sexta-feira, 27 de maio de 2011

Além da vida

Fui atropelado por um caminhão, acho.
Dificilmente - e cada dia é mais difícil - vejo duas vezes o mesmo filme.
Menos ainda no mesmo dia.
Pois fui atropelado por um caminhão, a sensação foi essa, depois de ver "Além da vida" ("Hereafter"), o último trabalho do diretor Clint Eastwood.
Eu não sei exatamente o que me capturou tão forte neste filme. Esse tema não costuma me impressionar (não em ficção, depois de ter visto tanta coisa ruim).
Acho que está certo quem avalia que o filme do diretor é como os outros, não é filme sobre o "além", mas sobre as misérias tão nossas, tão terrenas.
E nisso, o filme é belíssimo.
São três histórias que caminham separadas desde o início. Lá pelos minutos finais, os personagens se encontram. Ardil de roteiro que poderia soar 100% artificial. Mas o artifício, nas mãos de gente como Clint, é matéria de deleite. E o resultado é orgânico, bem amarrado e, principalmente, faz todo o sentido.
Caramba, o garoto que perde uma pessoa importante e persegue a comunicação com o morto, aquele é um personagem que não há como não se ligar. Fiquei pensando em adotar um garoto, tão safo e espitiruoso como ele.
Terminei o filme com fome - o personagem do Matt Damon faz um curso de culinária a certa altura.
Terminei meio solidário, meio com peninha das desventuras da jornalista francesa que quase morre sob um tsunami.
E fiquei com vontade de viajar o mundo - o filme transita em variadas locações.
No fim, precisava assistir de novo. Chamei a mulher e até a filha pequena para verem comigo.
Estava com o longa "O vencedor", que foi deixado de lado.
Clint, com ternura e a habilidade de sempre, me fisgou mais uma vez.
Nos últimos dez anos, não sei, não faço outra coisa da vida senão esperar o próximo filme de Clint.
E sempre sou recompensado à altura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário