segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Filmes

Era para ir ao cinema ver "Tron". Mas inventei de passar na locadora antes e foi ótimo. Estavam lá dois filmes que queria ver há muito tempo. "Tudo pode dar certo", de Woody Allen, e "À prova de morte", de Quentin Tarantino. Dois filmes excelentes e bem diferentes. O de Woody Allen é, de certa forma, uma comédia romântica que gira em torno de um homem amargurado (Larry David), um gênio suicida e hipocondríaco, que não suporta as pessoas e sua mediocridade. Ele se envolve com uma garota de 21 um anos (Evan Rachel Wood) que é o seu oposto. Achei o filme delicioso, meio triste, mas com um final otimista e solar. Já "À prova de morte" é uma trama de suspense, com muita sensualidade e tensão. Recussita Kurt Russell, que faz uma espécie de sociopata sobre rodas. Ele é "Stuntman Mike" um dublê com um carro projetado para sobreviver a grandes impactos e usa essa máquina para matar lindas garotas. O filme é terror na primeira parte e ação e suspense na segunda. O final é supreendente. Tarantino é um diretor muito bom em criar espectativas na platéia para revirar tudo em seguida. É um filme muito, muito bom. Eu fiquei muito impressionado com "Bastardos Inglórios", que é outro ótimo filme do diretor, mas confesso que gosto ainda mais desse "À prova de morte". Aquela dança da Vanessa Ferlito não me sai da cabeça. Nem aquela cena brutal do choque entre os veículos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rio de Janeiro

Me preparo para voltar ao Rio de Janeiro depois de dez anos. Naquela época fui atrás de uma garota. Conheci um pouco da cidade em uma semana, suficiente pra ficar deslumbrado. E querer voltar. Demorei, a vida me jogou de um lado para outro. De lá pra cá, fiz teatro, larguei o teatro, virei e desvirei poeta, fiz jornalismo, amei, desamei, conheci mulheres, fiz amigos. Entrei no Rio pela ponte Rio-Niterói, fiquei embasbacado com a visão, um pôr-do-sol do outro mundo. Ainda tenho saudade do Rio, daqueles montes, do céu estranho, do Arpoador, da orla de Copacabana... E as canções, tão bonitas sobre a cidade, são mais bonitas quando já estivemos lá. A marchinha de carnaval é verdadeira, a beleza e os encantos da cidade são reais. A cidade partida narrada nos livros, nos jornais, não é maior nem mais forte que a cidade que inspirou Jobim, Chico, Vinícius, Antônio Maria...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mais sobre "Angústia"

Todos os personagens de Graciliano Ramos em três livros que li são desgraçados. E são livros referenciais em sua bibliografia: "São Bernardo", "Vidas Secas" e agora "Angústia". Não terminei de ler o último ainda, cheguei a um terço da obra, mas já dá pra ter uma noção clara do personagem principal. O que mais tenho gostado nesse livro é que esse protagonista, Luís da Silva, revela um traço de Graciliano que não conhecia: o conteúdo sexual.

Para começar, o seu protagonista é um desbocado. E descreve sem cerimônia as coisas que faz com as moças (e também aquelas que gostaria de fazer). Para o que eu tinha visto do autor até aqui, foi um susto. Mas um susto bom, evidentemente. Porque um artista não tem moldura, escapa delas, e isso é ótimo. Como é bom se surpreender com um velho conhecido. E o mais curioso é que dá para identificar o DNA do autor em toda a "miséria existencial", toda a... "angústia" que vive o Luís da Silva.

Ele vive sozinho lamentando o presente e remoendo o passado. Se apaixona pela vizinha e quebra a cara. Nas primeiras 50 páginas está apaixonado, não se segura, parece um animal. Nas 50 páginas seguintes, tomamos conhecimento de sua desilusão amorosa que o arrebenta e enfurece. Estou na parte em que ele quer a mulher de volta, Marina, com quem quase se casou até ela se interessar por outro. Não sei o que vai acontecer.

Tudo é narrado daquele jeito, sabemos do que se passa pela boca do Luís da Silva, da sua perspectiva e do seu humor de cão. O que significa que tudo pode ter se passado de outra forma, se a gente descontar o ângulo passional do personagem. Não parece que coisa boa espera o personagem até o fim da história. Mas para mim, leitor, o trajeto até aqui está estupendo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Angústia

Volto às boas mãos de Graciliano Ramos. Comprei o presente de natal antecipado: "Angústia". Sobre esse livro, li que era o melhor do escritor. Mostrei o presente à minha filha, ela cheirou o livro, mediu todo e se espantou com a grande quantidade de páginas. Sempre fui admirador de Graciliano Ramos. Tinha lido umas três vezes "São Bernardo", que até hoje adoro. E li "Vidas Secas" uma vez e meia (na primeira leitura, não lembro porquê, não cheguei no final). Na edição de "Vidas Secas" que li no início do ano tem um estudo sobre essa e outras obras dele. E por esse ensaio, fiquei muito curioso para ler "Angústia", tratado como filé mignon entre os livros de Graciliano. Comecei a ler. As primeiras páginas já me pegaram. Bom presente.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Onde vivem os monstros

Vi "Onde vivem os monstros" com minha filha de oito anos. No início fiquei na maior dúvida se deveria ver com ela. Apesar da baixa faixa etária recomendada, não parecia um filme para crianças. Sem falar que o diretor, Spike Jonze, faz filmes bem "diferentes", basta ver seu "Quero ser John Malkovich". Mas a pequena gostou muito. Nós dois gostamos muito. É um filme honesto, simpático, que passa longe das fábulas com final feliz e, ainda assim, se conecta com os sentimentos dos pequenos. Há uma comunicação forte ali. Pelo menos minha filha se identificou com as questões colocadas, adorou o percurso do pequeno herói. E, aqui pra nós, é fácil gostar do ator Max Records, que faz um menininho que é o charme do longa. É um conto infantil que mistura fantasia com toques de amargura, solidão, fúria. Nada disso faz do filme menos interessante. O resultado final é bom. Filme para ter em casa.