sábado, 9 de junho de 2012

Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios


Gostei bastante de "Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios", filme de Beto Brant e Renato Ciasca. No começo, confesso que estranhei as cenas sem explicação que vão se sucedendo, sem uma narrativa propriamente. Também encasquetei com a mulher pelada na praia aparentemente posando para um ensaio fotográfico. Gosto de nudez, tudo certo, mas uma nudez gratuita não ajuda um filme. Ainda acho aquela abertura dispensável. Mas isso é de menos. O filme tem uma coerência e sua narrativa estranha, fugindo da linearidade do começo, meio e fim, acaba-se acostumando com ela. A mistura de narrativa com imagens do ambiente - florestas, rios e outras paisagens do norte - é um atrativo e enriquece o filme. Os diretores não deixam de criticar o desmatamento da floresta e a exploração das riquezas naturais, há cenas de personagens discursando contra essa exploração. Sem o cenário, seria apenas uma (boa) história de triângulo amoroso. O ambiente faz toda a diferença e dá força incomum ao drama. Camila Pitanga está bem, sem vergonha, mostra talento, se entrega bastante ao personagem. É uma figura bela, com os lábios grandes e bonitos bem adequados ao título. Seu personagem é forte e multifacetado. E a atriz segura a onda bem nos vários momentos do filme. O restante do elenco também está bem em cena: Zecarlos Machado é o marido da personagem de Camila; Gustavo Machado é o outro vértice do triângulo. Como se deve imaginar, não espere final feliz neste filme. O que não é ruim.

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Me aborreceu um pouco o filme "A dama de ferro", de Phyllida Lloyd. Gosto das cenas que contam como uma mulher conseguiu ascender ao principal posto político de uma Inglaterra dominada por homens. Não gosto tanto das cenas da velhinha tentando conviver com seus fantasmas e suas lembranças da mulher que foi. E são essas passagens que guiam o filme. No final, é um filme de atriz, feito sob medida para Meryl Streep brilhar em cena. Ela, como sempre, não decepciona. Mas está longe de ser um filme imperdível.


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