terça-feira, 2 de junho de 2009

Era do escândalo

Ontem terminei a leitura de "A Era do Escândalo - Lições, Relatos e Bastidores de Quem Viveu as Grandes Crises de Imagem", de Mário Rosa. O livro tem o grande mérito de trazer essa discussão sobre os limites da imprensa e a falta de um controle mais rigoso sobre o setor. É fácil perceber o quanto qualquer um está desamparado - indivíduo ou instituição - ante o poder de fogo e a irresponsabilidade da imprensa. Sou a favor de uma legislação que regule melhor a atividade. Como está é que não pode ficar. O livro tem muita coisa boa, tem histórias ricas sobre alguns escândalos de grande repercussão nacional e várias reflexões importantes. Mais também tem problemas. O principal deles é a falta de editor. Em algumas histórias sobram detalhes desnecessários, em outras, falta informação para situar melhor o leitor. Outro problema: há relatos tão redundantes que dá vontade de morder o punho. Porque não cortar o excesso, Deus meu, num livro tão extenso?

O curioso é que quando o narrador da vez é bom, tem ritmo, é difícil parar de ler. Quando, por sua vez, o narrador é ruim, a vontade que dá é de ir saltando pedaços para acabar logo com o lenga lenga (confesso que saltei várias vezes). Outra coisa que prejudicou uma obra tão bem intencionada foi o didatismo excessivo. Mário Rosa explica na apresentação que fez isso de propósito. Putz, o que eu fiz a ele para merecer isso? Nada contra um livro que traga luz para situações práticas, que discuta teoria e argumente opções, que apresente autores e dialogue com o leitor. Tudo muito bem. Mas o livro não faz isso. Tenta, ok. O que não o impede de falhar miseravelmente. A sensação que dá é que o livro não avança na discussão que se propõe, não vai fundo na investigação das questões que levanta. Enfim, o livro é irregular. Quando é bom, é bastante bom como nos casos sobre o afundamento da plataforma P-36, o acidente com a aeronave da TAM ou o caso da Telefônica. É aquela coisa: a parte boa, o filé, apesar de ser em menor quantidade, compensa páginas e páginas de gordura e chatice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário