segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"...um amor que um dia não soube cuidar..."

Enfiei o pé na jaca na sexta-feira. Tomei todas e mais algumas, começando às oito da noite com uma dose de conhaque, para abrir os trabalhos, em seguida uma centena de cervejas. Isso me lembra a canção de Chico e Francis Hime: "...a coisa aqui tá preta/ Muita mutreta pra levar a situação/ Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça/ E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão..."

Concordo com Chico e com meu irmão. Quem trabalha todos os dias e fica, que nem besta, de casa para o trabalho e do trabalho pra casa, tem que tomar um negocinho no fim de semana, senão a caretice total domina o mundo. O que seria de nós sem esses momentos? Respeito quem não bebe e fica em sua casa. Ou vai ao parque com as crianças. Ou vai à igreja. Mas respeito ainda mais quem sai pra viver a noite, batuca numa caixinha canções antigas e se entrega a uma cervejinha gelada sem culpa. Não é apologia às bebidas. É apologia a que cada um cuide da sua vida que é melhor.

Na sexta, fomos a um boteco simpático em Brotas para soltar os demônios (lembrei de Paulo Coelho agora), falar bobagem e rir. Ouvimos muita música, contamos e ouvimos história. Éramos oito seres enchendo a carcaça de substância que a carta magna não se incomoda que a gente consuma, desde que não vá dirigir em seguida. Teria sido uma noite perfeita se não terminasse em barraco, eu brigando com Eloá, ela brigando comigo e eu indo embora para a casa dos meus pais às quatro da matina. Meus pais são ótimos. Claro que não aprovam que eu brigue com Eloá. Mas depois da reprimenda inicial, não esconderam a satisfação de sentir que os filhos procuram a barra da saia deles quando a coisa pega. Pai e mãe são bicho besta mesmo.

(Aliás, eu descobri isso quando minha filha precisava tirar um dente mole ontem. Eloá, muito mais macho que eu, pegou o touro na unha e resolveu o problema. Eu fiquei parecendo uma moça, morrendo de pena do choro - e dos gritos, e das pernas pro ar... O maior problema quando o pai fica com peninha e age como uma moça, sem pulso firme, é que o mundo ganha mais crianças sem controle que vão se tornar adultos perigosos e cheios de vontade. Eu, por mim, voto por juntar todos numa pira e incinerar essa raça, começando por mim... Ok, ok, menas...).

Voltando à cachaça do fim de semana, ficou uma lição importante: nunca ir cheio do pau para a casa da mãe no meio da madrugada sem Engov (há muito tempo não tenho uma ressaca assim, digna dos feitos do Velho Testamento). Mas também vou ter mais cuidado com Eloá (apesar de ela não ter sido exatamente uma santa no episódio). Não quero daqui a vinte anos estar cantando Magníficos para lembrar dela: "Chorando se foi/ Quem um dia só me fez chorar/Chorando estará/Ao lembrar de um amor/Que um dia não soube cuidar". Comecei esse relato com Chico pra terminar com Magníficos. É o que se chama de cachaça errada. Próxima vez, eu acerto o ponteiro e começo e termino com Magníficos... ou Calcinha Preta... ou... deixa pra lá.

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