quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vampiro bom, vampiro mau

Não vi e não gostei de "Crepúsculo", o filme sobre vampiros que andam à luz do dia e se relacionam, pelo que se diz, à maneira adolescente. Pelo menos, há um grande público juvenil interessado em filme e livro que trazem essas histórias. E essa faixa etária é preciosa para a indústria, sozinha ela faz a fortuna dos estúdios. Sei que cedo ou tarde vou acabar diante de uma tela com esses new vampiros. O motivo é que Eloá já disse de seu interesse. Sem querer fazer julgamento antecipado, já sei que vou assistir e odiar. Ok, "odiar" talvez seja uma palavra forte. Fico curioso sempre que vejo algo sobre vampiros. Mas fico entediado com best-seller e mais ainda com filmes feitos a partir de best-seller. (Ainda me recupero da primeira adaptação de Dan Brown e seu "Código Da Vinci". Um livro ruim, com um ou outro momento mais interessante, se transformou num filme ruim. Apenas isso.) Para não perder esse post sobre um filme que não vi, posso falar sobre o que vi. Vamos permanecer no teritório dos sugadores de sangue. Há, como se sabe, um sopro bom, renovador, nas séries americanas. São obras que fazem valer a pena perder horas do dia diante da telinha. Neste blog, e no anterior, insistentemente venho falando do assunto. A cada hora, descubro um novo vício. E, de fato, há coisas muito especiais, de alto nível, sendo feitas.

Minha mais recente febre atende ao nome de "True Blood". A série de vampiros sensuais e integrados (quase) ao convívio social é uma das melhores coisas já feitas sobre o tema. Tudo bem que é trash em diversos momentos, abusa de cenas de sexo, de rituais macabros, de violência e de muito sangue. Mas tudo é muito bem contextualizado, muito bem amarrado, e a série sabe trabalhar os diversos núcleos e personagens que vão surgindo. Há um casal protagonista, mas a trama divide sua atenção entre os muitos plots da narrativa. Explora de maneira inteligente os personagens secundários que chegam a competir em importância com o casal central. E não se limita a falar da convivência entre humanos e vampiros. Outros seres sobrenaturais aparecem na história. Poderia ser o samba do crioulo doido, mas não é. Aí está a questão. "True Blood" surpreende a cada episódio, não se importa de ser mais e mais ousado. E avança sempre um pouco em situações esdrúxulas. O que é legal é o fato de o seriado não ter pudor em ser politicamente incorreto, sem falar no seu humor negro. Poderia falar de outras coisas, a atualização do drama de vampiros como metáfora de minorias discriminadas certamente seria uma delas. A aposta em dramas de suspense e assassinato é outro viéis interessante. A série mistura elementos, não abusa de efeitos especiais, tem bons personagens, e centra o olhar nas relações pessoais. Tudo isso feito com respeito pela inteligência do espectador. Quem está a acompanhar um "True Blood", não pode se contentar com um "Crepúsculo" da vida.

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