quarta-feira, 30 de março de 2011

Abundância

Estou meio desconfiado de "Viva o povo brasileiro". São muitas páginas de poesia e redundância. Em quase todas as frases de Ubaldo, ele enfeita de tal forma o período com palavras e expressões de ênfase que se um editor resolvesse ir "limpando" os parágrafos, o livro seria bem mais magro. Acho um defeito. Sei que é um clássico e li muito pouco ainda (cento e poucas páginas). Bom, mas a parte boa é que nos trechos onde o livro é grande, de fato temos algo excitante e rico. Em muitos casos, isso ocorre justamente por essa, digamos, "abundância" do autor. Por falar em excitante, são incríveis as partes libidinosas do romance. Aliás, Ubaldo já havia mostrado muita maestria em contruir história concupiscente, basta ver o que fez em "A casa dos budas ditosos" (embora este livro tenha vindo bem depois de "Viva o povo...). Acho que a leitura está valendo a pena e nem me passa pela cabeça abandonar. Mas entendo quem não chegou até o fim. Não é livro para qualquer um - e isso não é necessariamente um elogio à obra.

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