domingo, 8 de março de 2009

Linha de Passe

Gosto de Walter Salles, muito. Mas não amei "Linha de Passe", seu último filme, sobre o qual trazia grande expectativa. Salles diz que seu filme é simples e pequeno. Não sei, achei o filme meio um rascunho de alguma coisa. Todo mundo sabe que Salles é documentarista de formação e todos os seus filmes têm esse olhar de realidade, de documentário mesmo (com exceção, talvez, de "Água Negra"). Desse "Linha de Passe", eu não gostei muito do filme como um todo, embora tenha gostado bastante de algumas partes. E mais ainda de alguns atores. Gosto do núcleo principal, uma família sem pai, onde cada um está atrás de alguma coisa. Os quatro filhos são jovens (bons atores, incluindo Vinícius de Oliveira, de "Central do Brasil"), um evangélico, um aspirante a jogador profissional, um motoboy e um garoto menor que quer conhecer o pai. A mãe é a Sandra Coverloni, melhor atriz em Cannes que, sorry, não me mobilizou. Fiquei mais impressionado com os filhos, especialmente o evangélico, que entra em parafuso e questiona suas escolhas. Não sei, Salles é um cara do bem, cheio de boas intenções e bons sentimentos sobre o Brasil. Seu talento para contar uma história continua (apesar de eu achar "Diários de Motocicleta" um saco). Ele traz aquela coisa de usar o mínimo a palavra, algo que está forte nesse filme. Às vezes, quando o diálogo entra, há mais palavrões que palavras normais, o que "suja" excessivamente os textos (o que é um problema de muitos nacionais esse de não saber dosar a quantidade de "porra", "merda" e "puta que pariu" dos seus filmes). Achei alguma coisa incômoda o ritmo do filme, me pareceu vazio no início e cheio no fim, corrido até. E me incomodou demais a alternância de cenas e imagens solares com outras escuras, onde mal se vê os personagens. Talvez Walter Salles tenha razão, talvez "Linha de Passe" seja mesmo um filme simples e pequeno. Mais pequeno que simples, aliás.

2 comentários:

  1. Fiquei um pouco com essa impressão tb quando vi linha de passe, achei o molequinho genial (o filho mais novo) e a atuação da sandra é bem boa, agora discordo um pouco quanto a esse negócio de sujar a cena com palavrões, não acho que isso seja um erro de filmes brasileiros em especial, acho que o palavrão reflete talvez uma linguagem pobre e bruta em geral dos guetos, entendididos como lugares mais pobres, e tem muito filme brasileiro falando de gueto e acho que temos uma falsa impressão de que os filmes estrangeiros não falam palavrão, pq a tradução suaviza e muito, "fuck you" vira "dane-se", "kiss my ass" vira "não enche", cito apenas um exemplo: revi trainspotting e a quantidade de fuck que aquele personagem mais violento fala é inacreditável. Abraço

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  2. Não me importo com palavrão em si, a questão é o exagero. O cara fala duas vezes merda, já dá pra delinear um perfil, é informação importante sobre aquele cara, sobre aquele meio. Mas acho a repetição over demais. Não precisa tanto.

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