terça-feira, 30 de março de 2010

Sex and the city

Comecei a ler "Sex and the city", livro da jornalista americana Candace Bushnell. É o livro que serviu de base para a conhecida série de TV. Não vi nenhum episódio dessa série, mas até aqui (passei do segundo capítulo) estou bem interessado no que estou lendo. A tese de Bushnell é a de que não há chances de um relacionamento amoroso sério, duradouro, entre duas pessoas no mundo de hoje. É a tese que aparece nessas primeiras páginas, pelo menos. Claro, e é importante atentar para isso, que ele está falando da sua turma, das pessoas de uma rede da qual ela integra. Mesmo assim é um prognóstico temerário. Os casos que ela conta - e são muitos - parecem apenas reforçar, um a um, que a solidão é um caminho inevitável. As pessoas descritas no livro se encontram e desencontram com parceiros, trocam um pelo outro, começam e terminam relação. Uma coisa bacana é que a autora usa uma maneira divertida (ok, às vezes mordaz) de mostrar esse mundinho. E não se tem dúvida (eu não tenho) de que a autora entende esse mundinho como uma amostra de um fenômeno maior. É seguir para ver onde vai dar.

sábado, 27 de março de 2010

Fazendo as malas

O livro “Fazendo as malas”, de Danuza Leão, é muito divertido. Ela se dedica em um pouco mais de cem páginas a contar uma viagem a quatro cidades que parece adorar: Sevilha, Lisboa, Paris e Roma. É curioso perceber que a autora não gosta de tudo que vê nem daquilo que deveria ser óbvio para olhares estrangeiros. Ela sai descobrindo coisas e contando as suas aventuras. Li num tapa nos pedaços de tempo que fui arranjando numa semana tão louca (e cheia) no trabalho. O livro foi uma boa companhia e ajudou a aliviar as tensões. Danuza é humorada, mas também é irascível e irônica. O tempo inteiro. É uma caminhada que vale o ingresso. Bem diferente de tantos escritores que tratam de moda, atitude, comportamento, Danuza não faz tipinho. E mostra que tem alguma cultura, citando livros, filmes, personalidades, autores. Ela pode ser tão mal humorada quanto doce. É mulher, caramba, e daquelas cuja personalidade salta às páginas. E haja comentários mais ou menos interessantes sobre roupas, acessórios, restaurantes, ambientes, pessoas. Percebe-se que Danuza não quer ser profunda, também não quer inventar a roda, e parece ter se divertido escrevendo. Não se importa de falar obviedades ao lado de coisas realmente curiosas. A leitura vai embora e eu vou junto (invariavelmente com um pequeno sorrisinho no rosto). O mais legal de tudo é fechar o livro depois da leitura e descobrir que formiga um desejo doido de fazer uma baita viagem.

Trecho: “Meus primeiros momentos em Roma foram no táxi. Eu havia perguntado qual seria o preço da corrida até o hotel, ele me disse sessenta euros. Quando chegamos, estendi uma nota de cem euros, e o motorista, cheio de sorrisos, agradeceu muito a gorjeta. Eu disse que estava esperando o troco, que ele me deu, com a mesma cara-de-pau e os mesmos sorrisos. Pronto, estava mesmo em Roma.”

terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre a leitura

"Leitura é subjetividade, é ver o que agrada à sensibilidade e se ajusta à sua forma de ser, ao seu momento."
André Garcia, criador do Estante Virtual, que vende livros na internet

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Minha filhinha vai crescendo. Quero que ela goste de livros. É a minha ocupação no momento, fazer dela uma moça apegada, com orgulho, às letras. Sempre desconfiei de frases do tipo "leia qualquer coisa, vale até bula de remédio". Talvez valha a pena para um candidato a farmacêutico. Não creio que ajude quem pretende ser um bom leitor. Leitura tem a ver com prazer. E, sabemos, adquirir o hábito não é algo que cai do céu. Há que se investir. Há que se criar estratégias para que o leitor surja de dentro da casca. Aquele livro da coleção primeiros passos (quanto tempo, hein?), de título "O que é leitura", ele ensinava que ler é uma ação mais larga que apenas "leitura de texto escrito". A leitura é uma ação cultural, pode-se ler um livro como um filme, como um programa de TV, como uma situação, um fato. Pode-se ler uma pessoa. Mas falando de texto escrito, para manter o foco: estava falando que desconfio se na estratégia de formar leitores tem alguma valia a orientação de ler qualquer coisa. Não digo com isso que também só vale a leitura de clássicos. Principalmente, que ninguém começa a ler com Sheakespeare e Cervantes. Para minha filha de oito anos, que adora a Turma da Mônica, eu tenho esperado ela crescer mais um pouco com um discurso na ponta da língua. Eu diria (direi) “comece com o que te interessa e esteja receptiva e atenta”. E, claro, vou induzindo-a a autores que sei que mal não vão fazer, por tanto... Que tal Lewis Carroll, Monteiro Lobato, Rubem Braga? Tomara que ela leia minha atitude da maneira correta. Um gesto, como um texto, pode ser mal interpretado. E tudo que eu não quero é obter o resultado oposto, fazendo meu bebê rejeitar a leitura por sentir que manipulo os fios da sua marionete. O que sei é que pelo jeito que ela devora as historinhas da Mônica, Cebolinha e Cascão, acho que não tenho com o que me preocupar. Aquele solo é fértil para meus projetos de formar uma leitora gulosa por obras de qualidade. Oxalá!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Livros

Conclui a leitura de "Terras do Sem Fim", livro bem interessante de Jorge Amado. Gostei muito, é uma prosa saborosa, e realmente é uma história de espantar, como prenuncia a sua epígrafe. Em torno da disputa por terras no Sul da Bahia, numa época de riqueza com o ciclo do cacau, o autor tece uma história cheia de casos curiosos. São muitos os casos, tantos e Jorge dá tanta atenção às histórias miúdas, que o maior problema do romance é justamente perder demais o foco da trama principal. Isso irrita. Mas naquilo que interessa, Jorge maneja bem suas peças e mostra muito talento. É fascinante ver nascer, desenrolar e concluir uma disputa tão sangrenta. É uma história de disputa de poder, claro. De submissão dos pequenos pelos grandes. Jorge não esconde suas convicções e sua crítica à arrumação da sociedade em beneício dos poderosos. E como isso causa conflitos. É bom ver o couro comer. É uma história de homens. Mas as mulheres são bem interessantes e ajudam a encorpar a trama. Uma livro sobre amores, traições, dinheiro e principalmente sobre a natureza sórdida de muitos homens. Leitura mais que recomendada.

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E já emendei "Fazendo as malas", da Danuza Leão. É um livro para fazer uma pausa nos temas sangrentos da obra anterior. Danuza trata de viagens, malas e outros temas correlatos. A leitura é leve, flutua. Eu gosto mais quando ela fala sobre seus hábitos incomuns (mudar a cama para a sala de jantar; preferir ficar em hotel para não ter que dar bom dia a ninguém), prefiro isso a sua descrição da semana santa e da feria em Sevilha. Mas, vá lá, mesmo essas descrições tem alguma graça. Estamos nos primeiros capítulos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Exemplar do inferno

Lá tem cabarés, luxúria, traições, vaidades, dinheiro, disputas de poder, assassinatos e pilha de cadáveres "que adubam a terra". Bem que a Ilhéus pintada em "Terras do Sem Fim", de Jorge Amado, passa fácil, fácil como um exemplar do inferno, não? Vou chegando às últimas páginas e ninguém ali parece candidato a salvar a alma. Todos querem dinheiro. Todos querem lucrar alguma coisa. Ninguém é inocente. Um painel forte. Vou chegando ao final bem impressionado com essa narrativa. O livro é mesmo bom. Tomara que não desande nos minutos finais.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Comida baiana

Eloá não cansou de elogiar o caruru, com generosa porção de camarões, que fiz no fim de semana. Não gosto muito de comida com azeite, por isso, esses pratos da culinária baiana, gosto quando eu mesmo faço. Porque posso controlar os ingredientes ao meu prazer. O almoço de sábado foi caruru, arroz branco e frango ensopado. Bati meu recorde de tempo no preparo. Em menos de duas horas, estava tudo protinho e gostoso. Semana que vem vou tentar um peixe, talvez um vatapá de acompanhamento. Vou treinando, sem pressa, para estar em forma no cardápio da semana santa. Sou um homem que gosta de rituais, tradições e datas. Quanto mais velho fico, mais eu gosto dessas coisas.

Big Brother

Vai mais um motivo para Franklin me detonar, a mim e ao blog. BBB. Sou um cara que gosta de ver televisão, não é novidade. Embora hoje veja muito pouco na comparação com anos atrás (meu negócio é série...). Comecei interessado nessa décima edição do BBB pelo mesmo motivo que atraiu muita gente: o "elenco" escalado parecia bem interessante. Minha preferida era a Tessália. Gostava também da Cacau. E de Morango. Como personagem, gostava do Dourado. Sobre ele, o que não gostei é que as coisas caminharam de tal forma, que ele virou um todo poderoso, temido lá dentro e ovacionado aqui fora. Apesar dos contrários - e não são poucos - ele tem grande popularidade e já não será supresa se vencer no final. É um desfecho previsível, chatinho. Para mim, começou a morrer o interesse no programa quando a Tess saiu fora. Hoje acho, cada dia mais, tudo muito insípido. As duas personas por quem ainda tenho alguma simpatia estão ambas no paredão dessa semana. Mas não tem revolta não, como diz Peninha. Tô precisando mesmo voltar a dormir cedo.

domingo, 14 de março de 2010

Com açúcar, com afeto tive o maior prazer em preparar um café da manhã para receber os meus pais nesse sábado. Nada demais, umas frutas, frios, pão, banana da terra, bolo, café, leite e suco. Tudo muito simpático. Só faltou as flores no meio da mesa como ensinou em seu blog uma amiga se referindo à arte de rebecer visitas em casa. Foi um fim de semana cheio nessa coisa de cozinha. Bons ventos. Parece que volta para ficar a satisfação com a culinária.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Aos estudos

Só penso nisso. Mas é uma idéia sem pernas, como diz Bentinho. A idéia é a de voltar à sala de aula para estudar. Ia gostar muito de fazer o mestrado na próxima seleção. Um professor com quem sempre tratava do assunto, me disse, à época que terminei a graduação, pra eu ficar tranquilo. Que eu poderia (até deveria) ir para o mercado. Depois de um tempo, era só voltar para a escola. Não é bem assim, teacher. Passaram quase sete anos. Descobri que não se sai de um mundo para outro sem dor, sem sacrificar algo. Estou no mercado. Mas é aquela coisa de pensar que do outro lado do espelho a mágica se daria. Isso porque acho que tenho tudo para me dar bem na academia. pelo menos minha época na escola foi deliciosa (será?). Quero crer que sim. O que me vem à cabeça é que, saindo, vou sentir falta da adrenalina do mercado. Mas bem sei que o meio acadêmico também tem seus perigos. Quero voltar à sala de aula. Por enquanto é uma idéia real, concreta, embora sem pernas.

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Melhora muito o romance "Terras do Sem fim" nessa banda final. Gostei bastante do maior espaço para o advogado que começa um romance ardente com a mulher do poderoso senhor de terras. Isso nos momentos que antecedem uma sangrenta guerra anunciada. Nessa parte final, Jorge Amado vai se concentrando mais nos personagens centrais, deixando de lado as delongas e os duzentos figurantes. Vai melhorando o que já é bom.

terça-feira, 2 de março de 2010

Jorge

OK, estou gostando com ressalvas do livro "Terras do Sem Fim", de Jorge Amado. Me incomoda o rodeio que ele faz para contar sua história, a enormidade de personagens e a atenção que dá a todos eles (e todos tem uma história). Nos momentos que é bom, o livro é ótimo. A guerra declarada entre dois grandes personagens pelo domínio de terras no Sul da Bahia é bem excitante. Alguns personagens - dois ou três - merecem uma atenção mais demorada. Não todos, não cada filho de Deus que aparece no romance. Estou na metade da leitura. E por enquanto estou mais gostando do que desgostando. Por enquanto.