terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre a leitura

"Leitura é subjetividade, é ver o que agrada à sensibilidade e se ajusta à sua forma de ser, ao seu momento."
André Garcia, criador do Estante Virtual, que vende livros na internet

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Minha filhinha vai crescendo. Quero que ela goste de livros. É a minha ocupação no momento, fazer dela uma moça apegada, com orgulho, às letras. Sempre desconfiei de frases do tipo "leia qualquer coisa, vale até bula de remédio". Talvez valha a pena para um candidato a farmacêutico. Não creio que ajude quem pretende ser um bom leitor. Leitura tem a ver com prazer. E, sabemos, adquirir o hábito não é algo que cai do céu. Há que se investir. Há que se criar estratégias para que o leitor surja de dentro da casca. Aquele livro da coleção primeiros passos (quanto tempo, hein?), de título "O que é leitura", ele ensinava que ler é uma ação mais larga que apenas "leitura de texto escrito". A leitura é uma ação cultural, pode-se ler um livro como um filme, como um programa de TV, como uma situação, um fato. Pode-se ler uma pessoa. Mas falando de texto escrito, para manter o foco: estava falando que desconfio se na estratégia de formar leitores tem alguma valia a orientação de ler qualquer coisa. Não digo com isso que também só vale a leitura de clássicos. Principalmente, que ninguém começa a ler com Sheakespeare e Cervantes. Para minha filha de oito anos, que adora a Turma da Mônica, eu tenho esperado ela crescer mais um pouco com um discurso na ponta da língua. Eu diria (direi) “comece com o que te interessa e esteja receptiva e atenta”. E, claro, vou induzindo-a a autores que sei que mal não vão fazer, por tanto... Que tal Lewis Carroll, Monteiro Lobato, Rubem Braga? Tomara que ela leia minha atitude da maneira correta. Um gesto, como um texto, pode ser mal interpretado. E tudo que eu não quero é obter o resultado oposto, fazendo meu bebê rejeitar a leitura por sentir que manipulo os fios da sua marionete. O que sei é que pelo jeito que ela devora as historinhas da Mônica, Cebolinha e Cascão, acho que não tenho com o que me preocupar. Aquele solo é fértil para meus projetos de formar uma leitora gulosa por obras de qualidade. Oxalá!

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