segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dom Casmurro

Então terminei de ler Dom Casmurro. Acho que vou ler cem vezes e cem vezes eu vou ficar compadecido com Capitu naquela hora fatal que Bentinho diz que o menino não é seu filho. Toda a seqüência desde a tragédia na praia até o desenlace propriamente dito é forte, emocionante. Até o último minuto, parece que Bentinho vai voltar atrás e perdoar. Ele não perdoa. Nem pestaneja. Não falo com isso que acho que Capitu é culpada nem que é inocente. Falo que independente de culpa, ela ganha as minhas simpatias desde a primeira leitura. É um personagem magnético. Tudo no romance respira na direção de apontar a culpa de Capitu. Mas é fácil aceitar o argumento de que Bentinho não é narrador confiável. E como é cruel e frio no fim, putz. Aquela situação do filho, que o adora, e ele frio, querendo distância, é de cortar o coração. É um sujeito magoado, ferido de morte pela crença de que fora traído. Claro que Dom Casmurro só é o romance que é porque as coisas não terminaram bem. Um final feliz condenaria o livro ao esquecimento. Felicidade a gente esquece. Um acontecimento ruim corta a carne. Fica na memória. Mais uma vez valeu a pena ter lido. É um livro soberbo. E me cativou mais que a leitura de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", que também não é um livro ordinário. Longe disso.

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Agora quero rever a microssérie "Capitu", de Luis Fernando Carvalho, que acaba de sair em DVD.

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