sexta-feira, 6 de maio de 2011

Trinta e seis

Faço 36 anos domingo. Caramba, são 36 anos! Minha querida amiga Najara, que faz 35 um dia antes, me diz essa coisa que mal percebemos e o tempo avança. Ouvir isso (e viver isso) é forte. Muito mais que ler em mensagens clichês que nos chegam por email. Quando ainda não tinha 15 anos, sonhava chegar aos 30. Queria ser homem rápido. Achava que ali estava uma idade intermediária e perfeita. Trinta! Não garotão demais, nem velho, menos ainda "coroa". Longe disso. Acreditava que os 30 anos me daria o vigor da juventude e a experiência num mesmo pacote. Um rapagão, cara de homem, contas a pagar, responsabilidades do mundo adulto, mulheres... Os trinta chegaram e estão voando. Hoje já estou mais perto dos quarenta. Que medo! Não, não é medo. É vontade de acontecer, tipo saber que estou aproveitando bem o tempo que tenho sobre a terra (pois é, me ocorre agora essa frase "Ninguém mais verá Osama Bin Laden andando sobre a terra", palavras do presidente americano se referindo ao famoso terrorista abatido). Quero aproveitar o tempo que tenho. E isso significa viver melhor, ter mais momentos com minha filhinha, com minha mulher, com meus pais e com meus amigos. Tenho trabalhado - não é de hoje - para viver bem com Eloá. Porque, parceiro, não é fácil aturar uma mulher. Como não é fácil aturar uma filha. Aliás a convivência é um troço difícil sempre. Sei de filhos que odeiam os pais, com razão. Eu mesmo já odiei meus pais um milhão de vezes no passado (os dinossauros ainda andavam sobre a terra). Já odiei minha filha não poucas vezes (só ontem, foram duas). E canso de odiar Eloá (e me divirto fazendo ela me odiar). Mas no fim, não consigo viver sem nenhum deles. O amor é muito maior que as pedras no sapato. Essa convivência (muitas vezes forçada) tem seus momentos de inferno, mas no balanço final é o que nos ajuda a seguir. Trinta e seis anos. Claro que ainda sou um garoto (aquele, chegando nos 15), não consigo pensar diferente. Eu me sinto acumulando personagens dentro de mim. Aqui dentro estão todas as pessoas que fui. Vamos nos intercalando, todos opinam sobre tudo, uma bagunça. A palavra final é sempre do mais velho, claro. Questão de hierarquia. Estou agora terminando o meu turno e dando lugar a mais um que está chegando. Domingo, um novo comando assume o posto. Daí me junto aos outros eus. De minha parte, estarei aqui opinando e tentando me fazer respeitar. Porém, evidentemente, o 36 é que será o cara. E eu aceito isso. Como diria Shakespeare, a fila anda...

Deixo as palavras finais deste post para o poeta Carlos Drummond, que tem esses versos bonitos sobre o tempo que passa:

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um individuo genial.

Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante tudo vai ser diferente.”

4 comentários:

  1. Ad,

    Eu o conheço antes da tão desejada idade por ti.. E posso garantir que vc acompanhou o ritmo do tempo. Vc está mais amigo, mais presente, mais pai e {vou meter a colher!] melhor para sua Eloá. Fico bem feliz de ver essa evolução.
    Que seus 36 venha com tudo e que seja O ano pra vc. Sei que muitos ainda virão... mas faça deste um ano pra gente lembrar na velhice. Timtim sempre!

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  2. Poxa, obrigado, cara. Estou nessas de valorizar minhas modestas posses. Você é uma amiga querida. Muito bom vc estar por perto. Abraço grande!

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  3. Caro,Ad,além dos 35 aninhos,faço hoje 6, de casamento formal e escrevi para meu digníssimo que a convivência é a maior das provas de aprendizado e necessária para nosso aprimoramento. Olha, amigo, o tempo passa, mas,graças a Deus, nós traz um pouco mais de juízo... Obrigada por fazer parte do meu dia a dia, compartilhando o labor e as piadas!!! Parabéns e muitos anos de vida e saúde para nós!!! Najara

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  4. Com certeza, Najara. É um prazer compartilhar os dias no trabalho contigo. E os programas fora do trabalho também, como as farras com os colegas em tantas oportunidades. E tô contigo: muitos anos para nós, muita saúde. Abraço forte!

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