segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Bizarro

Esse "O Processo" é um livro bem estranho. Uma amiga mais jovem diria que é "bizarro". Kafka é o escritor de histórias absurdas. Em seu livro mais famoso, que li há alguns anos, o personagem acorda em casa transformado em inseto. Assim, sem explicação. Aqui, em "O Processo", o pobre Josef K. acorda com dois homens o aguardando para informá-lo que está detido. E que corre contra ele um processo na Justiça. Nada que K. tenha feito faz supor que ele é culpado do que quer que seja. Não sabemos, tão pouco K., do que ele é acusado. Essa é a história. O personagem empreende o que pode em esforços para se ver livre desse processo de que não sabe quase nada. E esse pesadelo é tudo o que temos em boa parte das quase trezentas páginas. O mais angustiante é que estou no finzinho do livro e nada faz supor que estamos próximo da elucidação do caso. A substância da narrativa é esse percurso em que temos a sensação de que K. anda em círculo. Personagens aparecem, cada qual faz a história avançar um pouco, mas a sensação de que o personagem não tem saída é cada vez mais forte. A forma como é apresentada a Justiça não é nada boa: ela é terrivelmente lenta, burocratizada, corrompida.

*

Uma coisa curiosa: o livro foi deixado incompleto pelo autor. Nas informações da editora, é dito que não havia necessidade de complementação. Tenho minhas dúvidas, ainda mais quando um dos capítulos é interrompido no meio e lemos a seguinte nota: "Este capítulo não foi concluído". Como assim? Como diria uma amiga minha, é mesmo bizarro.

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