quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sabino

Já li um bom pedaço de "A mulher do Vizinho", de Fernando Sabino. São textos bons de ler, saborosos, que mais parecem rascunhos. Alguns já começam no meio de um diálogo, alguns terminam subitamente. Tem crônicas cuja história serve de justificativa para uma idéia. Parece anotação de algo que futuramente será desenvolvido, as historinhas não se parecem com algo que tem começo meio e fim. A crônica é um tipo de literatura flexível, abraça o cotidiano, as coisas do dia-a-dia, cabe tudo dentro dela. Sabino, em pedaços, vai desvendando um país que conhece, que vive. O autor se diverte muito com esse trabalho que, claramente, tem humor sem deixar de trazer algo de preocupação social. Prova disso é o texto "Notícia de jornal" e outros vários que expõem um político desonesto, um delegado servil ao poder, a máquina pública embolorada pela burocracia etc... É recorrente em Sabino as histórias banais, de botequim, de acontecimentos aparentemente desimportantes. Mas aí é que está a graça, extrair importância daquilo que é apenas a vida, em seu aspecto mais ordinário.

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