quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mas esse final...

Depois do resto do mundo, terminei de ver Lost.

Gosto do raciocínio de que uma obra se completa com o leitor (espectador, ouvinte etc). Por isso, nenhuma obra pode ser muito explicada. Explicar muito, de certa forma, é matar a parte que cabe ao lado de cá.

Penso que está aí o problema maior de Lost na season finale. Tentou explicar demais e meteu os pés pelas mãos, sem falar que metade dos enigmas continuou no escuro. E ainda, pecado dos pecados, optou por um final que subestima a inteligência do fiel espectador.

Deixa eu formular isso melhor.

Depois de passar bom tempo plantando mistérios e de deixar o espectador tontinho (e isso era muito bom), a sexta e última temporada foi de elucidações.

No começo isso parecia boa coisa. Mas em se tratando de uma série com pé tão forte no mistério (e sci-fi, suspense, aventura, romance...), a sensação era de botar água no vinho. Cada episódio era dedicado a esclarecer algum dos seiscentos segredos da ilha. Como eram tantas as questões, claro que ficou um mundo de coisas sem resposta.

O final é totalmente frustrante no comparativo com o nível que a série atingiu. Parece que puseram na mesa todos os possíveis finais, daí escolheram o mais improvável, inverossímil e bobo.

É incrível o desnível de "The End", ainda mais tendo sido escrito pelos mesmos roteristas que mostraram competência para desenhar o enredo todo (ok, com muita enrolação e fumaça no caminho, mas também com episódios digníssimos).

Como diz minha mãe, eu vou e volto: porém, todavia, não posso me queixar de tudo. O final não apaga uma trajetória incrível. Isso mesmo. No saldo final, me diverti muito com Lost (thank you, Hurley, Sayid, Desmond, Faraday, Ben, Jin, Miles, Charlotte e Locke - meus favoritos).

Foram seis temporadas de altos e baixos, mas mesmo os piores momentos valeram a pena.

Concordo com o clichê de que é um marco na televisão. Mais um. Seria perfeito se Lost fosse uma série mais curta, concentrando nos episódios que tinham algo a dizer. Mas, por pior que pareça, a enrolação e as pistas falsas fizeram parte do prazer do jogo.

Lost me pegou pelo pé, me divertiu por seis temporadas. Se o final contrariou o bom nível do conjunto, paciência, são coisas da vida...

Na minha modesta opinião, mais que o da terceira, não existe final melhor que aquele da quinta temporada. (Quando Juliet, chorando, bateu com a pedra naquela bomba H, a tela ficou clara com a explosão e apareceu o logotipo da série. Depois disso, meu coração ainda ficou acelerado por uns bons minutos.) O final perfeito.

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