domingo, 28 de agosto de 2011

Cigarro

Eu tinha um projeto de banda de rock ainda bem jovenzinho.
E nessa época, um determinado dia, achei adequado tirar uma foto de terno, com a gravata frouxa, óculos escuros e cara de mau.
Meu amigo Sérgio pousou comigo, com os mesmos trejeitos.
Depois, fomos comemorar na cozinha da casa dele ouvindo Raul, Cazuza, Legião Urbana...
Sentamos no chão, tiramos do bolso e acendemos nossos cigarros.
Era um negócio proibido, mas vivíamos a sensação de que estrelas da música são mesmo assim.
E olha que era um simples cigarro, nada de drogas ilícitas.
Lembrei desse momento quando li o trecho abaixo de Fernanda Young do livro "Tudo que você não soube".

*

"Então, fumei um cigarro e achei maravilhoso. Lembro bem da sensação, que me pareceu de delícia absoluta, do meu corpo ficando dormente a partir da ponta dos dedos. Fumar escondido tornou coisas como feriados em Araruama imediatamente mais interessantes. Já que, sentada em qualquer janela, de madrugada, junto com o meu Hollywood, eu estava tendo minhas primeiras experiências no ramo em que me notabilizaria: o da ilegalidade. Logo depois, viria aquele copo de requeijão cheio de Campari, tomado num só fôlego, que me introduziu no mundo dos porres completos. Nunca mais bebi Campari, enjôo só de pensar; mas virei adepta do hábito pirata, do álcool num único gole. Daí para a chamada perdição foi uma ida até a próxima esquina.

Coisa triste de uma filha dizer a um pai. Ainda mais, sendo justamente esta a sua intenção."

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