terça-feira, 31 de março de 2009

Notas sobre livros

I

Li com muito prazer "Cem quilos de ouro", publicação de reportagens especiais de Fernando Morais em livro. O material começa muito bem, com a história do seqüestro de um empresário baiano, e termina melhor ainda, com um perfil do juiz espanhol que mandou prender o ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet, em Londres. Há coisas muito boas, preciosas, como os dois perfis do ex-presidente Fernando Collor; um perfil dele no auge do poder, outro retratando seus dias afastado do cargo. Gostei muito também da reprodução da prosa de Otto Lara Resende, Rubem Braga e Moacir Werneck de Castro sobre o personagem Assis Chateaubriand, que viria a ser biografado por Morais em outro livro. Há pelo menos um texto totalmente dispensável, que trata do magnata americano William Randolph Hearst, que inspirou o filme Cidadão Kane, de Orson Welles. Eu também cortaria sem pena uma matéria desinteressante (pra não dizer sonífera) sobre a República Árabe Saarauí Democrática. Feita a ressalva, no geral, uma boa leitura.

II

Enfim, estou conseguindo manter o bom ritmo. São quase quatro livros em três meses (contando com "O Anjo Pornográfico", que me pegou de dezembro para janeiro). Ainda mal começou abril e já iniciei a leitura de Joaquim Ferreira dos Santos, com"Feliz 1958 - O ano que não devia terminar". A apresentação da obra é ruim, com aquela citação sem fim de acontecimentos do ano de 58. O autor quer ser engraçado e acaba sendo excessivo, com suas mil piadinhas, metáforas e trocadilhos com expressões e personagens da época. Felizmente, o livro melhora bastante a partir do primeiro capítulo, que centra em acontecimentos envolvendo a construção da capital federal e lances da seleção brasileira que começa a deixar de lado a síndrome de vira-lata (para usar expressão de Nelson Rodrigues). Já havia lido - e gostado bastante de - outro livro de Joaquim Ferreira dos Santos, uma biografia de Antônio Maria, o locutor de rádio, compositor popular e homem de imprensa. Apesar da apresentação, estou querendo crer que "Feliz 1958..." fará valer o tempo gasto com ele.

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