quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
O que primeiro me chamou a atenção, me dizendo que se tratava de um bom filme, foi a fotografia.
"Precisamos falar sobre Kevin", da diretora escocesa Lynne Ramsay, começa com aquela imagem incrível da guerra de tomates, a tela é tomada pelos corpos labuzados em vermelho sangue.
É uma festa tradicional, mas sabemos que em cinema as imagens se comunicam com o que o filme está dizendo.
A câmera vai fechando o enquadramento até chegar à protagonista, Eva, em êxtase no meio de tudo aquilo.
São os primeiros minutos do filme e estou totalmente conquistado. Se tudo fosse ruim a partir dali, poderia dizer que aquela abertura compensa o restante. Mas nem é o caso.
A abertura é apenas uma cena impressionante num conjunto forte.
O filme é econômico em termos de palavras. Não há necessidade delas. Fala-se muito pouco no filme e o que nos é mostrado é suficiente para a história que se está a contar.
É aquele tipo de filme que solicita o espectador, que se completa com a sua adesão. Não mastiga, não facilita a nossa vida, o que é ótimo. Porque no fim das contas, não há como não entender o enredo, mesmo com as idas e vindas na cronologia dos fatos.
O filme trata da relação entre um garoto e sua mãe, numa família aparentemente comum. Há ainda o pai e a filha caçula.
A mãe é interpretada por Tilda Swinton, que é a grande responsável por boa parte do impacto que o filme provoca; o pai é defendido por John C. Reilly, e o garoto de 16 anos é feito pelo desconhecido (e aqui ótimo) Ezra Miller.
É o tipo de filme que é melhor se não temos muita informação prévia sobre ele. Basta dizer que toca numa dessas situações, nos Estados Unidos, em que um jovem provoca uma tragédia numa escola.
O filme mostra o que há depois disso e, ao mesmo tempo, acompanha a vida do garoto desde o nascimento.
A mãe é o personagem através do qual somos conduzidos à trama.
Fiquei encantado com a qualidade do trabalho, em um filme que não é fácil, e não tem nada de doce das relações familiares que costumam ser retratadas no cinema.
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