sábado, 10 de julho de 2010

Alguns filmes

Vi alguns filminhos esses dias de férias. Alguns bons, outros meia boca. Mas felizmente nenhum terrível a ponto de sentir que rasguei dinheiro.

Um dos que mais gostei foi "O aprendiz", de Bryan Singer. Embora trate do nazismo, fala muito mais sobre natureza humana do que de qualquer outra coisa. Especialmente sobre o que somos capazes de fazer. Aquele menino, Todd Bowden (interpretado pelo ator Brad Renfro), faz uma dupla arrepiante com ex-militar nazista Kurt Dussander, feito pelo veterano (e ótimo) Ian McKellen. Os dois se desafiando, num jogo de nervos, rendem ótimas cenas. Mas o filme vai além do conflito casual que se arma (e ganha força) entre um estudante e um velho com passado criminoso. Aquela cena em que o sobrevivente do holocausto reconhece o personagem de McKellen no hospital é assombrosa.

Vi um pouco depois "O Leitor", filme que foi bastante comentado à época por causa da indicação de Kate Winslet ao Oscar. O filme também traz para dias atuais a reflexão sobre crimes cometidos pela SS Nazista. Kate é ótima, mas sempre sou meio frio com essas caracterizações que colocam os personagens envelhecidos com maquiagem em nossa frente. Por mais que os movimentos e a expressão da jovem Kate permitam passar os sentimentos de uma velha, não consigo comprar a coisa e entrar na fantasia. Penso o tempo todo que é uma atriz interpretando. Isso é péssimo. E provavelmente é um defeito meu. Outro inconveniente é que o Ralph Fiennes é um ator que não me desce a goela. O filme mostra um caso entre a personagem de Kate com um garoto. Fiennes faz esse garoto na idade adulta. É um personagem importante. Ok, mas tem muitos méritos a história da ex-agente da SS que gosta de ouvir que leiam livros para ela. Acho o filme irregular, a metade aponta para uma coisa. A partir da metade se torna um outro filme. Por fim, temos o reencontro dos ex-amantes e aquele desfecho previsível. Meu professor de crítica de cinema da faculdade diria que é um filme que não sabe o que quer, não se decide. De qualquer forma, não diria que é uma grande obra.

As coisas melhoram bastante com o cinismo dos irmãos Joel e Ethan Coen. Vi deles "Queime depois de ler". Com as primeiras cenas, comecei achando que ia me irritar. Mas reconheço que é uma comédia esperta, com um ótimo elenco que é bem aproveitado em cena. A história é uma grande brincadeira com os filmes de espionagem, não tem como não admirar o engenho dos diretores. O filme funciona e faz rir, com humor negro, inteligência. É um trabalho inferior a um "Onde os fracos não tem vez", da mesma dupla de diretores, mas ainda assim de bom nível.

Sou fã do Benicio del Toro e só por causa dele fui ver a versão de "O Lobisomem" de Joe Johnston. Não é bom. Não por causa de Benicio del Toro, que continua o bom ator de sempre. Mas o filme não diz a que veio. Começa e termina sem que tenhamos um grande motivo para ter passado duas horas na frente da tela. Dizer que os efeitos especiais são convincentes é não dizer nada. Efeitos hoje em dia podem ser (e tem sido bastante) uma maquiagem para esconder um projeto sem sal nem açúcar.

Outro filme: "P2 - Sem Saída". Confesso que fui ver por causa da Rachel Nichols com aquele vestido justo colado. Ainda mais que vi num trailer uma cena com o vestido encharcado, colado ao corpo. Mas é um filme fraquinho demais para um suspense do gênero. Pense em todos os clichês das histórias de suspense apresentados sem nenhuma criatividade. Para piorar, o filme aumenta violentamente de volume na hora dos sustos. Um filme sem substância, movido a sustos. Passo.

Já a animação "Tá chovendo hamburguer" é outra história. Criativo, com um enredo bem amarrado e original, o filme é bacana do começo ao fim. Não é uma obra-prima como tem acontecido com algumas animações nos últimos anos, mas é bem divertido.

Outro que gostei bastante foi "Amor sem escalas". Vendido como comédia romântica, quem assistiu esperando um exemplar desse gênero quebrou a cara. Felizmente, o que temos ali é muito melhor. Eu, pelo menos, me amarrei. O filme trata do tema atualíssimo de uma América em crise que precisa demitir milhares de pessoas. Mas como fazer isso, tarefa das mais ingratas? Para essa função há especialistas em demitir pessoas, profissionais que viajam de norte a sul apenas para fazer aquilo que o chefe não quer ter o desprazer, desligar seu funcionário. Daí somos apresentados a personagens complicados que tentam se encaixar do seu jeito no mundo. E sofrem com suas escolhas. Seja a garota nova que é a sensação na empresa especializada em demitir. Seja o veterano (George Clooney) que acumula milhas, não tem casa, e se sente melhor viajando que com endereço fixo. Sua filosofia é que cada pessoa deve carregar o mínimo de coisas consigo, apenas o que cabe na mochila. Com isso vive afastado da família e de relacionamentos sérios. Gostei do clima desesperançado e ao mesmo tempo leve do filme. Fala de coisas difíceis e trata o espectador como adulto. Não quer agradá-lo. Por isso, não espere final feliz.

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