quarta-feira, 14 de setembro de 2011

vexável afeição

"...eu dele era louco amigo, e concebia por ele a vexável afeição que me estragava, feito um mau amor oculto..."

Já estudaram essa obra, "Grande sertão: veredas", de trás para frente e de frente para trás, pouco importa. O que me vale é a minha experiência pessoal. E eu estou boquiaberto. Juro. Confesso que estou confuso, mesmo meio que sabendo do que se trata, e como a história se desenrola. É o mal do século. Tudo já foi tão destrinchado e citado e recitado, que nada é totalmente novo. Mesmo para quem não leu um determinado clássico diretamente, sabe dele por meio das homenagens, paródias, citações etc.

Ok, então voltando ao livro "Grande sertão...". A essa altura, não tem como não saber que Diadorim é mulher. E que Riobaldo gosta dela, tem ciúmes, sente saudade, o coração aperta etc. Mas tudo isso acontece ANTES de ele saber que Diadorim é mulher. Significa que até o momento da descoberta, o jagunço está tendo sentimentos por outro jagunço (Como assim? Sem que isso lhe revolucione todo?). Não quero me antecipar, mas não é um negócio de doido? É quase uma bandeira gay num tempo em que não se falava em bandeiras.

Olha esse trecho a seguir, na página 82. Ele pega a narrativa no momento em que o líder do bando de jagunços morre e alguém precisará assumir a chefia:

"Num nu, nisto, nesse repente, desinterno de mim um nego forte se saltou! Não. Diadorim não. Nunca que eu podia consentir. Nanje pelo tanto que eu dele era louco amigo, e concebia por ele a vexável afeição que me estragava, feito um mau amor oculto - por mesmo isso, nimpes nada, - era que eu não podia aceitar aquela transformação: negócio de para sempre receber mando dele, doendo de Diadorim ser meu chefe, nhem, hem? Nulo que eu ia estuchar."

Vamos indo...

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