divide sua atenção entre os muitos plots da narrativa. Explora de maneira inteligente os personagens secundários que chegam a competir em importância com o casal central. E não se limita a falar da convivência entre humanos e vampiros. Outros seres sobrenaturais aparecem na história. Poderia ser o samba do crioulo doido, mas não é. Aí está a questão. "True Blood" surpreende a cada episódio, não se importa de ser mais e mais ousado. E avança sempre um pouco em situações esdrúxulas. O que é legal é o fato de o seriado não ter pudor em ser politicamente incorreto, sem falar no seu humor negro. Poderia falar de outras coisas, a atualização do drama de vampiros como metáfora de minorias discriminadas certamente seria uma delas. A aposta em dramas de suspense e assassinato é outro viéis interessante. A série mistura elementos, não abusa de efeitos especiais, tem bons personagens, e centra o olhar nas relações pessoais. Tudo isso feito com respeito pela inteligência do espectador. Quem está a acompanhar um "True Blood", não pode se contentar com um "Crepúsculo" da vida.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Despedida

É em puro lirismo (e expectativa) que estou envolvido esses dias. Bom livro, o Dom Casmurro. Uma amostra. É o momento de despedida entre Bentinho e Capitu. Mesmo inevitável sua ida ao seminário, eles juram que irão casar. Ele está de malas prontas: "Juramos novamente que havíamos de casar um com o outro, e não foi só o aperto de mão que selou o contrato, como no quintal, foi a conjunção das nossas bocas amorosas... [...] Deus, como fez as mãos limpas, assim fez os lábios limpos, e a malícia está antes na tua cabeça perversa que na daquele casal de adolescentes... Oh! minha doce companheira da meninice, eu era puro, e puro fiquei, e puro entrei na aula de São José, a buscar de aparência a investidura sacerdotal, e antes dela a vocação. Mas a vocação eras tu, a investidura eras tu."

Que posso dizer? Beautiful.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sou homem

Primeiro beijo, primeiro amor. Ler o romance de Machado, Dom Casmurro, é tão delicioso que não dá vontade de fazer outra coisa da vida. A história é conhecida, quem não leu por curiosidade ou prazer, leu por obrigação na escola. Mesmo algum extraterrestre que nunca leu, já ouviu falar. Bento e Capitu são jovens, saídos da infância e estão descobrindo o amor. Bento deverá ir para o seminário, será padre, promessa de sua mãe. Diante da iminente separação, o sentimento cresce, o drama dos namorados ganha força, e vamos acompanhando tudo feito joguetes nas mãos de um autor que sabe manipular nossas expectativas. Tudo é bonito, tudo é tenso, tudo é descoberta e tudo tem um frescor tal que parece fácil nos transportar ao mundo em que vivem os dois pequenos. Falo "pequenos" porque, obviamente, ainda estou na primeira metade do livro em que os personagens são bem jovens. Nesse pedaço inicial do romance, quando Capitu e Bentinho dão seu primeiro beijo, durante o capítulo do penteado (magnífico capítulo), difícil não ficar um pouco tonto (eu, pelo menos) com a beleza de tudo que Machado descreve com pormenor. Depois, Bento vai saborear na memória seu primeiro beijo. Exclama sozinho: "Sou homem". E repete várias vezes. Quem não teve seu momento de Bentinho? Tenho uma teoria. Vamos aos livros para voltar a pressionar botões que já temos conosco. E para sentir de novo o que não nos é estranho. Vamos aos livros para reafirmar quem somos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Película

"Quando pensei na minha paixão pela película cinematográfica, a verdadeira magia do cinema que é o modo como o filme, e só o filme, capta imagens em sequência e nosso olhar cria o movimento. Detesto digital. Odeio digital. É vídeo, para mim. É banal, sem magia. Não é possivel fazer nada além de novela com ele. Cinema de verdade é pelicula. E quando percebi que a película em si mesma podia ser uma arma... foi meu momento-eureka."

Quentin Tarantino

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Manoel Carlos

Não tem muito jeito pra mim. Estou a esperar o retorno de Manoel Carlos com sua próxima trama. Ele não é o autor de telenovela que mais me arrebata, porém eu - que sou um confesso apreciador do gênero - não sou indiferente à sua obra. Já escrevi bastante sobre isso no blog antigo. É uma peleja sempre que ele estréia algo. Gosto dele, bastante. E desgosto um outro tanto. Não é a admiração que tenho por um Sílvio de Abreu ou um Gilberto Braga, que para mim são o que há de melhor na televisão brasileira. Mas há uma admiração e a curiosidade pelo seu próximo projeto. Apesar da Taís Araújo, espero que venha coisa boa por aí.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Coraline

Muito simpático o filme "Coraline e o mundo secreto", que vi com minha filha. Um pouco assustador para crianças, é verdade (eu mesmo senti um medinho a certa altura). Mas nada demais também. E é tão bem feitinho que é fácil, fácil gostar.

sábado, 8 de agosto de 2009

Doce vampira...

A série True Blood primeiro me assustou. O que melhor a definia na minha cabeça era algo do tipo "é bom, mas é estranho". Só depois me deixou viciado. Minhas dúvidas sobre o seriado começaram a ir embora no segundo em que bati os olhos em Ana Paquin. Sua personagem é esquisita sem deixar de ser graciosa. É o tipo "sem noção", mas com sentimentos. Não há como não gostar dela. A série cresceu bastante desde o episódio piloto, inclusive outras histórias ganharam força além daquela que envolve a dupla central em que Paquin, uma garota não exatamente normal, faz par romântico com um vampiro. Bem, leio uma notícia que tem potencial para deixar a segunda temporada ainda mais atraente (e a palavra atraente não está aqui à toa). Evan Rachel Wood, que aparece na foto acima, dos filmes "Aos treze" e "Vale proibido", é a atriz convidada para viver uma das vampiras da série. A notícia não poderia ser melhor.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sobre filmes

Daí eu peguei esse texto do "The Observer", reproduzido na Carta Capital, e fiquei a pensar. É um artigo assinado por Tim Lott, que abre o coração e não se constrange ao falar mal de filmes considerados obras-primas. Entre os varios exemplos citados, estão "La Dolce Vita", "Jules e Jim" e "Morte em Veneza". Eu me identifiquei muito com as coisas que o Lott fala. Não quero dizer que não gosto de filme consagrado, mas não quero ter a obrigação de gostar de algo só porque a crítica inteira entendeu que se trata de algo genial, irretocável. Na conclusão de sua matéria, Lott dirige-se ao leitor: "sinta-se à vontade para escrever e destroçar qualquer desses filmes. Talvez eles mereçam. E creia-me: você vai se sentir muito melhor". Não duvido. É bom estar livre para dizer que não gostou de algo sem se sentir um alien por isso. Assim como é bom poder gostar de determinados filmes mesmo que eles não gozem do beneplácito dos especialistas.

Casmurro

Não vou mentir. Não morri de amores por "O Processo", de Kafka. A sensação de ler um livro que não foi concluído, em que há capítulo que não termina, e ao qual vem acrescido suplemento com trechos descartados pelo autor, essa sensação não é boa. É uma obra bastante citada, o texto tem mesmo muitas qualidades, mas não me ficou claro o porquê de tudo. Sei que não precisamos ter resposta para todas as coisas, ainda mais em trabalhos artísticos como esse, mas não fiquei feliz com as dúvidas que tive nem com o propósito do autor. Acho que serei mais feliz com o livro seguinte, que já comecei a ler: "Dom Casmurro". Será a terceira ou quarta vez que leio esse livro de Machado de Assis. E lá se vão pelo menos uns sete, oito anos. Até onde me lembro, era o melhor livro que já tinha lido na vida. Vamos ver o que se passa agora na revisão. Nada permanece igual depois de tantos anos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pode entrar

Vi pedaços do novo DVD de Ivete Sangalo, "Pode entrar". Achei bem simpático o que vi. O que mais gostei foi do mar da Bahia, que aparece muito bem na foto, em barquinhos de pesca, pedaços da orla, pedaços da Baía de Todos os Santos. Toda a seqüencia com Bethânia é boa, como é bom o número musical das duas cantando "Obrigado, Axé". Fiquei querendo parar para assistir a tudo com calma.

Bizarro

Esse "O Processo" é um livro bem estranho. Uma amiga mais jovem diria que é "bizarro". Kafka é o escritor de histórias absurdas. Em seu livro mais famoso, que li há alguns anos, o personagem acorda em casa transformado em inseto. Assim, sem explicação. Aqui, em "O Processo", o pobre Josef K. acorda com dois homens o aguardando para informá-lo que está detido. E que corre contra ele um processo na Justiça. Nada que K. tenha feito faz supor que ele é culpado do que quer que seja. Não sabemos, tão pouco K., do que ele é acusado. Essa é a história. O personagem empreende o que pode em esforços para se ver livre desse processo de que não sabe quase nada. E esse pesadelo é tudo o que temos em boa parte das quase trezentas páginas. O mais angustiante é que estou no finzinho do livro e nada faz supor que estamos próximo da elucidação do caso. A substância da narrativa é esse percurso em que temos a sensação de que K. anda em círculo. Personagens aparecem, cada qual faz a história avançar um pouco, mas a sensação de que o personagem não tem saída é cada vez mais forte. A forma como é apresentada a Justiça não é nada boa: ela é terrivelmente lenta, burocratizada, corrompida.

*

Uma coisa curiosa: o livro foi deixado incompleto pelo autor. Nas informações da editora, é dito que não havia necessidade de complementação. Tenho minhas dúvidas, ainda mais quando um dos capítulos é interrompido no meio e lemos a seguinte nota: "Este capítulo não foi concluído". Como assim? Como diria uma amiga minha, é mesmo bizarro.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Se eu fosse você 2

Não gostei de "Se eu fosse você 2". Tinha simpatizado bastante com o primeiro que só fui ver em DVD, bem depois de ter feito sucesso nos cinemas. É aquela coisa, o segundo repete a mesma piada que sustentou o primeiro filme, que já não era nenhuma novidade. Essa continuação tem méritos, Daniel Filho é um cara que tem noção do que faz e quase sempre se mostra um diretor inteligente, que se comunica, chega nas pessoas. Parece pouco, mas não é. A primeira meia hora de filme é a que tem menos ritmo e é bem menos interessante que o resto. É também onde as peças estão se encaixando para que o filme aconteça. O casal central, interpretado por Tony Ramos e Glória Pires, se separa, a filha adolescente está grávida. Vem tempestade por aí. Com a troca de corpo, o filme de fato começa e os problemas se multiplicam (as piadas também). Achei que havia muitos atores de alto calibre em papéis pequenos, o que dá uma impressão de inchaço desnecessário. A dupla Tony Ramos e Glória Pires é boa, sem eles, o filme desaparece. Quem faz a filha do casal é a menina Isabelle Drummond (que cresceu desde a Emília do Sítio do Pica Pau Amarelo). Ela mostra o que já se sabia: é ótima atuando e promete muito. No geral, o filme traz uma cena ou outra mais engraçada, um diálogo ou outro mais espirituoso. Mas não é bom. É uma obra menor, mesmo considerando apenas a filmogradia do próprio Daniel Filho.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Western

Minhas férias se aproximam e, em parte, sei o que vou fazer. Um bom pedaço delas será dedicado a ver filmes (pra variar). Não sei bem que seleção farei, mas esse é o período de garimpar coisas que não tenho acesso normalmente. O anjinho e o diabinho que sopram nos meus ouvidos parecem falar a mesma coisa: western. Não sei, mas não seria mal debruçar sobre Leone, Ford, Peckinpah, Howard, Wyler, Eastwood...

My girl

Se é certa a frase atribuída a Andy Warhol de que "ser pop é gostar das coisas", creio que me encaixo no perfil. Procuro ver as coisas e gostar delas (se for o caso), sem que para isso precisem estar na moda, ter um nome conhecido por trás ou trazer idéias incendiárias. Gosto das coisas simples. E fiquei embevecido com o filme "My girl" ou "Meu primeiro amor", que vi ontem (com atraso de 18 anos). O diretor é Howard Zieff que faleceu no início deste ano, em fevereiro. No filme, uma menina esperta, Vada, feita por uma atriz mirim graciosa (Anna Chlumsky), está no centro de uma história que fala de lidar com mudanças: e a nova namorada para o pai viúvo é apenas uma delas. O pai de Vada tem um emprego incomum, é dono de uma funerária. A proximidade com mortos não é exatamente confortável para ela. Vada acha que pode morrer, aparece com variados sintomas que não tem causa real. De férias, um dos passatempos da menina é brincar com o pequenino amigo Thomas (Macaulay Culkin). Ela tem um professor de redação, por quem é caída de amores e com quem sonha se casar. As coisas vão se complicar bastante para a pequena Vada. A perspectiva do filme é o da criança, o que contribui muito com a suavidade com que a história vai sendo passada. Mesmo com um desenlace triste, é um filme cheio de ternura. As crianças Chlumsky e Culkin estão muito bem em cena, mas ajuda bastante ter no elenco adulto uma atriz como a Jamie Lee Curtis e o "caça-fantasma" Dan Aykroyd. Um ótimo programa.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

2001

Me falam sobre o lançamento em blue-ray do clássico de Kubrick, "2001 - Uma odisséia no espaço". É o filme que nunca vi crítico algum recusar a condição de obra elevada, divisor de águas, etc. Do filme todo, eu não gosto muito. O que mais gosto é da seqüência toda com o robô mal, o Hal 9000. Apenas. Nisso concordo com a opinião de Woody Allen sobre o filme: "Na primeira vez que vi, não gostei. Parecia um comercial da Nasa..."

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ah, entendi

Não entendia bem porque fazer um filme com a Kate Beckinsale coberta dos pés à cabeça, com figurino de esquimó. O filme, ainda não lançado, se chama "Whiteout" e a história se passa na gelada Antartida onde a atriz interpreta uma policial que investiga uma série de assassinatos. Depois que vi o trailer, percebi que não seria desperdiçada uma produção cara para esconder a atriz mais bonita do cinema em roupões, o que só irritaria a platéia. No trailer, na primeira cena de Beckinsale que vemos, ela aparece nua, tomando um bom banho de chuveiro. Ufa, respirei aliviado...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mosca

Um mosca chata me ronda, me empurra para que volte a "Os sertões" de Euclides da Cunha. Comecei a ler o livro em Alagoinhas, li os capítulos "A terra" e "O homem", não sei porque cargas d'água não li até o fim. Dizem que perdi o melhor, o capítulo de nome "A luta", que justamente conta a guerra de Canudos. Lembro que achei a leitura difícil, com uma narrativa poética, cheia de analogias. E, no entanto, lembro também que me deliciei com a leitura, fiquei boquiaberto com o estilo elegante de Euclides. Vou atender à mosca. Espero que logo.

*

Uma notícia triste, desoladora: Carol Castro casou. A única coisa boa em saber de seu casamento foi descobrir no vídeo e nas fotos que ela tem preferência pelos gordinhos. O mundo não está perdido.

Notas

Fiz pela primeira vez sanduiche de pepino. Gostei muito do resultado. É bem simples na verdade, o pepino é um dos ingredientes numa receita que pede ainda tomate, pimentão, cebola, azeitona (tudo cortado bem pequeno), creme de leite, maionese, um fio de azeite, uma pitada de sal e pão fatia, que pode ser com ou sem casca (prefiro sem). Entre os experimentos, no sábado, voltei ao doce de leite pela segunda semana seguinte. Estou apurando uma receita e apesar de ter ficado bem gostoso dessa vez, ainda brigo com o ponto exato de tirar do fogo. Uma das coisas que me deu satisfação foi um assado que fiz no sábado. Preparei uma peça de cupim temperada apenas com sal grosso e alho. Deixei pegando gosto por uma hora e meia aproximadamente. Depois, deixei outras três horas no forno, fogo alto, com a peça enrolada em papel alumínio. Nos minutos finais abri o papel para a carne gratinar. Putz, ficou uma delícia. Mandei ver com uma salada verde generosa (esse assado ficou muito bem mais tarde na companhia de cervejas hiper geladas). No domingo, acordei com vontade de comer um bom feijão. Temperei apenas com cebola, alho e cebolinha pra finalizar (ok e tomate batido para dar uma cor). Minha mãe diz que o maior gosto ao feijão é transmitido pelas próprias carnes. Não precisa temperar tanto. É a pura verdade. A mistura de carne de porco, carne de boi, lingüiça e charque, tudo cozido junto com o feijão, é deliciosa. Durante a semana estou bem contido. No fim de semana, é a hora da desforra.

Chefão, parte 2


Revi "O Poderoso Chefão - Parte 2", de Coppola, que continua a saga iniciada no primeiro filme. A trama é partida em duas para acomodar as origens da família. Na minha escala pessoal, gosto mais do primeiro filme, seguido do terceiro (aquele final me arrasa) e só então vem este "Parte 2". Claro que é um grande filme também (e não falo apenas de suas longas três horas e pouco de duração). O que me irrita um pouco é a história picotada em que as peças do quebra-cabeça vão sendo embaralhadas para depois formar um painel em que tudo se encaixa e faz sentido. A história sobre os Corleone no presente mostra Michael (Al Pacino) à vontade no papel de chefe, temido e bajulado por todos. Porém as coisas não serão fáceis.

Embora os negócios da família properem, com a aquisição de hotéis e cassinos, não faltam adversários para criar problemas para essa expansão. Ainda no início do filme, Michael sofre um atentado dentro da própria casa, o que lança suspeita sobre pessoas próximas. Esse fato inicia uma cadeia de eventos, seguidos de golpes e assasssinatos, que vão fazer rearrumar a relação com aliados, família e com os adversários. Há situações políticas apresentadas. Numa delas, os personagens estão em Cuba durante o histórico conflito que levou à queda do governo e à tomada de poder pelos revolucionários de Fidel Castro. Mais adiante, vemos que o Congresso está investigando as atividades ilegais da família Corleone. Apesar desse contexto político conturbado, o forte da trama ainda repousa sobre as relações de família.

Uma das cenas mais impactantes envolve Michael e Kay (Al Pacino e Diane Keaton), quando ela pede a separação e quer levar os filhos do casal consigo. Outro conflito importante envolve Freedo, irmão mais novo e frágil, a situação que o envolve irá se resolver de forma trágica. Tudo que ocorre no filme está de alguma forma interligado e reunir todas as pontas numa conclusão eficiente e forte é um dos pontos altos da direção de Coppola. Diferente das cenas no presente, nos fatos sobre o jovem Corleone, no passado, a história é contada de maneira linear e simples (na verdade, é um outro filme que corre em paralelo). No papel entregue a Robert De Niro, vemos a moldagem de um homem, que deixa de ser um imigrante mal pago para a respeitável condição de padrinho, conhecido tanto pelos crimes que comete quanto pelos favores que distribui.

O fato de as histórias caminharem juntas não faz mal ao filme, embora inusual. Gosto mais da metade final do filme. E, posso estar falando uma heresia mas, diferente dos outros dois, nesse aqui eu cortaria uma boa meia hora. Sem dor.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Hirsuta

..."pôs-se de pé de um salto e arqueou as sobrancelhas, que habitualmente não despertavam a atenção, mas que nesse momento se manifestaram negras, hirsutas, gigantescas, sobre os olhos".

A descrição acima é trecho do livro que estou lendo, "O processo", de Kafka. As sobrancelhas descritas pertecem a um juiz de instrução que dialoga com o protagonista durante o que parece ser uma assembléia. Alguém já disse que as histórias de Kafka parecem descrições de sonho. Melhor seria falar em pesadelo, devido à condição, neste caso desconfortável, de quem é acusado sem nem sequer saber o porquê. O que me capturou e me fez trazer o livro até o blog, foi a palavra "hirsuta". Pensei na leitura de jornais e revistas. Mino Carta é um crítico do jornalismo feito para facilitar demais a vida do leitor. O que significa banir as palavras incomuns. Ele vai de encontro a essa tese, diz que "o idioma português tem mais que meia dúzia de palavras. E elas devem ser usadas". Significa não tratar o leitor como mentecapto.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, penso eu. "Hirsuta" é uma palavra bela, garbosa, mas seria uma pedrinha na leitura, considerando o leitor médio. Eu vi essa palavra pela primeira vez no filme "O homem que copiava", do Jorge Furtado. Ela está no centro de uma cena importante em que mocinho e mocinha estão se conhecendo. E mais importante, é o seu significado que está em jogo nessa cena. A mocinha (personagem de Leandra Leal) lê um poema para o cara (Lázaro Ramos), onde a palavra aparece. Ele não entende e pergunta o significado. Ela não sabe, pesquisa e lhe diz o que leu no dicionário. É uma cena bela, que coloca o obstáculo do entendimento em questão. Não dá para ler o jornal com o dicionário do lado. Por isso, faz sentido o jornalismo mastigar a coisa para quem não tem, em tese, tempo a perder. Sei que vão me chamar de contraditório. O fato é que concordo com isso, sem deixar de concordar com Mino. Siginifica que elevar um pouco mais o nível nos textos de jornal diário não é má idéia. Acho que se temos como objetivo a clareza do que estamos falando, nada se perde com um bom vocabulário. Caso contrário, seria difícil transpor os bons autores que usam bem mais que meia dúzia de palavras. E, no entanto, se fazem entender tão bem.

*

Sonhei várias coisas esquisitas essa noite. Sonhei com uma colega da época de faculdade que não vejo há um milhão de anos (não, não é a do post abaixo). Sonhei indo à estréia do filme "Julie & Julia" que quero ver e, entretanto, no meio do caminho, acontecia uma confusão que me deixava nervoso. Por fim, sonhei mais adiante, e de novo, com situação sangrenta. Acho que minha amiga Marlla é que está certa: estou vendo muito o seriado "Dexter"...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Encontro

Fiquei feliz hoje. Reecontrei uma colega, com quem fiz faculdade. Ela me contou seus planos de se tornar jornalista especializada em gastronomia. Disse de sua estada em Barcelona onde fez curso na área e sua disposição de também fazer uma pós-graduação. Já conheci pessoas que gostam de cozinha, de críticas de gastronomia e do prazer de comer. Mas alguém disposto a aliar o jornalismo com a culinária, de maneira profissional e dedicada, não se vê todos os dias por aqui. E ela é do tipo que fala do assunto com uma felicidade só. Foi um bom encontro.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Nova palavra

Aprendi uma nova palavra: prequela. Prequela é um neologismo dos anos 70, formado por pre (antes) e sequel (um trabalho realizado após outro, sequência). É aquele filme que conta uma história passada antes dos acontecimentos de um outro. O exemplo mais conhecido: os filmes da série guerra nas estrelas, do George Lucas ("Ameaça Fantasma", "Guerra dos Clones" e "A Vingança do Sith"), foram lançados muitos anos depois dos primeiros filmes ("Uma Nova Esperaça", "O Império Contra-ataca" e "O Retorno de Jedi") e, entretanto, narravam fatos que aconteceram antes. É o que Tarantino pretende fazer com seu "Bastardos Inglórios", que ainda não estreou no Brasil. Ele quer fazer uma seqüência com fatos anteriores... uma prequela.

Carnes

E então, o que fazer no fim de semana? Um assado com molho béarnaise como eu queria ou o acém cozido no vinho? Essa segunda sugestão vem da revista "Menu", publicação que relembra a opinião de muitos especialistas, a de que "não existe carne de segunda, e sim boi de segunda, ou cozinheiro de segunda". Li uma matéria especial nessa revista sobre carnes, que ensina ótimas opções na grelha, no forno, ou na panela. Uma opção interessante, curiosa pelo menos, é a picanha feita na panela. Não é comum no Brasil, mas parece ser uma prática corriqueira na Hungria, como atesta depoimento do chef húngaro István Wessel. Ele diz que em sua pátria a picanha é feita como um cozido e servido com raiz. Eu fiquei interessado também em um assado de bisteca ou "prime rib", como chamam os norte-americanos. Mas vamos com calma. Uma coisa de cada vez.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Filé

Estou em fase carnívora. Fiz o filé à parmegiana no sábado, que fez sucesso com Eloá e Beatriz. Gostei muito do prato, é gostoso e rende bastante. Nós três não fomos suficientes para dar conta do recado, sobrou bastante mesmo depois de um almoço farto. Usei contra-filé (que preparei à milanesa e depois fritei), queijo mussarela, queijo parmesão ralado, molho de tomate e pronto. Depois é só montar em assadeira e levar ao forno médio por uns 25 minutos. Na seqüência, ainda na fase carne, quero fazer um assado com molho béarnaise (que, entre outras coisas, leva vinho, gemas, estragão e pimenta-branca).

Dexter, Godfhater etc

Estou gostando bem mais de "Dexter" na segunda temporada. Vi no fim de semana uns seis episódios de vez. FBI caçando o herói, mais novidades sobre o passado dele, um triângulo amoroso que botou de ponta cabeça o namoro caretinha. É uma temporada bem mais movimentada e interessante que a primeira...

***
Revi, para acompanhar Eloá, o melhor filme de todos os tempos: "O Poderoso Chefão" ou "The Godfhater". Um filme como não existe mais, um Coppola que me ganhou para sempre como seu admirador. E o Al Pacino, que hoje só faz porcaria, está incrível como o jovem herói que vai se metamorfoseando em chefe da máfia, incorporando o modus operandi, o estilo, tudo aquilo de que parecia querer se distanciar no início. Falo de Al Pacino, mas o elenco é campeão. De Diane Keaton ao grande Marlon Brando. Tudo é lindo nesse filme clássico, cheio de referência às tradições italianas e com uma tensão onipresente. Sofro feito um cachorro velho com esse filme. Posso ver mil vezes, vou sofrer mil vezes.

***
Quero muito ver "À deriva", novo filme do Heitor Dhalia. O trailer promete. E óbvio, quero muito ver "Caro Francis", documentário sobre esse jornalista que descobri tarde e cujos textos adoro ler. Que o diga "O afeto que se encerra", seu livro de memórias de leitura deliciosa.

O processo

Retorno a Kafka e ao seu "O processo", que comecei a ler ano passado e interrompi a leitura no meio, não lembro agora sob que circustância. Voltei ao início. Nesse livro, Kafka mostra que é mesmo grande: ele passa grande parte do livro tratando de um processo sobre o qual pouco ou nada sabemos (nem nós nem o pobre do Josef K., principal personagem da trama). Ainda assim o livro é intrigante. Alguém diria que seu grande poder é de enrolar o leitor, o que não deixa de ser verdade. Mas é prazeroso ser levado pela lábia dele, que tem uma escrita fácil de acompanhar e envolvente desde o princípio.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Não sou dono da verdade

Curioso isso. Fato: tem gente insuportável no mundo. Eu não quero ser o dono da verdade. Mas é curioso quando observamos que muito mais gente também acha aquela pessoa (justamente aquela) insuportável. É uma feliz constatação saber que não se está sozinho no mundo e o universo se confunde com você. Não sou o dono da verdade. Sócio, talvez.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A filha pequenina voltou da casa da prima toda carinhosa no domingo. Estranhei. Mais tarde, estava no sofá vendo algo na TV. Ela me abraçou, beijou, deitou a cabeça no meu colo, agarrou o meu braço e não soltou mais. Fiquei sem jeito, não é todo dia que isso acontece, mas gostei. Ela é o tipo de menina que tem seus momentos e, nessas horas, quanto mais damos corda, mais dengosa ela fica. Percebi que, às vezes, é bom ter uma dengosinha por perto. Ela cresce, tem sete anos, percebe que cresce, e quer muito estar pareada com meninas mais velhas. Mas sei bem que ela tem suas recaídas como a pequenina do papai. Enquanto ainda existirem essas recaídas, nem tudo está perdido.

Uma noite no museu

Vi com prazer a comédia "Uma noite no museu" com minha filha pequena. No centro da trama está a preocupação de um pai em querer que o filho orgulhe-se dele. Não é nada novo, é verdade, mas o filme conduz a coisa de maneira divertida. O que vale para os pequenos são os efeitos especiais que fazem um mundo de personagens da história ganharem vida. Minha filha adorou essas cenas. Gostei mais pelo entusiasmo dela. Sem falar que o filme não deixa de ser um estímulo à visita aos museus, uma prática cada dia mais em desuso.

*

Terminei a primeira temporada de "Dexter". Não é mau. A série é toda coerente, mas admito que gostei mais dos episódios finais. A idéia do seriado é original e interessante. A entrada em cena do personagem do assassino do caminhão de gelo, e seu envolvi- mento amoroso com a irmã do mocinho, deu um up na série (até mesmo porque cresceu enormemente as cenas da Jennifer Carpenter com pouca roupa). Vamos ver como será a segunda temporada.

Bife enrolado

No feriado, inventei de fazer bife enrolado com recheio de cenoura e bacon. É preciso dizer que poucas vezes fiz bife na vida. E quando ocorreu, eu já os trazia cortadinhos do açougue. Desta vez, me desafiei a fazer o passo a passo completo, desde o início. Escolhi o corte de coxão mole, depois de ler o suplemento do Estadão que diz ser uma boa opção para bife rolê: “O coxão mole não é tão versátil, mas é muito saboroso”. E descobri que é mesmo. Os bifes ficaram ótimos, acompanhados de salada e arroz temperado. Acho que ajudou tê-los cortado bem finos, para isso a faca precisa estar muito amolada. Temperei com alho, pimenta, sal (pouco), cebolinha e noz moscadas. Deixei uma hora e meia pegando o gosto. O resto é diversão, colocar a cenoura cortada em tirinhas, o bacon idem, e fechar os rolos com palito. Na hora de ir ao fogo usei azeite de oliva para refogar um pouquito de bacon, meia xícara de cebola, outra de tomate e uma colher de pimentão picado. Cobri a panela e tive o cuidado de virar de vez em quando. Fica pronto rapidinho, acho que em menos de meia hora estava pronto.

Gran Torino


"Gran Torino" é um grande filme de Clint Eastwood. Devo confessar que vinha sem tanto entusiasmo depois de seus dois filmes de guerra - "Cartas de Iwo Jima" e "A Conquista da Honra" - que foram tão incensados e pelos quais não morri de amores. Claro que conta o fato de que pouquíssimos filmes de guerra me empolgaram alguma vez na vida. "Gran Torino" é bom desde as primiras cenas, começa justamente com o velório da sua mulher. E ali já temos informação importante sobre a relação da família com o personagem de Eastwood. Ele é Walt Kowalski, um ex-combatente da Coréia, um cara duro, da "velha escola", trabalhou boa parte de sua vida na Ford e tem dificuldade de conviver num bairro que foi invadido por orientais. Porém, ele acaba se aproximando de uma dessas famílias, após a tentativa de roubo de seu automóvel, o Gran Torino do título. É um filme que trabalha a tolerância, mas não é daqueles em que o personagem sofre uma grande transformação para ganhar sua redenção final. O personagem de Clint é turrão, boca suja, ele só quer tomar a sua cerveja e cuidar de sua vida em paz. Ele vive sozinho, os filhos o evitam o quanto podem. Achei a história tão bem amarrada, desde o início até aquele final surpreendente, um dos melhores desenlaces que lembro de ter visto em filme. E a canção final, interpretada pela voz do próprio Eastwood, é um bônus a mais. Faz tempo que não via um filme tão bom.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Claudinha


Fiquei indeciso até o último minuto. Enfim sai de casa para o show de Claudia Leitte ontem, no Farol da Barra. Minha indecisão tem razões. Não gosto de muita gente junta, não dessa forma. Brinquei meus mais de 20 carnavais, eu sei, sou um entusiasmado dessa festa. Mas sei onde piso, os lugares onde vou e o quanto de multidão quero encarar. Em geral, gosto de show para ver no conforto, sentadinho. Neste sentido, sou mais de ver um Paulinho da Viola... Mas consigo me meter numa festa de rua também. Sei me adaptar. Claudinha (muitos a chamam assim) fez um show grande, bem produzido. Me interessou bastante a abertura com aqueles soldados em estilo romano. E do meio do turbilhão foi bonito ver a cantora flutuar do meio do palco, aterrisando mais à frente para começar o show. Foi um início de impacto.

Cláudia não é um projeto comercial para enganar trouxa. Não é um artifício. Sei que isso é complicado. Tem muita gente que gosta de bater firme na música de sucesso feita na Bahia. Mas seus shows não fazem sucesso à toa. Para as pessoas atentas, daquele palco, um século de história os contempla. (A paródia a essa frase de Napoleão, creio que vem à calhar - ele teria dito aos soldados na invasão do Egito: "Do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam". É a mesma frase que o baiano Castro Alves usa de epígrafe em seu lindo poema "O século"). Naquele palco, naquele repertório, até no remelexo de cintura de Claudia Leitte tem uma tradição baiana, tem uma história. A Bahia aprendeu a fazer muito dinheiro com talento, molejo, cultura, tradição e, óbvio, com o aceno ao componente sexual.

Há artistas que sabem compor tudo isso bem, que usa bem esse repertório cultural e sabe prestar as devidas reverências ao patrimônio que esse pedaço de terra acumula. É bom ver que o show dá mostras de muita gente de alto nível profissional envolvido. Do figurino à luz, das coreografias aos arranjos (que, para regozijo de gente como eu, traz pitadas de samba-de-roda aos montes). Foi um show bom, em local amplo e belo, acessível a todos que quiseram ver. Retornei para casa feliz. Com a imagem na cabeça de Claudinha sambando feito uma desvairada. Linda como sempre.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Traídos pelo desejo

Vejo todos os filmes que me são indicados. Minha preferência é por filme bom, independente de ser drama, romance, comédia, guerra, épico, animação, artes marciais, sci-fi, noir, western... gosto de filme. Não me incomodo nem um pouco de ver filme de entretenimento, blockbuster. Alguns estão na relação dos meus melhores filmes, mil vezes mais que alguns outros chatanças da linha de filme de arte ou filme "cabeça".

Não significa que não gosto de filme estranho, fora do convencional, que rasga o manual do filme feito só para vender. Há um milhão de filmes assim que me fizeram viajar no bom (óti- mo) sentido. Sem pensar muito, citaria "Camisa-de-força", "Con- fissões de uma mente perigosa", "Irreversível", "Dançando no Escuro", "Dogville", "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", "Quero ser John Malkovich", "Oldboy".

Estou com essa conversa sobre filme estranho para falar na verdade de um filme do qual me lembra agora por email um amigo meu. Ele assistiu pela primeira vez "Traídos pelo desejo", relaciona como filme estranho (que nem acho que é), e diz que adorou. É um filme que causou bastante discussão à época, vi em vídeo há uns duzentos anos.

Ele me diz "cara, chegou em minha mão por acaso e adorei. Muito doido, mas legal pacas. Achei meio escrotinho e nojento (a parte da "óóó", da descoberta). Pode ser que vc goste". Eu gosto muito na verdade. "Traídos pelo desejo" é ótimo filme do Neil Jordan, que é um cara que respeito muito. Não tanto por um "Café da manhã em plutão" da vida, que é bem feitinho e tal, mas um tédio eterno. Gosto mais por coisas como "Valente", "Lance de Sorte", "Fim de caso" e "Entrevista com o vampiro". "Traídos..." é corajoso, honesto e, antes de tudo, uma história bem contada, com ritmo, suspense, humor. Bateu a vontade de rever.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Machado

Concluí "Memórias Póstumas de Brás Cubas" com a sensação de estar lendo pela primeira vez um livro que já tinha lido. Acho que sei explicar isso. Tem muito tempo desde a primeira leitura, que me causou uma pequena revolução na época. Eu tinha um sentimento todo diferenciado sobre alguns autores dos quais ouvia falar. E me parecia um terreno solene, formal, culto. Quero dizer, sem espaço para o jeito humorado e sardônico que Machado de Assis me revelou à época. Entendi que é possível para os grandes escritores serem imaginativos, fazerem literatura de alto nível, e ao mesmo tempo serem extremamente divertidos.

Neste livro, grande parte dele é dedicado ao amor proibido que Brás Cubas vive com Virgília. Não se trata de feitos notáveis de um grande homem. Mas da vida ordinária de um cidadão que viveu da herança do pai, não casou, brigou com a única irmã e quase não teve amigos. A visão do "defunto autor" é pessimista e a vida é levada sem grandes acontecimentos. A história é entrecortada, vai e vem no tempo, tem inúmeras pausas para relatar aspectos menores, reflexões curiosas, até a morte de uma borboleta, e por aí vai. O que poderia ser um relato sem sal, torna-se uma narrativa interessantíssima pela forma como Machado conduz a coisa.

Em geral, é uma curtição ler o escritor, qualquer livro, qualquer história. Por exemplo, por causa desse novo filme de Julio Bressane sobre obra de Machado, "A erva do rato", eu procurei para ler os contos em que o filme se baseia. Um deles é "O esqueleto". É sobre um homem que mantém em casa o esqueleto da ex-mulher e chega a fazer as refeições tendo o esqueleto à mesa, mesmo em presença da atual esposa que morre de medo de um hábito tão macabro. É uma situação absurda que se explica na história. A forma como é contada e como se dá o desenlace é coisa de mestre, envolvente até o fim. Machado é um escritor que não tem data. Não pertence ao século XIX onde nasceu. Parece cada dia mais atual.

Felizes

Queria fazer um estrogonofe com filé. E cachaça. Saiu no sábado, dia que viu grande movimento na cozinha. Eloá elogiou. Pensei em minha filha, que chegaria de viagem no domingo. É um dos pratos preferidos dela. Vá entender cabeça de criança. Ela gosta de pizza, lazanha, macarrão com molho de almondegas, frituras em geral e gosta de estrogonofe. Para compensar, forço a barra para ela tomar sopas, caldos e saladas. E fruta sempre, claro. No mesmo sábado, tinha feito ainda um ensopado de frango. Tenho estado com um desejo irrefreável por ensopado de frango. E, pensando na janta, fiz uma receita que lembrou um tempo, há muitos anos: sopa com osso de patinho. Delícia. Daí minha irmã liga no domingo. Estou indo praí. Ok. Mesmo tendo o que servir, achei por bem reforçar as coisas com panquecas recheadas com molho à bolonhesa. E uma saladinha para acompanhar. Até porque minha irmã não gosta de estrogonofe (e de nenhum prato que leve creme de leite). Comemos bem. Depois revimos (eu e Eloá) "Cassino Royale" para acompanhar minha irmã. Vontade não faltou de repetir o drink que me deu o maior porre no ano passado, dry martini, imitando a receita, recitada por Bond nesse filme, que leva vermouth, gin, vodka e raspa de limão. Mas estava quieto depois de umas cervejas até tarde no dia anterior. Ainda assim, creio que fomos muito felizes nesse fim de semana.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Setaro

André Setaro é professor da UFBA e crítico de cinema. Tenho saudade das suas aulas e, mais que isso, das suas tiradas. Estou matando um pouco da saudade com seu blog e agora com sua presença no twitter.

Uma das coisas que lembro bem dele é a descrição que fez do momento em que assistiu a "Psicose", não o original de Hitchcock, diretor que ele adora (e eu também, instigado por ele). Mas a versão de Gus Van Sant do clássico. Ele saiu do filme de Gus Van Sant e foi direto pro bar. E resumiu a cena assim: "Ver aquela porcaria me causou o maior prejuízo. Tive que tomar mais de dez chopes para passar o baque..."

Ele agora está no twitter e continua com suas opiniões. Olha o que diz sobre o cigarro: "Há algo mais prazeroso do que fumar um cigarro após tomar um cafezinho? Não conheço nada na vida que dê tanto prazer." E também: "Concordo que o cigarro é nocivo à saúde, mas defenderei até à morte os direitos dos fumantes terem-no como amigo e companheiro."

Continua sendo a mesma ótima figura que conheci.

Convite

Revelo agora. Há alguns meses a modelo tudo de bom, Ana Beatriz Barros, me convidou para ser seu amigo no orkut (era fake?). Não importa. Aceitei. E deixei um recado para ela: "Aceitei seu convite. Agora aceita o meu: casa comigo?". Estou aguardando resposta.

Questão de gosto

Gosto se discute. Era o que dizia um querido, e muito capaz, professor da faculdade. A disciplina era "Estética". Falávamos, creio, a respeito de alguns alunos terem dito que não gostavam dos filmes de Glauber Rocha. E esses alunos se defendiam dizendo que era questão de gosto e que gosto não se discute. O professor argumentava que esse gosto fora construído, havia uma história por trás. E que, enfim, tudo é passível de discussão. Pode ser.

Apesar de admirar muito esse professor. Sobre esse assunto, eu gostava mais de um outro, da disciplina "Análise de filmes". Esse segundo professor chamava o diretor baiano ironicamente de "glauber rosas" (havia apelidos para todo mundo em suas aulas; Tom Cruise, que ele gostava de ridicularizar, era "Antônio Cruz"). Pois esse segundo professor não gostava de Glauber, dizia que seus filmes estavam a serviço de difundir sua visão politica do mundo. E filmes não são (ou não deveriam ser) veículos de uma teoria ou de uma "verdade", por mais nobreza que o seu autor ache que seu conjunto de idéias encerra.

Sei que é uma questão complexa, mas eu concordo com esse pensamento. Li um artigo recente comparando a perenidade de Charles Chaplin e a de Glauber Rocha. Diz o artigo que os filmes de Glauber estão hoje restritos a exibições minúsculas em espaços para aficionados, ou seja: morreu para o circuito comercial. Chaplin continua tendo seus filmes exibidos em mostras no mundo inteiro e mesmo na TV, de vez em quando, aparecem lá seus filmes com uma freqüência significativa.

Os filmes de Chanplin contam uma história antes de tudo. Mesmo que haja ali um pensamento sobre as coisas, não são filmes panfletários - nem mesmo "O grande ditador" ou "Tempos modernos", que se passam em períodos históricos específicos. Sou um apreciador que não cansa dos filmes de Chaplin. Outro dia vi "O circo" com minha filha de sete anos. Ela ria muito com as cenas e eu fiquei surpreendido com essa capacidade dos filmes atemporais.

Acho que é isso que aquele professor defende quando ataca os filmes que são apenas discursos travestidos em imagens. Eles não vão além de um período. Precisam de um contexto para fazer sentido. Gostava muito da personalidade elétrica de Glauber. E gosto de "O Dragão da Maldade..." e de seu antecessor, "Deus e o diabo na terra do sol", ironicamente o filme que ele declarou ser sua tentativa de fazer um western brasileiro. "Terra em transe" nunca me encheu os olhos. Apesar de um Paulo Autran alucinado e com a performance excepcional de costume.

Mas, enfim, não quero com isso dizer que meu gosto é selo de qualidade. Longe de mim. Até porque gosto, como tudo, é discutível.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cigarro

A personagem de Maria Manoella em "Nossa vida não cabe num Opala" senta ao lado do personagem de Jonas Bloch, que está fumando charuto. Eles estão numa churrascaria. Ela abre a bolsa, retira o isqueiro, acende um cigarro e traga. Lindo ver que nem todo mundo no cinema se dobrou aos tempos politicamente chatos. Imagine higienizar o mundo dessa forma, como se não existissem mais fumantes (como ocorre na maioria esmagadora dos filmes atuais). É a ficção que quer ficar presa na ficção, sem contato com o mundo real.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Banda larga

Não digo isso de todas as canções mas, no geral, estou gostando muito do disco "Banda larga cordel", o mais novo do Gil. Venho ouvindo nos últimos dias e especialmente nessa tarde de feriado, enquanto preparava algo preguiçosamente na cozinha. Por enquanto, minhas preferidas são "Despedida de solteira" e "Samba de Los Angeles".

Nossa vida etc...

Fui com toda boa vontade assistir ao brasileiro "Nossa vida não cabe num Opala", primeiro filme de Reinaldo Pinheiro, baseado na peça de Mário Bertolotto. Não gostei. O título é bacana, apesar de terem feito um improviso depois que a GM não autorizou usar o nome Chevrolet, que está na peça de Bertolotto. Muita coisa me incomodou no filme e acho que havia um ótimo material em mãos (o que me dá uma imensa vontade de ir atrás da peça que inspirou o filme). Não faltaram boas intenções a Pinheiro. A história tem no centro uma família que transita na marginalidade e é explorada até o osso pelo sádico (e rico) criminoso vivido por Jonas Bloch. Não deixa de ser um tipo de abordagem da exploração do homem pelo homem, e isso segue o filme até o fim. "Nossa vida..." tem atores conhecidos e desconhecidos no elenco principal. Em geral, eu gosto do Leonardo Medeiros, que aqui faz o irmão mais velho, mas me incomoda seu personagem derrotado e entregue à bebida.

O filme tem umas cenas desencaixadas, fora da história normal, em que os três irmãos, um de cada vez, são seduzidos por Sílvia, personagem da Maria Luiza Mendonça. Não entendo a função dessas cenas na história. Tudo bem que há outras "viagens" ao longo do filme, como a presença aqui e ali do fantasma do patriarca da família, papel de Paulo César Pereio. Mas desde o fantasma do pai de Hamlet, não são novidade mortos que voltam para conversar com os que ficaram. É uma referência reconhecível e compreensível. Na seqüência do estupro, me parece que há uma tentativa de acenar para o Plínio Marcos; mas acaba sendo teatro demais e realidade de menos, nem um pouco verossímel. Assim como alguns personagens que são caricaturais acima da média. A trilha irrita em alguns momentos, concorrendo com as cenas, conflitando com a ação dos personagens. Nesses assuntos de cinema cru e realidade dura, melhor ficar com um Cláudio Assis da vida. Seu cinema não me agrada de todo, mas não há como negar um tremendo talento para mostrar a miséria humana.

1º de julho

Meu amigo Franklin comemora aniversário na próxima semana, primeiro de julho. E eu conheci Cássia Eller justamente cantando "Primeiro de julho", feita para ela por Renato Russo. E lembro sempre de Franklin quando ouço por causa da data. Uma das tantas vezes que estive com ele em seu aniversário, ficamos uns quatro ou cinco bravos amigos até a madrugada enchendo a cara e ouvindo - o quê mesmo? - acho que Clara Nunes (sim, era ela. A mais repetida era aquela incrível canção "Juízo final" de Nelson Cavaquinho, linda na voz de Clara.) Na minha cabeça, de vez em quando vinham pedaços de "Primeiro de julho". Engraçado, porque a música nada tem a ver com Franklin. Lembro também dele com as músicas da banda Karnak (ainda existe?). Ouvíamos muito enquanto eu falava mal da minha ex-mulher. É uma boa trilha para desancar ex-mulher. Vale experimentar. Semana que vem poderemos desenterrar essa e outras histórias.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pelo menos o primeiro episódio que vi, achei muito bom. Falo da série "True Blood". Amanhã vejo mais alguns episódios. E desejando que siga um bom caminho... Boa parte do meu tempo foi dedicado a rever "Minha nada mole vida", a série com Luiz Fernando Guimarães, escrita pelo casal Fernanda Young & Alexandre Machado. Só coisas boas nesse feriadão...
Produtos de TV absolutamente deliciosos como "30 Rock" e "The Office" compensam qualquer aborrecimento que se tenha na vida. E ainda tomando uma mistura doida e inusitada que seu Régi, um senhor do meu trabalho, ensinou malvadamente: martini com vodka. O pior é que o troço é ruim, mas é bom.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

The Sarah Connor Chronicles

Difícil para um viciado em séries como eu, começar a ver algo e não ir até o fim. Foi com esse instinto que vi todos os episódios das duas temporadas de "Terminator: The Sarah Connor Chronicles". Não consegui desgrudar. O que não significa que fiquei cem por cento feliz. Há um milhão de coisas inexploradas na série e muito material que aparece só para encher lingüiça. Detesto quando uma série faz isso. Tipo aqueles capítulos que nada têm a ver com o curso dos acontecimentos; é o sonho de um personagem, uma viagem inútil, um desvio sem sentido, um detalhe que os roteiristas inventam para esticar a história e cumprir a quantidade de episódios. É horrível quando acontece, porque deixa a história principal esperando enquanto a gente vai sendo enrolado.

Alguns personagens dessa série são sub aproveitados demais para o meu gosto. É o maior pecado, porque é no elenco que está o maior lastro da trama (e nisso incluo a protagonista vivida por Lena Headey). Os efeitos não são novidade e não avançam nada em relação ao que se viu nos filmes. E a história é rocambolesca demais para segurar a atenção sozinha. São os atores que mais contribuem para o interesse nos episódios. A maioria está muito bem. E entre todos, o melhor ativo da série é o ciborgue que a Summer Glau interpreta (li depois que o nome do personagem, "Cameron", é uma homenagem ao diretor dos primeiros e ótimos filmes da grife "Terminator").

Também penso o quanto de legal poderia ser a série se explorasse mais o universo adolescente em torno do John Connor, como chegou a ocorrer em alguns episódios. Tudo indica que o caminho pensado era esse pelo elenco todo jovem e por grande parte das cenas da primeira temporada se passar numa escola. O desenvolvimento de John Henry, o robô em desenvolvimento, também foi um achado, permitiu bons diálogos, alguns dos melhores das duas temporadas. E a Summer Glau socando vilões também é muito bom. Quase tão bom quanto o close nas pernas de Sarah Connor no episódio piloto. Foi de deixar até máquina babando...
Não serei um cara completo enquanto não tiver um outro filho. Ou pelo menos, enquanto não fizer um assado de carneiro temperado com hortelã, com um molho de pimenta retado pra acompanhar. Não me sentirei completo enquanto não fizer uma dessas coisas. O que vier primeiro.

Almoço com os sogros

Fiz em casa no domingo um almoço para receber a sogra e o sogro. Eles queriam comer um feijão. Boa. É sempre ótima pedida para o fim de semana. Caprichei e não deixei de estar tenso em vários momentos, pensando que tudo daria errado. Mas deu muito certo. O detalhe interessante foi ter tido a feliz idéia de fazer diferentes tipos de salada para acompanhamento - fiz três tipos. Além, obviamente, da obrigatória farinha de mandioca e do arroz branco. E um molho de pimenta que ficou especial com o acréscimo de meia colherinha de mel. O almoço deu super certo, sogros felizes, elogios reiterados. Me servi apenas duas vezes, sou um rapaz educado. Depois que as visitas foram embora, pude me servir outras duas vezes e me dar por plenamente feliz. É nessas horas que acredito que a felicidade existe mesmo...

Dia de hambúrguer

Deu na telha de preparar hambúrguer. Usei o que tinha em casa e, não, não tinha patinho e picanha como ocorreu da outra vez. Mas calhou de ter soja e uma preguiça imensa de ir ao açougue. Soja então. Fiz uma mistura da soja (uma xícara e meia antes da hidratação) tempero com sal e pimenta, acrescento ovos (dois) e farinha de trigo (duas colheres). Pus no forno os discos (pense em almondega, só que achatada) por 30 minutos. O resto foi fácil: alface, tomate, pão quente, catchup (não gosto tanto) e mostarda (adoro). Montei os sanduiches e sentei à mesa com uma xícara de café. É verdade, foi o nosso café da manhã de hoje, praticamente um almoço, porque já eram mais de uma da tarde quando saiu a primeira mordida. Comi três espécimes. Grandes diferenças de um hambúrguer de carne? Sim, nítida. Graaaande diferença, imensa? Não. E matei a vontade. Ah, tá, e ficaram deliciosos. Tenho testemunha!...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Megan

Troco meu reino por uma coleção da GQ americana. Em julho, a capa tem Megan Fox. Ela tem falado umas coisas bobas, não é boa atriz, e eu odiei o seu filme "Transformers". Mas quem se importa com outras coisas depois que se depara com - para ficar num único pedaço dela - aqueles olhos?...

Como escreve bem, corretinho, e com estilo, essa menina do blog "Eu dou para idiotas". E que nome ótimo para um blog de menina. O link http://eudoupraidiotas.blogspot.com

My friend

De novo, os amigos. Tenho poucos, mas bons, o que para mim é suficiente. Pensava outro dia que todos eles têm um talento além do fato de serem meus amigos (o que é um diferencial, certamente). Em algum nível, todos são companheiros do humor cínico. Não seriam meus amigos se não fossem assim. Esse prólogo é para falar de um sofrimento real por um motivo inexistente. Uma amiga querida sumiu do meu radar e eu estava certo de que tinha feito alguma merd... que provocara o afastamento. Putz, declarava para as pessoas próximas que sentia falta daquele ser humano, muita. Daí o ser humano aparece, ela, e me faz a maior saudação, na cara limpa. Diz que sumiu, confessa, que está do outro lado do mundo (o Brasil é um mundo, não?) e que nada depõe contra a minha pessoa nos autos. Poxa, isso é que é alívio, sartisfação. Mas isso não se faz, ok, mocinha! Estava preocupado, tá? Obrigado por dar sinal de vida. Saudades, velho.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Marcela

Em maior ou menor grau, quem não teve a sua Marcela? Estou relendo "Memórias Póstumas...", de Machado, e é delicioso reviver essa história. Marcela é uma escrota, seduz o bobo do Brás Cubas, que lhe traz jóias e mais jóias como prova de amor. Ela aceita e estimula que ele lhe traga presentes caríssimos. Na hora que o coitado é obrigado a viajar à Europa, porque está causando um prejuízo enorme ao pai, ela lhe dá um pé na bund... Ele embarca à força para Portugal e traça um plano: sem que ninguém veja, intenta mergulhar no oceano repetindo o nome de Marcela. Felizmente, ele não consegue se matar e a história segue. Pelo que desnorteou o jovem Brás Cubas, dá para desconfiar do poder de fogo da moça, o quanto ela era encantadora. Não culpo o cara. Provavelmente, não faria diferente se estivesse em seu lugar.