quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Partida

“A Partida” é provavelmente o melhor filme que vejo em 2010. Se soubesse que era tão bom, não teria esperado tanto. O longa japonês, direção de Yojiro Takita, é uma ótima surpresa. Um filme tocante, que vai crescendo até aquele final belíssimo. Eu estou ficando um banana, porque foram várias as vezes em que fiquei tocado, querendo chegar às lágrimas. "A Partida" é envolvente, lírico, engraçado, tem história para contar. Aquele cuidado, aquele ritual envolvendo a preparação de mortos, achei aquilo muito lindo. De fato, é o aspecto que aparece mais, é a cena mais repetida e que, imagina-se, demandou muito preparo. Sei que há outras coisas que o diretor Takira quis abordar ao falar da morte. Aquela história toda envolvendo o pai do protagonista é o tronco que explica as motivações do atrapalhado, sensível e bom coração Daigo Kobayashi (feito pelo ator Masahiro Motoki). Mas eu viajei mesmo foi no assessório. Adorei a música, adorei os personagens secundários (lembro agora, por exemplo, daquele funcionário que fica responsável por continuar a casa de banhos, mas há muitos outros que aparecem e somem), adorei as cenas em que as pessoas aparecem comendo, cenas que estão entre o cômico e o gracioso. Gosto bastante do ator que faz o chefe da empresa que prepara corpos. Acaba meio que sendo um pai para o perdido Daigo. Pelo menos foi o que enxerguei ali. Chorei com a cena do Daigo encontrando o pai de verdade, um pai que o abandonou ainda criança. A cena da secretária que conta que também abandonou um filho é a chave para entender o que houve com o pai do protagonista. A vergonha é tamanha, que quanto mais o tempo passa mais é difícil voltar àqueles que eles abandonaram.

Gostei muito da transformação do protagonista, o respeito que passa a ter pelo ofício de preparar o cadáver e ajudar na "passagem para o outro mundo". Um filme que tem pouco diálogo, boas imagens, e um protagonista que nada tem de herói – ou talvez tenha, de um outro jeito. De qualquer forma, um filme e um personagem que crescem aos olhos do espectador. Parece que a lição é que podemos aprender muito com a morte. É um clichê, mas mesmo clichês bem trabalhados podem oferecer um frescor e uma visão diferenciada. E o principal, há tantas coisas que se pode trazer do filme, o enredo central está amparado em ótimas circunstâncias e situações que enriquecem a experiência do que se está vendo. É um filme que parece simples, é simples, mas tem muitas camadas. Antes mesmo de terminar, eu ficava pensando que queria ver "A Partida" outras vezes. Isso só acontece quando a obra captura mesmo a gente. Me capturou.

2 comentários:

  1. Tá vendo?
    Eu só indico filmes bons.
    Siga a minha "listinha" que vc será ainda mais feliz!
    Bjs!

    Marlla

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