segunda-feira, 4 de junho de 2012

Cinema Paradiso

Filmes devem ser revistos. Gosto muito de rever bons trabalhos, às vezes faço isso imediatamente depois que o letreiro sobe. Antigamente, quando se podia entrar no cinema a qualquer hora, via o mesmo filme pelo menos duas vezes (os que eu gostava, claro). Em DVD também tenho feito isso. Rever é uma oportunidade de redescobrir um filme que não era tido como tão bom. Ou o contrário: perceber que aquele trabalho considerado genial é bem meia boca.

Toda essa introdução sobre rever filmes é para introduzir que vi ontem com a pequena o filme “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore. Na minha memória esse era um dos filmes mais ternos, mais deliciosos sobre o próprio cinema de que tinha lembrança. Na revisão, apesar do entusiasmo bem menor, continua sendo um filme cheio de bons momentos – a maioria se passa quando o personagem do menino está em cena.

Peguei uma cópia em DVD e não reparei que era uma versão com acréscimo de 50 minutos inéditos (50 minutos!). Putz, como se deve imaginar, tornou-se um filme bem diferente. A trama ficou equilibrada entre a relação do protagonista com o Cinema Paradiso e sua história de amor inconclusa. Na versão que conhecia, tudo que aparecia em tela vinha para reforçar a relação do personagem com o cinema. Mesmo o amor interrompido que ele vive na juventude. Nessa versão, os minutos a mais de cenas inéditas não tornaram o filme mais forte ou melhor. Não é ruim ver desdobramentos para a história do garoto que amava a cabine de projeção do cinema de sua cidade e de lá saiu para tornar-se um famoso diretor de filmes. Mas também não fazem do filme uma obra melhor.

Não me incomodo com filme de mais de duas horas de duração, se assim fosse não passaria horas (dias) vendo as minhas séries favoritas. O problema não é a ter duas ou três horas, é que esse conjunto seja necessário para contar a história daquele jeito. Filme não é série. Em princípio, prefiro sempre obras mais curtas.

No final das contas, continuo gostando da história contada ali em Cinema Paradiso. Gosto do tom de fábula e ao mesmo tempo de causo contado pelos mais velhos. É daquelas histórias de cidades pequenas, com seus personagens, suas histórias, suas lendas que tanto agradam ao paladar médio. Não me desagradou ver as horas adicionais como uma curiosidade. Porém, prefiro o corte que foi aos cinemas, um corte, diga-se de passagem, que mesmo na época já achava um pouco mais extenso que o necessário.

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