sexta-feira, 29 de julho de 2011

Seven

Bom filme esse "Seven - Os sete pecados capitais", de David Fincher, que assisti pela segunda vez.
Gosto desse Fincher, de "Clube da Luta", "Rede Social" e "Quarto do Pânico".
Não gosto de "Zodíaco" ou "O curioso caso de Benjamin Button".
A história de "Seven" é tradicional, uma trama policial num grau de refinamento não tão comuns ao gênero. A trilha é matadora, como o clima noir, como a sensação de suspense do começo ao fim...
Há os clichês - não se pode viver sem eles - como o do policial velho em conflito com o parceiro mais jovem. Ou o policial negro e o branco. Ou o policial sério, profissional, e o outro impulsivo e rebelde.
O cinema tem muitos desses exemplos. Mas há o uso do cliclê que não atrapalha a fluência do trabalho. Acho que esse é o caso aqui.
É também um filme de serial killer, uma tradição bastante explorada.
Nesse aspecto, Fincher faz a diferença em relação a diretores menos criativos ou mais comerciais.
Ele sabe surpreender com qualidade e com conteúdo.
Não precisa usar truques - ok, ele usa, mas não usa truque barato, pelo menos.
A reviravolta no terço final do filme, com o assassino se entregando, é uma grande jogada e prepara para aquele clímax barra pesada. Impressiona mesmo quem já conhece o desfecho como eu.
E o Kevin Spacey? My God, como alguns atores podem ser tão bons (alguns já foram e o tempo não volta mais, uma pena). Spacey aparece num pedaço do filme, mais é crucial para tudo que está acontecendo.
E tem aquele olhar, aquele semblante mínimo, o jeito contido de interpretar...

*

Vi ainda o "Caça às Bruxas", de Dominic Sena, com Nicolas Cage.
É uma mistura de filme de aventura com terror e ação.
O tipo de filme que mistura gêneros e não se decide por coisa nenhuma.
Nicolas Cage é um ator corajoso, ele se mete nos mais diferentes projetos, seja comercial ou alternativo.
Nem sempre temos a felicidade de ver um "Despedida em Las Vegas" ou algo como o recente (e divertido) "Kick-Ass - Quebrando tudo".
A maioria são filmes descartáveis como esse "Caça às Bruxas".

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Filmes

Preguiça é um negócio maravilhoso que Deus inventou.
Não tem nada melhor.
Vi um monte de filme nessas férias que não anotei aqui.
Alguns gostei mais que outros, preocupação zero com atualidade. Fui passando a mão na prateleira da locadora e pegando o que me dava na telha. Um deles vi no cinema, o “Kung Fu Panda II”, ao lado da minha filha.
Mas quero registrar algo sobre esses filmes. Afinal, um dos motivos desse blog existir é para que eu possa anotar as bobagens, digo, impressões profundas, sobre os filmes que vejo.
Para não deixar passar batido, vou citar abaixo os filmes que vi recentemente e não comentei. Ao lado, comentários brevíssimos, com até cinco palavras.

“Kung Fu Panda II”, de Jennifer Yuh: como o anterior, bastante divertido.
“Doce vingança”, de Steven R. Monroe: gosto da fotografia. Só.
“O dia em que a terra parou”, de Scott Derrickson: outro desses remakes desnecessários.
“Anjos da Noite - A rebelião”, de Patrick Tatopoulos: Rhona Mitra foi boa escolha.
“Terror na Antártida”, de Dominic Sena: Kate Bekinsale continua deslumbrante.
“Trabalho interno”, de Charles Ferguson: documentário interessante e didático.
“Uma noite fora de série”, de Shawn Levy: não é original nem engraçado.
“Desconhecido”, de Jaume Collet-Serra: de médio para ruim.
"A profecia", de John Moore: não assusta, muito ruim.
"Contatos de quarto grau", de Olatunde Osunsanmi: convincente em sua enganação.
“Vips”, de Toniko Melo: vale pelo Wagner Moura.
“Dupla implacável”, de Pierre Morel: fiasco, apesar de John Travolta.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nabokov

"Não será o sofrimento a única coisa no mundo que as pessoas realmente possuem?"

Desde as primeiras linhas, o romance "Pnin" mostra que seu personagem-título é diferenciado. Ele, um professor de russo, viaja de trem para dar uma palestra a convite de uma universidade. Todo o primeiro capítulo se ocupa desse percurso a ponto de eu ter imaginado que todo o romance se daria até a chegada de Pnin ao seu destino. Não é o que acontece. Veremos a seguir outras situações envolvendo o professor, sua atividade profissional e sua quase nenhuma vida familiar. O que me chamou a atenção no início foi o fato de autor dedicar um capítulo inteiro a uma viagem, em que somos apresentados ao personagem. Não deixa de ser uma maneira inusitada de apresentar um personagem inusitado. Pnin é solitário, sobrevive a um casamento malfadado, não tem o respeito dos seus pares, não se destaca especialmente por nada, e não é o tipo que atrai as mulheres. Ele desenvolve uma maneira única de conviver consigo mesmo e com o mundo. As dificuldades do personagem no âmbito social são notáveis. Nabokov, autor de "Lolita", cria um personagem que lembra muito sua própria trajetória: assim como seu criador, Pnin é imigrante, vindo da Rússia e estabelecido na América. Importante lembrar que o cenário do romance é o do pós segunda guerra, em que não eram simpáticas as relações entre União Soviética e EUA. O texto não aborda essa questão diretamente, mas dá a entender um ambiente não exatamente receptivo ao professor russo e outros conterrâneos. Todas as qualidades que me chamaram a atenção na prosa de Nabokov em "Lolita" estão aqui em "Pnin": um cinismo evidente, um desconforto com as coisas do American Way of Life, grande erudição (recorrente citação de autores e obras) e humor, que é fundamental na vida e na arte.

*

Depois da pausa com Nabokov e seu interessante universo, volto à leitura descontraída da Trilogia Millenium. E já comecei o último livro, "A rainha do castelo de ar".

Domésticas - O filme

Gosto muito de "Domésticas - O filme", um dos primeiros longas de Fernando Meirelles, parceria com Nando Olival.
O estilo é o do falso documentário, que se popularizou atualmente mas nao era tão difundido no ano de estréia do filme, em 2001.
As situações apresentadas rendem muito bem na tela.
Por um lado são situações que mostram o dia a dia dessas profissionais pouco exploradas pelo cinema.
Por outro lado, acompanhamos micro histórias de algumas dessas domésticas.
A junção das histórias com os depoimentos aparentemente independentes dão um charme ao filme e dinamismo ao conjunto.
O trabalho conta com uma trilha sonora bem saborosa de autores de música brega e outros temas populares e/ou da periferia, o rap incluído.
A montagem e os efeitos são usados do início ao fim, mas não aborrecem, a dupla de diretores sabem usar a parcimônia e o conjunto é bem harmonioso.
Há muitas coisas legais em "Domésticas" e uma dessas coisas é o seu elenco de ótimas atrizes.

72 horas

Fiquei indeciso quando vi "72 horas", do Paul Haggis, na locadora.
Não sou o maior fã de Russell Crowe, astro do filme, mas reconheço o grande ator que é - e principalmente o grande trabalho que pode produzir quando bem dirigido.
Esse é aquele tipo de filme de suspense em que se vai montando as peças de um quebra-cabeças e da metade para o final tudo que apareceu em cena antes será aproveitado.
Crowe é professor e pai de família dedicado, um bom rapaz. Sua esposa é interpretada pela atriz Elizabeth Banks. O casal tem um filho pequeno.
A vida familiar vai virar de ponta cabeça quando a esposa é presa, acusada de ter assassinado a chefe.
Todas as provas levam a crer que foi mesmo ela quem cometeu o crime.
O marido não acredita e passa três anos tentando de tudo para provar a inocência dela até que são esgotadas as possibilidades jurídicas e a mulher será condenada a 20 anos de cadeia.
Ele então dá uma virada e decide executar um plano para tirá-la da prisão.
O problema é que ele não tem a menor experiência nesse tipo de coisa.
Está aí a trama, que é apresentada de maneira satisfatória apesar das licenças poéticas. Porque há uma infinidade de variáveis que precisam ser contornadas para que o plano dê certo.
Paul Haggis, diretor e roteirista do longa, se mostra eficaz para conduzir a trama e manter o suspense até os momentos finais.

sábado, 23 de julho de 2011

A vida durante a guerra

Muito bom o filme "A vida durante a guerra", do Todd Solondz.
Uma espécie de continuação do ótimo (e ácido) "Felicidade", de 1998, mas que não precisa deste para ser entendido.
É bom ver um filme que respeita os momentos de silêncio, valoriza os diálogos, rejeita a montagem de video clip e usa os enquadramentos sem pressa.
Os atores são muito bons para dar vida a personagens complexos, todos eles infelizes, tentando superar coisas terríveis e vidas desajustadas.
A América de Solondz não é um sonho de país, longe disso.
Essa visão crítica está em todo o longa (e também nos filmes anteriores do diretor).

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desenrola

"Desenrola", de Rosane Svartman, é um bom filme brasileiro sobre jovens. É um trabalho muito gracioso que, sinceramente, não precisava da presença de atores tão conhecidos (diversos globais em pontas e participações) para atrair bilheteria quando os garotos desconhecidos dão show de bola. A menina Olívia Torres, que faz a Priscila, está perfeita como a garota que busca ansiosamente ter a sua primeira vez para tentar fisgar o menino popular que tem o defeito de não estar na dela e "pegar" todas. As situações são bem apropriadas, discutindo temas delicados para essa faixa etária de uma forma que não espanta a garotada e ajuda a criar identidade. Confesso que até um terço do filme, estive bem desconfiado. Mas aos poucos fui me deixando seduzir, especialmente quando entra em cena o Boca, menino gordinho interpretado pelo jovem Lucas Salles, que quer conquistar a Priscila. Um bom filme.

Extermínio I e II

Não sou o maior fã de filmes de zumbis, mas gosto de terror em geral. Quando me recomendam, assisto qualquer filme. Foi o caso do primeiro "Extermínio", dirigido por Danny Boyle. Não gostei tanto. É mais uma ficção sobre a natureza das pessoas em situações limite, como reagem etc.

Cillian Murphy é o personagem que acompanhamos do começo ao fim. Após acidente, ele acorda de um coma em um hospital vazio. Sai pelas ruas e não entende porque não há ninguém nas ruas e carros e imóveis estão abandonados. Até que chega numa igreja onde encontra algumas pessoas, com comportamento muito estranho, e não demora em perceber que estão infectadas. Sobrevive graças a ajuda de outros dois sobreviventes de uma epidemia que se espalhou por Londres.

Nesse primeiro filme há mais clima e menos zumbis em ação. Há longos trechos sem zumbis, embora o filme não nos faça esquecer que a ameaça é real. Diria que há mais suspense que ação. Do jeito como é, o filme é mais sobre relações humanas em momentos difícieis, sobre como a moral se transforma e se reinventa em favor das necessidades mais brutas.

No segundo, "Extermínio II", a direção muda de mãos, quem assume é Juan Carlos Fresnadillo. Em lugar de um suspense quase político, temos um filme de ação propriamente. Os zumbis tem espaço bem maior e a quantidade de sangue se multiplica. O drama científico e militar passa a ser o eixo e o drama é conduzido por uma família onde pode estar a cura para a infecção.

Esse segundo, cujo título original é "28 weeks later" (contra "28 days later", do primeiro), fala dos acontecimentos 28 semanas depois dos episódios do primeiro filme. Nessa trama, dois jovens, filhos de uma vítima da epidemia, podem ter no sangue gens imunes à infecção, abrindo uma janela para a possibilidade de cura.

O pai deles é sobrevivente da primeira epidemia e vive na inglaterra numa zona ultra protegida, controlada pelo exército americano. Ele vive com a culpa de, por medo, ter deixado a esposa morrer nas mãos de infectados.

Há outros personagens importantes: a médica militar, a minha querida Rose Byrne, que vai proteger os garotos que podem ter a cura para a infecção. Há o soldado interpretado por Jeremy Renner, que fez Guerra ao Terror, que se une ao grupo e tenta ajudar no resgate dos garotos.

Gosto mais desse segundo "Extermínio". Menos sutil, mais direto e eficiente no seu desenrolar. Dá um espaço maior ao terror, sem aqueles sustos habituais do gênero. O Harold Perrineau, ator de Lost e Matrix, também integra o elenco e protagoniza uma cena com o helicóptero realmente impressionante e sanguinolenta.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O assassino em mim

Fiquei mais incomodado que propriamente satisfeito com o filme "O assassino em mim", direção de Michael Winterbottom.
Gosto desse cinema meu bruto, que se vai apresentando em camadas e traz um grupo de personagens interessantes.
É um filme violento, propositadamente agressivo ao espectador.
Estamos acostumados a ver muitos filmes violentos, isso não é novidade.
Mas há filmes em que há cumplicidade do espectador com essa violência.
Quando ela aparece, entendemos e quase justificamos sua presença como parte da mise-en-scéne.
Nesse caso de "O assassino em mim" é preciso ter algo de muito sádico para não se incomodar com a violência apresentada.
Os momentos mais fortes se resumem a duas cenas, bem filmadas e interpretadas, nos dois casos violência contra mulheres indefesas e feita de forma inesperada (para o personagem e para nós, espectadores).
Reconheço a atuação de Casey Affleck. Ele está muito bem. Como de resto, o elenco é bom (Jessica Alba surpreende pelo papel, ela é uma prostituta que se mostra em cena de forma corajosa. Igualmente a Kate Hudson, num bom papel).
No fim, me senti desconfortável. É um bom filme, melhor na primeira metade que na conclusão.
Mas é o tipo de filme que não sei se veria uma segunda vez.

Um lugar qualquer

Não entendo quando alguns críticos acusam um diretor de se repetir.
Melhor, entendo como má vontade com determinados autores.
É óbvio que o autor vai se repetir, é naquele universo que ele transita, são aquelas as suas preocupações, é naquele conjunto de referências que está a sua identidade.
Há então aspectos que estarão em todos os filmes daquele autor, não há como ser diferente.
Alguém diria que a obra é o conjunto total de trabalhos, cada filme ajuda a compor uma obra.
Sendo assim, é muito coerente e muito identificável o novo filme de Sofia Coppola, "Um lugar qualquer", que vi com muito prazer esta tarde.
Todos os filmes dela são realmente parecidos, todos são situações específicas numa vida mais ou menos comum, são recortes delimitados.
Há uma simplicidade, é quase a vida correndo sem intervenção: o ator em seu quarto de hotel, pede sorvete para tomar com a filha, faz um macarrão meio sem jeito, toma banho, anda de carro em longas passagens.
Esses momentos juntos, a forma como são filmados e aparecem para nós, dizem alguma coisa que pode ser entendido como a demonstração de um vazio da existência, o tédio das relações, a falta de sentido em viver e trabalhar num mundo superficial.
Pode ser tudo isso como pode ser a preparação do personagem (e do espectador) para alguma coisa especial que está sendo perdida e pode ser recuperada.
O personagem é dado a perceber que pode obter mais da sua própria vida, que pode mudar de alguma forma.
E esse gatilho está ali próximo: o fato de a filha passar uns dias com o pai desperta nele a vontade de sair do entorpecimento a que sua vida chegou, e querer mudar.
Os personagens de Sofia parecem sempre desconfortáveis no mundo.
Ela sabe manejar bem esses sentimentos, e seus filmes transmitem de alguma forma uma sensibilidade, mesmo quando trata de temas tristes: solidão, relações curtas, hipocrisia, bajulação.
Aspectos que aparecem neste filme e mostram um lado menos atraente da indústria do cinema e entretenimento (indústria que Sofia conhece bem como filha de celebridade e depois ela mesma uma celebridade).
A pequena Cléo, a garota do filme que passa uns dias com o pai, é de alguma forma a pequena Sofia. O filme traz esse alter-ego, que está também em certa medida no personagem do pai.
Gosto cada vez mais de Sofia Coppola. Não me importo nem um pouco que seus filmes orbitem em torno dos mesmos temas.
Não é assim também com todos os grandes artistas?

domingo, 17 de julho de 2011

Tabasco!

Hoje foi um dia feliz. Estive no mercado comprando umas coisas para o almoço. Precisava de uma pimenta, um molho de pimenta pronto, e me bati com essa pimentinha da qual eu já tinha ouvido falar mas nunca tinha experimentado. Caramba, é deliciosa. É seis ou sete vezes mais cara que as garrafas similares (e ainda é bem menor que as garrafas comuns), mas, putz, como vale a pena! Depois do almoço, confabulei alguma coisa para aproveitar esse molho na janta. Claro, fiz uma sopinha que ficou muito bem com as gotinhas do pepper sauce. Até minha filha que não come nem gosta de pimenta, elogiou (ela experimentou uma gotinha de nada, disse que era gostosa mas ardia e preferia não repetir a dose). Eu me refestelei como costumo fazer. Um dia realmente feliz.

O grande ditador

Minha filhinha de nove anos se divertiu muito vendo "O grande ditador", clássico de Charles Chaplin, um dos meus ídolos no cinema. Engraçado como um filme sobre um contexto histórico específico, lançado em 1940, possa dialogar com uma criança. Prova da universalidade - e atualidade - do filme de um diretor incrível. A história é simples, embora trate de assunto espinhoso. Com nomes trocados, Chaplin aborda a perseguição aos judeus pelo fürer, um ditador que sonha ser o imperador do mundo conhecido. É uma sátira política ao período terrível de ascensão do fascismo europeu (sem nenhuma sutileza em sua referência à alemanha nazista e ao tirano Adolf Hitler). O filme traz todo o característico humor físico do personagem Carlitos, que aqui aparece numa das raras ocasiões com fala (Chaplin é da escola do cinema mudo e resistiu ao cinema falado). Foi um prazer rever o cinema de Chaplin. Continuo tendo como preferidos os longas "Luzes da Cidade" e "Em busca do ouro", mas "O grande ditador" é um filme tão lindo quanto outros do diretor inglês. E o famoso discurso do final é mesmo contundente sem deixar de ser terno.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Filmes

Estou de férias e bem na preguiça de escrever, mas vamos lá.

Três filmes esses dias, o melhor deles foi uma produção de M. Night Shyamalan chamada "Demônio". Não vi ninguém dar muita bola para esse filme, mas gostei da história curta, quase um conto, sobre como o demônio age quando resolve reunir e levar embora almas que estão comprometidas por atos ruins que praticaram. Não gosto de o filme ser extremamente explicadinho, mas o clima e as interpretações são interessantes. A direção também trabalha bastante bem para manter o interesse numa trama que se passa a maior parte do tempo dentro de um elevador.

Em seguida, vi "A era da inôcência" de Daniel Arcand, mesmo diretor de "Invasões Bárbaras". Gosto da história do funcionário público que, para suportar uma vida infeliz, se refugia em fantasia. Seu casamento é ruim, sua mulher mal fala com ele, as filhas tão pouco, o emprego não o interessa. Ele leva as coisas até o momento em que chuta o balde. Menos legal que os dois filmes mais conhecidos de Arcand (o outro é "O Declínio do Império Americano"), mas ainda assim interessante.

Por fim, vi mas não me entusiasmou nem um pouco o filme "Bruna Surfistinha". Alguns críticos elogiaram, a maioria falando que esperava coisa pior. Tirando um momento ou outro, nem a bonita nudez de Débora Seco salvam o filme. Aliás, nudez nunca salvou filme nenhum.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pnin

"...quando a decrépita Mme. Roux (...) subia para recolher o aluguel e o surpreendia sem seu faux col, o escrupuloso Pnin cobria castamente com a mão o botão de cima da camisa. Tudo isso mudara na inebriante atmosfera do Novo Mundo. Hoje, aos cinquenta e dois anos, era apaixonado pelos banhos de sol, usava calças e camisas esportivas e, ao cruzar as pernas, exibia - cuidadosa, deliberada, despudoradamente - uma enorme extensão da pele nua."

O trecho é do livro que estou lendo, "Pnin", escrito por Vladimir Nabokov em 1957, dois anos após "Lolita", sua obra mais conhecida.
Ainda estou nas primeiras páginas, 16 ou 17, pelas quais passei hoje no trajeto de casa para o trabalho.
Pnin é professor, tem um jeito curioso de vestir e demonstra seu estrangeirismo de diversas formas - ele é russo vivendo nos Estados Unidos, um imigrante como o próprio Nabokov.
Nas primeiras linhas, revivi o prazer de estar com a prosa do autor.
A primeira vez que li "Lolita", tudo começou com um curioso passar de olhos sobre as primeiras linhas sem intenção de seguir adiante com a leitura. Mas então, já era tarde e dali não saí mais.
O livro me encerrou sem chance de fuga.
Foi (é) deliciosa a leitura que relembrei imediatamente com "Pnin".
Estou bem porque o livro promete muito.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A menina que...

É fogo, o segundo livro termina em suspense.
O autor, Stieg Larsson, não é bobo, fechou o ciclo, elucidou o mistério que anunciou 600 páginas antes, mas apresentou como final um momento em que estamos absorvidos pelos acontecimentos. E queremos mais, claro.
Como assim? Muitas pontas soltas de propósito para chamar as pessoas para o próximo tomo da trilogia Millennium.
Esse segundo chama-se "A menina que brincava com fogo".
O livro é bem escrito, não há como negar. E traz ainda mais elementos que tornam a leitura cativante.
Uma delas é a personagem Salander, a hacker.
O livro mergulha nela e não faz mal, a personagem é mesmo um dos pontos fortes dos livros.
Não sou dos que sentem culpa por ler livros muito vendidos, os best-sellers.
Se há boa história, bons personagens, bom manejo da narrativa, estou dentro.
Antes de seguir para o terceiro e último livro, tomo um copo de água, respiro um ar. Depois eu volto.
Será divertido, porque minhas férias estão próximas.

Enquanto espero, fui comprar um livro para esse intervalo.
Minha intenção era pegar algo de Philip Roth, mas estaquei quando me vi nas mãos com "Pnin", um livro de Nabokov.
Depois que li "Lolita", pirei. Nabokov é genial.

Roth pode esperar.

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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mulher invisível

"A mulher invisível", série, funciona melhor que "A mulher invisível", filme.
Por isso, acho boa notícia saber que a série terá nova temporada no fim do ano.
Vi o longa do Cláudio Torres, uma comédia romântica original mas pouco interessante do ponto de vista de cinema.
Parecia mais um filme que quer fazer platéia (e cifra), mais que propriamente contar bem uma história.
Seus pontos fortes eram uma atuação engraçada (que pecava pelo exagero) de Selton Melo e a beleza de Luana Piovani (o meu maior incentivo para ver o filme).
Claro que só isso não é suficiente.
Basta dizer que o que há de melhor no filme coube no trailer.
Na televisão, as coisas mudaram para melhor.
A idéia do filme não cabia nas duas horas médias da projeção, sobrando espaço para coisa nenhuma.
Já na tevê, são escritas situações curtas que não conseguem encher o saco dentro dos vinte e poucos minutos de cada capítulo.
Além de um engraçado Selton e de uma deslumbrante Luana, a série ganhou o reforço de uma sempre ótima Débora Falabela, coadjuvantes legais, e até uma vinheta de abertura muito divertida.

Quando o filme saiu, fiz o seguinte comentário:

"Com 'A mulher invisível', tive a impressão de que temos uma boa idéia que rende algumas boas piadas e só (a maioria está no trailer). Selton Melo está bem à vontade com seu personagem solitário e cheio de tiques. Gosto do elenco, Wladimir Britcha é ótimo ator e se empenha. A desconhecida Maria Manoella é legalzinha - embora nada que chame tanto a atenção. Há coadjuvantes de luxo e entre eles Fernanda Torres se destaca. O que me irritou mesmo é que os diálogos são muito meia-boca, a história é mal desenvolvida e a amarração de tudo é ruim. Um problema que Claúdio Torres repete também em 'A mulher do meu amigo', fica no superficial o filme inteiro. Como se cada cena só estivesse ali em função da piada seguinte. O filme diverte em alguns momentos, ok, mas decepciona em quantidade muito maior. Fico pensando o que seria a idéia básica do filme nas mãos de um diretor de verdade (um Jorge Furtado, um Guel Arraes...). Mas nem tudo está perdido, 'A mulher invisível' tem a Luana coberta apenas por um lençol, de lingerie, shortinho, ensaboada..."

domingo, 3 de julho de 2011

Kick-Ass Quebrando tudo

Gostei de "Kick-Ass Quebrando tudo", do diretor Matthew Vaughn, filme paródia com as histórias de herói tão badaladas ultimamente.
A novidade é o despudor em filmar cenas impensáveis na indústria: um dos astros é uma criança (a ótima Chloe Moretz) que empunha armas, bate, apanha e mata sem dó os bandidos.
Claro que é um filme censura 18 anos.
O trabalho é divertido e cínico o tempo inteiro.
A sequência inicial que questiona porque ninguém teve antes a idéia de vestir um uniforme para combater o mal é uma piada maldosa, mas funciona e é corajosa.
É um filme voltado ao público jovem, gente que conhece essas histórias, senão nos quadrinhos, pelo menos os títulos em cinema que não são poucos.
A menininha Chloe Moretz, que vem fazendo papéis desafiadores para sua idade, é uma atração a parte.
Até o Nicolas Cage consegue uma renovação interessante com um personagem propositadamente caricato. E o mais bacana é o desfecho do personagem que confirma a vocação de originalidade da trama.
Não é nada demais, porém em um horizonte nada excepcional, filmes teens como esse, "Scott Pilgrim contra o mundo" e "Zumbilândia", fazem a diferença e mostram que há um caminho que usa bem a inteligência, humor e o deboche a serviço do cinema de entretenimento.

Inverno da alma e outros

Depois que o Maurício Stycer elogiou, eu sabia que não devia ser grande coisa o filme "Inverno da Alma", da diretora novata Debra Granik.
Mas me bati com o trailer e fiquei curioso para ver a atuação da menina Jennifer Lawrence, muito elogiada, e realmente uma boa atriz.
O filme mostra o drama de Ree (Lawrence), uma garota de 17 anos em busca do pai, vivo ou morto, para evitar que perca sua casa.
Como o pai foi solto da prisão sob fiança e colocou a casa como garantia, seu desaparecimento pode fazer com que Ree e família percam o imóvel e sejam "jogados na rua como cães".
Ree é responsável pelos dois irmãos menores e ainda cuida da mãe doente.
O filme é a jornada de Ree em busca do pai.
Nessa jornada, ela vai mexer com interesses poderosos, que envolvem atividade criminosa, comércio de drogas e até envolvimento da polícia com o sumiço do pai.
Nada é muito explicadinho, a direção optou mais por imagens, situações e atos que falam por si.
Não empolguei, nem me senti atraído pelo problema apresentado.
Como atrativo, há duas ou três cenas mais interessantes e umas crianças bem fofas.
Há também uma performance convincente de Lawrence. Apenas.

*

Não comenti aqui, mas me diverti bastante com "Zumbilândia", filme de Ruben Fleischer que mescla com êxito terror e comédia. No elenco, estão bem à vontade Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Abigail Breslin e, para mim até então desconhecida, Emma Stone. A paródia funciona e traz de brinde uma cena engraçada, uma ponta na verdade, com o grande Bill Murray.

É um filme médio, mas gostei de "Trabalho Sujo", com Amy Adams e Emily Blunt, direção de Christine Jeffs. Gosto especialmente de Amy Adams, que só confirma a boa atriz que é a cada trabalho. É daqueles filmes que parecem não ter nada demais, despretenciosos, e por isso mesmo conseguem agradar.

E adorei "Kick-Ass Quebrando tudo", um filme divertido e politicamente incorreto. A esse vou voltar em post mais adiante.