quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Angústia

Terminei ontem "Angústia", livro de Graciliano Ramos. Na verdade, vinha enrolando as últimas páginas. Li com bastante interesse os mais de dois terços da narrativa de quase trezentas páginas. O final, achei arrastado. Não que o ritmo fosse diferente no começo e maçante depois. Era mais ou menos o mesmo ritmo. Mas o final ficou cada vez menos dedicado à narração de fatos e mais entregue à angústia, sofrimento e autopunição do narrador, Luís da Silva. É ele o personagem principal, o narrador que conta em detalhes uma situação amorosa em que se envolve e que não termina bem. Nas histórias de Graciliano, as coisas acontecem mais dentro dos personagens do que fora. E todos são personagens desgraçados (pelo menos em "São Bernardo", "Vidas Secas" e "Angústia"). Muita da ação é intensa, recorrente e psicológica. Havia lido que "Angúsia" é um livro excessivo, bem diferente da escrita enxuta e concisa que caraceriza o autor em outras obras. Concordo com essa avaliação. É um livro abundante, e até redundante, em muitos trechos. O que salva é que, como o autor é de altíssimo nível, nas passagens onde o livro é bom, ele é realmente muito bom, e compensa qualquer excesso antes ou depois. E é possível encontrar muitos trechos realmente grandiosos. Eu mesmo me amarrei em toda a primeira parte em que ele descreve a atração e o romance com Marina. E seu ódio e ressentimento logo em seguida não é de se desprezar, rende igualmente ótimos momentos.

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