sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sono

"Não durmo nem espero dormir./Nem na morte espero dormir."

Cito esses versos de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa com frequência, um poeta que adoro, e um poema ("Insonia"), dos que mais me deslumbram na obra do escritor português. O poema que já conhecia e amava se tornou o tema de um espetáculo de balé encenado pelo Balé TCA, uma apresentação vigorosa, de não sei quantos anos atrás, e que até hoje me vêm à memória quando penso no poema. Cito muito esses versos porque tenho frequentemente problemas com sono, agitação durante a noite e cansaço durante o dia. Não é um troço saudável. Gosto da noite, de sair, de fazer atividades, de ver TV, de ficar com a patroa na sem vergonhice etc. Mas detesto não conseguir dormir. E sinto que isso me desequilibra. Nos dias que dumo bem, acordo melhor. Nos dias que durmo mal - muitos, muitos - acordo chateado, pilhado.   

E o poema na íntegra:

"Insônia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."

segunda-feira, 25 de junho de 2012

São João

Final de semanda vendo filmes, claro. Entre um licor e outro, entre uma saída e outra. Saí bastante, desde quinta-feira, todos os dias pra tomar uma e curtir a companhia deliciosa da patroa. Foi um São João muito bom, divetido, nada cansativo, até dancei forró e fui tomar um café no Santo Antônio Além do Carmo. Um lugar charmoso, com aquela vista linda do mar, entramos pelo Cafelier, um café instalado num dos casarões do Centro Antigo, com trilha sonora de bossa nova.

Dos filmes que vi, o melhor foi "Shame", de Steve McQueen. É o filme em que o Michal Fassbender é um viciado em sexo e tem essa irmã problemática, a bonitinha e sensualíssima Carey Mulligan. A cena dela cantando "New York, New York" é triste e bem interessante. O filme é ritmo lento, tem esse personagem quieto, complicado, triste do Fassbender. Às vezes um ator se destaca e quando vê está aparecendo em tudo quanto é filme. É este o caso aqui, mas o cara é muito bom mesmo. Confesso que gostei do filme, gostei mais ainda da Carey.

A versão de David Fincher para "Os homens que não amavam as mulheres" é melhor que o original sueco. Gostei de ambos, mais o de Fincher é mais autoral, tem mais estilo, é um produto melhor. O meu problema é que não fico totalmente satisfeito com nenhum filme adaptado de livro. Sempre acho que a versão cinematográfica atropela tudo e sai comendo passagens importantes, detalhes que fazem toda a diferença. É um problema, na maioria das vezes, sem solução porque o filme sempre será um espaço curto para uma história que teve todo tempo necessário no papel. Dito isso, é preciso dizer que o filme de Fincher é bem digno.

Vi o terror "O despertar" que no trailer parecia ser bem melhor (E olha que em geral não gosto dos trailers atuais, que são videoclipes iguais uns aos outros com seu cortes acelerados). O filme é bem mais ou menos. A coisa boa é a beleza magnética da Rebecca Hall (uma das estrelas de "Vicky, Cristina, Barcelona", de Woody Allen), ela tem ótima presença em cena. Na cena de toalha então, excelente.

Já o filme "Sherlock Holmes", do Guy Ritchie, fui ver não sei porque cargas d'água. Desde o início, a idéia de um sherlock "moderno", físico, e distante do personagem que conhecemos dos livros, me pareceu bizarra e totalmente nada a ver. Foi exatamente o que achei nos primeiros minutos do filme, apesar do Robert Downey Jr., que é um cara de quem gosto. Desliguei ainda no começo e fui procurar melhor coisa para fazer. Como diz o Inácio Araújo, já tinha perdido o meu dinheiro. Não precisava perder também o meu tempo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Melancolia e promessas de amor*

Outro dia, conectei o celular no Youtube e caí numa versão de “Essa noite não”, sucesso de Lobão de 1989. De bobeira, fui seguindo a trilha de canções dessa época, um caminho de nostalgia sem volta, uma espécie de ticket gratuito de viagem no tempo.

O que foi a música dos anos 80? Para mim, um garoto nascido em 1975, foi bastante coisa. Quando tinha entre 5 e 17 anos, descobri o ouro e entrei numa febre de coisas como Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Havaí, Titãs, Cazuza e Raul Seixas.

O rock nacional era a trilha sonora da minha vida tanto quanto as canções das novelas da época e dos filmes de Hollywood.

A minha turma colecionava os discos das bandas (em vinil, claro), decorava as letras do encarte, guardava os recortes das revistas e íamos atrás dos discos mais antigos que gravávamos em fitas cassetes.

Nós queríamos aproveitar a onda, montar uma banda e fazer muito sucesso (e com isso conquistar todas as menininhas, óbvio).

Desde novo, eu também ouvia os medalhões da MPB porque era o que meus irmãos ouviam o tempo todo em casa. Era o período em que estávamos numa transição, saindo da Ditadura Militar, período de redemocratização do país.

Com tanta informação circulando – e foi nesse período que começou meu gosto pelos livros – a TV também fazia a minha cabeça.

A TV, o rádio (e as revistas em quadrinho) foram componentes importantes da minha formação. Ver as coisas na TV, ouvir o som (nas alturas) na vitrola de casa e sair correndo para compartilhar impressões com os amigos era uma rotina irresistível.

Voltar àquele período, ainda que seja pela via momentânea das canções, deve servir para alguma coisa – nem que seja para matar o tempo de uma forma divertida.

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 * “Melancolia e promessas de amor” é um verso da canção “Anos 80”, de Raul Seixas, do disco “Abre-te Sésamo”.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Prometheus

Fui ver "Prometheus" neste fim de semana, a prequel de "Alien - O oitavo passageiro", dirigido por Ridley Scott. Gostei muito do filme, provavelmente um dos dois ou três entre os melhores filmes que vi este ano (nos últimos cinco anos?). "Prometeus" é muito bom. Especialmente se a gente vai ao cinema atrás de entretenimento de bom nível. Gosto muito de como as coisas são apresentadas, os cortes, a montagem e roteiro que vão revelando as coisas aos poucos. O bom suspense é feito de uma estrutura em que o espectador só fica sabendo das coisas na hora certa. Até lá vamos recebendo pedaços de informação para ir montando o quebra-cabeças. Está aí um dos prazeres: ir reunindo as informações e montando o quadro. O filme é grandioso, claustrofóbico e épico em diferentes momentos. Há as cenas em ambientes mínimos (dentro de uma cápsula de cirurgia) e em ambientes macros: na superfície da lua alienígena, cenas que na verdade foram filmadas num pedaço deslumbrante da Islândia. O elenco é estelar e está muito bem, com destaque ao quarteto central (Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron e Guy Pearce). Desse grupo, não é difícil destacar o robô do Michael Fassbender, incrivelmente verossímil e cativante. Não é um personagem fácil, em boa parte do filme ele é um ser misterioso apesar do tom de voz educado e simpático. No final das contas, é um dos antagonistas e responsável por uma experiência traumática para a heroína da trama. Por falar nisso, ela também merece destaque: o papel aqui recaiu sobre a atriz Noomi Rapace, que está muito bem em cena. Como em Alien, sem informação prévia, não dá para saber quem vai ou não sobreviver a uma experiência aterrorizante que não promete muitas esperanças aos humanos. O filme fala sobre origem da espécie, busca de respostas sobre quem somos e para onde vamos, questiona religião, põe em xeque a ciência. Nada disso é tão interessante quanto a sensação passada ao espectador de vulnerabilidade total diante do desconhecido. Essa que é a matéria prima de todas as histórias de suspense e terror. O filme combina questões metafísicas com cenas de ação muito bem feitas. É um trabalho pelo qual vale a pena sair de casa e sentar na frente da tela do cinema.

*

Ridley Scott é um cara que admiro. Os seus dois Aliens (O oitavo passageiro e O resgate) são excelentes, estão entre os melhores filmes de ficção e suspense da história do cinema. Sua filmografia é bem irregular, tem de tudo um pouco. Eu adoro Blade Runner, sobre o qual já fiz trabalho na faculdade, um filme que sempre me fascinou. Outros destaques, eu citaria “Thelma & Louise”, “Gladiador”, “O gângster” e “Um bom ano”. Mas é uma escolha absolutamente pessoal. O critério é o meu próprio gosto. Em outros filmes seus, não morro assim de amores, mas ele é um diretor que sempre tem algo interessante a dizer.

sábado, 9 de junho de 2012

Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios


Gostei bastante de "Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios", filme de Beto Brant e Renato Ciasca. No começo, confesso que estranhei as cenas sem explicação que vão se sucedendo, sem uma narrativa propriamente. Também encasquetei com a mulher pelada na praia aparentemente posando para um ensaio fotográfico. Gosto de nudez, tudo certo, mas uma nudez gratuita não ajuda um filme. Ainda acho aquela abertura dispensável. Mas isso é de menos. O filme tem uma coerência e sua narrativa estranha, fugindo da linearidade do começo, meio e fim, acaba-se acostumando com ela. A mistura de narrativa com imagens do ambiente - florestas, rios e outras paisagens do norte - é um atrativo e enriquece o filme. Os diretores não deixam de criticar o desmatamento da floresta e a exploração das riquezas naturais, há cenas de personagens discursando contra essa exploração. Sem o cenário, seria apenas uma (boa) história de triângulo amoroso. O ambiente faz toda a diferença e dá força incomum ao drama. Camila Pitanga está bem, sem vergonha, mostra talento, se entrega bastante ao personagem. É uma figura bela, com os lábios grandes e bonitos bem adequados ao título. Seu personagem é forte e multifacetado. E a atriz segura a onda bem nos vários momentos do filme. O restante do elenco também está bem em cena: Zecarlos Machado é o marido da personagem de Camila; Gustavo Machado é o outro vértice do triângulo. Como se deve imaginar, não espere final feliz neste filme. O que não é ruim.

*

Me aborreceu um pouco o filme "A dama de ferro", de Phyllida Lloyd. Gosto das cenas que contam como uma mulher conseguiu ascender ao principal posto político de uma Inglaterra dominada por homens. Não gosto tanto das cenas da velhinha tentando conviver com seus fantasmas e suas lembranças da mulher que foi. E são essas passagens que guiam o filme. No final, é um filme de atriz, feito sob medida para Meryl Streep brilhar em cena. Ela, como sempre, não decepciona. Mas está longe de ser um filme imperdível.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Aplauso

Sou um admirador de Ruy Castro desde que li "O anjo pornográfico", a sua estupenda biografia de Nelson Rodrigues. Ontem, em sua coluna no rádio (tão imperdível quanto sua coluna na Folha de São Paulo), ele fez um comentário com o qual concordo plenamente. Criticou a mania miserável que as pessoas tem hoje em dia de ir a espetaculos, seja músical, seja teatral, seja qual for, e ao final aplaudir de pé efusivamente. Tornou-se uma rotina. O espetaculo pode ter sido - e geralmente é - uma porcaria de marca maior, mas o auditório levanta e aplaude como se tivesse acabado de ver uma magnífica e exclusiva apresentação da maior grandeza. Eu sempre me incomodei com isso. E sou daqueles que fica sentado em minha cadeira, às vezes sem aplaudir se o espetáculo não merece, ou então aplaudindo na medida do entusiasmo que a apresentação me causou. E só. Aplaudir de pé deveria ser uma reverência guardada aos espectáculos realmente arrebatadores. Banalizar esse ritual é um sintoma da banalização geral que temos visto em relação às coisas. Não é esnobismo, é ter o mínimo critério com as coisas. Se a gente aplaude de pé qualquer espetáculo meia boca, o que fazer diante de uma apresentação realmente grandiosa?

terça-feira, 5 de junho de 2012

Mitologias africanas

Ufa, finalmente terminei a leitura de "Os meios de comunicação como extensões do homem". Já posso seguir adiante e começar a ler os livros, presentes de aniversário que ganhei em maio. Na verdade, já comecei a ler o livro "Mitologias africanas", dado pelo amigo Fábio, que se amarra em mitologias de todo tipo. Estou nas primeiras páginas (50 e alguma coisa), são relatos bem curtos, não há complexidade alguma, até minha filha poderá ler sem grande dificuldade. Parece ter sido um esforço de simplificar bastante a rica mitologia africana, numa linguagem que se aproxime de outros tantos casos extraordiánarios. Em princípio, não gosto desse expediente para atrair o leitor. E sempre que vejo esses trabalhos feitos para serem mais facilmente assimilados, rejeito. Lembro sempre que aprender, estudar, conhecer é muito prazeroso, mas requer esforço e empenho. Na verdade, o prazer está também no esforço. E quanto mais conhecemos mais nos sentimos bem com obras que nos exigem um pouco mais. É o que se chama de respeitar a inteligência do leitor, tratá-lo como adulto. Esse livro "Mitologias africanas", vê-se logo, trata o seu leitor como criança. Se o leitor não tem dez anos, fica se sentindo um imbecil em diversas passagens. Prefiro os livros infantis que, sendo absolutamente interessantes para as crianças, também não fazem feio com os adultos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Cinema Paradiso

Filmes devem ser revistos. Gosto muito de rever bons trabalhos, às vezes faço isso imediatamente depois que o letreiro sobe. Antigamente, quando se podia entrar no cinema a qualquer hora, via o mesmo filme pelo menos duas vezes (os que eu gostava, claro). Em DVD também tenho feito isso. Rever é uma oportunidade de redescobrir um filme que não era tido como tão bom. Ou o contrário: perceber que aquele trabalho considerado genial é bem meia boca.

Toda essa introdução sobre rever filmes é para introduzir que vi ontem com a pequena o filme “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore. Na minha memória esse era um dos filmes mais ternos, mais deliciosos sobre o próprio cinema de que tinha lembrança. Na revisão, apesar do entusiasmo bem menor, continua sendo um filme cheio de bons momentos – a maioria se passa quando o personagem do menino está em cena.

Peguei uma cópia em DVD e não reparei que era uma versão com acréscimo de 50 minutos inéditos (50 minutos!). Putz, como se deve imaginar, tornou-se um filme bem diferente. A trama ficou equilibrada entre a relação do protagonista com o Cinema Paradiso e sua história de amor inconclusa. Na versão que conhecia, tudo que aparecia em tela vinha para reforçar a relação do personagem com o cinema. Mesmo o amor interrompido que ele vive na juventude. Nessa versão, os minutos a mais de cenas inéditas não tornaram o filme mais forte ou melhor. Não é ruim ver desdobramentos para a história do garoto que amava a cabine de projeção do cinema de sua cidade e de lá saiu para tornar-se um famoso diretor de filmes. Mas também não fazem do filme uma obra melhor.

Não me incomodo com filme de mais de duas horas de duração, se assim fosse não passaria horas (dias) vendo as minhas séries favoritas. O problema não é a ter duas ou três horas, é que esse conjunto seja necessário para contar a história daquele jeito. Filme não é série. Em princípio, prefiro sempre obras mais curtas.

No final das contas, continuo gostando da história contada ali em Cinema Paradiso. Gosto do tom de fábula e ao mesmo tempo de causo contado pelos mais velhos. É daquelas histórias de cidades pequenas, com seus personagens, suas histórias, suas lendas que tanto agradam ao paladar médio. Não me desagradou ver as horas adicionais como uma curiosidade. Porém, prefiro o corte que foi aos cinemas, um corte, diga-se de passagem, que mesmo na época já achava um pouco mais extenso que o necessário.