segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sou homem

Primeiro beijo, primeiro amor. Ler o romance de Machado, Dom Casmurro, é tão delicioso que não dá vontade de fazer outra coisa da vida. A história é conhecida, quem não leu por curiosidade ou prazer, leu por obrigação na escola. Mesmo algum extraterrestre que nunca leu, já ouviu falar. Bento e Capitu são jovens, saídos da infância e estão descobrindo o amor. Bento deverá ir para o seminário, será padre, promessa de sua mãe. Diante da iminente separação, o sentimento cresce, o drama dos namorados ganha força, e vamos acompanhando tudo feito joguetes nas mãos de um autor que sabe manipular nossas expectativas. Tudo é bonito, tudo é tenso, tudo é descoberta e tudo tem um frescor tal que parece fácil nos transportar ao mundo em que vivem os dois pequenos. Falo "pequenos" porque, obviamente, ainda estou na primeira metade do livro em que os personagens são bem jovens. Nesse pedaço inicial do romance, quando Capitu e Bentinho dão seu primeiro beijo, durante o capítulo do penteado (magnífico capítulo), difícil não ficar um pouco tonto (eu, pelo menos) com a beleza de tudo que Machado descreve com pormenor. Depois, Bento vai saborear na memória seu primeiro beijo. Exclama sozinho: "Sou homem". E repete várias vezes. Quem não teve seu momento de Bentinho? Tenho uma teoria. Vamos aos livros para voltar a pressionar botões que já temos conosco. E para sentir de novo o que não nos é estranho. Vamos aos livros para reafirmar quem somos.

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