sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ainda Vidas Secas

Leio um ensaio de Álvaro Lins sobre a obra de Graciliano Ramos. Achei incrível. Chama-se "Valores e misérias das vidas secas". O texto põe luz sobre a obra de Graciliano Ramos até ali (o ano é 1947): "Caetés", "São Bernardo", "Angústia", "Vidas Secas", "Infância" e "Insônia". Fala sobre qualidades e problemas nos livros, os quais o ensaísta separa entre romances, novelas, contos (e "alguns monólogos que não podem ser chamados de contos"). Mesmo claramente admirado com a grandeza de quem ele classifica como "um verdadeiro artista, um escritor da mais alta categoria", Lins não deixa de apontar fragilidades na obra, indicar desníveis entre livros, e separar o que é bom e o que é ruim dentro do mesmo livro. Lins se mostra um crítico honesto, sem concessões. Ele, por exemplo, destrói "Caetés", livro de estréia de Graciliano Ramos. Diz que é indigno de qualquer escritor, ainda mais se esse escritor é o mesmo autor de "Angústia" e "Vidas Secas", apresentados como exemplo de acabamento superior, obras-primas. Como seria bom se as pessoas que escrevem perseguissem a clareza de idéias, sem simplificar as coisas, e produzissem uma leitura tão deliciosa como a de Lins. Um dia chego lá.

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