domingo, 17 de maio de 2009

Era uma vez

Depois de ler um romance, Mário de Andrade ficou puto com o autor. Ele elogiou o livro, mas reclamou em uma carta que o escritor fez muito mal em matar uma determinada personagem feminina da trama. Eu senti coisa parecida depois de ver o filme "Era uma vez" hoje. Antes de tudo, é legal dizer que Breno Silveira é um diretor que vai sempre me fazer ficar curioso por suas coisas. Ele estreou com "Dois filhos de Francisco", que gosto bastante, e seu segundo trabalho é esse "Era uma vez", estreado nos cinemas ano passado. A primeira coisa que achei boa foi o título. Que, se a gente pensar bem, antecipa informações sobre o próprio Breno. Ele gosta de trabalhar com o repertório do público, gosta de trabalhar com clichês. Não vejo mal nisso, tudo está valendo desde que seja feito bem feitinho, com talento, tendo algo para dizer.

"Era uma vez" é um trabalho envolvente, com umas coisas de imagens bem interessantes e um elenco simpático. É um filme cheio de tensão e com algumas cenas bem violentas. O personagem principal, Dé, é feito pelo jovem ator Thiago Martins, que está bem cativante em cena. Assim como a novata Vitória Frate está do tamanho que se espera de uma princesa de conto de fadas; bela, graciosa e entregue ao papel. O que é muito bom, até surpreendente: Rocco Pitanga, ator que faz o irmão criminoso de Dé. Rocco alterna ternura, lealdade e terror como só atores muito bons conseguem. Tiro o chapéu para sua performance. Ele está maravilhoso. Se não fizer mais nada que preste daqui por diante, já valeu. Mas espero que ele mostre mais personas tão complexas quanto essa em seus próximos trabalhos.

Me incomodou muito o fim trágico do romance. Tudo leva a crer que a história caminha para uma direção, mas do meio pro fim, Breno começa a armar sua bomba e reedita a tragédia de Shakespeare na calçada de Ipanema. Fiquei decepcionado, apesar de aquela cena pós-letreiro abrir uma perspectiva interessante. O fato é que ficaria muito mais feliz se em vez da tragédia, o casal conseguisse fugir para uma praia no Nordeste, como eles tinham planejado.

3 comentários:

  1. Não adorei o título, porém, o filme é muito bom.
    Meu problema não é com o final trágico da história, mas com o exagero da cena.
    By the way, gostei do seu blog e já estou entre os seguidores... Dá uma olhada lá no meu (é mais voltado para meu trabalho fotográfico, mas também comento uma coisa ou outra que vejo por ai...)
    Abraço, L.

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  2. Bacana, Léo. Bem-vindo... e vou lá ver seu blog. Abração.

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