quarta-feira, 6 de junho de 2012

Aplauso

Sou um admirador de Ruy Castro desde que li "O anjo pornográfico", a sua estupenda biografia de Nelson Rodrigues. Ontem, em sua coluna no rádio (tão imperdível quanto sua coluna na Folha de São Paulo), ele fez um comentário com o qual concordo plenamente. Criticou a mania miserável que as pessoas tem hoje em dia de ir a espetaculos, seja músical, seja teatral, seja qual for, e ao final aplaudir de pé efusivamente. Tornou-se uma rotina. O espetaculo pode ter sido - e geralmente é - uma porcaria de marca maior, mas o auditório levanta e aplaude como se tivesse acabado de ver uma magnífica e exclusiva apresentação da maior grandeza. Eu sempre me incomodei com isso. E sou daqueles que fica sentado em minha cadeira, às vezes sem aplaudir se o espetáculo não merece, ou então aplaudindo na medida do entusiasmo que a apresentação me causou. E só. Aplaudir de pé deveria ser uma reverência guardada aos espectáculos realmente arrebatadores. Banalizar esse ritual é um sintoma da banalização geral que temos visto em relação às coisas. Não é esnobismo, é ter o mínimo critério com as coisas. Se a gente aplaude de pé qualquer espetáculo meia boca, o que fazer diante de uma apresentação realmente grandiosa?

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