sábado, 9 de abril de 2011

Dúvida


Não falei aqui, mas gostei muito de "Dúvida", filme com o trio Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams. Direção de John Patrick Shanley, o filme antes foi uma peça de sucesso do próprio Shanley. Sei que muita gente não gostou, fala-se que é teatral demais em alguns momentos. Não sei, não achei isso. Gosto muito de uma história centrada em poucos personagens, com bons momentos de embate e muitas imagens que sugerem coisas. Há, sim, explicações que parecem redundantes - penso especialmente na passagem da mulher que espalha o conteúdo do travesseiro que se perde no vento. Mas o resultado, mesmo neste caso, é adequado a história: o perigo de sujar o nome de uma pessoa sem haver certeza sobre a sua culpa. O filme levanta muitas questões. Pensei, claro, em nosso tempo e em nossa imprensa. O filme começa e termina ao redor da dúvida. Fala de método conservador e liberal para se conduzir uma escola religiosa dentro da igreja. Que passa a ser também uma arena para se discutir medo e liberdade, amor e coação, o leque é tão grande quanto se queira. Se ficamos apenas na história, é um caso bem contado, muito coerente. E o curioso talvez seja o fato de que a dúvida consome todos nós durante a vida. O que faço é certo? Não podemos ter todas as informações antes de agir. A maioria das vezes, agimos no escuro. O no final fica uma dúvida que consome a alma. Aquele choro da freira de Meryl Streep me pareceu bem estranho depois de tudo que ela fez. Mas faz sentido.

Um comentário: