segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

As melhores coisas do mundo

A experiência mais empolgante pra mim com filmes este fim de semana foi com o brasileiro "As melhores coisas do mundo", da Laís Bodanzky. Tinha um tempo que queria ver, mas retardava quando lia a sinopse. Parecia mais um filme sobre jovens, primeira vez, dores de amores, zoação na escola. Bem, é mais ou menos isso mesmo. Mas poucas vezes vi um filme sobre essa juventude retratado dessa forma. Acho que sobre juventude temos coisas legais em literatura juvenil, uma ou outra experiência em TV. O cinema deu um passo bacana com esse filme. Achei um trabalho muito bom. É uma história bem contada num roteiro que aproveita tudo que apresenta. Desenvolve bem todos os ganchos, todas as histórias paralelas, e conecta tudo de forma orgânica em função da trama central. Nem bem há uma trama central, na verdade. O personagem principal é Mano (Francisco Miguez), um carinha que adora música e se apaixona pela primeira vez por uma dessas garotas estonteantes da escola, que obviamente não sente o mesmo por ele. Sua melhor amiga é Carol (Gabriela Rocha). A atriz é uma revelação, é certamente uma das melhores coisas do filme. Os dois estão muito bem, são os personagens centrais, em torno do qual giram as outras histórias. Seus diálogos juntos são um ponto alto. Como são bons os diálogos em geral. O filme é bem naturalista e vai ser fácil os garotos e garotas se identificarem com alguma coisa. Eu, que já sou um tiranossauro, vi várias coisas que remeteram à minha fase adolescente. E, mais que isso, tenho uma filha pequena que logo vai estar nessa faixa de 15 anos. Não foi difícil me sentir totalmente contemplado pelos temas. Coisa rara, vi o filme duas vezes. E adorei as duas. Achei totalmente descartável o personagem do Paulo Vilhena, que faz um professor de violão. Já a Denise Fraga - uma atriz que tem seus recursos, mas que em geral não me comove - está surpreendente, em ótimo momento. O filho do Fábio Júnior, Fiuk, não está nada mal. Embora lembre o pai em cada fala, faz muito bem o seu papel, está bem adequado ao personagem do poeta romântico e trágico.

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Gostei bastante de "O discurso do rei", que acaba de ganhar o oscar de melhor filme. Geoffrey Rush está muito bem e faz boa dupla com um igualmente ótimo Colin Firth. A história é todinha montada para chegar ao tal discurso do título. O filme é simpático, centrado numa história de bastidor da Inglaterra, enquanto a segunda guerra acontecia lá fora.

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Vi o "Enterrado vivo". Gostei. É menos claustrofóbico do que imaginei. Mas não é filme para se sair dele feliz da vida, é angustiante. O Ryan Reynolds segura bem a onda, não podia ser diferente já que o filme é todo ele e o espaço interno de um caixão por uma hora e meia (diferente de "127 horas", que tem vários outros cenários e outros personagens em cena). O final de "Enterrado vivo" é ótimo (forte) e bem a ver com tudo que vem desenrolando. Gosto disso. Coerência nem sempre é um valor respeitado no cinema.

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Com o francês "O Profeta", me senti ludibriado. Fui com as mais altas espectativas. Ainda mais quando o disco vem com grande referência ao seu parentesco com "O poderoso chefão", um dos meus filmes preferidos. Nada mais distante. Achei o filme desinteressante e desnecessariamente longo. Repetitivo, parecia girar em torno de si mesmo. A sequência, para mim, com maior força cinematográfica, é aquela do ataque ao carro à prova de balas, quando o personagem fica surdo, a montagem, o ritmo e o som, tudo é muito bem feito. A morte com a gilete no início do filme, o batismo do personagem naquele mundo do crime, é realista, mas também asquerosa. Não me fez a cabeça.

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