quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Chico Xavier

Gosto do Daniel Filho, mesmo entendendo que não se trata de um cara arrebatador ou de um artesão genial. Gosto dele principalmente em trabalhos como "Primo Basílio" e "Muito gelo e dois dedos de água". E não desgosto dos dois "Se eu fosse você". Mas meu interesse pelo seu cinema é sempre limitado, gosto de umas coisas tanto quanto desgoto de outras, sem que ele me satisfaça plenamente. Esse "Chico Xavier" não é muito diferente de outros filmes dele. Eu sei que fazer biografia é um negócio complicado, são tantos fatos, e se tratando de personagem tão recente, é tanta informação que é difícil chegar à essência. É sempre uma tarefa de risco. Uma das coisas que mais me incomodou foi o elenco que desfila na tela. Caramba, são tantos rostos conhecidos que durante a trama passamos a nos peguntar qual será o próximo global a aparecer. Não faria nada mal optar por rosto desconhecidos focando mais na história que está sendo contada. Esse é um tema - vida depois da morte - que atrai a atenção das pessoas. E o material nas mãos do Daniel é bem interessante. Tudo se passa ao longo de uma entrevista de Chico Xavier à TV. O filme dura o tempo da entrevista. Claro que esse tempo é manipulado o suficiente para abrir espaço para a narrativa da vida do biografado. É um esquema que a mim, me lembrou o recente "Quem quer ser um milionário". Enquanto o programa de TV passa no presente, vários flashbacks cortam a narrativa para contar quem é aquele personagem, quais são suas motivações e angústias. Paralelo a isso temos a história dos personagens de Tony Ramos e Cristiane Torloni, que perderam um filho, e que terão a ajuda do médium. Dessa trama, Daniel retira o climax de seu filme. É um dos tantos testemunhos de que há de fato muitos mistérios entre o céu e a terra. O curioso, pelo menos pra mim, é que o filme embora expresse a existência do desconhecido, de espíritos, de vida depois da morte etc. tudo isso me pareceu muito frio e distante. Saber que o diretor é tão ateu quanto o personagem de Tony Ramos talvez explique alguma coisa.

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